domingo, 31 de julho de 2011

Briga entre irmãos acaba com a morte da mãe em Belo Horizonte

Uma discussão entre dois irmãos, que aconteceu na noite do sábado (30), resultou na morte da mãe deles, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG).

Os irmão Clóvis e Cristiano Martins dos Santos, de 25 e 27 anos respectivamente, discutiram por volta das 20h25 de ontem. Segundo a polícia militar, durante a briga, um dos irmãos colocou fogo na casa e ambos saíram do local, que fiva na Rua José Bonifácio de Oliveira, no bairro Santa Rita de Cássia.

A mãe deles, Maria das Dores Martins, 64, estava dentro da casa e não conseguiu sair. Ela morreu carbonizada. Os dois irmãos foram levados para a delegacia seccional sul de Belo Horizonte onde estão presos.

FOLHA

Homem morre carbonizado em rodovia de Minas Gerais

Uma pessoa morreu carbonizada neste domingo em um acidente que envolveu uma Saveiro e um caminhão de combustível, na altura do Km 80 da MG-050, no município de Itaúna, região centro-oeste de Minas Gerais.

Segundo informações da PRE (Polícia Rodoviária Estadual) de Carmo do Cajuru, por volta das 6h30, Jonatha Henrique de Lima, 22, dirigia uma Fiat Saveiro, perdeu a direção, entrou na contramão e bateu de frente com um caminhão de combustível, que seguia no sentido Belo Horizonte-Itaúna. Com o impacto da batida, o carro pegou fogo e o rapaz morreu carbonizado.

O corpo foi levado pro IML (Instituto Médico Legal), onde foi reconhecido pelos familiares. Por volta das 10h30 deste domingo, o caminhão com carga de 15 mil litros de combustível - 5.000 litros de etanol, 5.000 litros de gasolina e 5.000 litros de diesel - ainda estava no local sendo esvaziado. Não houve vazamento de combustível na pista.

De acordo com a PRE, até o final da manhã deste domingo o caminhão deverá ser retirado da rodovia. O trânsito flui em meia pista, mas não há registro de lentidão.

FOLHA

Choque de uma lancha no rio Moscova deixa 10 mortos

Uma dezena de pessoas morreu na madrugada deste domingo no choque de uma lancha com uma barcaça no rio Moscova, que cruza a cidade de Moscou, informou o Ministério para Situações de Emergência da Rússia.

O acidente aconteceu na zona das Colinas de Vorobiov (antigas colinas de Lenin), onde o rio passa junto ao estádio Lenin, a maior instalação esportiva do país.

"Segundo os últimos dados, a bordo da lancha iam 17 pessoas, incluindo o capitão", disse um porta-voz de Emergência citado pela agência "Interfax", que informou também que sete pessoas se salvaram e que até o momento os socorristas recuperaram os corpos de sete vítimas.

Nos trabalhos de resgate participam mais de cem socorristas, incluindo equipes de mergulhadores.

O acidente fluvial de hoje é o segundo grave que acontece na Rússia em menos de um mês: no dia 10 de julho, 122 pessoas morreram no naufrágio do barco "Bulgária", nas águas do Volga.

EFE/FOLHA

Ataque do exército deixa 'dezenas de mortos e feridos' na Síria

Tanques do exército sírio realizaram um ataque na cidade de Hama, ao norte da Síria, deixando pelo menos 45 civis mortos, segundo um dos principais grupos ativistas pelos direitos humanos do país.
Hama é palco de alguns dos maiores protestos contra o governo do presidente Bashar al-Assad, e esteve cercada pelo exército durante o último mês.
O morador afirmou ainda que os manifestantes não fizeram nada para provocar a ação militar.
"Por três meses, Hama teve enormes manifestações. Mais de 250 pessoas foram mortas e nada, nenhum tiro, veio do povo de Hama. Só barricadas de pedras e madeira".
Em entrevista à rede de TV árabe Al-Jazeera, a porta-voz do governo sírio, Reem Haddad, defendeu a operação militar, dizendo que as autoridades foram forçadas a agir porque Hama está em um "estado de terror" no último mês.
A cidade foi palco da repressão de um levante popular contra o pai do presidente Bashar al-Assad, Hafez, em 1982.
Prisões em massa
Rahman, do Observatório Sírio, diz que outras três pessoas foram mortas pelas forças de segurança neste domingo, na cidade de Deraa, e outras seis na cidade de Deir al-Zour.
Na última sexta-feira, 20 pessoas foram mortas e 35 ficaram feridas durante protestos em diversas cidades no país. De acordo com os ativistas pelos direitos humanos, mais de 500 pessoas foram presas em uma operação no bairro de Qadam, na capital, Damasco.
Desde o início dos protestos, mais de 12.600 pessoas foram presas e outras 3 mil constam como desaparecidas.
De acordo com correspondentes, o ataque mostra que o exército não vai tolerar manifestações de larga escala pouco antes do mês do Ramadã - mês sagrado para os muçulmanos - quando os protestos devem aumentar.
Ativistas dizem que mais de 1.500 civis e 350 oficiais das forças de segurança foram mortos na Síria desde o início dos protestos, em meados do mês de março.
No entanto, as manifestações não dão sinais de ter chegado ao fim, apesar da dura repressão do governo, que gerou condenações e sanções internacionais.
Centro de protestos
De acordo com ativistas na cidade, soldados e tanques começaram o ataque no início da manhã deste sábado, derrubando centenas de barricadas erguidas por moradores para chegar ao centro de Hama.
Falando de Londres, Rami Abdel Rahman, do Observatório Sírio de Direitos Humanos, disse que sua contagem mais recente, baseada em relatos de médicos locais, era de 45 mortos e dezenas de feridos.
Relatos de residentes confirmam mortos na área e dizem que o fornecimento de água e de eletricidade da cidade foi cortado.
O correspondente da BBC na região, Jim Muir, disse que atiradores das forças de segurança foram vistos assumindo posições em prédios altos da cidade.
Um morador disse ao serviço mundial da BBC que os três principais hospitais da cidade estavam lotados, com mais de 200 feridos.
"Eles estão cuidando das pessoas nos corredores dos hospitais. Muitos feridos foram levados para suas casas e os médicos estão tratando deles lá", disse.
BBC BRASIL

Europa foca islã e deixa de ver extremismo de direita

Nos últimos dez anos, seguindo a orientação da política externa americana, a Europa centrou sua atenção no combate ao extremismo islâmico e subestimou a ameaça potencial da extrema direita, deixando de monitorar seu crescimento na região.

É o que avaliam especialistas ouvidos pela Folha.

Um desses radicais, Anders Breivik, chocou a até então estável Noruega no último dia 22 com dois ataques que mataram 77 pessoas.

O foco é compreensível. Depois do 11 de Setembro, a região também foi alvo de ataques (ou tentativas) em diversas ocasiões, como em Madri (2004) e Londres (2005).

Mas, enquanto a Europa investigava as comunidades muçulmanas -e fomentava indiretamente a islamofobia, base da extrema direita-, vários países tiveram aumento da representação de partidos de direita populista em escala nacional e da ocorrência de atos de extremismo.

"Era natural que a ênfase no fundamentalismo islâmico fosse central após o 11 de Setembro, até devido às ligações dos terroristas com a Alemanha e outros países da Europa. Mas demos uma atenção exagerada às comunidades islâmicas aqui", avalia Joerg Forbrig, do German Marshall Fund em Berlim.

"Seguimos a agenda ditada pelos EUA, por razões óbvias, mas não analisamos a situação regional bem o suficiente para transformar isso também em prioridade", diz.

VIOLÊNCIA EM ALTA

O cientista político da Universidade Livre de Berlim Hajo Funke diz que "nos últimos anos, o cenário da extrema direita na Alemanha cresceu em termos de atos de violência, lenta mas firmemente, havendo cerca de mil casos por ano". Segundo ele, "desde a reunificação, do país, em 1990, mais de 300 pessoas já foram mortas nessas ações".

O mapa da extrema direita é bem diverso ao redor da Europa. Em alguns países, seu crescimento é ilustrado pela participação de partidos no governo ou no Parlamento em proporções inéditas -na casa dos dois dígitos. É o caso de Itália e Holanda.

Em outros países, houve um aumento da ação extremista que não se traduziu em aumento da representação política, como na Alemanha.

Há um terceiro grupo de países em que ambos os fenômenos se articularam, como Áustria, Hungria e a Escandinávia de modo geral.

Embora bebam de um repertório ideológico comum -anti-imigração, anti-integração, anti-islã-, há também diferenças regionais.

No Leste Europeu, onde há poucos imigrantes e poucos muçulmanos, o alvo preferencial dos extremistas são minorias tradicionais, como ciganos e judeus - casos de Bulgária, Romênia, Hungria.

Já no norte europeu, o movimento aparece como uma reação a políticas que favoreceram a chegada de refugiados e migrantes econômicos, muitos muçulmanos - casos de Dinamarca e Holanda.

Para Forbrig, "esses partidos responderam a incertezas e medos da sociedade europeia. São países que passaram por mudanças maciças nos últimos 20 anos".

Na análise do especialista, "o aumento da imigração traz uma diversidade que confronta as pessoas. Há dúvidas sobre a capacidade de integração dos migrantes, temor da presença de muçulmanos e do fundamentalismo islâmico e preocupação com a crise econômica e o futuro".

Uma explicação para o crescimento dos partidos de direita é que "eles souberam responder a esses medos. E tiveram sucesso porque o establishment político não lidou com essas questões como deveria, respondendo as dúvidas, e assim criou o nicho para o crescimento desses partidos", afirma ele.

FUTURO

Os ataques terroristas da semana passada na Noruega deverão provocar reação conjunta contra grupos extremistas e ter impacto negativo nos partidos da direita populista, na avaliação de analistas.

"Os partidos em si não são violentos. Mas sua ideologia é potencialmente violenta. Breivik obteve sua ideologia de um partido populista na Noruega e se radicalizou nesse contexto", diz Funke.

Para Forbrig, "eles perderão votos porque serão associados com Oslo e com a violência. O eleitorado desses partidos não é violento".

FOLHA

Terrorista comprou armas e enxofre para explosivos no e-Bay

O autor confessor do duplo atentado na Noruega no dia 22, Anders Behring Breivik, comprou no site e-Bay o enxofre e outros materiais que usou para fazer os explosivos usados nos ataque, disse neste domingo o jornal britânico "Sunday Telegraph".

Segundo o jornal, que afirma ter consultado as compras on-line de Breivik nos últimos meses, o extremista comprou em novembro passado de um vendedor de Enfield, norte de Londres, cerca de 500 gramas de enxofre em pó para produzir explosivos.

Ele também comprou algumas ferramentas de uma empresa de Sheffield, no norte do país, e uma arma e acessórios com fornecedores na China e nos Estados Unidos.

"Quando ouvi a notícia sobre o que ele tinha feito, fiquei horrorizado e chocado, mas quando o "Sunday Telegraph" disse que eu estava envolvido involuntariamente (...), fiquei horrorizado e chocado dez vezes mais", disse o vendedor do enxofre, Andrew Christou.

Os ataques de 22 de julho na Noruega a um complexo governamental em Oslo e a uma ilha próxima deixaram 77 mortos, de acordo com a lista fornecida pela polícia norueguesa.

FRANCE PRESS/FOLHA

'O mundo não pode ficar indiferente à fome na África', diz papa

O mundo não deve ficar indiferente à fome e à seca que ameaçam 12 milhões de pessoas no Chifre da África, afirmou neste domingo o Papa Bento 16.

"Nós não devemos ficar indiferentes ao drama da fome e da sede", disse ele, diante de centenas de peregrinos em Castel Gandolfo, a residência de verão do Sumo Pontífice, durante a oração do Angelus semanal.

"Muitos irmãos e irmãs no Chifre da África sofrem as consequências dramáticas da fome, agravada pela guerra e pela falta de instituições estáveis", acrescentou.

O papa pediu "compaixão e solidariedade fraterna".

O Chifre da África está sofrendo sua pior seca em décadas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

A ONU, que também falou sobre a crise alimentar mais grave na África nos últimos 20 anos, estima que cerca de 12 milhões de pessoas estão ameaçadas na região.

De acordo com o secretário-geral Ban Ki-moon, são necessários US$ 1,6 bilhão apenas para aliviar a situação na Somália, um dos países atingidos.

FRANCE PRESS/FOLHA

Iraniana cegada com ácido poupa agressor de perder a visão

Uma iraniana que foi cegada com ácido por um homem ao recusar seu pedido de casamento resolveu perdoá-lo pela agressão no último minuto antes de ele ser punido também com perda da visão, informou a imprensa local neste domingo.

Ameneh Bahrami ficou cega em 2005, quando Majid Mohavedi lhe jogou ácido no rosto quando ela se negou a casar com ele.

Em 2008, o agressor foi condenado por um tribunal e recebeu a pena de ser cegado dos dois olhos por tirar a visão da iraniana, usando o princípio da retribuição permitido nas leis do Irã.

Segundo a agência de notícias "ISNA", a mulher disse que há sete anos tenta conseguir que o ex-pretendente receba a punição, mas decidiu perdoá-lo neste domingo.

O grupo de direitos humanos Amnesty International havia pedido ao Irã para não efetuar a punição, e Bahrami disse que a atenção internacional recebida a fez mudar de opinião.

Apesar disso, a mulher afirmou que ainda quer receber 150 mil euros de indenização, já que seu rosto continua desfigurado mesmo após muitas cirurgias.

O agressor já completou sete anos de prisão e não pode ser solto a não ser que pague o valor requisitado pela iraniana.

REUTERS/FOLHA

Imprensa americana diz que Congresso chegou a acordo

Um acordo preliminar para evitar que os Estados Unidos entrem em default (suspensão de pagamentos) foi alçado neste domingo, informou o canal "ABC News".

A fonte assinala que os líderes do Congresso começaram a informar aos legisladores sobre o rascunho desse acordo e aguardam suas reações.

Agora a pergunta-chave é saber se esse texto obterá um apoio suficiente entre republicanos e democratas para aprovar o projeto no Congresso.

Funcionários advertiram, no entanto, que em Washington "nada se acerta até que tudo esteja acertado", alertou a "ABC News".

Se o Congresso falhar em aumentar o teto da dívida até 2 de agosto, atualmente em US$ 14,3 trilhões, os americanos podem enfrentar elevação da taxa de juros e a queda do dólar.

Com o aumento do custo das taxas de empréstimo, hipotecas e empréstimos estudantis ficarão mais caros e o efeito será sentido por grande parcela da população.

Na noite de ontem, por 246 votos contra e 173 a favor, a Câmara dos Representantes (deputados) rejeitou um projeto de lei democrata cujo objetivo era a ampliação do limite da dívida dos Estados Unidos. A proposta precisava de, no mínimo, dois terços para ser aprovada.

O Senado americano - controlado pelos democratas - recusou na sexta-feira a proposta republicana sobre o aumento do teto da dívida, que havia sido aprovada cerca de duas horas mais cedo pela Câmara de Representantes.

A proposta, apresentada pelo presidente da Câmara, o republicano John Boehner, buscava elevar o teto da dívida americana em duas etapas.

IMPASSE

Há meses a Casa Branca e o Congresso estão envolvidos em negociações para chegar a um acordo que permita elevar o teto da dívida pública dos EUA e, assim, evitar o risco de calote.

Nas últimas semanas, o presidente Barack Obama e líderes dos dois partidos - Democrata e Republicano - se reúnem quase diariamente, mas ainda não conseguiram solucionar o impasse.

Analistas afirmam que o calote da dívida americana poderia provocar um salto da taxa de juros nos Estados Unidos e potencialmente ameaçar a recuperação econômica mundial.

A oposição republicana exige que um acordo para elevar o teto da dívida seja vinculado a cortes no orçamento americano, para reduzir o deficit recorde, calculado em cerca de US$ 1,5 trilhão (R$ 2,3 trilhões) para o ano fiscal que termina em setembro.

Apesar de representantes de ambos os partidos concordarem com a necessidade de reduzir gastos, há muitas divergências sobre o que cortar e que programas atingir.

Os republicanos se recusam a aceitar qualquer proposta que inclua aumento de impostos. Obama, no entanto, insiste na necessidade de acabar com cortes de impostos que beneficiam a camada mais rica da população, criados ainda no governo de George W. Bush.

Os democratas, por outro lado, relutam em tocar em programas sociais que os republicanos querem enxugar.

FRANCE PRESS/FOLHA

Camiseta de esquadrão da morte é vendida nos Jardins, em São Paulo

A camiseta preta, com a caveira sinistra, de olhos vermelhos e sobreposta acima de duas tíbias cruzadas, traz a abreviação "E.M.", de esquadrão da morte.

À venda por R$ 45 na U.S. Army, loja da Galeria Ouro Fino, um dos pontos mais badalados da moda em São Paulo, na rua Augusta (Jardins), a peça exalta a Scuderie Detetive Le Cocq, mais famoso grupo de extermínio do Brasil, criado nos anos 1960.

A loja é especialista em réplicas de produtos militares de vários países. Na U.S. Army, uma jaqueta preta com o símbolo da Polícia Civil de São Paulo custa cerca de R$ 390. Também é possível comprar soco inglês e um tipo de caneta com o corpo de ferro que, recentemente, foi apreendida por ter sido usada como arma por skinheads acusados de espancamentos perto da avenida Paulista (região central de SP).

Os donos da U.S.Army foram procurados na sexta-feira (29), mas não retornaram aos pedidos de entrevista da Folha.

"Quem compra uma camiseta dessas não tem noção do que é segurança pública. Às vezes, nem sabe o que significa exaltar um grupo de extermínio", disse o jurista Hélio Bicudo, 89, um dos primeiros a denunciar a existência da Scuderie Le Cocq, organização parapolicial que pregava a "limpeza social" principalmente no Sudeste do país.

FOLHA

A censura se eterniza

Uma questão de princípio e uma anomalia institucional aparentemente insanável mantêm este jornal sob censura há dois anos. Em 31 de julho de 2009, o Estado foi proibido de publicar notícias baseadas nas investigações da Polícia Federal sobre denúncias de ilícitos praticados pelo empresário maranhense Fernando Sarney, o filho do ex-presidente da República José Sarney, que toca os negócios do clã. As apurações da operação chamada Boi Barrica levaram ao indiciamento do empresário por lavagem de dinheiro, tráfico de influência, formação de quadrilha e falsidade ideológica. A decisão de amordaçar o jornal foi tomada, a pedido do investigado, pelo desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF). Ex-consultor do Senado, ele é amigo do presidente da Casa, José Sarney.
Em 18 de dezembro de 2009, o primogênito do senador desistiu da ação. Se o Estado concordasse, ela seria arquivada. Mas isso não impediria o empresário de voltar à carga, com outro pedido idêntico de censura, se o jornal publicasse novas reportagens sobre o inquérito, o que fatalmente faria, quanto mais não fosse, com o material de que já dispunha. Havia ainda outro fator, mais importante, para a recusa: a questão de princípio mencionada na abertura deste editorial. Tratava-se - e continua a se tratar - do imperativo de obter da Justiça um pronunciamento definitivo sobre a aberração da censura prévia, que viola a Constituição, ao atentar contra a liberdade de imprensa e o direito à informação no País.
No seu artigo 220 a Carta sustenta que "a manifestação do pensamento (consagrada no artigo 5.º), a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição" e proíbe "toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística". A evidente intenção dos constituintes, passados apenas três anos do fim da ditadura militar de 1964, era erguer as mais sólidas barreiras possíveis contra iniciativas liberticidas da parte dos poderosos de turno. Aos redatores da Carta decerto não ocorreu que servidores públicos togados da ordem democrática brasileira poderiam, eles próprios, travar o livre curso da informação de interesse público.
Era clamoroso o interesse público, no caso de uma gravação da Polícia Federal, autorizada pela Justiça e reproduzida por este jornal, em que o senador e Fernando Sarney acertam a nomeação do namorado da filha dele para um cargo no Senado. À época, por sinal, o Estado revelou a nomeação de apaniguados na Casa mediante mais de 300 atos secretos. O escândalo derrubou o seu diretor-geral Agaciel Maia, apadrinhado de Sarney e, como ele, pessoa das relações do desembargador Dácio Vieira - cuja imparcialidade não viria a ser reconhecida por seus próprios pares. O juiz entendeu, como pleiteava Fernando, que a divulgação de elementos de um processo protegido pelo segredo de justiça violava a privacidade e manchava a reputação do acusado, protegidas pela Constituição. Mas não é assim.
Em primeiro lugar, o direito à informação prevalece sobre o direito à privacidade. Este preserva a vida particular dos cidadãos, mas não os atos eventualmente praticados em prejuízo dos cofres públicos. Esses, a sociedade tem o inviolável direito de conhecer. A imprensa, de mais a mais, não pode ser responsabilizada por quebra de sigilos de justiça. Se os "donos" dos segredos os repassam a jornalistas, eles podem - ou melhor, devem - compartilhá-los com o público. Se a informação se revelar falsa, o órgão de comunicação responderá por isso. O que é inadmissível é o amordaçamento. "Não há no Brasil", diz o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, "norma ou lei que chancele poder de censura à magistratura".
E há a lentidão da Justiça - a mencionada anomalia institucional. Há 14 meses, para se ter ideia, se espera que um ministro do Superior Tribunal de Justiça decida qual o foro adequado para o processo contra o Estado: a Justiça do Maranhão ou instância equivalente no Distrito Federal. E a Constituição é aviltada a cada edição deste jornal sem notícias sobre o que levou o filho do presidente do Senado a se tornar um caso de polícia. 
ESTADÃO

Medicinas da dor, do sono, tropical e paliativa se tornam especialidades

Na ala destinada aos doentes terminais no Hospital de Apoio de Brasília, os quartos têm nomes de pássaros e flores. Não há placas para indicar que os pacientes ali têm doenças incuráveis. Tampouco há tristeza aparente nos cuidados do que se convencionou chamar de medicina paliativa, que será reconhecida como uma nova especialidade médica.


"Há muito a ser feito pelos pacientes nessas condições, acompanhar o doente no final da vida é algo bastante complexo", argumenta a médica Maria Goretti Sales Maciel, primeira presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, uma das defensoras da nova área de atuação reconhecida oficialmente.
Amanhã, o Diário Oficial da União (DOU) publicará resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) com as novas áreas de atuação: medicina paliativa, medicina da dor, medicina do sono e medicina tropical. Serão como subespecialidades, abertas a médicos especialistas em outras áreas mediante um ano extra de formação.
Acréscimo. Atualmente, o conselho reconhece um total de 53 especialidades e outras 53 áreas de atuação. "A gente entende que médico precisa ser médico antes de ser especialista, as especialidades são um acréscimo", responde o cirurgião plástico e diretor do CFM Antonio Pinheiro, integrante da comissão que analisa os pedidos de novas especialidades.
O País tem cerca de 350 mil médicos e quase metade deles (48%) é especialista em alguma coisa, diz Pinheiro. "A nossa graduação é frágil e algumas especialidades requerem três, cinco anos extras de estudos", explica o diretor do Conselho Federal de Medicina.
As novas subespecialidades serão reconhecidas ao mesmo tempo pelo conselho, pela Associação Médica Brasileira e pela Comissão Nacional de Residência Médica. Por determinação do convênio entre as três entidades, cada médico só poderá se apresentar como especialista em duas áreas de atuação. Cada uma delas exige, como pré-requisito, outro tipo de especialidade.
O reconhecimento da medicina paliativa acontece menos de um ano depois de a Justiça reconhecer a prática da ortotanásia, a suspensão do tratamento para prolongar a vida de pacientes em fase terminal de doenças incuráveis, desde que autorizada pelo próprio paciente ou seu responsável. Mas o pedido de reconhecimento da área de atuação é mais antigo, de acordo com Maria Goretti Sales Maciel. A cada ano, estima-se que 650 mil pessoas no País precisam recorrer a cuidados paliativos.
Estudo da Dor. A clientela potencial da área de atuação da medicina da dor seria muito maior, segundo cálculo do médico Nilton Barros, ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor: "Cerca de 60 milhões de brasileiros sofrem de dores crônicas", calcula o especialista.
A área foi ampliada e está aberta como superqualificação a especialistas em acupuntura, anestesiologia, neurocirurgia, neurologia, ortopedia e reumatologia.
Dor crônica é aquela que ultrapassa o período de três meses. "A dor é ainda pouco valorizada entre os profissionais da saúde, mas deveria ser considerada como o quinto sinal vital, ao lado do pulso, pressão, respiração e temperatura", avalia Barros.
Especialistas em medicina do sono terão como pré-requisito a especialização em neurologia, otorrinolaringologia, pneumologia e psiquiatria.
A medicina tropical, outra nova área de atuação, exigirá especialidade em infectologia. O estudo de doenças dos trópicos já teve grande destaque entre os médicos no passado, mas acabou absorvida pela infectologia.
"A intenção é proporcionar um ano extra de formação em doenças como malárias, hanseníase, febre amarela e a dengue, que precisam de um olhar especial", defende Juvêncio Duailib, chefe do Setor de Infectologia do Hospital de Heliópolis (SP) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
"Serão tropicalistas, mesmo sem terem sido baianos ou tocado violão", disse o médico, sobre a denominação para os especialistas em medicina tropical. Ele lembra que antes do movimento tropicalista, que movimentou a cultura do País no final dos anos 60, o termo "tropicalista" já era usado pelos médicos. 
ESTADÃO

Governo espera repassar administração de aeroportos em fevereiro

O ministro Wagner Bittencourt (Secretaria de Aviação Civil) afirmou nesta sexta-feira que o governo espera repassar em fevereiro a administração dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília para as empresas vencedoras do processo de concessão. Segundo o ministro, o leilão será realizado no dia 22 de dezembro.

O ministro participa hoje do balanço do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento). Na reunião, Bittencourt comentou as concessões e afirmou que isso não vai representar aumento das tarifas nem prejudicar os servidores.

"Uma das premissas é que não haverá aumento de tarifas. Hoje, já temos uma das menores tarifas do mundo e continuaremos. [A concessão] Não vai prejudicar os funcionários, não vai afetar os direitos dos funcionários e de forma alguma os empregos. Não teremos nenhum estresse nesse sentido".

O modelo de concessão escolhido pelo governo se destina à "gestão, operação e reformas" nessas unidades para atender o aumento de demanda devido ao crescimento econômico, à Copa de 2014 e à Olímpiada de 2016.

A concessão se dará por meio de uma parceria entre a Infraero, estatal que administra os principais aeroportos do país, e o setor privado. A divisão da parceria deve ficar em 49% para a Infraero, no limite, e 51% para o setor privado.

As concessões serão feitas por meio de SPE (Sociedades de Propósito Específico), a serem constituídas por investidores privados e pela Infraero.

Coordenadora do PAC, a ministra Miriam Belchior (Planejamento), afirmou que atualmente ocorrem 17 obras em 11 aeroportos. No relatório do PAC, as obras dos aeroportos de Porto Alegre (RS), Guarulhos (SP), Galeão (RJ), por exemplo, são tratadas como adequadas.

Segundo o relatório, as únicas obras concluídas no primeiro semestre são o sistema de pistas e pátios do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, e a construção e instalação de conector no aeroporto de Recife.

Bittencourt listou uma série de medidas desenvolvidas nos aeroportos, como ampliação do número de raio-x e de postos alfandegários.

FOLHA

Oi banca R$ 300 mil de peça estrelada por neta de Lula

Depois de socorrer uma empresa do filho do ex-presidente Lula, a Oi vai financiar peça de teatro que terá no elenco uma neta do petista, informa reportagem de Nádia Guerlenda Cabral, Andreza Matais e Fernanda Odilla, publicada na edição deste domingo da Folha.

A produção, que busca patrocínio há um ano e três meses, conseguiu a ajuda após promover na mídia a participação da jovem. A peça "Megera Domada", de Shakespeare, marcará a estreia de Bia Lula, 16, filha de Lurian Lula da Silva, nos palcos.

A Oi é a única empresa até agora a patrocinar o projeto via Lei Rouanet. A tele vai bancar R$ 300 mil, quase metade do custo da produção, de R$ 639,4 mil.

Em 2005, a Oi aplicou recursos numa empresa de um dos filhos de Lula. A Gamecorp, de Fábio Luís Lula da Silva, recebeu R$ 5 milhões da então Telemar - uma concessionária de serviço público. O negócio é alvo de investigação da Polícia Federal.

OUTRO LADO

A Oi afirmou que "é uma das maiores patrocinadoras de projetos culturais" do país e que "não opina no processo de seleção do elenco". A tele negou ainda ter sido beneficiada por decisões do governo.

A assessoria do ex-presidente Lula disse que ele desconhece o patrocínio. "É uma operação entre a Oi e a produção da peça. Lula não tem nada a ver com isso".

O produtor Oddone Monteiro disse que convidou Bia Lula para participar do elenco porque sabia que ela atrairia a atenção, mas negou que tê-la na peça ajude no patrocínio. O Ministério da Cultura informou que a prorrogação da captação de recursos está dentro dos trâmites e prazos.

FOLHA

Comandante do Exército vira alvo de investigação

O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, e mais sete generais viraram alvo de investigação da Procuradoria-Geral de Justiça Militar sob suspeita de participação em fraudes em obras executadas pelo Exército, informa reportagem de Marco Antônio Martins, publicada na edição deste domingo da Folha.

Os oficiais comandaram o DEC (Departamento de Engenharia e Construção) e o IME (Instituto Militar de Engenharia) entre 2004 e 2009, período em que o Exército firmou vários convênios com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para realizar obras em rodovias.

Um grupo de engenheiros e contadores chefiados pela promotora Ione de Souza Cruz, do Ministério Público Militar, apontou indícios de fraude em 88 licitações feitas pelo Exército para executar obras do Ministério dos Transportes e apontou desvios de recursos públicos no valor de R$ 11 milhões.

Em nota, o Centro de Comunicação do Exército afirmou que não tem conhecimento da investigação e que "não cabe à Força e nem aos militares citados emitir qualquer tipo de posicionamento sobre o assunto".

FOLHA

Homem é preso em Mato Grosso do Sul com R$ 56 mil em notas falsas em pacote de fraldas


Um vendedor ambulante de 25 anos foi preso no início da tarde deste sábado (30) transportando R$ 56.170 em notas falsas. O flagrante aconteceu em Ponta Porã, município na fronteira com o Paraguai distante 346 quilômetros de Campo Grande, durante revista feita por policiais rodoviários federais no ônibus em que o suspeito viajava. Ele disse ter pago R$ 3,5 mil pelas falsificações.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), durante a abordagem o vendedor disse que não trazia bagagem alguma no compartimento externo do veículo. Contudo, os policiais encontraram várias bolsas de viagem que pertenciam ao suspeito.
O vendedor ambulante tentou fugir por um milharal quando foi “desmascarado”, segundo a PRF, mas acabou detido.
As notas estavam escondidas dentro de um pacote de fraldas. O suspeito disse aos policiais que pegou o dinheiro falso na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero e levaria até Lagoa Grande (PE). Preso pelo crime de moeda falsa, foi encaminhado à delegacia de Polícia Federal de Ponta Porã.
G1

Filme sobre Bin Laden tem estratégia para ser indicado ao Oscar, diz site


O filme da diretora Kathryn Bigelow ("Guerra ao Terror") sobre a caçada a Osama bin Laden será lançado em 12 de outubro de 2012. Segundo a revista "Variety", a Sony Pictures definiu a data com objetivo de conseguir uma indicação ao Oscar de melhor filme.
De acordo com a publicação, a estratégia do estúdio seria parecida com a do longa "A Rede Social", sobre a criação do Facebook.
Ainda sem título, a produção se baseia na missão secreta para capturar o líder da rede Al-Qaeda, morto por uma força especial de soldados americanos no início de maio, numa casa da cidade paquistanesa de Abbottabad. A diretora e seu parceiro Mark Boal têm desenvolvido o projeto desde 2008, e puderam incorporar os últimos episódios envolvendo a morte de Bin Laden.
G1

Mas de 7 mil pessoas participam em desfile pelo bicentenário da Venezuela

Mais de 7.000 pessoas participaram neste sábado do Desfile Histórico Bicentenário Independência para Sempre, no qual foram representados 20 episódios da história da Venezuela, acompanhados de fogos de artifício, no marco dos festejos do Bicentenário da Independência do país.

Vestidos com trajes de cada época e em palcos móveis, os participantes recriaram desde a cosmogonia indígena, passando pela Declaração da Independência até chegar à atual revolução bolivariana, liderada desde 1999 pelo presidente Hugo Chávez.

"Esta sim é nossa verdadeira História! Não a que nos falsificou a burguesia apátrida! Que desdobramento de talento e de consciência! Felicitações!", comentou o presidente em sua conta do Twitter, enquanto a televisão estatal transmitia o espetáculo.

O desfile cívico aconteceu no passeio dos Próceres de Caracas, palco também do desfile cívico-militar que centrou a comemoração bicentenária no dia 5 de julho.

Antes e depois daquele dia, vários atos políticos e culturais aconteceram em todo o país por ocasião dos 200 anos da Declaração de Independência.

Exposições dedicadas ao libertador Simón Bolívar, a inauguração do emblemático Bulevar de Savana Grande na zona centro-norte de Caracas e sessões solenes no Parlamento foram algumas das comemorações mais destacadas.

Chávez não pôde participar da maioria dos festejos bicentenários por estar se recuperando de um câncer, do qual foi operado no dia 20 de junho em Havana, após o qual foi submetido a sessões de quimioterapia.

EFE/FOLHA

Miséria persiste em 30 das 200 cidades com PIB mais alto

Olhando apenas para a atividade econômica, o município de São Desidério parece uma ilha de prosperidade no extremo oeste da Bahia.

A intensiva produção de algodão, soja e milho faz a cidade, de 28 mil habitantes, se orgulhar de ter a segunda maior produção agropecuária do país, e o 112º PIB per capita (soma de bens e serviços produzidos, dividida pelo total de habitantes) entre os 5.564 municípios brasileiros.

Essa aparente riqueza, no entanto, não se traduz em bons indicadores sociais.

Tal contradição se repete em municípios onde a riqueza é gerada por empreendimentos industriais ou lavouras de exportação que concentram renda e criam relativamente poucos empregos.

De acordo com o Censo de 2010 do IBGE, 30% da população de São Desidério, por exemplo, vive em domicílios com renda média per capita inferior a R$ 70, linha de miséria do governo federal.

Comparando o PIB per capita, o município está entre os 2% mais ricos do país. Analisando a miséria, figura entre os 20% mais pobres.

Uma análise feita pela Folha nos indicadores sociais dos 200 municípios de maior PIB per capita mostra que São Desidério não é um caso isolado. Em 30 dessas cidades, a proporção de brasileiros vivendo com menos de R$ 70 per capita fica acima da média nacional, de 9,6%.

A maioria desses municípios é de pequeno porte, mas concentra grandes empreendimentos, o que explica que o PIB per capita seja elevado.

Entre as características mais comuns deste grupo estão atividades ligadas à indústria de petróleo (dez casos), cultivo de soja ou grãos (oito) e hidrelétricas (cinco).

Segundo Júlio Miragaya, economista do Conselho Federal de Economia, essas atividades geram muita riqueza, mas empregam pouco.

José Ribeiro, economista e demógrafo da OIT (Organização Internacional do Trabalho), concorda: "É importante desmistificar a ideia dos grandes empreendimentos como agentes exclusivos do desenvolvimento".

Sheila Zani, responsável pelo cálculo do PIB municipal do IBGE, faz outra ponderação: nem sempre a riqueza gerada é absorvida pela cidade. "Muitos dos empregados mais qualificados moram em grandes centros, onde a é renda absorvida".

Se não há necessariamente geração de emprego local, algumas dessas cidades ao menos deveriam se beneficiar de arrecadação maior. "Mas a gestão municipal não consegue reverter o montante expressivo de impostos na melhoria das condições de vida", diz Ribeiro, da OIT.

Em São Desidério, é fácil entender por que o PIB não se traduz em bem-estar. Há grandes fazendas com lavouras mecanizadas. Os donos moram em outras cidades e chegam de avião. A riqueza fica na mão de poucos e vai para fora da cidade.

FOLHA

Bondes de jovens invadem shoppings de Salvador

Jaqueta de moletom com zíper semiaberto, bermuda de marca e boné de aba reta estrategicamente posicionado. Tudo isso  – preferencialmente acompanhado de um “batidão” (corrente de prata com ou sem medalhão)  – anuncia a chegada dos bondes.
Não sabe do que se trata? Nunca ouviu falar em “playsson”? E não faz ideia do que significam os termos “farpação”, “bling bling” e “stronda”? É possível que não, mas, para quem costuma frequentar os grandes shopping centers de Salvador, a presença desses grupos principalmente nos finais de semana, vestidos como a descrição acima e entretidos em uma cultura que parece ser só deles, já despertou, no mínimo, curiosidade. E, em alguns casos, mais que isso. 

Motivação - Playssons são os integrantes masculinos dos “bondes”, também chamados de “famílias” ou “barrêras”: forma recente de comportamento adolescente geralmente ligado a escolas e bairros da periferia de Salvador.Cheios de regras e características próprias, os bondes conseguem agendar reuniões com mais de 50 pessoas a partir de um simples click do mouse. De acordo com integrantes, muitas vezes a motivação é apenas ter mais amigos  para paquerar e conversar.

Apesar disso, nos últimos dois anos, já foram pelo menos cinco casos com desfecho violento relacionados de alguma forma com os bondes.

Apreensões - Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Civil, não há estatísticas oficiais sobre o tema, mas a titular da Delegacia do Adolescente Infrator (DAI),  Claudenice Maio, diz que  apreensão de integrantes de bondes tem sido  comum.

“Principalmente aos  sábados, sempre ocorre de os seguranças dos shoppings trazê-los. Geralmente,  por causa de baderna  e até  por  pequenos furtos praticados  contra outros adolescentes”.
Na delegacia da Pituba (16ª DT), responsável pela região de shoppings  como o Iguatemi e o Salvador Shopping – preferidos dos bondes para encontros –,  há relatos  de brigas entre grupos rivais.
“Tive conhecimento de que eram gangues que marcavam pela internet. Isso,  não aprofundamos, mas  o que se sabe   é que  não são moradores daqui da região”, comentou a delegada titular da 16ª DT, Jussara Souza.
A reportagem tentou contatos seguidos  com a assessoria de comunicação dos dois shopping centers citados, mas até o fechamento desta reportagem não houve resposta dos estabelecimentos.
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