segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Obras na usina de Santo Antônio são retomadas após tumulto

Os trabalhadores da obra da hidrelétrica de Santo Antônio (RO) voltaram ao trabalho nesta segunda-feira, segundo informações do consórcio construtor de Santo Antônio, liderado pela Odebrecht.

As obras tinham sido paralisadas na semana passada devido a um tumulto entre os trabalhadores da obra, iniciado na madrugada de sexta-feira. Um ônibus chegou a ser queimado.

O consórcio construtor não sabia informar, de imediato, quais as reivindicações dos trabalhadores teriam sido atendidas para que eles retomassem o trabalho.

As obras das hidrelétricas do Rio Madeira também já chegaram a ser paralisadas em março deste ano, depois que uma rebelião de trabalhadores foi iniciada na usina hidrelétrica Jirau, também no rio Madeira. Na ocasião, o canteiro de Santo Antônio também parou para evitar que o problema de Jirau se alastrasse.

A usina de Santo Antônio terá capacidade para gerar 3.150 megawatts e tem previsão para entrar em operação em dezembro deste ano.

Na semana passada, a hidrelétrica de Belo Monte (PA) também paralisou as obras, depois que canteiro foi invadido por manifestantes contrários ao projeto. Os trabalhos foram retomados na sexta-feira, depois que a Justiça do Pará ordenou a desocupação da área da obra.

A usina Santo Antônio é operada pela empresa Santo Antônio Energia, na qual a Cemig e Furnas, do grupo Eletrobras, têm participação, além de outras companhias.

REUTERS/FOLHA

Clientes reclamam que internet banking do Itaú está fora do ar

Clientes do banco Itaú estão reclamando nas redes sociais que o serviço de internet banking não está funcionando corretamente. No Twitter, há diversas menções ao problema.

Usuários dizem que o internet banking do banco está apresentando problemas há mais de duas horas. Alguns clientes dizem que o serviço está fora do ar o dia inteiro.

Segundo relatos, não dá para pagar contas, fazer depósitos e transferir valores.

A usuária @mgmyself postou no Twitter: "A internet voltou a tempo de pagar 354 trilhões de impostos, mas o site do Itaú não funciona. Não é uma glória?".

Já o cliente @fabiowaj diz que "Toda a plataforma Web do Itau esta fora do ar? Justo hj ultimo dia do mes?? Assim fica facil, facil!!!".

ATAQUE HACKER

Algumas pessoas chegaram a cogitar a hipótese de um ataque hacker ao site. O usuário @marcelohk escreveu que o "Itaú esta sendo atacado virtualmente só posso dizer isso", para na sequência responder: "ta com cara pelo roteamento que o site faz".

Procurado pela Folha, o Itaú ainda não se posicionou sobre o problema.

No Twitter, a conta oficial do banco, @itau, não respondeu a nenhum dos usuários que reclamou do serviço na rede.

FOLHA

Juventude sequestrada

Carlos Alberto Di Franco, doutor em Comunicação, é professor de Ética e diretor do Master em Jornalismo
O crescimento dos casos de aids, o aumento da violência e a escalada das drogas castigam a juventude na velha Europa. A crise econômica, dramática e visível a olho nu, exacerba o clima de desesperança. Para muitos jovens os anos da adolescência serão os mais perigosos da vida deles.
Desemprego, gravidez precoce, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas compõem a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma explosão de violência. A juventude não foi preparada para a adversidade. E a delinquência é, frequentemente, a manifestação visível da frustração.
A situação é reflexo de uma cachoeira de equívocos e de uma montanha de omissões. O novo perfil da delinquência é o resultado acabado da crise da família, da educação permissiva e do bombardeio de setores do mundo do entretenimento que se empenham em apagar qualquer vestígio de valores.
Tudo isso, obviamente, agravado e exacerbado pela crise econômica e pela ausência de expectativas.
Os pais da geração transgressora têm grande parte da culpa. Choram os desvios que cresceram no terreno fertilizado pela omissão. O delito não é apenas reflexo da falência da autoridade familiar. É, muitas vezes, um grito de revolta e carência. A pobreza material agride o corpo, mas a falta de amor castiga a alma. Os adolescentes necessitam de pais morais, e não de pais materiais.
Reféns da cultura da autorrealização, alguns pais não suportam ser incomodados pelas necessidades dos filhos. O vazio afetivo - imaginam, na insanidade do seu egoísmo - pode ser preenchido com carros, boas mesadas e um celular para casos de emergência. Acuados pela desenvoltura antissocial dos seus filhos, recorrem ao salva-vidas da psicoterapia. E é aí que a coisa pode complicar. Como dizia Otto Lara Rezende, com ironia e certa dose de injusta generalização, "a psicanálise é a maneira mais rápida e objetiva de ensinar a odiar o pai, a mãe e os melhores amigos". Na verdade, a demissão do exercício da paternidade está na raiz do problema.
Se a crescente falange de adolescentes criminosos deixa algo claro, é o fato de que cada vez mais pais não conhecem os próprios filhos. Não é difícil imaginar em que ambiente afetivo se desenvolvem os integrantes das gangues juvenis. As análises dos especialistas em políticas públicas esgrimem inúmeros argumentos politicamente corretos. Fala-se de tudo, menos da crise da família. Mas o nó está aí. Se não tivermos a firmeza de desatá-lo, assistiremos, acovardados e paralisados, a uma espiral de violência sem precedentes. É uma questão de tempo. Infelizmente.
Certas teorias no campo da educação, cultivadas em escolas que fizeram uma opção preferencial pela permissividade, também estão apresentando um amargo resultado. Uma legião de desajustados, que cresceu à sombra do dogma da educação não traumatizante, está mostrando a sua face criminosa.
Ao traçar o perfil de alguns desvios da sociedade norte-americana, o sociólogo Christopher Lasch - autor do livro A Rebelião das Elites - sublinha as dramáticas consequências que estão ocultas sob a aparência da tolerância: "Gastamos a maior parte da nossa energia no combate à vergonha e à culpa, pretendendo que as pessoas se sentissem bem consigo mesmas".
O saldo é uma geração desorientada e vazia. A despersonalização da culpa e a certeza da impunidade têm gerado uma onda de superpredadores.
O inchaço do ego e o emagrecimento da solidariedade estão na origem de inúmeras patologias. A forja do caráter, compatível com o clima de verdadeira liberdade, começa a ganhar contornos de solução válida. Pena que tenhamos de pagar um preço tão alto para redescobrir o óbvio.
O pragmatismo e a irresponsabilidade de alguns setores do mundo do entretenimento estão na outra ponta do problema. A era do mundo do espetáculo, rigorosamente medida pelas oscilações do Ibope, tem na violência uma de suas alavancas. A transgressão passou a ser a diversão mais rotineira de todas. A valorização do sucesso sem limites éticos, a apresentação de desvios comportamentais num clima de normalidade e a consagração da impunidade têm colaborado para o aparecimento de mauricinhos do crime. Apoiados numa manipulação do conceito de liberdade artística e de expressão, alguns programas de TV crescem à sombra da exploração das paixões humanas. Ao subestimar a influência perniciosa da violência ficcional, levam adolescentes ao delírio em shows de auditório que promovem uma grotesca sucessão de quadros desumanizadores e humilhantes. A guerra pela conquista de mercados passa por cima de quaisquer balizas éticas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o marketing do entretenimento com conteúdo violento está apontando as baterias na direção do público infantil.
A onipresença de uma televisão pouco responsável e a transformação da internet num descontrolado espaço para a manifestação de atividades criminosas (a pedofilia, o racismo e a oferta de drogas, frequentemente presentes na clandestinidade de alguns sites, desconhecem fronteiras, ironizam legislações e ameaçam o Estado Democrático de Direito) estão na origem de inúmeros comportamentos patológicos.
É preciso ir às causas profundas da delinquência. Ou encaramos tudo isso com coragem ou seremos tragados por uma onda de violência jamais vista. O resultado final da pedagogia da concessão, da desestruturação familiar e da crise da autoridade está apresentando consequências dramáticas na Europa. Escarmentemos em cabeça alheia. Chegou para todos a hora de falar claro. É preciso pôr o dedo na chaga e identificar a relação que existe entre o medo de punir e os seus efeitos antissociais.
ESTADÃO

Globo vai processar "invasores"

A Globo já está tomando medidas legais contra o grupo Merd TV, responsável por atrapalhar e realizar uma série de invasões de links ao vivo da emissora nas últimas semanas.

Na tarde dessa segunda-feira (31), dois rapazes desse grupo empurraram a repórter Monalisa Perrone durante um link ao vivo, na porta do Hospital Sírio Libânes, para o "Jornal Hoje" (Globo).

Além do susto, Monalisa quase caiu no chão com a "brincadeira".

A Globo diz que esse tipo de invasão em suas passagens ao vivo é realizada por pessoas cujo propósito é aparecer. Só que desta vez, como houve agressão, a emissora vai tomar medidas legais, processando os autores da "invasão".

A emissora também vai enviar seguranças para acompanhar algumas equipes nos principais links ao vivo de seus telejornais.

FOLHA

Grupo atrapalha entradas ao vivo de repórteres da Globo

Um grupo intitulado Merd TV é responsável por atrapalhar e realizar série de invasões de links ao vivo, nas últimas semanas.
Quase todas as emissoras já foram vítimas nos últimos meses, mas o grupo tem preferência pela Globo. Os Merds se aproveitaram da internação do ex-presidente Lula para recrudescer a tática "queremos aparecer custe o que custar". Desde sábado já foram ao menos três "ataques" à Globo.
No sábado, o repórter José Roberto Burnier fazia uma passagem quando alguém gritou "Cala a boca, Globo", seguido do nome do grupo. Assista:
Nesta segunda, a vítima foi a jornalista Monalisa Perrone, que foi empurrada por uma "turba" simulada, enquanto falava ao vivo da porta do Sírio-Libanês, onde Lula se internou para iniciar o tratamento contra o câncer. Veja o vídeo:
De forma elegante, Monalisa pediu desculpas ao telespectador pelo que considerou fato inusitado. "Em 20 anos de profissão isso nunca me aconteceu", desculpou-se, recebendo apoio da âncora Sandra Annenberg, no estúdio, e do próprio colega Burnier, que presenciou a cena com a colega.
Em março, esse grupo já havia feito "bullying" em link da Globo, que cobria a internação do ex-vice José Alencar
Além do grupo organizado, a Globo já foi vítima de outros "malucos" no passado, como Rodolfo Gouveia Lima, o profissional de telemarketing que se intitulou "Palhaço do circo Isabella".
Em comunicado, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) disse repudiar as ações da Merd TV.
"Jamais, em tempo algum, ato de agressão física é aceito por qualquer motivo que seja. Debates e diferenças de ideias devem ser mostradas em discussões civilazadas e com o mínimo de dignidade"
Leia a íntegra do comunicado:
"A ABI, estarrecida com o ato de vandalismo contra a jornalista Monalisa Perrone durante sua participação ao vivo no Jornal Hoje, vem prestar solidariedade à jornalista e à direção de jornalismo da Globo, num momento tão delicado onde vândalos agridem a liberdade de imprensa e o trabalho do jornalista.
Jamais, em tempo algum, ato de agressão física é aceito por qualquer motivo que seja. Debates e diferenças de ideias devem ser mostradas em discussões civilazadas e com o mínimo de dignidade.
O ato de agredir publicamente um jornalista no desempenho de sua profissão e no desempenho da informação livre ao povo é o mais baixo de todos os atos, que deve ser punido como tortura contra a pessoa, que foi o que realmente aconteceu, além de ameaça direta e pública contra o povo livre.
A ABI já viveu momentos de defesa da liberdade de imprensa contra as torturas e ameaças de violência contra a liberdade de ideias nos momentos mais triste do Brasil.
Exatamente por isto não podemos deixar de passar este momento de agressão à mídia e à imprensa semp prestarmos solidariedade à Rede Globo e repulsa a todos aqueles que agridem moral e fisicamente a liberdade".
FOLHA

Fim do mundo maia é um erro de interpretação, diz arqueólogo

O prognóstico maia do fim do mundo foi um erro histórico de interpretação, segundo revela o conteúdo da exposição "A Sociedade e o Tempo Maia" inaugurada recentemente no Museu do Ouro de Bogotá.

O arqueólogo do Inah (Instituto Nacional de Antropologia e História do México) e um dos curadores da mostra, Orlando Casares, explicou à Agência Efe que a base da medição do tempo desta antiga cultura era a observação dos astros.

Eles se inspiravam, por exemplo, nos movimentos cíclicos do Sol, da Lua e de Vênus, e assim mediam suas eras, que tinham um princípio e um final.

"Para os maias não existia a concepção do fim do mundo, por sua visão cíclica", explicou Casares, que esclareceu: "A era conta com 5.125 dias, quando esta acaba, começa outra nova, o que não significa que irão acontecer catástrofes; só os fatos cotidianos, que podem ser bons ou maus, voltam a se repetir".

Para não deixar dúvidas, a exposição do Museu do Ouro explica o elaborado sistema de medição temporal desta civilização.

"Um ano dos maias se dividia em duas partes: um calendário chamado 'Haab' que falava das atividades cotidianas, agricultura, práticas cerimoniais e domésticas, de 365 dias; e outro menor, o 'Tzolkin', de 260 dias, que regia a vida ritualística", acrescentou Casares.

A mistura de ambos os calendários permitia que os cidadãos se organizassem. Desta forma, por exemplo, o agricultor podia semear, mas sabia que tinha que preparar outras festividades de suas deidades, ou seja, "não podiam separar o religioso do cotidiano".

Ambos os calendários formavam a Roda Calendárica, cujo ciclo era de 52 anos, ou seja, o tempo que os dois demoravam a coincidir no mesmo dia.

Para calcular períodos maiores utilizavam a Conta Longa, dividida em várias unidades de tempo, das quais a mais importante é o "baktun" (período de 144 mil dias); na maioria das cidades, 13 "baktunes" constituíam uma era e, segundo seus cálculos, em 22 de dezembro de 2012 termina a presente.

Com esta explicação querem demonstrar que o rebuliço espalhado pelo mundo sobre a previsão dos maias não está baseado em descobertas arqueológicas, mas em erros, "propositais ou não", de interpretação dos objetos achados desta civilização.

De fato, uma das peças-chave da mostra é o hieróglifo 6 de Tortuguero, que faz referência ao fim da quinta era, a atual, neste dezembro, a qual se refere à vinda de Bolon Yocte (deidade maia), mas a imagem está deteriorada e não se sabe com que intenção.

A mostra exibida em Bogotá apresenta 96 peças vindas do Museu Regional Palácio Cantão de Mérida (México), onde se pode ver, além de calendários, vestimentas cerimoniais, animais do zodíaco e explicações sobre a escritura.

Para a diretora do Museu do Ouro de Bogotá, Maria Alicia Uribe, a exibição sobre a civilização maia serve para comparar e aprender sobre a vida pré-colombiana no continente.

"Interessa-nos de alguma maneira comparar nosso passado com o de outras regiões do mundo", ressaltou Maria sobre esta importante coleção de arte e documentário.

A exposição estará aberta ao público até 12 de fevereiro de 2012, para depois deve ser transferida para a cidade de Medellín.

EFE/FOLHA

Economia espanhola se estagna no terceiro trimestre

A economia espanhola se estagnou no terceiro trimestre deste ano com uma taxa de variação trimestral nula, segundo boletim publicado pela autoridade monetária Banco da Espanha nesta segunda-feira. O aumento anual foi de 0,7%.

O comunicado, citado pelo jornal espanhol "El País" diz que o padrão de enfraquecimento na primeira parte de 2011 "teria continuado nos meses do meio do ano, em um ambiente marcado pelo aprofundamento da crise da dívida soberana da zona do euro".

O órgão afirmou que o consumo interno experimentou um novo retrocesso nos três meses medidos, com queda de 0,8 ponto percentual em relação ao período de abril a junho, o que seria uma resposta à contenção de gastos prevista nos planos de ajuste contra o deficit nacional.

A desaceleração, que se mostra mais aguda com a estagnação do terceiro trimestre, foi a primeira queda no ano de crescimento do ano expressa desde a recessão, que terminou no início de 2010.

FOLHA

Com nova medida, comprar dólares na Argentina fica mais difícil

A partir desta segunda-feira, será mais difícil comprar dólares na Argentina. Toda operação de câmbio terá que ser autorizada pela Afip (a Receita Federal argentina), que determinará se a pessoa ou empresa tem recursos suficientes para adquirir a moeda americana.

Segundo o governo, a medida, anunciada menos de uma semana depois da reeleição da presidente Cristina Kirchner, serve para combater a evasão fiscal. Economistas da área privada, porém, dizem que o governo está querendo conter a fuga de capitais.

"Nos últimos 51 meses, quase US$ 70 bilhões saíram do sistema financeiro local", disse o economista Carlos Melconian. "A fuga de capitais se acentuou nos últimos meses, apesar de todos saberem que Cristina Kirchner seria reeleita com mais de 50% dos votos".

Há décadas, os argentinos poupam em dólares - muitos deles, guardados em casa. O hábito se mantém, apesar da crise nos Estados Unidos e do enfraquecimento do dólar. Os economistas temem que o maior controle do câmbio abra a porta para um dólar paralelo.

AGÊNCIA BRASIL/FOLHA

Irmã de Steve Jobs escreve artigo emocionante sobre o irmão

A romancista Mona Simpson saudou seu irmão, Steve Jobs, como uma alma amorosa, em um comovente artigo publicado no domingo (30) no jornal "The New York Times".

Simpson, que conheceu Jobs quando os dois tinham mais de 20 anos, destacou a importância que o amor tinha para seu irmão.

"Ele era como uma menina pelo tempo que passava falando sobre o amor", afirmou a escritora, filha da mãe biológica de Jobs, que o deu em adoção ao nascer e não contou à filha sobre ele.

"O amor era para ele sua virtude suprema, seu deus entre os deuses", afirmou Simpson.

Mona leu o mesmo texto em 16 de outubro, durante uma cerimônia em que celebridades de pesos pesados do Vale do Silício se reuniram privadamente para prestar homenagem ao fundador da Apple na Universidade Stanford.

FRANCE PRESS/FOLHA

Ameaçado por milícias, deputado estadual do Rio de Janeiro vai deixar o país

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) pedirá licença da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e deixará o país. Em um mês, o parlamentar recebeu sete denúncias de que grupos de milicianos planejam a sua morte.

Marcelo Freixo presidiu, em 2008, a CPI das Milícias, que indiciou 225 pessoas, entre policiais civis, militares, bombeiros e agentes penitenciários. Os relatórios produzidos pela CPI auxiliaram as polícias Civil e Federal em investigações que levaram boa parte destes indiciados para a prisão.

O deputado pretende deixar o Brasil amanhã, em companhia da família, a convite da Anistia Internacional. O país e o período de permanência no exterior são mantidos em sigilo.

Segundo Freixo, as ameaças não devem ser encaradas como um problema pessoal, mas sim como de toda a sociedade. Ele lembrou do assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta por policiais militares integrantes de milícias que atuam no Grande Rio, em agosto deste ano.

"Esse é um problema de todo o Rio de Janeiro. Aliás, é um problema nacional. Até que ponto nossas autoridades vão continuar empurrando com a barriga. Ou a gente enfrenta e faz agora esse dever de casa contra as milícias ou, como mataram uma juíza, vão matar um deputado, promotores, jornalistas. E, se esses grupos criminosos são capazes de matar uma juíza e ameaçar um deputado, o que eles não fazem com a população que vive na área em que eles dominam", disse.

De acordo com o deputado, apesar das dezenas de prisões feitas depois da CPI das Milícias, esses grupos criminosos estão cada vez mais fortes e dominam várias comunidades do estado, onde extorquem dinheiro de moradores e de comerciantes e controlam atividades como transporte alternativo, venda de gás e de ligações clandestinas de TV a cabo.

AGÊNCIA BRASIL/FOLHA

domingo, 30 de outubro de 2011

Greve na Qantas deixa 70 mil passageiros parados

Mais de 70 mil passageiros da companhia aérea australiana Qantas ficaram parados neste domingo em aeroportos da Austrália, Europa e Estados Unidos, após a decisão da empresa de deixar todos os aviões em terra em consequência de uma greve dos funcionários.

Todos os voos da companhia foram cancelados a partir de sábado às 6h no horário local (4h de Brasília), informou a Qantas em um comunicado.

A direção tomou a decisão de paralisar a atividade, já muito afetada pela greve de várias semanas dos funcionários. O sindicato dos pilotos exige melhores salários e condições de trabalho.

A primeira-ministra Julia Gillard convocou uma instância de arbitragem para tentar obter uma solução para o conflito.

A Qantas calcula que a greve das últimas semanas provocou prejuízos 68 milhões de dólares australianos (pouco mais de US$ 70 milhões).

A principal rival da Qantas, a Virgin Australia, anunciou neste domingo que aumentou sua capacidade em 40 mil passageiros durante as próximas duas semanas para ajudar os passageiros bloqueados.

FRANCE PRESS/FOLHA

Câncer ocorre quando Lula é mais dominante, diz 'New York Times'

O diagnóstico do câncer do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva repercutiu na imprensa internacional neste domingo.

O jornal americano "The New York Times" publicou uma reportagem na qual afirma que o diagnóstico do câncer acontece em um momento em que o ex-presidente é visto como dominante na política brasileira.

"A revelação da sua condição acontece em um momento em que ele ainda é admirado aqui como o líder político contemporâneo mais dominante do Brasil", escreve o jornalista do "New York Times" Simon Romero, do Rio de Janeiro.

"Desde que deixou a presidência, Silva, um ex-líder sindical, manteve ampla influência na política brasileira. Ele viajou muito dentro do Brasil e no exterior, fazendo discursos por cachês altos, e na semana passada ele apareceu ao lado [da presidente Dilma] Rousseff na inauguração de uma ponte na cidade amazônica de Manaus".

O "New York Times" diz que a notícia sobre Lula mostra um "contraste grande" em relação à forma como o presidente venezuelano, Hugo Chávez, revelou seu câncer, em junho.

Enquanto o brasileiro optou por revelar rapidamente a doença, Chávez "surpreendeu os venezuelanos" ao anunciar que já havia sido submetido a uma cirurgia, segundo o "New York Times". O jornal também lembra que o venezuelano nunca revelou o tipo de câncer que teve.

Lula foi diagnosticado com câncer na laringe. A informação foi divulgada no sábado pelo Hospital Sírio-Libanês, onde o ex-presidente fez exames após se queixar de dores na garganta. Ele começará quimioterapia na segunda-feira.

'INCERTEZA'

Uma reportagem do jornal argentino "La Nacion" afirma que o câncer do ex-presidente desperta incerteza entre os brasileiros sobre o futuro político de Lula.

"A inesperada notícia sobre a doença surpreendeu a todos os brasileiros e despertou uma grande incerteza sobre um eventual regresso de Lula à Presidência do Brasil, onde ele mantinha uma enorme influência política no atual governo", escreve o jornal argentino.

O "La Nacion" diz que o "carismático e popular" ex-presidente brasileiro terá pela frente uma "nova e inesperada batalha".

Já o jornal argentino "El Clarin" destacou que a notícia sobre a doença de Lula "surpreendeu os veículos brasileiros de imprensa", já que o ex-presidente havia anunciado que tinha começado a deixar de fumar cigarrilhas.

O "El Clarin" também destacou a repercussão da doença no Twitter, com várias mensagens de solidariedade acompanhadas das hashtags #vivalula e #forçalula.

O jornal espanhol "El País" disse que a notícia sobre Lula "correu como pólvora em todo o país".

Já o americano "The Wall Street Journal" destaca a importância "literal" da voz de Lula na política brasileira.

"Muito do sucesso de Lula se deve à sua voz. Como um país grande e recentemente industrializado sofrendo com uma ditadura militar, os sindicatos brasileiros estavam maduros para um rompimento nos anos 70", escrevem os jornalistas Matthew Cowley e Tom Murphy.

"No sentido literal, Lula, um ex-sindicalista, deu aos trabalhadores uma voz".

BBC BRASIL/FOLHA

A baderna a serviço do crime

A Cidade Universitária voltou a ser palco de confrontos entre estudantes e a Polícia Militar (PM). Os incidentes ocorreram na noite de quinta-feira e começaram depois que os policiais militares detiveram três alunos que fumavam maconha no estacionamento do prédio de História e de Geografia. Quando os levavam para o 91.º DP, a fim de registrar a ocorrência, os policiais militares foram atacados por cerca de 200 estudantes.
Além de terem apedrejado seis viaturas policiais e ferido três soldados, os estudantes invadiram o prédio administrativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), onde praticaram atos de vandalismo, e anunciaram que só sairão do local após a revogação do convênio que permite à PM garantir a segurança na Cidade Universitária. O convênio foi assinado após o primeiro caso de latrocínio no local, ocorrido em maio deste ano. A vítima foi um estudante de economia, assassinado ao reagir a uma tentativa de roubo. Entre janeiro e abril, os roubos na Cidade Universitária aumentaram 13 vezes e os atos de violência - tais como estupros e sequestros relâmpago - cresceram 300%.
Até então, a Cidade Universitária - situada ao lado de uma favela - dispunha apenas de uma Guarda Universitária, que não pode portar armas e que conta com 130 agentes de segurança patrimonial, divididos em dois turnos, para proteger dezenas de prédios e fiscalizar seus estacionamentos, além das 100 mil pessoas que circulam diariamente pelo câmpus. Mas, apesar da crescente violência, minorias radicais constituídas por servidores, alunos e professores resistiam e continuam resistindo à presença da PM no câmpus. Militantes de micropartidos de esquerda, eles associam a PM à "repressão", alegam que a presença de policiais militares fere a autonomia universitária e classificam o câmpus como "território livre".
Alegando que a Cidade Universitária estava se convertendo em terra de ninguém, o Comitê Gestor da USP - apoiado pela maioria da comunidade acadêmica - superou as resistências políticas, elaborou um plano emergencial de segurança para a Cidade Universitária, definiu um modelo de policiamento aprovado por entidades de professores, alunos e funcionários e, em junho, fechou um acordo com a PM para colocá-lo em execução. É esse convênio que os invasores do prédio administrativo da FFLCH querem revogar.
Para confirmar que se trata de movimento ideológico, eles apresentaram uma lista de reivindicações absurdas, impossíveis de serem atendidas, do ponto de vista jurídico. Além de aproveitar o incidente para fazer novas críticas ao reitor João Grandino Rodas e acusar a PM de agir como "o braço armado dos exploradores", pedindo sua imediata retirada do câmpus, os invasores querem autonomia absoluta nos "espaços estudantis". Reivindicam, ainda, a extinção de todos os processos administrativos e criminais contra estudantes, professores e funcionários. São centenas de sindicâncias e de ações judiciais instauradas pela reitoria para apurar desvios de conduta e punir quem depredou o patrimônio da USP e ameaçou a integridade física de colegas em assembleias, greves e piquetes. Em nota, o Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre) classificou a invasão da FFLCH e a oposição à presença da PM no câmpus como uma luta pelos "direitos civis".
Na realidade, o que está em jogo no câmpus da USP não são as liberdades públicas nem os direitos fundamentais de estudantes, professores e funcionários. Quando invocam o princípio da autonomia universitária e pedem que a PM seja expulsa do câmpus, os baderneiros fazem o jogo dos assaltantes, assassinos, estupradores e traficantes de drogas. É evidente que, desde o início do convênio firmado com a reitoria, a presença de policiais militares na Cidade Universitária vem prejudicando os negócios dos fornecedores de drogas, reduzindo seus lucros. Além de se colocarem - consciente ou inconscientemente - a serviço do crime organizado, os invasores cometem outro erro. Eles confundem "território livre", expressão usada na academia para designar a livre troca de ideias, com uma república independente - como se a USP existisse à margem do Estado e da sociedade que a sustentam.
O que ocorreu no embate com a PM e com a invasão da FFLCH não são atos de rebeldia intelectual - são apenas demonstrações de irresponsabilidade e de alienação ideológica.
ESTADÃO

República destroçada

Marco Antonio Villa - O Estado de S.Paulo
Em 1899 um velho militante, desiludido com os rumos do regime, escreveu que a República não tinha sido proclamada naquele mesmo ano, mas somente anunciada. Dez anos depois continuava aguardando a materialização do seu sonho. Era um otimista. Mais de cem anos depois, o que temos é uma República em frangalhos, destroçada.
Constituições, códigos, leis, decretos, um emaranhado legal caótico. Mas nada consegue regular o bom funcionamento da democracia brasileira. Ética, moralidade, competência, eficiência, compromisso público simplesmente desapareceram. Temos um amontoado de políticos vorazes, saqueadores do erário. A impunidade acabou transformando alguns deles em referências morais, por mais estranho que pareça. Um conhecido político, símbolo da corrupção, do roubo de dinheiro público, do desvio de milhões e milhões de reais, chegou a comemorar recentemente, com muita pompa, o seu aniversário cercado pelas mais altas autoridades da República.
Vivemos uma época do vale-tudo. Desapareceram os homens públicos. Foram substituídos pelos políticos profissionais. Todos querem enriquecer a qualquer preço. E rapidamente. Não importam os meios. Garantidos pela impunidade, sabem que se forem apanhados têm sempre uma banca de advogados, regiamente pagos, para livrá-los de alguma condenação.
São anos marcados pela hipocrisia. Não há mais ideologia. Longe disso. A disputa política é pelo poder, que tudo pode e no qual nada é proibido. Pois os poderosos exercem o controle do Estado - controle no sentido mais amplo e autocrático possível. Feio não é violar a lei, mas perder uma eleição, estar distante do governo.
O Brasil de hoje é uma sociedade invertebrada. Amorfa, passiva, sem capacidade de reação, por mínima que seja. Não há mais distinção. O panorama político foi ficando cinzento, dificultando identificar as diferenças. Partidos, ações administrativas, programas partidários são meras fantasias, sem significados e facilmente substituíveis. O prazo de validade de uma aliança política, de um projeto de governo, é sempre muito curto. O aliado de hoje é facilmente transformado no adversário de amanhã, tudo porque o que os unia era meramente o espólio do poder.
Neste universo sombrio, somente os áulicos - e são tantos - é que podem estar satisfeitos. São os modernos bobos da corte. Devem sempre alegrar e divertir os poderosos, ser servis, educados e gentis. E não é de bom tom dizer que o rei está nu. Sobrevivem sempre elogiando e encontrando qualidades onde só há o vazio.
Mas a realidade acaba se impondo. Nenhum dos três Poderes consegue funcionar com um mínimo de eficiência. E republicanismo. Todos estão marcados pelo filhotismo, pela corrupção e incompetência. E nas três esferas: municipal, estadual e federal. O País conseguiu desmoralizar até novidades como as formas alternativas de trabalho social, as organizações não governamentais (ONGs). E mais: os Tribunais de Contas, que deveriam vigiar a aplicação do dinheiro público, são instrumentos de corrupção. E não faltam exemplos nos Estados, até mesmo nos mais importantes. A lista dos desmazelos é enorme e faltariam linhas e mais linhas para descrevê-los.
A política nacional tem a seriedade das chanchadas da Atlântida. Com a diferença de que ninguém tem o talento de um Oscarito ou de um Grande Otelo. Os nossos políticos, em sua maioria, são canastrões, representam mal, muito mal, o papel de estadistas. Seriam, no máximo, meros figurantes em Nem Sansão nem Dalila. Grande parte deles não tem ideias próprias. Porém se acham em alta conta.
Um deles anunciou, com muita antecedência, que faria um importante pronunciamento no Senado. Seria o seu primeiro discurso. Pelo apresentado, é bom que seja o último. Deu a entender que era uma espécie de Winston Churchill das montanhas. Não era, nunca foi. Estava mais para ator de comédia pastelão. Agora prometeu ficar em silêncio. Fez bem, é mais prudente. Como diziam os antigos, quem não tem nada a dizer deve ficar calado.
Resta rir. Quem acompanha pela televisão as sessões do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e as entrevistas dos membros do Poder Executivo sabe o que estou dizendo. O quadro é desolador. Alguns mal sabem falar. É difícil - muito difícil mesmo, sem exagero - entender do que estão tratando. Em certos momentos parecem fazer parte de alguma sociedade secreta, pois nós - pobres cidadãos - temos dificuldade de compreender algumas decisões. Mas não se esquecem do ritualismo. Se não há seriedade no trato dos assuntos públicos, eles tentam manter as aparências, mesmo que nada republicanas. O STF tem funcionários somente para colocar as capas nos ministros (são chamados de "capinhas") e outros para puxar a cadeira, nas sessões públicas, quando alguma excelência tem de se sentar para trabalhar.
Vivemos numa República bufa. A constatação não é feita com satisfação, muito pelo contrário. Basta ler o Estadão todo santo dia. As notícias são desesperadoras. A falta de compostura virou grife. Com o perdão da expressão, mas parece que quanto mais canalha, melhor. Os corruptos já não ficam envergonhados. Buscam até justificativa histórica para privilégios. O leitor deve se lembrar do símbolo maior da oligarquia nacional - e que exerce o domínio absoluto do seu Estado, uma verdadeira capitania familiar - proclamando aos quatro ventos seu "direito" de se deslocar em veículos aéreos mesmo em atividade privada.
Certa vez, Gregório de Matos Guerra iniciou um poema com o conhecido "Triste Bahia". Bem, como ninguém lê mais o Boca do Inferno, posso escrever (como se fosse meu): triste Brasil. Pouco depois, o grande poeta baiano continuou: "Pobre te vejo a ti". É a melhor síntese do nosso país.  
HISTORIADOR, É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS(UFSCAR)
ESTADÃO

Copa - dinheiro, soberania e catarse

Gaudêncio Torquato - O Estado de S.Paulo
O maior espetáculo da Terra, a Copa do Mundo de 2014 é uma miragem no horizonte de 957 dias que faltam para sua abertura, mas as escaramuças que está causando ameaçam deixar mortos e feridos bem antes que os exércitos de 32 países entrem nas arenas de 12 estádios, uns em fase inicial de construção, outros em reforma. A tensão que o evento provoca com tanta antecedência se deve não só ao fato de que a disputa terá a maior audiência acumulativa de todos os tempos - 26 bilhões de espectadores em 214 nações, com transmissão em 376 canais -, mas por ser o futebol a paixão brasileira por excelência. Como tal, é motor das emoções, arrastando multidões às praças esportivas, abrindo clamor e indignação, gerando contrariedades, promovendo, enfim, a explosão coletiva. O objeto dos conflitos, por enquanto, não é a bola, cujos peso e formato certamente ganharão um capítulo novelesco mais adiante, mas as normas que as autoridades organizaram para determinar como será realizada a Copa no Brasil. Como o dono da flauta dá o tom, a Federação Internacional de Futebol (Fifa), entidade de direito privado, proprietária exclusiva do certame, impõe regras, fazendo do Projeto de Lei 2.330, chamado de Lei Geral da Copa, a expressão de sua vontade.
O imbróglio se forma quando o tom que a Fifa quer dar à flauta soa estranho nos arranjos orquestrados pela banda social. A polifonia se estabelece. E para coroar a liturgia cívica que embala corações no anelo coletivo, emergem polêmicas intermináveis, sob a égide do conceito que abriga o arsenal da guerra: soberania. Traduzindo: aprovada a Lei Geral da Copa nos termos encaminhados pelo Executivo ao Congresso, a soberania nacional estaria conspurcada. O futebol, como é sabido, canalizador da avalanche catártica do País, ingressa profundamente no hemisfério emotivo, deixando estreita margem para uma análise mais racional. Sob essa hipótese, é complexa a tarefa de distinguir os polos (certo/errado, ético/aético, justo/injusto) que balizam a organização da Copa do Mundo em nosso país. É razoável começar o exercício pelo campo que abre a polêmica, a soberania. Se soberania, segundo Rousseau, é o exercício da vontade geral, "que não pode ser alienada ou dividida e jamais concentrada nas mãos de um homem ou de um grupo", é evidente que a Fifa não tem razão para impor sua visão particular sobre o anseio coletivo. A soberania de uma nação exprime o poder de uma autoridade superior, não devendo este ser limitado por nenhum outro poder. Essa é a lição do Direito. É evidente que os organizadores da Copa sabem disso, até porque se defrontam, a cada quatro anos, com argumentos contrários a suas pretensões.
A Fifa, como empresa privada, objetiva auferir lucro, cooptando governos dos países-sede do evento, que se dobram às exigências por saberem que o futebol é um dos ímãs mais poderosos de que a política dispõe para atrair as massas. A catarse produzida pelos espetáculos acabará compensando os governantes com expressivos resultados eleitorais. É evidente que o negócio privado quer apitar todo o jogo: escolher parceiros, definir projetos, contratar consultores e fornecedores, estabelecer sistemas de promoção e vendas para comercializar marcas, símbolos, produtos e serviços. Até aí, tudo bem. É compreensível que os países, quando se candidatam a sediar uma Copa, procurem oferecer aos donos do empreendimento uma carta de compromissos e vantagens que lhes garantam elementos de diferenciação em relação aos demais competidores. Foi assim que o Brasil ganhou a condição de sediar o próximo Mundial, a ser realizado 64 anos após a memorável Copa de 50. Quando as intenções entram, porém, no plano das ações, o caldo entorna. E é nessa encruzilhada que se encontram os parceiros do campeonato. A Lei da Copa, como se apresenta, está eivada de aberrações jurídicas, de afrontas aos direitos dos consumidores. Pior, joga no lixo disposições integradas aos costumes sociais.
A questão da extinção de meia-entrada para idosos e estudantes já estaria equacionada com a decisão do governo de fazer valer a atual regra. Mas situações absurdas persistem, a começar pela extravagante ideia de que títulos como Copa do Mundo, Mundial de Futebol, Brasil 2014 só poderão ser usados sob licença da Fifa. Torcedor que decida enfeitar o boné com essas expressões poderá ser condenado à prisão ou multa. Se uma pessoa pintar o muro de sua casa com o mascote da Copa, será ameaçada de entrar em cana. Ou se comprar algo - ingresso, produto ou serviço - pela internet, por exemplo, não poderá ser ressarcido caso desista da aquisição. Comprou, pagou, levou, mesmo com o pacote deteriorado. Não há como deixar de observar que o bom senso passou longe da confecção do índex de vedações. Ao moldar a lei à sua vontade, a Fifa invade a seara da cultura popular, apropriando-se de sua linguagem, reescrevendo tradições e fazendo vista grossa ao Estatuto do Torcedor, ou seja, à Lei 10.671.
Não se discute o domínio sobre direitos de comercialização de produtos e serviços pela cadeia de vendas e difusão de imagens pela mídia. Inaceitável é a suspensão da legislação brasileira para atender a objetivos mercadológicos da organizadora, incluindo a revogação da proibição de bebida alcoólica em estádios e a venda exclusiva da marca patrocinadora do evento. O que poderá acontecer caso o Congresso decida conformar as regras ao gosto social? A realização da Copa em outro país seria inexequível, ante o apertado calendário de que se dispõe, pelo conflito que a decisão proporcionaria. Resta aplicar critérios plausíveis, justos e regrados pelo máximo de consenso entre as partes. Por último, deixar que a galera das gerais se manifeste livremente sobre a disputa, usando inclusive a verve ferina para reclamar que falta quase tudo para fazermos uma boa Copa, sobretudo uma boa seleção de futebol.


JORNALISTA, É PROFESSOR, TITULAR DA USP, CONSULTOR POLÍTICO DE COMUNICAÇÃO
ESTADÃO

Sobe para 17 nº de mortos em Cabul; 13 são soldados dos EUA

Ao menos 13 soldados americanos foram mortos em um atentando suicida em Cabul, capital afegã, quando um homem-bomba atacou um veículo de um comboio da Otan, a aliança militar do Ocidente, segundo oficiais.

Autoridades dos Estados Unidos citadas pela emissora de TV americana CNN ressaltaram que mais detalhes continuam surgindo. Acredita-se que um veículo muito danificado transportava as tropas estrangeiras que estavam no comboio.

"Podemos confirmar que 13 membros da ISAF foram mortos", disse um porta-voz da ISAF.

Excluindo quedas de helicópteros, este foi o acidente mais mortífero para tropas estrangeiras desde que a guerra começou em 2001.

Quatro afegãos também foram reportados mortos, mas ainda não está claro quantas pessoas foram feridas, afirmou o porta-voz do Ministério do Interior afegão, Sediq Sediqqi.

O ataque ao comboio da Isaf (Força Internacional de Segurança), liderada pela Otan, ocorreu na praça de Darulaman, no oeste da cidade, perto do museu nacional, por volta das 11h15 da manhã do horário local (4h45 em Brasília), afirmou o chefe da polícia de Cabul, Hashmat Stanikzai.

O grupo Taleban assumiu a autoria do ataque em um comunicado divulgado pouco depois, dizendo que lotou um veículo de quatro rodas com 700 kg de explosivos. A região do ataque se encontra sob controle das forças de segurança.

O antigo palácio real, agora em ruínas, também está localizado nesta região, com vários departamentos do governo. "Vários membros da Isaf foram registrados como vítimas", disse um porta-voz da força liderada pela Otan.

Os insurgentes talebans costumam recorrer a ataques suicidas como parte de suas tentativas para conseguir a saída imediata das tropas internacionais desdobradas no país e a queda do governo afegão, liderado pelo presidente, Hamid Karzai.

Cabul foi palco de mais de uma dezena de ataques nos últimos anos. A violência no Afeganistão tem piorado desde o início da guerra, há dez anos, de acordo com as Nações Unidas, apesar da presença de mais de 130 mil tropas estrangeiras.

A Isaf disse que recentemente houve uma queda nos ataques, mas esta informação exclui os atentados que mataram apenas civis e ataques às forças de segurança afegã que operam sem tropas internacionais.

FOLHA

Qantas suspende todos os voos indefinidamente por greve

A companhia aérea australiana Qantas anunciou neste sábado que suspendeu indefinidamente todos os seus voos nacionais e internacionais por causa da greve que seu pessoal realiza.

O ministro do Transporte australiano, Anthony Albanese, disse que recorrerão a arbitragem da Fair Work Australia, o novo organismo criado para resolver as disputas trabalhistas.

"Isto é uma decisão muito difícil (...) não temos nenhuma alternativa", disse o diretor-gerente da Qantas, Alan Joyce, em entrevista coletiva, segundo a rádio "ABC".

A partir da segunda-feira, a companhia fechará a entrada das instalações aos grevistas.

"Fechamos até que os sindicatos retirem suas reivindicações mais extremas e cheguem a um acordo conosco", disse Alan, e culpou as "reivindicações impossíveis" dos três sindicatos pela situação.

A direção da Qantas está acossada pelas greves dos pilotos, o pessoal de terra e os engenheiros que pedem aumentos salariais e melhoras trabalhistas.

EFE/FOLHA

Irlanda oficializa vitória do trabalhista Higgins em eleições

O trabalhista Michael D. Higgins foi proclamado oficialmente neste sábado vencedor das eleições presidenciais irlandesas, depois de dois dias de contagem de votos, confirmando sua surpreendente vitória sobre o candidato favorito, o independente Sean Gallagher.

Segundo os números oficiais, o "sociólogo, político e poeta" como se define, obteve 1.007.104 votos, ultrapassando amplamente os 885.882 necessários para conquistar a maioria (50% + 1) no complexo sistema eleitoral irlandês.

"Estou realmente contente com esta ampla vitória", declarou Michael D. Higgins, o mais velho (70 anos) dos 17 candidatos que se apresentaram à sucessão de Mary McAleese, que permaneceu no cargo durante 14 anos. "Isto me permitirá ser o presidente de todos", afirmou.

A vitória de Higgins já era certa desde sexta-feira, quando seus dois principais adversários, Gallagher e Martin McGuinness (vice-primeiro-ministro norte-irlandês) reconheceram a derrota.

A rádio televisão pública irlandesa RTÉ e o Partido Trabalhista já tinham anunciado no meio do dia que Higgins, favorito das casas de apostas, se encaminhava para uma vitória segura.

"Pouco depois de abertas as urnas, viu-se claramente que Michael D. Higgins estava muito à frente e que não havia dúvidas sobre o desenlace", noticiou a RTÉ, quatro horas depois do início da contagem.

Na mesma hora, o vice-premier irlandês, Eamon Gilmore, publicou um comunicado para "cumprimentar Michael D. por esta conquista". "Estou realmente feliz por ele".

Higgins, ex-ministro de Cultura, ex-deputado e poeta, defendeu ao longo de sua carreira a justiça, a paz e outros temas humanitários em várias partes do mundo, inclusive em países latino-americanos como Chile, Nicarágua, El Salvador e Colômbia, onde, no ano passado, fraturou um joelho durante missão com uma organização humanitária.

Higgins era só o segundo candidato mais bem colocado nas pesquisas. Na última consulta, publicada na segunda-feira passada, ele tinha apenas 25% das intenções de voto contra 40% para o independente Gallagher.

Mas o então favorito das pesquisas se envolveu nos últimos dias em uma polêmica com McGuinness. O vice-primeiro-ministro norte-irlandês e ex-líder do hoje inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), o acusou de ter recebido 5.000 euros (US$ 7.000) de um empresário condenado por contrabando para financiar o partido de oposição Fianna Fáil, do qual Gallagher afirma ter sido "membro esporádico". O candidato negou a denúncia categoricamente.

O Fianna Fáil foi tirado do poder nas eleições gerais de fevereiro passado, que conduziram a um governo de coalizão entre o Fine Gael, do premier Enda Kenny, e os trabalhistas de Gilmore.

Embora se trate de um cargo essencialmente representativo, o nono presidente irlandês assumirá o posto em um contexto difícil, quase um anos depois de o país ter que aceitar um plano de resgate de 85 bilhões de euros da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional) em troca de medidas drásticas de ajuste.

FRANCE PRESS/FOLHA