sábado, 31 de março de 2012

Feridos em ataques na Tailândia já passam de 300; 14 morreram


Os ataques a bomba em uma zona comercial da Tailândia neste sábado já somam 14 vítimas fatais e mais de 300 pessoas feridas.

"É o pior ataque nos últimos anos", diz o agente de segurança, Pramote Promin. "Os insurgentes suspeitos tinham como alvo vidas humanas. Eles escolheram uma área comercial ocupada, então eles queriam ferir pessoas", afirmou.

As explosões aconteceram no movimentado centro comercial da cidade de Yala, que faz parte das províncias reivindicadas pelo movimento separatista islâmico, informa o diário "The Nation".

Várias lojas e veículos estacionados na rua ficaram danificados pela detonação das bombas, a primeira escondidas em uma motocicleta e as outras duas em carros, que explodiram quando os agentes chegaram ao local.

"É o pior ataque nos últimos anos", diz o agente de segurança, Pramote Promin. "Os insurgentes suspeitos tinham como alvo vidas humanas. Eles escolheram uma área comercial ocupada, então eles queriam ferir pessoas", afirmou.

Outra bomba foi detonada em um quarto de hotel na turística cidade de Hat Yai, na província de Songjla, e deixou presos em seu interior cerca de 200 hóspedes. A polícia acredita que os ataques estejam relacionados e tenham sido praticados pelo mesmo grupo.

Os ataques com armas leves, assassinatos e atentados com explosivos ocorrem quase diariamente nas províncias de Pattani, Narathiwat e Yala, apesar do desdobramento de 31 mil agentes das forças de segurança e da declaração do estado de exceção.

O extremo sul da Tailândia, uma região majoritariamente muçulmana, que até o início do século 20 pertencia à Malásia, registra desde 2004 uma insurreição contra o poder central, que custou a vida de mais de 5.000 pessoas.

FOLHA

Cuba decreta feriado na Sexta-feira Santa após pedido do papa


O ditador cubano, Raúl Castro, declarou feriado "com caráter excepcional" a próxima Sexta-feira Santa, dia 6 de abril, atendendo a um pedido realizado pelo papa Bento 16 durante sua recente visita a Cuba, informou neste sábado o jornal oficial "Granma".

"O Conselho de Ministros da República de Cuba concordou ontem em encerrar as atividades de trabalho na próxima sexta-feira, 6 de abril", afirma uma nota Informativa publicada no jornal.

O pedido foi feito por Bento 16 durante sua visita ao Palácio da Revolução, no dia 27 de março.

"Momentos antes de sua partida, o presidente cubano expressou (ao papa) a vontade de que a próxima sexta-feira, 6 de abril, com caráter excepcional, seja feriado nacional, em consideração a Sua Santidade e ao feliz resultado desta transcendental visita ao nosso país, e cabe aos órgãos superiores da Nação a decisão definitiva" do feriado, em referência à Assembleia Nacional (Parlamento), acrescentou.

Bento 16 visitou Cuba de 26 a 28 de março, período no qual realizou duas missas campais em Santiago de Cuba (sudeste) e Havana, assim como visitou o Santuário Nacional do Cobre, onde fez uma homenagem à Virgem da Caridade do Cobre, padroeira nacional, e se reuniu com autoridades.

Em dezembro de 1997, o então presidente Fidel Castro, afastado do poder desde 2006 por motivos de doença, decretou feriado de forma excepcional 25 de dezembro, dia de Natal, devido à iminente visita do papa João Paulo 2º, que foi realizada de 21 a 25 de janeiro de 1998.

Após a visita de João Paulo 2º, o dia de Natal tornou-se feriado de forma permanente.

FRANCE PRESS/FOLHA

Com leucemia, capitão do Aston Villa encerra a carreira


O meio-campista búlgaro Stiliyan Petrov, 32, do Aston Villa, anunciou neste sábado aos jornais da Bulgária sua aposentadoria, um dia após ser diagnosticado com leucemia.

"O futebol acabou, esse é o fim", disse para o diário de esportes "Tema Sport". "Agora começa a luta pela minha vida e eu vou lutar".

Com 105 jogos pela Bulgária, Petrov disse que sentiu uma forte dor de cabeça durante o primeiro tempo contra o Arsenal, no sábado anterior. Disse que o médico sugeriu que ele fosse substituído no intervalo.

"Eu perdi minha energia no segundo tempo, algo incomum para mim", disse Petrov. "A vida é assim. Nós tomamos um café uma semana atrás em Londres e agora estamos falando sobre isso".

Os torcedores do Aston Villa prometeram homenagear Petrov por 19min da partida contra o Chelsea, neste sábado. O meio-campista usava a camisa 19.

REUTERS/FOLHA

Rodoanel norte vai desapropriar área equivalente a 1.400 Pacaembus


O governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinou ontem (30) decretos para desapropriar cerca de 2.500 imóveis localizados no percurso do trecho norte do Rodoanel, a maior obra viária de sua gestão.

A área, equivalente a 1.400 campos de futebol como o do Pacaembu, engloba uma faixa de 130 m, em média, ao longo de 47,4 km de rodovia.
Laurence Casagrande Lourenço, diretor-presidente da Dersa (que gerencia o projeto), diz que as desapropriações ocorrerão até 2014. A maioria dos imóveis é de terrenos urbanos, mas há propriedades rurais e casas.

A via ligará o trecho oeste à Via Dutra, com acesso ao aeroporto de Cumbica. O traçado, que margeia a Serra da Cantareira, terá de três a quatro faixas por sentido, sete túneis e 111 pontes e viadutos.

A expectativa é que ela receba 65 mil veículos por dia, sendo 17 mil caminhões retirados da Marginal Tietê.

O governo desistiu do acesso ao Rodoanel pela avenida Inajar de Souza (zona norte). A prefeitura temia adensamento populacional, danos ambientais e impacto negativo na marginal Tietê. "A prefeitura fechou questão, e o governo respeitou", disse.

ATRASO

O governo, que falava em entregar a via em 2014, último ano da gestão, agora admite que isso pode ficar para 2015. O atraso é decorrência de suspensões da licitação das obras pelos tribunais de contas da União e do Estado.

Questionamentos ao edital adiaram em quatro meses o desfecho da licitação, agora previsto para abril ou maio.

A obra, estimada em R$ 6,5 bilhões, terá verba do Estado, União e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

FOLHA

Tatiana Belinky comemora 93 anos e chora pela primeira vez em público


Tatiana Belinky, uma das maiores autoras de livros infantis do país, completou 93 anos em 18 de março. Ela tem mais de 270 obras publicadas e é conhecida pelos limeriques (poemas divertidos feitos com cinco versos)

Mas o tempo parece não ter passado para ela. Neste ano, Tatiana já lançou dois livros. Escreve todos os dias, sempre à mão (diz que os computadores não gostam dela). Adora receber meninos e meninas em sua casa, no bairro do Pacaembu (zona oeste de São Paulo). "Eu me entendo com as crianças. Encontrá-las deixa a gente nova".

A nora, que mora com a escritora, organiza a visita de alunos. Em um dos encontros, acompanhado pela "Folhinha" neste mês, as crianças chegaram tímidas e caladas.

"Engoliram as perguntas ou as perguntas engoliram vocês?", quis saber Tatiana. Foi o sinal para se espalharem pela casa, entre livros, bichos e bonecas (Emílias e bruxinhas).

A autora respondeu a perguntas surpreendentes, sem fugir. Teve até que contar se tem namorado.


Sem choro nem vela

Foi também cercada por crianças, em um teatro, que Tatiana comemorou seu aniversário, homenageada por uma peça da Estúdio Mágico Produções, sobre sua vida. Com chapéu de bruxa, chorou em público, o que causou surpresa até para ela! "Foi uma festa tão bonita, tão alegre, que não deu para segurar [o choro]".

É que, até o dia 18 de março deste ano, ninguém tinha visto Tatiana chorar. "Sou assim, é da natureza de cada um. Como era a irmã mais velha, e única menina, não queria dar o braço a torcer. Me acostumei a chorar escondido", conta a autora.

Desde o episódio que chama de "primeira tristeza no Brasil", Tatiana não comemora aniversários (embora sempre comemorem por ela!). O trauma aconteceu quando a autora completou 11 anos. Ela, que nasceu na Rússia, tinha acabado de se mudar para o Brasil e resolveu comemorar a data junto aos novos amigos. A mãe preparou salgadinhos e bolo, todos prometeram comparecer.

Tatiana estava animada. Mas, no dia da festa, esperou trinta minutos, uma hora, duas, e nada de os amigos chegarem. "Não apareceu uma viva alma", conta a escritora. "Mas não reclamei, não queria que meus pais ficassem tristes. Fui para a cama e chorei a noite inteira, sozinha".

Desde então, nunca comemorou aniversário. Mas, ainda bem, sempre comemoram por ela!

FOLHA

A piada que oprime


CONRADO HÜBNER MENDES, é doutor em Direito pela Universidade de Edimburgo (Escócia), doutor em Ciência Política pela USP; é autor do livro 'Direitos Fundamentais, Separação de Poderes e Deliberação' (Saraiva.2011) - O Estado de S.Paulo
Alguns membros de uma jovem geração de comediantes no Brasil perderam o tom. No seu repertório incluíram, entre outras coisas, piadas que relativizam a gravidade do estupro, reciclam clichês pré-abolicionistas, espalham desinformação histórica e repisam estigmas de todo tipo - de classe, de gênero, de feição física, estética, e assim por diante. Piadas, pois, sem muita nuance ou sensibilidade crítica. Parte do público se cansou e, mais atento a essa modalidade de discriminação, passou a denunciar ou até a recorrer às vias judiciais. Embora, ao que parece, tais reações tenham surgido a partir de episódios isolados nos últimos meses, a ocasião suscita, uma vez mais, a pergunta sobre as responsabilidades e os limites do humor (e da profissão de humorista).
A pergunta, de imediato, poderia ser abordada pelo ângulo jurídico. Teríamos, nesse caso, de investigar se há algum choque entre direitos individuais ou coletivos, tanto do humorista quanto daqueles que se sintam afetados pela piada, e resolver o caso concreto a partir desse contraste e ponderação. Essa pergunta, porém, pressupõe outra mais importante e abrangente: numa sociedade comprometida tanto com a proteção da liberdade quanto com a promoção da igualdade, como lidar com a piada discriminatória? Independentemente do que diga a lei, até onde se deve tolerar o humor que fere esses valores? Supondo que nosso dever de tolerância não seja ilimitado, como e quando reagir?
Num mundo imaginário de sujeitos inteiramente autônomos, delega-se tal problema à consciência dos indivíduos e ao debate público. Críticos culturais, jornalistas e cidadãos em geral dariam conta de manter o mau gosto e o preconceito sob controle, sem necessidade de intervenção do aparato legislativo e judicial. Todos seriam igualmente livres para se expressar e as ideias que, eventualmente, resistissem ao escrutínio público e à censura social sobreviveriam. As outras, reprovadas no teste de qualidade, cairiam no esquecimento. O próprio humorista, para se manter relevante, teria de negociar informalmente com o seu público as margens do aceitável. Calibraria, a partir daí, uma medida de autocontenção para não desaparecer nesse livre e exigente mercado de piadas. Em suma, a autorregulação se bastaria.
O pacote da autorregulação do humor e da comunicação social não é só um devaneio teórico. Ao contrário, cumpre papel crucial nas interações cotidianas. Apesar disso, praticamente nenhuma democracia liberal o comprou por inteiro. Descrentes da capacidade de a "mão invisível" prevenir violações e abusos de direitos, sistemas jurídicos tiveram de aparar as arestas. Perceberam, por exemplo, que, em nome de valores como a dignidade, seria desejável prever sanções contra abusos da liberdade de expressão, como os tipificados pelo que chamamos de "crimes contra a honra" (a calúnia, a injúria ou a difamação).
Outros sistemas jurídicos, entre eles a maioria das democracias contemporâneas, não pararam por aí. Ao notarem que o abuso da liberdade de expressão, mais do que ofender a honra de indivíduos particulares, pode também silenciar ainda mais os grupos em situação de exclusão estrutural, passaram a coibir práticas discriminatórias em sentido mais amplo. Entenderam que a promoção da igualdade de status requer o combate ativo à exclusão não apenas socioeconômica, mas também simbólica. Certos grupos vulneráveis e sistematicamente privados de canais de expressão receberam essa proteção adicional (como os negros no Brasil, por meio da lei que sanciona o racismo).
Tais normas jurídicas não impõem restrições à liberdade apenas para proteger outros valores, não a subordinam a outros direitos supostamente mais importantes. Preocupam-se, antes de tudo, em preservar as mínimas condições sociais em que a própria liberdade possa ser exercida. Voltando ao caso deste texto: o ataque verbal ao autorrespeito de pessoas que, por suas próprias circunstâncias e características, já encontram enormes obstáculos para driblar os estigmas que lhes atribuem pode corroer, curiosamente, as condições de tolerância e reciprocidade necessárias para a própria existência do humor.
Os alvos desse estilo de humor são os mais fáceis e previsíveis: as mulheres, os deficientes, os negros, os homossexuais, os gordos, os imigrantes. Não que esses grupos, como tantos outros, não possam servir de matéria-prima para piadas inteligentes. Existe, no entanto, uma diferença entre a piada que oprime, pura e simplesmente, e a piada que convida a um exercício de autoironia, que é engraçada porque estimula os ouvintes a rirem de si mesmos, sem pôr sua própria dignidade em jogo. A linha entre uma coisa e outra não é tão tênue assim.
Na sua obsessão juvenil por serem politicamente "incorretos", alguns humoristas acabam fazendo o oposto. Numa cultura política opressora como a brasileira, nada mais politicamente "correto" e seguro do que se proteger atrás do opressor, nada mais bem-comportado do que falar exatamente o que ele quer ouvir. Não subverte as regras do jogo, não desestabiliza as relações de poder e ofende exatamente aqueles que a nossa História já se encarregou de subjugar. É um tiro no próprio pé.
O humorista, enfim, pode ser um agente de transformação cultural e política ou pode ser exatamente o contrário. A piada pode ajudar a desarmar, ridicularizar e reverter um preconceito, ou pode ser veículo para disseminar um pegajoso discurso de desprezo, disfarçado pelo manto do humor. Praticar o humor do primeiro tipo exige coragem moral, ousadia intelectual e empatia. Dá mais trabalho. Já o segundo se consegue com boa dose de preguiça mental, docilidade política e submissão ao senso comum. Comediantes que deixaram uma herança libertária e emancipatória perseguiram o primeiro caminho. Entre os novos comediantes brasileiros, alguns ainda desconhecem tal diferença. Não são estes que merecem nossa risada.
ESTADÃO

Receita Federal esconde problemas



Interessada unicamente no aumento constante da arrecadação, a Receita Federal não se preocupa com a origem dos tributos que os contribuintes recolhem, desde que recolham sempre, e sempre mais. Para sua tranquilidade, a arrecadação vem crescendo mês após mês, independentemente do desempenho da economia.
Em fevereiro, apesar dos notórios problemas por que passa a indústria manufatureira, a arrecadação tributária continuou a crescer, alcançando o recorde de R$ 71,9 bilhões, 5,9% mais do que o total arrecadado em fevereiro do ano passado, já descontada a inflação. No primeiro bimestre, a arrecadação totalizou R$ 174,5 bilhões, 6,0% mais do que nos dois primeiros meses de 2011."A arrecadação está ancorada na atividade econômica, não só na produção industrial", justificou a secretária adjunta da Receita Federal, Zayda Bastos Manatta.
A explicação deve ser interpretada com ressalvas. Por uma distorção do sistema tributário brasileiro, quando a economia vai bem, o aumento da arrecadação sempre supera o crescimento da produção; quando a economia encolhe, a receita diminui bem menos que a produção. A arrecadação neste ano está crescendo num ritmo que nem o membro mais otimista do governo projeta para o crescimento da economia. E cresce em relação a uma base de comparação alta, pois, em 2011, apesar do aumento pífio do PIB, a arrecadação foi 10% maior do que a de 2010.
Não é, pois, somente a atividade econômica que "ancora" a arrecadação. A Receita frequentemente invoca fatores específicos para justificar aumentos inusitados. Ela atribui o recorde de fevereiro à antecipação do recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido relativos ao ajuste na apuração do lucro em 2011. Em fevereiro, a receita desses dois tributos somou R$ 1,394 bilhão, contra R$ 634 milhões no ano passado.
O setor financeiro e o comércio também estão contribuindo para os bons resultados da arrecadação. No primeiro bimestre do ano, as instituições financeiras recolheram 46,6% mais tributos do que em igual período de 2011. As empresas comerciais, do varejo e do atacado, estão entre as que mais recolheram tributos nos dois primeiros meses do ano. É o reflexo do aumento da massa salarial e do consumo.
Como a receita do Imposto de Importação cresce (aumento real de 8,64% em fevereiro, na comparação com fevereiro de 2011) enquanto diminui o total de tributos pagos pela indústria de transformação (queda de 8,6% da arrecadação do IPI, excetuado o do setor de bebidas), está crescendo a fatia dos produtos importados e encolhendo a dos manufaturados nacionais no mercado interno.
Isso significa que a expansão do consumo está sendo atendida cada vez mais por importações, em detrimento da produção local, daí a queda de 3,4% da produção industrial em janeiro, com reflexos nítidos nos resultados da Receita. A arrecadação de IPI de automóveis diminuiu 21,2% em relação a fevereiro do ano passado; a do setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos diminuiu 43,4%; a de produtos químicos caiu 23,4%; e a de minerais não metálicos, 9,8%.
Igualmente como reflexo da crise da indústria, a arrecadação do ICMS em São Paulo somou R$ 7,86 bilhões, 4,3% menos do que em fevereiro de 2011. "O resultado foi influenciado pelo mau momento que passa a indústria, especialmente a paulista", disse Ivan Netto Moreno, presidente do Sindicato dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo.
Na tentativa de demonstrar preocupação com a perda de espaço da indústria brasileira no mercado doméstico para os concorrentes estrangeiros, o governo recorre cada vez mais a medidas protecionistas e a benefícios tributários que pouco efeito produzem. Ao agir dessa forma, o governo foge da questão central, que é assegurar competitividade ao setor produtivo nacional, por meio de reformas estruturais, que exigem competência e esforço político. Mas, quanto mais dinheiro do contribuinte continuar entrando nos cofres da Receita, menos interessado estará o governo nessas reformas.
ESTADÃO

Corte de jornada na Foxconn gera preocupação entre operários

Quando a operária chinesa Wu Jun foi informada de que seu empregador, a gigante da produção terceirizada de eletrônicos Foxconn, havia feito concessões históricas aos trabalhadores, sua reação não foi de triunfo, mas de preocupação.


Wu, 23 anos, é uma entre as dezenas de milhares de migrantes de regiões rurais pobres da China que operam as linhas de produção da fábrica da Foxconn em Longhua, no sul do país, que monta produtos por encomenda para a Apple e para outras multinacionais.

As concessões da Foxconn, entre as quais a redução nas horas extras trabalhadas por seu 1,2 milhão de funcionários na China, sem redução de renda, foram apoiadas pela Apple, que vem enfrentando críticas e recebendo atenção da mídia por falhas na segurança do trabalho e pelo uso de operários relativamente mal pagos para produzir celulares, computadores e outros aparelhos de alto preço.

Mas, nos portões da fábrica da Foxconn, muitos operários não pareciam convencidos de que o corte nas horas trabalhadas não resultará em queda de salário. Para alguns operários chineses, que obtêm a maior parte de sua renda com longos períodos de horas extras, a ideia de trabalhar menos e ganhar o mesmo não parece natural.

"Estamos preocupados com a possibilidade de receber menos. É evidente que, se eu trabalhar menos horas extras, isso significa menos dinheiro", disse Wu, 23, originária da província de Hunan, no sul da China.

A Foxconn anunciou que reduzirá sua jornada semanal de trabalho para 49 horas, incluindo horas extras.

"Estamos aqui para trabalhar, e não brincar, e por isso nosso salário é muito importante", disse Chen Yanei, 25, operária da Foxconn também oriunda de Hunan, que disse trabalhar na fábrica há quatro anos.

"Fomos informados de que só poderemos fazer um máximo de 36 horas extras ao mês, e posso dizer que muita gente não gostou. Para nós, 60 horas extras ao mês seria razoável, e 36 muito pouco", acrescentou. Chen disse que, no momento, seu salário é de pouco mais de 4.000 yuan ao mês (R$ 1.156).

A Foxconn é um dos maiores empregadores dos 153 milhões de trabalhadores rurais chineses que trabalham longe de suas regiões de origem. Comparadas às instalações de empresas locais, dizem os operários, suas vastas fábricas são mais limpas e seguras e oferecem mais recreação.

REUTERS/FOLHA

Último degelo do planeta elevou nível do mar em 20 metros


O último grande degelo do planeta não aconteceu de forma constante. 

Houve sim um período de aumento abrupto do nível das águas.

Em menos de 500 anos, subiu cerca de 20 metros, segundo Pierre Deschamps, geólogo e pesquisador principal do Cerege (sigla em francês de Centro Europeu de Pesquisa e Ensino de Geociências do Meio Ambiente), em artigo publicado na revista científica "Nature".

O ponto mais ativo desse degelo, que começou há 15 mil anos e acabou há 12 mil, foi no período entre 14.650 anos e 14.310 anos atrás. É nesse intervalo de tempo que, segundo as medições dos analistas, o nível de água subiu no Taiti entre 12 e 22 metros.

Os cientistas participantes do estudo basearam a pesquisa em medições efetuadas nesta ilha do Pacífico e concluíram também que a maior parte da água veio do degelo da Antártida.

Para obter os dados, Deschamps e seus colegas estudaram os fósseis dos corais e de uma espécie de búzio que habitaram no litoral norte, sul e oeste do Taiti.

O aumento das águas que o analista cita em seu artigo coincidiu no tempo com a Oscilação de Boelling, uma época na qual o clima se moderou e as massas de gelo continentais liberaram grandes quantidades de água no mar.

No entanto, a cronologia exata do degelo e a origem de suas águas seguem sem esclarecer tudo, já que o nível dos mares não ascendeu de forma uniforme, e por isso é necessário estudar os aumentos em distintas costas do planeta.

Além disso, os especialistas não só tentam averiguar quanto cresceram os mares, mas também qual foi a fonte que produziu o aumento das águas, ou seja, se o que derreteu foi o Ártico, a Groenlândia ou a Antártida.

Os dados da pesquisa liderada por Deschamps, em combinação com outro estudo realizado em Barbados, sugerem que a maior parte desta água procedia do degelo da Antártida.

Segundo os analistas, conhecer melhor estes fenômenos permitiria compreender como a mudança climática atual afetará os gelos polares nos próximos anos.

Neste sentido, a velocidade com a qual cresceram as águas no período estudado por Deschamps foi "significativamente maior" às estimativas para o século 21, que predizem um aumento inferior a dois metros por século.

EFE/FOLHA

Ministra nega congelamento de contratações até criação de fundo


A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, negou nesta sexta-feira que os concursos públicos e as contratações de novos servidores pelo governo federal estejam congelados até a criação do novo fundo de previdência do funcionalismo.

Segundo ela, foram feitas várias contratações neste ano, num ritmo que atende as necessidades do governo. "Não houve congelamento, nem haverá congelamento", disse Miriam Belchior, ao deixar evento em São Paulo.

Ontem, o ministro Garibaldi Alves Filho (Previdência) afirmou que as nomeações de novos servidores públicos só devem acontecer após a criação do novo regime previdenciário dos três Poderes.

A Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal) foi aprovada na quarta-feira no Senado e agora aguarda sanção presidencial. Após a sanção, o fundo tem um prazo de 180 dias para ser criado.

"Nós estamos fazendo as contratações no ritmo que eles exigem. Para uma série de cargos, os concursos ainda estão sendo realizados. Então, não há nenhum represamento em função da aprovação do Funpresp. Nossa lógica é: quando o governo precisa contratar, ele contrata", afirmou a ministra.

FOLHA

Stepan Nercessian recebeu R$ 175 mil de Carlinhos Cachoeira


O deputado federal e ator Stepan Nercessian (PPS-RJ) recebeu R$ 175 mil no ano passado do empresário Carlinhos Cachoeira, acusado de chefiar uma quadrilha que explorava o jogo ilegal, informa reportagem de Filipe Coutinho, Leandro Colon e Fernando Mello, publicada na Folha deste sábado.

Stepan admitiu à Folha que recebeu o dinheiro, após ser informado de que as transações aparecem em grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que levou à prisão de Cachoeira.

O valor de R$ 160 mil, segundo ele, seria usado na compra de um apartamento no Rio. O deputado devolveu o dinheiro, de acordo com extrato enviado à reportagem.

Outros R$ 15 mil, diz, foi usado para comprar ingressos do Carnaval carioca para Cachoeira.

FOLHA

Após rumores de golpe de Estado, China censura sites na internet


O governo da China deu neste sábado um novo 'golpe' à liberdade de expressão na internet ao fechar 16 sites, censurar duas das mais populares redes sociais do país e deter seis pessoas em Pequim, depois que circularam na rede rumores sobre um golpe de Estado.

As páginas fechadas na operação, considerada uma das maiores intervenções das autoridades chinesas contra a internet, são, entre outras, foros populares como meizhou.net, xn528.com e cndy.com.cn, informou a agência oficial Xinhua.

A medida também afetou as alternativas dos internautas chineses para o Twitter: os serviços de microblog mais populares do país, o Sina Weibo e o QQ, terão bloqueada até o dia 3 de abril a opção de deixar comentários.

Além dos seis detidos por "fabricar ou disseminar rumores online", esta operação, anunciada durante a madrugada e da qual participou a Segurança Pública de Pequim, inclui as "reprimendas" de outras pessoas que participaram da difusão dos rumores, informou o Escritório Estatal de Informação na Internet, responsável por controlar os conteúdos na rede chinesa.

RUMORES

Na semana passada, circularam pelas redes sociais chinesas informações sobre supostos disparos na Praça da Paz Celestial e veículos militares entrando em Pequim, até o ponto em que vários meios de comunicação estrangeiros investigaram a possibilidade de um golpe de Estado.

Estes rumores "causaram uma influência muito ruim na opinião pública", afirmou hoje o Escritório Estatal de Informação na Internet.

Apesar dos fortes controles de conteúdo, a China tem a maior comunidade de internautas do mundo - 513 milhões -, e muitos cidadãos confiam mais nas redes sociais e nos foros online para informar-se, já que neles aparecem dados não publicados pelos veículos oficiais.

PRISÕES

A polícia chinesa prendeu um total de 1.065 suspeitos e apagou mais de 208 mil mensagens prejudiciais durante a campanha anti-internet que leva adiante desde meados de fevereiro.

Os operadores de mais de 3.000 sites de internet receberam advertências durante a campanha, que tem por alvo, segundo a agência Nova China, o "contrabando de armas, o tráfico de drogas e de produtos químicos perigosos, assim como a venda de órgãos humanos e de informações pessoais".

Recentemente, a China acelerou sua campanha de "limpeza" da internet, na qual muitos veem censura política.

Neste sábado, os dois principais serviços de microblogs chineses, Sina Weibo e Tencent QQ, suspenderam a possibilidade para os internautas de fazer comentários on-line, oficialmente para lutar contra os "rumores perniciosos".

Os dois grupos afirmaram que esta medida ficará em vigor até o dia 3 de abril, em um momento em que as autoridades demonstram um nervosismo crescente diante da onda de críticas que circulam nos microblogs.

FOLHA

Apostador de Maryland ganha prêmio recorde de US$ 640 milhões


Um bilhete comprado no Estado americano de Maryland ganhou o prêmio recorde de US$ 640 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) da Mega Millions - o maior valor já sorteado na história das loterias do mundo - informou a rede de TV americana MSNBC na madrugada deste sábado.

Os números ganhadores, sorteados na noite dessa sexta-feira em Atlanta, foram 2,4,23,38 e 46, além da Mega Ball 23. O nome do vencedor não foi anunciado de imediato, e não ficou claro se foi o único ganhador.

Os bilhetes foram vendidos por US$ 1, mas as chances de alguém acertar todos os números são de uma em 175 milhões.

Se houver um ganhador, ele poderá escolher entre receber um pagamento instantâneo de US$ 462 milhões (R$ 843 milhões), que após o pagamento de impostos ficaria em US$ 324 milhões (R$ 591 milhões), ou receber o total de US$ 640 milhões em pagamentos anuais durante 26 anos, mais de US$ 24 milhões (R$ 43 milhões) por ano.

O maior prêmio que a loteria americana concedeu anteriormente foi de US$ 390 milhões (R$ 711 milhões) em 2007.

A Mega Millions corre em 40 Estados americanos, no Distrito de Columbia (onde fica Washington, a capital) e nas Ilhas Virgens.

FOLHA

Universidades da Califórnia estudam perguntar a orientação sexual dos alunos


As universidades estatais da Califórnia (EUA) estudam questionar os alunos sobre sua orientação sexual nos formulários de matrícula do próximo ano letivo para conhecer a percentagem de homossexuais entre os estudantes, segundo publicou nesta sexta-feira o "Los Angeles Times" em seu site.

A iniciativa, que começou a ser avaliada nos 23 campi do estado, responde a um relatório da rede de universidades que determina que os alunos gays sofrem maiores taxas de depressão e têm mais propensão a faltar com o respeito que seus companheiros.

O objetivo seria conhecer a dimensão da comunidade gay dentro dos centros de educação superior para poder atender a suas "necessidades específicas para sua segurança e apoio educacional", explicou Christopher Ward, assistente do democrata Marty Block, que impulsionou no ano passado a lei AB 620 contra os abusos escolares a homossexuais.

Em qualquer caso, a resposta à pergunta sobre a orientação sexual será opcional e dependerá de cada aluno revelar oficialmente sua condição.

O republicano Tom Harman, que votou contra a lei AB 620, assegurou que essa medida representará uma "invasão da privacidade" e alertou dos problemas que poderia causar se essa informação pessoal caísse nas mãos erradas.

Uma pesquisa realizada em 2010 entre estudantes universitários na Califórnia determinou que 87% dos consultados eram heterossexuais, 3% se declararam gays ou lésbicas e outros 3% se consideraram bissexuais, enquanto 1% confessou não ter certeza de sua opção. O restante preferiu não responder.

EFE/FOLHA

sexta-feira, 30 de março de 2012

Acidente com trabalhadores da Vale deixa três mortos no Pará


Um acidente com um ônibus que transportava empregados da Vale na madrugada desta sexta-feira, no sudeste do Pará, deixou três mortos e nove feridos.

Uma árvore caiu em cima do veículo em uma estrada que dá acesso à mina do Azul, na Serra dos Carajás, município de Parauapebas (836 km de Belém).

De acordo com a Vale, os empregados estavam retornando às suas residências. No momento do acidente, chovia.

Os nove feridos estão sendo tratados em um hospital de Parauapebas e não correm risco de morte.

A Vale divulgou uma nota lamentando o ocorrido e afirmou que está prestando assistência aos empregados e aos familiares.

FOLHA

Sócio é suspeito de encomendar morte de casal na Grande São Paulo


A Polícia Civil paulista acredita que o casal morto na noite de quinta-feira (29) em um condomínio em Barueri (Grande São Paulo) foi vítima de um crime encomendado pelo sócio de uma das vítimas. A polícia já pediu a prisão dele à Justiça.

A casa onde o casal vivia foi incendiada, segundo a polícia, por cinco suspeitos que foram presos horas depois de o local ter sido invadido. O casal foi esfaqueado antes do incêndio, que foi cometido para tentar despistar o crime encomendado.

Os presos sob suspeita pelo duplo assassinato usaram parte do combustível do gerador da própria casa invadida para incendiar o lugar, de acordo com os policiais civis que investigam o crime.

Para incentivar os cinco suspeitos pelo crime a invadir a casa, o sócio de uma das vítimas, segundo apura a polícia, disse a eles que o casal escondia cerca de R$ 80 mil em sua residência.

O sócio suspeitava que a vítima o teria enganado em transações na empresa, que confeccionava roupas. Já a vítima suspeitava que o sócio teria causado prejuízos a ele.

FOLHA

quinta-feira, 29 de março de 2012

Abilio Diniz é destituído de conselho do grupo francês Casino


O empresário Abilio Diniz não será mais conselheiro do grupo francês Casino, cargo que ocupava desde 1999.

A decisão foi tomada na tarde de hoje, na sede do Casino, em Paris, durante reunião do Conselho de Administração do grupo.

No dia 11 de maio, uma assembleia geral dos acionistas deverá referendar a decisão de afastá-lo, por questão de "conflito de interesses".

O Casino é sócio do Grupo Pão de Açúcar e se opôs aos planos de Diniz de adquirir o Carrefour.

Os dois grupos travam uma briga judicial em uma corte de arbitragem na França.

Além de Diniz, o conselho de administração também reocmendou veto ao nome de Philippe Houzé, presidente do grupo Galeria Lafayette, como conselheiro.

PÃO DE AÇÚCAR

O Casino iniciou na semana passada o processo formal para assumir o Pão de Açúcar. O grupo francês enviou notificação a Diniz sobre a decisão de exercer o direito de nomear o chairman do Conselho de Administração da Wilkes, holding de controle do Grupo Pão de Açúcar.

Negociada em 2005, a "virada" no controle da varejista em junho deste ano deve encerrar as disputas societárias intensificadas em 2011, quando Abilio lançou proposta de fusão com a subsidiária brasileira do Carrefour.

Desde então, a relação do brasileiro com o Casino azedou. Abilio tem direito vitalício de presidir o conselho do Pão de Açúcar e de apontar o presidente da companhia a partir de uma lista tríplice indicada pelo Casino.

Uma das saídas para Abilio seria cindir do grupo a varejista Globex, que reúne as lojas do Ponto Frio e da Casas Bahia, que ficariam com Abilio. A proposta foi bombardeada pela família Klein, antiga dona das Casas Bahia, que procurou se aproximar do Casino por ter Abilio como "desafeto" comum.

FOLHA

Supremo autoriza quebra de sigilo bancário de Demóstenes Torres


O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski determinou na tarde desta quinta-feira, a pedido da Procuradoria Geral da República, a quebra de sigilo bancário do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

O pedido é referente a um período de aproximadamente dois anos, época em que ele foi flagrado em diversas ligações telefônicas com o empresário Carlos Augusto Soares, o Carlinhos Cachoeira, investigado por suspeita de contravenção. O empresário está preso preventivamente desde o dia 29 de fevereiro, em meio à Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmontou uma quadrilha que explorava máquinas caça-níqueis.


O senador aparece em conversas telefônicas, interceptadas com autorização judicial, com Cachoeira. Demóstenes admite que recebeu do empresário um telefone especial para conversas entre os dois. A investigação policial gravou cerca de 300 diálogos entre o senador e o empresário de jogos por pelo menos oito meses.

O democrata também ganhou de Cachoeira um fogão e uma geladeira, presentes que segundo Demóstenes foram oferecidos por um "amigo" quando se casou no ano passado.

O ministro do Supremo, que é relator do inquérito sobre o senador, também enviou pedido ao presidente do Senado, José Sarney, para que ele informe a relação de emendas ao Orçamento da União apresentadas por Demóstenes.

As informações sobre o inquérito foram passadas pelo próprio Lewandowski, após uma série de pedidos da imprensa para ter acesso aos autos do inquérito do STF. Ele disse que não poderia prestar informações detalhadas sobre o caso, pois trata-se de uma investigação sob segredo de Justiça baseada em conversas telefônicas protegidas pelo sigilo.

Ao requisitar a lista das emendas apresentadas por Demóstenes, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, indica que uma de suas linhas de investigação será analisar se o senador utilizou prerrogativas de seu cargo para favorecer Cachoeira.

Em relação à quebra de sigilo bancário, a mesma decisão foi proferida em relação a outros investigados, mas seus nomes não foram informados por Lewandowski.

O ministro ainda disse ter determinado o envio de ofícios a órgãos públicos, federais e estaduais, que deverão enviar cópia de contratos celebrados com empresas que aparecem nos diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização judicial. Ele não informou, no entanto, quais são os órgãos e as empresas citadas.

PEDIDOS NEGADOS

Nem tudo o que foi pedido por Gurgel, no entanto, foi autorizado. O procurador-geral queria o acesso automático a dados financeiros do Banco Central, para agilizar as investigações. Lewandowski, no entanto, afirmou que todas as informações requisitadas pela PGR deverão passar pela aprovação do Supremo.

O ministro também negou pedido para a realização de um depoimento de Demóstenes Torres, por entender que o momento ainda é prematuro.

Além disso, Gurgel havia pedido a abertura de outro inquérito, no Supremo, para investigar deputados que foram citados nas conversas. 

Lewandowski, porém, requisitou que o procurador-geral explique melhor qual é o seu objetivo.

FOLHA

quarta-feira, 28 de março de 2012

Taxa de inadimplência de veículos bate recorde em fevereiro


Os sucessivos recordes na venda de veículos no país tiveram reflexo na inadimplência do setor. Em fevereiro, a taxa considerando atrasos acima de 90 dias chegou a 5,52% da carteira de crédito para pessoa física, o maior patamar da série do Banco Central, iniciada em 2000.

"Os dados confirmam a preocupação que já existia, principalmente pelo fato de que não houve uma reversão na tendência das curvas de inadimplência e nem mesmo sinalização de estabilização", diz o presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), Décio Carbonari.

O número, que engloba unidades novas e usadas, é quase o dobro do registrado no mesmo mês do ano passado (2,80%), mas ainda está abaixo da taxa de inadimplência geral (7,59%).

Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave (federação das concessionárias), afirma que a elevada taxa já está afetando as vendas de carros de entrada, de menor valor, e o mercado de usados.

"O filtro dos bancos está mais severo. Crédito em 60 meses sem entrada praticamente desapareceu, e esse é um canal importante de vendas", acrescenta. Em fevereiro, o emplacamento de veículos novos recuou 9,0% no confronto com igual período em 2011 e 7,0% ante janeiro, segundo a Anfavea (associação das montadoras).


Na sua opinião, a taxa reflete principalmente empréstimos concedidos em 2010 e em 2011 e deve começar a recuar no final deste semestre.

Paulo Roberto Garbossa, professor do CEA (Centro de Estudos Automotivos), também prevê redução no índice. "As empresas estão tentando renegociar [a dívida]. Quem quer perder o cliente?".

Carbonari concorda que a contribuição das instituições financeiras "passa por um acordo de reescalonamento de pagamentos para quem já é cliente e se encontra em dificuldade financeira", além de ajustes na política de crédito "para prevenir novas operações com potenciais clientes cujos perfis sejam parecidos com aqueles que estão inadimplentes".

Para Garbossa, o consumidor que comprou o primeiro carro e dimensionou mal o gasto mensal com o novo bem ajudou a elevar a inadimplência. Além da prestação, lembra, há despesas com manutenção, combustível e estacionamento, por exemplo.

Por enquanto, o nível recorde não provocou uma alta nos juros. A taxa anual ficou em 26,99% em fevereiro, abaixo daquela no mesmo mês do ano anterior (27,34%).

FOLHA

STJ delimita provas para embriaguez e enfraquece Lei Seca


O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu nesta quarta-feira que somente o bafômetro e o exame de sangue podem atestar a embriaguez do motorista e excluiu provas testemunhais ou exame médico.

Com essa decisão, a Lei Seca fica esvaziada, uma vez que o motorista não é obrigado a produzir provas contra si e pode recusar os exames aceitos pelo STJ. Assim, a comprovação de embriaguez pode ficar inviabilizada. Foram cinco votos contra novas provas, e quatro a favor.

O desembargador convocado Adilson Macabu conduziu o voto vencedor. "O Poder Executivo editou decreto e, para os fins criminais, há apenas o bafômetro e exame de sangue. Não se admite critérios subjetivos", disse. "Mais de 150 milhões de pessoas não podem ser simplesmente processados por causa de uma mera suspeita", completou.

No mesmo sentido, o ministro Og Fernandes foi incisivo. "Não é crime dirigir sob efeito de álcool. É crime dirigir sob efeito de mais de um mínimo de seis decigramas de álcool por litro de sangue". "É extremamente tormentoso deparar-se com essa falha legislativa, mas o juiz está sujeito à lei", afirmou.

A lei determina que é crime dirigir com uma quantidade de álcool acima de seis decigramas por litro de sangue, o que só pode ser atestado por exame de sangue ou bafômetro, segundo decreto do Governo Federal.

Por isso, o STJ entendeu que uma testemunha não pode atestar, cientificamente, a quantidade de álcool no sangue.

Ficou vencido o relator, ministro Marco Aurélio Belizze, que disse que a lei não pode ser interpretada em sentido "puramente gramatical".

Para ele, uma testemunha ou exame médico é suficiente para os casos "evidentes", quando os sintomas demonstram que a quantidade de álcool está acima da permitida.

"Não pode ser tolerado que o infrator, com garrafa de bebida alcoólica no carro, bafo e cambaleando, não possa ser preso porque recusou o bafômetro", disse.

FOLHA

Pesquisa identifica ponto vulnerável de doença do cacau


Se depender de uma equipe de cientistas da Unicamp, a bruxa não estará mais solta nos cacaueiros da Bahia. Ou melhor, a vassoura-de-bruxa -fungo que é a principal pedra no sapato da produção de cacau no país.

Em artigo científico recém-publicado, os pesquisadores elucidaram o que parece ser um mecanismo-chave do metabolismo da vassoura-de-bruxa e mostraram que, se ele for desligado, o parasita deixa de crescer no cacaueiro.

Os resultados, por enquanto, foram conseguidos em laboratório, mas a equipe coordenada por Gonçalo Pereira tem como objetivo transformar a descoberta num fungicida que possa ser aplicado nas plantações do país.
MMA.

Pereira compara o embate entre o cacaueiro e seu parasita a uma luta de MMA.

"Imagine que um lutador fortão, um Anderson Silva, está enfrentando um cara magrinho. Ele agarra o pescoço desse magrelo, aperta, aperta, e nada de esse cara desmaiar. A questão é que o magrinho tem dois pescoços. Não adianta apertar só um", diz o pesquisador.

A analogia se refere ao fato de que o fungo da vassoura-de-bruxa, o Moniliophtora perniciosa, tem duas estratégias diferentes para respirar -os tais "dois pescoços".

A diferença entre as estratégias está nas duas substâncias distintas que o fungo usa para processar o oxigênio nas mitocôndrias, as usinas de energia das células.

O estudo da Unicamp mostrou que o fungo usa cada uma dessas substâncias em fases diferentes do seu ciclo de vida. Uma delas parece ser a preferida quando a vassoura-de-bruxa está afetando tecidos vivos do cacaueiro, "esgueirando-se" pelos espaços entre as células da planta.

A segunda substância é mais empregada pelo fungo na fase avançada da doença que ele causa, quando o parasita passa a "devorar" tecidos do cacaueiro que já estão mortos, diz a pesquisa.

Não se trata de mero detalhe bioquímico. O estudo verificou que a primeira forma de respiração celular é importante porque ela facilita a sobrevivência do fungo justamente quando a planta está lutando para expulsá-lo de seu organismo.

A substância usada nesse tipo de metabolismo impede que o fungo seja seriamente danificado por defesas bioquímicas do cacaueiro.

Ficou claro, portanto, que as células da vassoura-de-bruxa tinham "dois pescoços". Um deles já é conhecido em outros fungos - há fungicidas comerciais que atacam a substância, mas a ação deles não é suficiente para deter a doença na lavoura.

"O que ainda não existe são defensivos capazes de bloquear a outra via", explica Daniella Thomazella, também autora da pesquisa ao lado de Pereira e do doutorando Paulo Teixeira.

Em laboratório, porém, a equipe da Unicamp conseguiu usar um inibidor que bloqueia a forma de respiração que hoje escapa aos fungicidas. E, nesses casos, o crescimento da vassoura-de-bruxa cessou totalmente.

"O problema é que os inibidores que nós usamos são muito instáveis. 

Temos de achar maneiras de fazer com que ele dure no campo", afirma Pereira.

A vantagem, de qualquer modo, é que se trata de uma substância específica do organismo do fungo. Por isso mesmo, borrifar a planta com um bloqueador dessa via não faria mal a seres humanos.

FOLHA