sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Carros e construção devem puxar PIB do terceiro trimestre


A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros e dos materiais de construção devem “redimir” o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, previsto para ser divulgado às 9h desta sexta-feira (30). A previsão dos economistas é que a alta do PIB fique em torno de 1% na comparação com o trimestre anterior.

Apesar de considerado ruim, o resultado da indústria, puxado por esses setores, deve ser o destaque da melhora – ou da menor piora, segundo dizem – do PIB trimestral e evitar um resultado mais tímido da economia.

Segundo a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara, a indústria deve ter melhor desempenho entre agosto e julho por conta dos benefícios fiscais e também por terem como base de comparação resultados ruins dos trimestres anteriores. “Nas indústrias automobilística e de bens duráveis como linha branca, houve redução de estoques, mas também houve produção”, diz.

Para a economista da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro, o que mudou na indústria em relação ao resto do ano foi a redução do IPI. “A prorrogação segurou a queda do setor”, diz.

Maior desde 2010, mas baixo

Se confirmado, o crescimento de cerca de 1% será o maior desde 2010. Naquele ano, o PIB cresceu 1% no quarto trimestre e 1,3% no segundo. Mas, com altas tímidas 0,1% e 0,4% nos dois trimestres anteriores, o resultado do PIB de julho a setembro deixa o Brasil ainda longe do resultado previsto pelo governo no início do ano – o governo projetava então um crescimento de até 4,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2012.

A previsão do governo para o PIB do terceiro trimestre é agora pouco mais otimista que a do mercado: em meados de novembro, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, destacou que dados do Banco Central (BC) apontam uma alta de 1,15% no PIB do 3º trimestre deste ano.
Na semana passada, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez previsão similar: a expectativa, de acordo com o ministro, é que seja registrado crescimento em torno de 1,2%.

G1

Palestina é reconhecida como Estado observador das Nações Unidas

As Nações Unidas reconheceram oficialmente a Palestina como Estado observador da entidade em votação na Assembleia-Geral da entidade em Nova York. Foram 138 votos a favor, 9 contra e 41 abstenções. Cinco países não votaram. A aprovação ocorreu no dia do aniversário de 65 anos da Partilha, que previa a criação de uma nação judaica e outra árabe na região onde hoje estão Israel, Cisjordânia e a Palestina.

O texto dos palestinos pedindo o reconhecimento afirma o "compromisso em uma resolução permanente do conflito com base em dois Estados vivendo lado a lado em paz e segurança". A liderança palestina acrescentou estar "comprometida com negociações para o status final de Jerusalém, refugiados palestinos, assentamentos, fronteiras, segurança e água".
Israel e os Estados Unidos estiveram entre os poucos países que se posicionaram contra a elevação de status da Palestina, que até ontem era apenas uma entidade observadora das Nações Unidas. A partir de agora, está no mesmo patamar do Vaticano e da Suíça até 2002, quando o país europeu decidiu se tornar membro pleno.
As principais potências emergentes, como Brasil, China, Índia, Rússia e Turquia, assim como algumas europeias, como a França e a Espanha, votaram a favor do reconhecimento da Palestina como Estado observador em uma vitória para o presidente palestino, Mahmoud Abbas, que comandou a iniciativa.
No ano passado, Abbas começou a sua ofensiva diplomática na ONU ao tentar se tornar um membro pleno da entidade. O problema é que este status exige aprovação também do Conselho de Segurança, onde a administração de Barack Obama antecipou que usaria o poder de veto. Diante deste cenário, o líder palestino decidiu optar apenas pelo Estado Observador, onde a maioria simples na Assembleia Geral já era suficiente.
A aprovação na Assembleia-Geral não implica na independência da Palestina. O país, porém, poderá ingressar automaticamente em uma série de órgãos ligados à ONU, incluindo o Tribunal Penal Internacional (TPI). Neste caso, há o temor de que Israel ou autoridades israelenses sejam alvos de processos.
De acordo com o estatuto de Roma, que determina o estatuto do TPI, há três casos para o processo de pessoas - 1) caso ela seja de um dos países signatários,;2) caso o crime tenha sido cometido no território de um dos países signatários; e 3) caso haja recomendação do Conselho de Segurança da ONU.
Ações em Gaza e na Cisjordânia poderiam ser alvo de processo no TPI. Nos últimos dias, o governo Obama tentou, sem sucesso, convencer Abbas a se comprometer a não buscar o tribunal internacional.
Para os EUA e Israel, a iniciativa palestina na ONU é um ato unilateral e viola os Acordos de Oslo. Os dois governos insistem que não são contra o reconhecimento da Palestina, mas esta deve ser criada através de negociações bilaterais. "Pedimos aos dois lados para não tomarem ações que deixam mais difícil o retorno às negociações", disse a secretária de Estado, Hillary Clinton. Não há praticamente diálogo entre israelenses e palestinos ao longo dos quatro anos da administração de Obama, a não ser por alguns hiatos.
Netanyahu disse por sua vez que "a resolução na ONU não avançará em nada o ideal palestino para o estabelecimento de seu Estado. Ao contrário, apenas tornará mais distante".
Alguns países europeus, incluindo a França, adotavam discurso similar, mas mudaram de postura depois do recente conflito em Gaza. Com o aumento da popularidade do Hamas, os franceses e outros europeus avaliaram como necessário o fortalecimento de Abbas, do Fatah, através da votação na Assembleia-Geral.
O Hamas, que era contra a iniciativa de Abbas, mudou de posição e passou a apoiar a busca do reconhecimento na ONU, segundo alguns de seus porta-vozes disseram ao longo da última semana.
O Congresso dos EUA ameaça reagir tanto contra os palestinos como contra as Nações Unidas. Ambos perderiam importantes fundos de financiamento do governo americano, culminando na eliminação de importantes projetos da ONU e na dificuldade para Abbas pagar as contas. Israel também pode adotar medidas financeiras restritivas.
Discursos
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas recebeu muitos aplausos e pediu, durante seu discurso, que as Nações Unidas emitissem a "certidão de nascimento" à Palestina. No início de sua fala, Abbas citou os ataques israelenses em Gaza. "Há homens, mulheres e crianças mortos junto com seus sonhos. A Palestina vem hoje à Assembleia-Geral porque acredita na paz e nosso povo está desesperado por isso".
"Nós ouvimos e vocês ouviram as ameaças de Israel, principalmente nos últimos meses, em resposta ao nosso pedido de ser um Estado observador das Nações Unidas", disse Abbas, enfatizando não estar presente na votação da Assembleia-Geral para "complicar o processo de paz".
O presidente da Autoridade Palestina encerrou o discurso dizendo que continuará buscando a independência da Palestina. "É tempo de agir e de seguir em frente, é por isso que estamos aqui hoje...o mundo precisa dizer a Israel: chega de agressões, assentamentos e ocupações".
O embaixador de Israel Ron Prosor falou após Abbas e afirmou que o país não pode apoiar o pedido da Autoridade Palestina porque "nenhum dos elementos vitais para a paz está na resolução". Prosor voltou a falar que a paz só pode ser atingida com um acordo entre Israel e a Palestina e pediu que os países das Nações Unidas "não ajudem os palestinos hoje em sua marcha da insensatez".
ESTADÃO

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

PIB dos EUA avança mais que o estimado e sobe 2,7% no 3º trimestre


WASHINGTON, 29 NOV - A economia norte-americana cresceu mais rápido do que o inicialmente estimado no terceiro trimestre, mas a dinâmica não deve ser sustentada, uma vez que o país prepara-se para grandes cortes em gastos do governo e aumentos tributários no começo do ano que vem.
O Produto Interno Bruto (PIB) expandiu a uma taxa anual de 2,7%, informou o Departamento do Comércio nesta quinta-feira, à medida que a acumulação mais rápida de estoques e o crescimento das exportações compensaram gastos fracos do consumidor e a primeira queda em investimento empresarial em mais de um ano.
Economistas consultados pela Reuters esperavam que o crescimento do PIB fosse de 2,8%.
REUTERS/ESTADÃO

Corpo de Joelmir Beting é velado em São Paulo


SÃO PAULO - O corpo do jornalista Joelmir Beting, que faleceu na madrugada desta quinta-feira, 29, é velado até às 14 horas no Cemitério do Morumbi, em São Paulo. Às 16 horas, será cremado, em cerimônia restrita à família.
Algumas autoridades, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foram ao local prestar homenagem ao jornalista. Em nota, o governador afirmou que Beting "pensava e traduzia a economia para todos os brasileiros com facilidade, mostrava o impacto de medidas complexas de maneira simples e direta na vida das pessoas".
A prefeitura soltou uma nota à imprensa, assinada pelo prefeito Gilberto Kassab, na qual afirmou que "Joelmir Beting foi um dos grandes responsáveis pelas transformações positivas do jornalismo brasileiro nas últimas décadas". A nota lembrou que seu estilo, considerado didático, traduziu a economia para os leigos, marca também de sua cobertura na política.
Ele faleceu na madrugada de hoje, à 1 hora, aos 75 anos, após sofrer um Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico. Desde o dia 22 de outubro, o jornalista estava internado no Hospital Albert Einstein para o tratamento de uma doença autoimune.
Joelmir Beting trabalhava como comentarista econômico na do Jornal da Band, na TV Bandeirantes e nas rádios Bandnews FM e Rádio Bandeirantes e era também um dos  âncoras do programa de entrevistas Canal Livre. O jornalista era casado com Lucila, desde 1963, e era pai de dois filhos: Gianfranco, publicitário e webmaster, e Mauro, comentarista esportivo de jornal e televisão.
ESTADÃO

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Gol descarta rever demissões da WebJet


BRASÍLIA - O presidente da Gol, Paulo Sérgio Kakinoff, disse nesta quarta-feira, 28, que a empresa não voltará atrás na decisão de desligar os 850 funcionários que trabalhavam para a Webjet. A Webjet foi comprada pela Gol há um ano e, na última sexta-feira, foram anunciados o fim da marca e a demissão desses trabalhadores. "Não há possibilidade de revertermos as demissões", disse Kakinoff, ao sair de um encontro com o ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Wagner Bittencourt, e com o diretor presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys.
De acordo com ele, as demissões estão ligadas à decisão de não usar mais os aviões da companhia Webjet, que tinham idade média de 21 anos e que, por isso, representavam alto custo para a companhia. De acordo com ele, a idade média dos aviões da Gol é de seis anos. O presidente salientou que a decisão foi de absorver os profissionais da Webjet que atuam nos aeroportos até porque eles serão necessários para incorporação dos voos daquela companhia, que agora passarão a ser feitos pela Gol.
Kakinoff relatou que a reunião com representantes do governo foi dividida em duas partes. A primeira delas foi explicar o motivo do encerramento da marca Webjet. Essa atitude foi tomada, de acordo com ele, por uma combinação de fatores e os pontos em dúvida do governo foram esclarecidos.
"O setor de aviação tem em 2012 o pior resultado de sua história", afirmou. Segundo o presidente, apenas na Gol o prejuízo este ano será de R$ 1 bilhão. Kakinoff disse que as aeronaves da Webjet, por serem mais antigas, têm consumo 28% maior de combustível, e os combustíveis representam 45% do total dos custos de uma companhia aérea.
A segunda parte da reunião foi sobre a absorção da malha de voos e de passageiros da Webjet pela Gol. Kakinoff disse que tudo já está ocorrendo "sem transtornos". Ele garantiu que a situação seguirá normal, inclusive na alta temporada.
Companhia nega aumento de 300% no valor das passagens
Kakinoff negou a denúncia feita pelo sindicato dos trabalhadores do setor de que, no dia seguinte ao anúncio do fim da marca Webjet, os preços das passagens chegaram a subir até 300%. "A informação não procede", garantiu, após reunião com representantes do governo. Ele salientou a formação de preços no setor aéreo leve em conta duas variáveis: antecedência do voo e ocupação. "O modelo de reajuste leva em conta a data do voo, a previsibilidade", afirmou o executivo.
De acordo com Kakinoff, a comparação do sindicato foi feita entre um voo vazio e outro que estava em plena de capacidade de lotação. Ele disse que, nas tarifas regulares, a diferença de preço não passou de R$ 20, variando numa faixa de R$ 280 a R$ 295, no caso de voos e horários comparáveis. Ele justificou que, com a proximidade da alta temporada e a maior taxa de ocupação das aeronaves, os preços tendem a aumentar. Pelo mesmo critério, nos períodos de baixa temporada, os valores das passagens tradicionalmente caem.
Kakinoff disse que a taxa de aproveitamento de ocupação da Gol será de 76% no final do ano. "Temos ainda 14 pontos porcentuais para serem ocupados, deixando uma margem de 10% de precaução", considerou.
O presidente da Gol afirmou também que não tem ainda uma data agendada com o ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, para tratar das 850 demissões, que foram consequência da compra da Webjet pela Gol. Ele disse também que, "possivelmente", esse encontro irá ocorrer. Ontem, um grupo de oito funcionário da Webjet foi ao ministério para pedir que o governo interceda na tentativa de reverter os desligamentos.
ESTADÃO

Felipão é o novo técnico da seleção brasileira

SÃO PAULO - A seleção brasileira já tem um substituto para Mano MenezesLuiz Felipe Scolari será o treinador do Brasil na Copa das Confederações de 2013 e também na Copa do Mundo de 2014. Felipão acerta apenas os últimos detalhes nesta quarta-feira com o presidente da CBF, José Maria Marin, para o anúncio oficial na quinta, às 10h30, confirmando o que disse o dirigente durante evento no Itaquerão.

O último empecilho para o ex-treinador do Palmeiras aceitar o convite para voltar à seleção era a contratação de um nome de peso para ser coordenador da CBF. Carlos Alberto Parreira e José Carlos Brunoro são os cotados para o cargo depois da saída de Andrés Sanchez e da extinção da função de diretor de seleções. Parreira é o mais indicado.
A confirmação de Felipão atende ao perfil desejado por Marin no início do processo de sucessão de Mano Menezes. O presidente da CBF queria um treinador vencedor, com respaldo popular, já que o Brasil vai jogar sob pressão para conquistar o hexacampeonato em casa. Felipão, e a família Scolari (como era conhecido seu time), conquistou o penta para o Brasil em 2002. 
Apesar de a imagem recente não ser muito positiva, principalmente para os torcedores do Palmeiras, que foi rebaixado à Série B com o treinador participando de 63,1% da campanha no Campeonato Brasileiro, Felipão é querido pelos brasileiros pela conquista do pentacampeonato em 2002, na Copa do Japão e da Coreia do Sul.
Sob comando de Felipão, o Brasil venceu os sete jogos do Mundial. O título veio com uma vitória por 2 a 0 diante da Alemanha, com dois gols de Ronaldo, no Estádio Internacional Yokohama, no Japão. A seleção conquistava novamente um título após fracassar na Copa de 1998, na França.
Antes de 2002, a última conquista havia sido justamente com Parreira. Os dois agora devem trabalhar juntos pela conquista do hexa.
ESTADÃO

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ciclista morre atropelado por ônibus na zona oeste de São Paulo



SÃO PAULO - Um ciclista morreu após se envolver em um acidente com um ônibus no cruzamento entre as Avenidas Professor Francisco Morato e Doutor Guilherme Dumont Vilares, na zona oeste de São Paulo. O atendimento à vítima causou o bloqueio parcial da Francisco Morato durante três horas na manhã desta terça-feira, 27.
O condutor da bicicleta, Nemésio Ferreira Trindade, de 45 anos, recebeu os primeiros atendimentos ainda no local do acidente, por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e do Corpo de Bombeiros. Levado ao Hospital Universitário da USP, por volta das 9h20, ele chegou morto, vítima de uma parada cardiorrespiratória, de acordo com a assessoria do hospital. As autoridades não informaram a identificação da vítima.
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), houve a interdição de duas faixas da Avenida Francisco Morato, no sentido bairro, mas o trânsito ficou complicado nos dois sentidos da via.
O motorista que passou pela avenida no sentido centro, por volta das 9h, precisou enfrentar 3,2 km de filas, segundo a CET. Por volta das 10h20, porém, a rua já estava totalmente liberada e o fluxo de veículos normalizado na região.
ESTADÃO

Comissão recusa presença de ex-assessor do MEC


BRASÍLIA - O governo conseguiu impedir o depoimento no Senado do ex-consultor jurídico do Ministério da Educação (MEC) Esmeraldo Malheiros Santos, acusado pela Polícia Federal (PF) de participar do esquema desbaratado pela Operação Porto Seguro.
O requerimento do líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR) foi rejeitado nesta terça-feira, 27, por quatro votos a seis, na Comissão de Educação (CE), depois do líder do PT, senador Walter Pinheiro (BA), ter se manifestado contrário à proposta. Pinheiro sugeriu o comparecimento do Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, no lugar do servidor. A substituição foi recusada pelo tucano, sob o argumento de que o titular da Pasta nada teria a acrescentar ao que já foi divulgado pela imprensa. "Já o senhor Esmeraldo tem muito o que dizer sobre a sua ligação com a organização criminosa", alegou.
O inquérito da PF acusa o consultor jurídico do Ministério da Educação de entregar a Paulo Rodrigues Vieira, apontado como sendo o chefe da quadrilha, pareceres da Pasta que seriam utilizados por faculdades ameaçadas de descredenciamento. A polícia interceptou um e-mail de dezembro de 2010, no qual Paulo Vieira afirma: "Peça para a sua amiga fazer um bom relatório e logo", referindo-se à manifestação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela avaliação das faculdades.
ESTADÃO

Justiça argentina nega pedido do Grupo Clarín relativo a Lei de Mídia


BUENOS AIRES - A Corte Suprema de Justiça da Argentina negou o pedido do Clarín de prorrogar a medida cautelar que protege o grupo do artigo 161 da Lei de Mídia - aprovada em 2009 - que obriga a empresa de comunicação a vender a maior parte de suas emissoras. Com isso, o conglomerado tem até o dia 7 deste mês para se adequar à lei.
O pedido do Grupo Clarín era que esse prazo fosse prorrogado por mais um ano. Com a decisão, o governo de Cristina Kirchner poderá, a partir da segunda-feira seguinte à data, dia 10, abrir para licitação os canais de TV e rádio do conglomerado. Leia, na íntegra, a decisão da Corte Suprema de Justiça
Outros grupos
Além do Grupo Clarín, outras empresas sujeitas ao leilão são o Grupo Uno, Grupo Ick, Red Intercable, Pampa Difusora, Cadena 3, Grupo Indalo, Telecentro, Canal C5N, Radio Visión Jujuy, a companhia de TV a cabo DirecTV - de capital americano - e os grupos Prisa e Telefe, ambos com participação espanhola.
Nos casos dos grupos que não acatarem a lei, o preço das instalações dos canais de TV e estações de rádio, além de equipamentos, acervos e outros valores, será fixado pelo governo.
Lei de Mídia
A Lei de Mídia determina que as empresas da área não podem ter um canal de TV aberta e um canal de TV a cabo ao mesmo tempo, além de restringir a área de abrangência de uma companhia a 35% da população do país. Assim, nenhum canal privado poderá ser visto de ponta a ponta do país. Somente terão cobertura em todo o território os canais estatais, os pertencentes à Igreja Católica e às universidades federais. Todo grupo privado de mídia que ultrapassa as cotas impostas deverá vender suas empresas excedentes.
A lei determina que as empresas de mídia somente poderão ter um máximo de 10 licenças de canais de TV aberta e um teto de 24 licenças de TV a cabo. Cada licença corresponde a um município. Portanto, com esse teto, e com a obrigatoriedade de não ultrapassar 35% da população do país, o Grupo Clarín só poderia atuar na cidade de Buenos Aires e região metropolitana.
ESTADÃO

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Protesto contra perda de royalties do petróleo reúne manifestantes no Centro do Rio de Janeiro



RIO — Manifestantes se aglomeram no entorno da Candelária, no Centro do Rio, nesta segunda-feira, para a passeata da campanha “Veta, Dilma: contra a injustiça, em defesa do Rio”. O objetivo do movimento é pressionar a presidente Dilma Rousseff a vetar o projeto que altera a distribuição dos royalties do petróleo, inclusive dos campos já licitados, que causará uma perda de R$ 2,079 bilhões ao estado só em 2013.

Os participantes também ocupam a praça da Cinelândia. Enquanto o show marcado para as 18h não tem início, DJ´s dão o tom da concentração. Segundo a Polícia Militar, nenhuma ocorrência foi registrada até o momento.

Só o município de Campos dos Goytacazes, um dos mais ameaçados pelo risco de redistribuição dos royalties, trouxe 60 ônibus repletos para a Avenida Rio Branco. Está prevista também a participação de diversos secretários da prefeitura e funcionários públicos. Os ônibus saíram de Campos por volta de 7h e chegaram no começo da tarde, com faixas escrito “Veta, Dilma”.

— Viemos aqui para combater essa injustiça. Nosso município é um dos maiores produtores de petróleo do país e vai ser um dos maiores prejudicados — disse Alcimar Carvalho, diretor-administrativo da Secretaria Municipal de Administração da Prefeitura de Campos dos Goytacazes.

Prefeito de Macaé – que também seria dos mais prejudicados se o projeto for sancionado – e presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), Riverton Mussi (PMDB) afirmou que trouxe 25 ônibus para a manifestação. Ele espera pelo menos o veto parcial da presidente Dilma ao projeto.

– Queremos que a presidente deixe com o Estado do Rio pelo menos a parte do pós-sal – disse ele, que veio acompanhado da vice-prefeita, Marilena Garcia, e de secretários municipais. – Estamos aqui para tentar corrigir essa injustiça com o Estado do Rio – completou.

Artistas, atletas, empresários e políticos são esperados na passeata, que vai contar ainda com caravanas vindas do interior do Estado.

A passeata atrai gente de todos os lugares.Vestido de terno e gravata, Cleber Carvalho do Nascimento, de 37 anos, saiu direto de uma entrevista de emprego para a Avenida Rio Branco. Morador de Santa Cruz e desempregado desde 2008, ele foi ao Centro do Rio para se unir à manifestação.

— É nosso, é nosso. Não vamos deixar tirar — disse ele referindo-se à perda de royalties caso o projeto de lei seja sancionado pela presidente Dilma.

Os professores do Ciep 433, de Campo Grande, tomaram a iniciativa de colocar os alunos em quatro ônibus e trazê-los para a manifestação. Os estudantes vieram ao evento com bandeirinhas, e a cara pintada com as cores da bandeira oficial do Estado do Rio (azul e branco). O professor de sociologia do Ciep, Olavo Lima, que organizou a vinda dos estudantes, discutiu em sala de aula o problema e achou proveitoso trazer os alunos à passeata.

— Se a lei for aprovada, a educação vai ser uma das áreas mais prejudicadas e por isso viemos em caravana para dar apoio à manifestação — disse Lima.

Também chamava a atenção no meio dos manifestantes o cantor ambulante Juvenal da Silva, de 58 anos. Com peruca verde e amarela e um violão nas mãos, ele, que veio de Nova Iguaçu, gritava “Veta, Dilma!”.

Também se uniu à concentração José Ezídio, integrante de um grupo de 32 cadeirantes de conscientização da operação Lei Seca.

— O Estado vai perder bilhões. Temos que lutar contra isso — disse ele ao lado dos colegas.

Um grupo de voluntários chamado “Entreter” está distribuindo bandeiras do Estado do Rio e pintando a cara das pessoas de branco e azul.

Funk, música eletrônica e sambas-enredo

Diferentes ritmos dão o tom da passeata. Bem perto de um carro de som da equipe de funk Furacão 2000, representantes da Escola de Samba do Grupo Especial e do Grupo de Acesso estão tocando sambas-enredo com auxílio da bateria das agremiações. Entre as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, há integrantes das escolas de samba Vila Isabel, Salgueiro, União da Ilha, Imperatriz Leopoldinense e Beija-Flor.

Os manifestantes também se divertem com a apresentação de Roberto Muniz, de 42 anos, que veio de Itaboraí para participar da passeata fantasiado de Michael Jackson, com capa preta, colete prateado, camisa social branca, gravata borboleta e chapéu preto, com rabinho de cavalo
— Eu vim apoiar e animar a galera — disse Muniz.

Um carro de som da Coordenadoria de Diversidade Sexual do governo do Estado toca música eletrônica.

Funcionários do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) usam camisetas com a inscrição “TCE-RJ, em defesa dos royalties do Rio e do uso responsável dos recursos”.

— Viemos aqui para solicitar que a presidente Dilma apele para o bom senso e para o espírito de mulher e cumpra os compromissos assumidos com o Rio. 

Quando ela precisou do Rio, o Rio contribuiu, seja nas eleições ou em projetos do governo — disse a presidente do sindicato dos funcionários do TCE-RJ, Francisca Talarico.

Também participam do protesto funcionários da Defensoria Pública estadual e da Prefeitura de Tanguá.

A diretora de sustentabilidade da Coca-Cola, Flavia Neves, veio com os colegas de escritório para a Praia de Botafogo.

— Quem produz é quem sofre o impacto ambiental. Por isso que a Dilma deve vetar esse projeto — disse.

O GLOBO

Grupo que fraudava pareceres técnicos fez 1,1 mil ligações para PR


A Polícia Federal identificou 1.169 telefonemas de um dos redutos da organização criminosa que fraudava pareceres técnicos para um telefone do Partido da República (PR), no período entre 15 de junho de 2010 e 4 de abril de 2011. A PF também interceptou contatos diretos entre o diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira - apontado como chefe da quadrilha - e o deputado Valdemar da Costa Neto, secretário-geral do PR, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva no julgamento do mensalão.
Os telefonemas partiram de um número cadastrado em nome de um restaurante da Alameda Joaquim Eugênio de Lima, em São Paulo, que tem como sócio o empresário Marcelo Rodrigues Vieira, irmão de Paulo. Os dois e um terceiro irmão, Rubens, diretor de Infraestrutura da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), são alvos da Operação Porto Seguro.
Em um organograma sobre os grampos a PF cita o Nippon Japanese Restaurantes-Yatai e o PR. O restaurante seria usado como base do grupo para corromper servidores públicos em troca de laudos forjados que atendiam interesses empresariais.
A PF apurou que numa mesa do Yatai o auditor do TCU Cyonil da Cunha Borges de Farias Junior recebeu R$ 100 mil para fazer um parecer "sob encomenda"- depois, ele se arrependeu, devolveu o dinheiro e denunciou o caso.
Foram interceptados 10 mil e-mails entre integrantes do esquema. A PF pegou ainda escutas nas quais Costa Neto é citado. Isso levou a procuradora da República Suzana Fairbanks a requerer à Justiça Federal, em junho, a separação desses diálogos dos autos da Operação Porto Seguro "para posterior encaminhamento a quem possua atribuição funcional para tal".
Suzana reforça sua preocupação em destacar as menções a detentores de prerrogativa de foro e menciona cinco situações que justificam a medida, quatro delas apontando nominalmente Costa Neto. Áudios de 24 e 28 de maio pegaram conversas da secretária do deputado com o escritório do empresário Carlos César Floriano, que atua na área portuária e sexta-feira foi indiciado pela PF. O criminalista Alberto Zacharias Toron, defensor de Floriano, esclareceu que o empresário não foi preso, mas conduzido para depor. "Floriano não tem participação alguma em atos ilícitos", disse Toron.
A procuradora assinala telefonemas entre Paulo Vieira e Costa Neto. A 28 de maio Vieira pede "a indicação de um vereador de Santos para assinatura de representação junto ao TCU, sendo-lhe indicado Odair Gonzalez". É citado áudio de 5 de junho "entre Tereza, secretária do ministro Pedro Britto (ex-ministro dos Portos) e Daniele, secretária de Floriano, quanto a pedido de patrocínio de evento a ocorrer no setor portuário em 2013".
Por meio da assessoria do PR, Costa Neto informou que "é amigo e mantém relações próximas com Paulo Vieira há muitos anos". Alega é um parlamentar muito bem votado em Cruzeiro (SP) e Paulo é dono de uma faculdade da cidade. "São relações normais, absolutamente cordeais, amistosas, mas destituídas de qualquer envolvimento institucional ou que se refira a gestão pública".
ESTADÃO

Aposentados e pensionistas recebem segunda parcela do 13º a partir de hoje


Nesta segunda-feira começa o depósito da segunda parcela do décimo terceiro salário aos aposentados e pensionistas. O valor será transferido juntamente com o pagamento da folha de novembro.
Os primeiros depósitos, feitos nesta segunda-feira, serão para os beneficiários que recebem até um salário mínimo e possuem inscrição no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com final 1, desconsiderando-se o dígito.
Para quem recebe mais de um salário mínimo e tem cartão com final 1 e 6 (exceto dígito), os depósitos começam na próxima semana, dia 3 de dezembro. O calendário de pagamentos segue até o dia 7 de dezembro.
Vale lembrar que a segunda parcela do décimo terceiro vem com desconto de Imposto de Renda (IR).
Para consultar o valor do benefício, o aposentado ou pensionista do INSS deve consultar o site da Previdência (http://www3.dataprev.gov.br/cws/contexto/hiscre/index.html).
Por lei, não tem direito ao 13º salário quem recebe os seguintes benefícios: amparo previdenciário do trabalhador rural, renda mensal vitalícia, amparo assistencial ao idoso e ao deficiente, auxílio-suplementar por acidente de trabalho, pensão mensal vitalícia, abono de permanência em serviço, vantagem do servidor aposentado pela autarquia empregadora e salário-família.
Economia
A Previdência Social vai pagar 25,8 milhões de benefícios. O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, ressaltou a importância econômica do repasse, que vai injetar R$ 11,7 bilhões na economia.
O Estado onde haverá mais impacto econômico com a entrada da segunda parcela do décimo terceiro será São Paulo, com R$ 3,3 bilhões pagos a mais de 6 milhões de pessoas. Em seguida, vem o Rio de Janeiro, com cerca de R$ 1,2 bilhão. O Estado com menos injeção de recursos será Roraima, com R$ 8,7 milhões. Hoje, 82,1% dos idosos brasileiros estão inscritos na Previdência.
AGÊNCIA BRASIL/PORTAL BRASIL/ESTADÃO

Polícia Federal prende 33 em operação contra venda de dados sigilosos

A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira, 26, a operação Durkheim para desarticular duas organizações criminosas, uma especializada na venda de informações sigilosas e outra voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro. A PF informou que prendeu 33 investigados, entre eles o presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del Nero, já liberado. Foram cumpridos ainda 87 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Goiás, Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro. Também houve prisões e buscas no Distrito Federal.


Marco Polo del Nero foi conduzido à sede da PF em São Paulo para depor nesta manhã e foi liberado em seguida. Ao Estado, o dirigente, proprietário de um escritório de advocacia, disse estar "absolutamente tranquilo" sobre o assunto. "É um assunto particular. Posso garantir que não tem relação com o futebol nem com meu escritório", afirmou Del Nero, também advogado criminalista.
O inquérito teve inicio em setembro de 2009, com a investigação do suicídio de um policial federal na cidade de Campinas que apontou a possível utilização de informações sigilosas, obtidas em operações policiais, para extorquir políticos suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações.
Durante a investigação, a PF identificou duas organizações criminosas atuando em paralelo e de modo independente. As duas tinham como elo um investigado, que atuava para os dois grupos criminosos.
A PF aponta evidências de uma "grande rede de espionagem ilegal, composta por vendedores de informações sigilosas que se apresentam como detetives particulares". Os clientes desses arapongas, segundo a polícia, são, entre outros, advogados.
A quadrilha fornecia dados pessoais, inclusive bancários, para interessados nessas informações. De acordo com a PF, entre as vítimas, "há políticos, desembargadores, uma emissora de TV e um banco". A PF apurou ainda que parte da quadrilha fazia remessas de valores ao exterior por meio de atividade de câmbio sem autorização do Banco Central.
Cerca de 400 policiais federais participam da operação, que inclui 34 mandados de condução coercitiva - quando o investigado é levado à PF para depor, caso de Del Nero.
Os investigados serão indiciados pelos crimes de divulgação de segredo, corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funciona, interceptação telefônica clandestina, quebra de sigilo bancário, formação de quadrilha, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
A operação foi "batizada de Durkheim, intelectual francês, um dos pais fundadores da sociologia, que escreveu o livro O Suicídio, em alusão aos fatos que deram início à operação", informou a PF.
ESTADÃO

sábado, 24 de novembro de 2012

Mais estrangeiros já são barrados no Brasil que brasileiros no exterior

O crescimento da renda dos brasileiros e o aumento do controle da imigração no País já fazem com que, atualmente, mais estrangeiros sejam barrados ao tentar entrar no Brasil do que brasileiros no exterior. Neste ano, 5,3 mil estrangeiros foram impedidos de entrar no País, enquanto só 2 mil brasileiros foram barrados no exterior até julho. Os dados são da Polícia Federal e do Ministério das Relações Exteriores e foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

Nas últimas décadas, a procura por parte dos brasileiros de melhores oportunidades de trabalho no exterior fez autoridades de países como França, Reino Unido, Espanha e Estados Unidos aumentar o rigor na hora de admiti-los. A tendência, porém, vem perdendo força desde 2007. A primeira inversão total foi no ano passado, quando 4.742 brasileiros foram barrados – menos da metade dos 10.294 estrangeiros impedidos de entrar no Brasil.
Segundo especialistas, a mudança reflete a realidade econômica. “Alguns anos atrás, víamos um fluxo de brasileiros indo para Estados Unidos e Europa em busca de oportunidades. Hoje, com uma economia mais aquecida no Brasil, vários deles estão voltando”, diz Antônio Márcio da Cunha Guimarães, professor de Direito Internacional da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).
Dados da Polícia Federal obtidos pela reportagem mostram que, neste ano, chineses representam a nacionalidade com o maior número de barrados – 36%. Em seguida vêm Mianmar (7,6%), Filipinas (7,1%), Estados Unidos (5,9%) e Espanha (2,8%). A explicação para o alto número de americanos e espanhóis barrados está no princípio da reciprocidade adotado pelo Brasil.
Dinheiro. O fato de o brasileiro gastar muito no exterior tem facilitado sua entrada nos outros países. Até agosto deste ano, o valor foi de US$ 14,635 bilhões – recorde histórico. “Muitos países se deram conta de que não interessa passar a imagem de que os brasileiros não são bem-vindos. O turista brasileiro gasta bastante”, diz o embaixador Sérgio França Danese.
Ainda hoje, porém, os países que mais barram brasileiros são da Europa, que hoje passa por uma grave crise. Parte desses países não exige vistos para turistas, o que aumenta a chance de alguns dos agentes de imigração decidir por não aceitar um viajante. 
ESTADÃO

Mortos na Grande São Paulo tiveram antecedentes consultados na capital


Investigações feitas pela Polícia Civil mostram que as consultas de antecedentes criminais de vítimas de homicídios na Grande São Paulo neste ano aconteceram em batalhões e até cidades diferentes do local das mortes.

Segundo a Folha apurou com investigadores, há casos em que os assassinatos aconteceram em Osasco e Guarulhos, mas as consultas às fichas das vítimas foram feitas em prédios da PM na capital.

A descoberta, segundo a investigação, mostra possível articulação entre policiais envolvidos em mortes e que a troca de consultas sobre antecedentes de vítimas era disseminada por batalhões.

Anteontem, após a posse do novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, o chefe da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, revelou a existência dessa prática e que isso, na opinião dele, era "muito emblemático" e preocupante.

Nos últimos meses, a região metropolitana tem enfrentado uma onda de violência. Em um mês, 280 pessoas foram assassinadas na Grande SP - mais de nove por dia.

Para quatro delegados consultados pela reportagem, que pediram anonimato, as checagens prévias demonstram certa organização entre policiais que estariam matando desafetos ou pessoas com algum passado criminoso.
"Esses policiais acham que estão fazendo um bem à sociedade, quando na verdade estão cometendo homicídios friamente", disse um delegado que atua nesses casos.

Ontem, Carneiro afirmou que não poderia discriminar em quais casos específicos a consulta foi feita porque isso atrapalharia as investigações.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, procurados por meio de suas assessorias, não comentaram.

Em nota, a secretaria diz que todos os assassinatos são investigados pela Polícia Civil, "que considera todas as hipóteses na apuração da motivação e autoria". Afirma, ainda, que "não tolera desvios de conduta de policiais".

HISTÓRICO

A prática de policiais consultarem antecedentes antes de matar foi constatada em 2007, nas mortes dos ex-presidiários Charles Wagner Felício e Cleiton de Souza, e em 2010, quando PMs da Rota mataram Fábio Fernandes da Silva, o Vampirinho, suposto membro da facção PCC.

Em 2008, nas investigações sobre PMs que mataram o coronel José Hermínio Rodrigues na zona norte, a polícia descobriu grupo de extermínio formado por policiais que também adotava a prática.

AGORA/FOLHA DE S. PAULO

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Ex-namorada de Bruno confirma que Eliza foi assassinada


CONTAGEM - A ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes Fernanda Gomes de Castro afirmou em depoimento na tarde desta quinta-feira que a denúncia de que outra ex-amante do jogador, Eliza Samudio, foi assassinada é "verdadeira". Mas alegou à juíza Marixa Fabiane Lopes, que preside o julgamento sobre o caso em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, que "não sabe" porque está sendo acusada do sequestro e cárcere privado da vítima e do bebê que Eliza teve com Bruno.
Ela assumiu, porém, que foi encarregada de cuidar da criança ainda no Rio de Janeiro, quando mãe e filho foram levados para a casa do atleta por Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. E que seguiu com o goleiro para a região metropolitana de Belo Horizonte em um carro, enquanto Eliza era levada para o mesmo local por Macarrão e Jorge Rosa, primo do atleta já condenado pelo crime, em outro veículo.
Fernanda também admitiu que mentiu em depoimento à Polícia Civil sobre a agressão de um primo de Bruno, Jorge Rosa, então com 17 anos e já condenado por envolvimento com o assassinato, contra Eliza. Durante as investigações do caso, Fernanda alegou que o hematoma apresentado por Eliza teria sido causado por um assalto, apesar de saber da real agressão, ocorrida no Rio de Janeiro.
Em depoimento de cinco horas e cinco minutos encerrado às 4h13 de hoje, Macarrão acusou Bruno de ter mandado matar Eliza e admitiu que a vítima foi mantida em um sítio do goleiro em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, até ser levada para ser entregue a seu assassino - que alegou não saber identificar - na região da Pampulha, na capital.
Fernanda também admitiu ter estado com Eliza em um jogo de futebol em Ribeirão das Neves, também na Grande BH, e no sítio. Mas o depoimento da acusada tem uma série de contradições em relação ao de Macarrão, do qual o promotor Henry Wagner Vasconcelos também apontou diversas lacunas em relação às provas levantadas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual (MPE).
O depoimento de Fernanda foi o último antes do início dos debates orais entre acusação e defesa para que o júri popular, formado por seis mulheres e um homem, decida o destino de Fernanda e Macarrão. Há expectativa de que o resultado do julgamento seja divulgado ainda na noite de hoje ou na madrugada de amanhã.
Um dos advogados de Bruno, Lúcio Adolfo Silva, encontrou-se com o goleiro na manhã desta quinta na penitenciária e disse que o jogador ficou "decepcionado" com o depoimento de Macarrão. Mas, de acordo com o defensor, Bruno "compreendia" as acusações devido à pressão que Macarrão estava sofrendo desde o início do caso.
O goleiro também seria julgado em Contagem, assim como o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ter executado Eliza, e a ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues do Carmo, processada pelo sequestro e cárcere privado do bebê de Eliza com Bruno. No entanto, uma série de manobras dos advogados desde o início do julgamento levou ao desmembramento do processo em relação a esses acusados.
Eles serão julgados a partir de 4 de março de 2013, junto com Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, e Elenílson Vítor da Silva, também acusados de envolvimento no crime. A defesa de Bruno já adiantou que vai defender a tese de que não houve crime, já que o corpo de Eliza nunca foi encontrado. O desmembramento foi o que permitiu a agilização do atual julgamento, previsto inicialmente para durar duas a três semanas.
ESTADÃO

Joaquim Barbosa diz que há 'grande déficit de Justiça' entre os brasileiros


BRASÍLIA - No discurso de posse, o novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Joaquim Barbosa, afirmou que há "um grande déficit de Justiça" entre os brasileiros e que nem todos são tratados da mesma forma quando procuram os serviços do Poder Judiciário. "É preciso ter honestidade intelectual para dizer que há um grande déficit de justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados com igual consideração quando busca o serviço público da Justiça. O que se vê aqui e acolá, nem sempre, é claro, é o tratamento privilegiado, o by-pass (ignorar, em inglês), a preferência desprovida sem qualquer fundamentação racional", disse.
Joaquim Barbosa afirmou que aspira a um Judiciário "sem firulas, floreios e rapapés". "Buscamos um Judiciário célere e justo", destacou. Para o novo presidente do STF e do CNJ, de nada adianta um sistema sofisticado de Justiça informatizado ou prédios suntuosos se a Justiça não presta os seus serviços em prazo razoável. Caso isso não ocorra, destacou Barbosa, o Brasil pode "afugentar" investimentos essenciais para a economia.
"(É preciso) Tornar efetivo o princípio constitucional da razoável duração do processo. Se não observada estritamente e em todos os quadrantes do Judiciário nacional, (a demora) suscitará em breve o espantalho capaz de afugentar os investimentos de que tanto necessita a economia nacional", afirmou. 
O presidente do STF disse que, nos últimos 60 anos, o Brasil foi ungido da condição de "de quase pária" das nações para frequentar o seleto grupo das nações que podem servir de modelo para outras, com instituições sólidas. O ministro ressaltou que, nesse contexto de uma economia moderna e uma sociedade dinâmica, o juiz não pode se manter "distante" e "indiferente", alheio aos valores e anseios sociais. "O juiz é um produto do seu meio e do seu tempo. Nada mais indesejado e ultrapassado o juiz que está isolado e encerrado, como se estivesse numa torre de marfim", afirmou.
Joaquim Barbosa fez questão de ressaltar a necessidade de que se mantenha a independência dos juízes, "figuras tão esquecidas às vezes". E pediu para os magistrados de primeira instância que não recorram aos laços políticos para subir na carreira. "Nada justifica, a meu sentir, a pouco edificante busca de apoio para uma singela promoção de um juiz do primeiro para ao segundo grau de jurisdição", disse.
Na fala de pouco mais de 15 minutos e na qual em nenhum momento mencionou o processo do mensalão, ação que lhe deu notoriedade pública por ser relator, o presidente do STF tratou como "muito bom" e "muito positivo" a maior inserção da Corte e do restante do Poder Judiciário na vida dos brasileiros. Barbosa concluiu o discurso, sob aplausos, cumprimentando sua "querida mãezinha", Benedita Gomes da Silva, seu filho, irmãos e os "queridos amigos estrangeiros" que prestigiaram a posse dele. 
ESTADÃO

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Mulheres negras são maioria entre jovens que não trabalham nem estudam

Mulheres pretas, pardas e indígenas são a maioria entre os 5,3 milhões de jovens de 18 a 25 anos que não trabalham nem estudam no País, a chamada “geração nem nem”. Cruzamento de dados inédito feito pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a pedido da Agência Brasil, revela que elas somam 2,2 milhões, ou seja, 41,5% desse grupo. Do total de jovens brasileiros nessa faixa etária (27,3 milhões), as negras e indígenas representam 8% - enquanto as brancas na mesma situação chegam a 5% (1,3 milhão).

Para o coordenador do levantamento, Adalberto Cardoso, que fez a pesquisa com base nos dados do Censo 2010, do IBGE, várias razões explicam o abandono da educação formal e do mercado de trabalho por jovens. Entre elas, o casamento e a necessidade de começar a trabalhar cedo para sustentar a família. Cerca de 70% dos jovens “nem nem” estão entre os 40% mais pobres do País. A gravidez precoce é o principal motivo do abandono, uma vez que mais da metade das jovens nessa situação têm filhos.
É o caso de Elma Luiza Celestina, de 24 anos, moradora da Estrutural, na periferia de Brasília. A jovem deixou de estudar aos 16 anos, com o nascimento do primeiro filho. Ela continuou frequentando as aulas até terminar o 6º ano do ensino fundamental, mas engravidou novamente meses depois. Com isso, precisou adiar a volta às salas de aula. Desde então, dedica-se quase exclusivamente aos filhos, conseguindo, raramente, alguns bicos como faxineira. Há sete meses, no entanto, quando o terceiro filho nasceu, não assume nenhum compromisso profissional e vive com dificuldade financeira.
“Como só tenho o 6º ano, não conseguia coisa muito boa, que ganhasse um bom dinheiro. Era mais para fazer faxina mesmo. Mas, agora, não tenho como (trabalhar). Com três filhos é difícil sair para fazer qualquer coisa”.
Elma vive apenas com a ajuda da mãe, de 57 anos, para sustentar as três crianças. Os dois ex-maridos estão presos e não podem reforçar a renda da casa. “O problema é que agora ela (minha mãe) também não está podendo trabalhar, porque está com problema no joelho. E, sem a ajuda dos pais das crianças, está bem difícil”, conta a jovem que não consegue fazer planos para o futuro.
“Se eu quiser coisa melhor, tenho que voltar a estudar, mas não sei se vou conseguir, porque, com esses filhos todos, como vou fazer?”, disse. Ela acredita que engravidou cedo por falta de orientação familiar. “Minha mãe não sabe nem escrever, não tinha como me orientar. Eu acabei engravidando, não me cuidei e engravidei de novo”.
A gravidez na adolescência também levou Lucineide Apolinário a abandonar os estudos. Aos 25 anos, a moradora da Estrutural está grávida do quarto filho e, sem ter com quem deixar as crianças, desistiu de trabalhar. O atual marido, que é pai apenas do bebê que ainda vai nascer, é ajudante de obras e, mesmo sem ter emprego fixo, assume sozinho as despesas da casa. O primeiro marido morreu há cerca de dois anos. A jovem cursou até a 7º ano do ensino fundamental e lamenta o casamento e a gravidez precoces.
“Parei de estudar por causa das crianças. Casei aos 15 anos, arrumei filho muito cedo e veio um atrás do outro. Estava apaixonada, era ilusão de adolescente. O problema é que sobra muito para a mulher. A gente tem de se dividir em mil para dar conta dos filhos e da casa e não consegue pensar na gente”, diz.
Enquanto se prepara para dar à luz a mais um menino nos próximos dias, Lucineide diz que sonha em retomar os estudos “algum dia”. Ela espera que os filhos tenham uma história diferente da sua.
“Ainda vai demorar um pouco, mas algum dia eu volto a estudar. Para conseguir um emprego melhor tem que estar pelo menos no 1.º ano (do ensino médio) e eu quero voltar a trabalhar para poder dar um futuro melhor para os meus filhos, uma história bem diferente da minha”, diz.
Moradora do Morro do Juramento, na zona norte do Rio, Jéssica Regina Martelo, de 22 anos, parou de estudar no 6º ano, quando passou a achar a escola menos interessante do que a vida real. A jovem conta que “era chato” ir à escola e que preferia ficar com as amigas. Órfã de pai e mãe, ela foi criada pelas irmãs e teve a primeira filha aos 17 anos. Envolvido com o tráfico, o companheiro morreu assassinado logo depois do nascimento da menina. Como não pôde contar com o apoio do pai da criança, acabou tendo de trabalhar para se sustentar.
Aos 19 anos, Jéssica teve a segunda filha, da união com Jony Felipe Coli, de 24 anos, que também não estuda e já tinha dois filhos ao conhecê-la. Ele também não tem emprego formal tampouco estuda, embora cuide dos filhos do relacionamento anterior e que agora fazem parte da nova família. Para sustentar a casa, Jéssica faz bico. “Prefiro ser manicure por conta própria porque tenho mais tempo para cuidar das meninas e o dinheiro fica comigo e com elas, não com o salão”.
Além da gravidez, outro fator de peso para o abandono da escola, segundo o pesquisador da Uerj, é a falta de perspectiva de vida de jovens pretos, pardos e indígenas, maioria nas escolas públicas, em geral, de menor qualidade. Ele acredita que o estímulo à educação é fundamental para mudar a realidade desse grupo.
“Uma coisa perversa no sistema educacional do Brasil é o fato de pessoas deixarem a escola porque não têm a perspectiva de chegar ao ensino superior”, diz. “As ações afirmativas são importantes por isso. Têm o efeito de alimentar aspirações de pessoas que viam a universidade como uma barreira, mas que vão se sentir estimuladas a permanecer no ensino”, destaca.
Ao analisar os dados do levantamento, a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Rosângela Araújo diz que é preciso entender o que está por trás do comportamento das meninas. “Não é falta de informação. Tenho certeza de que a maioria conhece um preservativo. Mas tem uma questão da mudança de status, de menina para mulher. Elas podem não ver (o abandono escolar) como um passo atrás, mas no futuro, pode pesar”.
Segundo o levantamento, embora a taxa de jovens da “geração nem nem” no Brasil seja considerada alta (19,5% do total de pessoas de 18 a 25 anos), o índice não está distante do verificado em países com características demográficas semelhantes onde é comum que a mulher deixe de trabalhar e estudar para se casar. É o caso da Turquia e do México, segundo estudos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), citados pelo pesquisador da Uerj.
A pesquisa também identificou entre os “nem nem” jovens com deficiência física grave e os que saíram da faculdade, mas ainda não estão empregados. Os dados completos constam do estudo Juventude, Desigualdade e o Futuro do Rio de Janeiro, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e deve ter um capítulo publicado em 2013.
ESTADÃO

Detento confirma depoimento de que Bola teria matado Eliza Samudio e planejado morte de juíza do caso


RIO e CONTAGEM — O detento Jaílson Alves de Oliveira, uma das testemunhas de acusação confirmou na tarde desta terça-feira, em juízo, o depoimento no qual disse que o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, teria assumido o assassinato de Eliza Samúdio e ainda estaria planejando a morte do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, Durval Ângelo (PT), e da juíza do caso, Marixa Fabiane Rodrigues. O detento, que atualmente está preso na Penitenciária Nelson Hungria, recolhido na enfermaria por medida de segurança, teria ouvido Bola confessar o crime durante banho de sol na penitenciária. Ele teria testemunhado ainda ameaça contra a juíza Marixa Fabiane. Jaílson disse à juíza que teme por sua vida.

- Disseram que sou cagueta. Corro risco de vida - afirmou Jaílson.

O detento Jaílson Alves de Oliveira afirmou durante depoimento que foi ameaçado de morte pelo goleiro Bruno na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, no último dia 13 de novembro. Segundo relato do detento à juíza Marixa, Bruno teria dito:

- Jaílson, o que é seu está guardado. Você não sabe com quem está mexendo. Seus dias estão contados". A ameaça teria sido feita enquanto Jaílson estava tomando banho de sol na entrada da enfermaria do presídio. Na hora, segundo a testemunha do MP, Bruno estava indo receber atendimento psiquiátrico.

Com o olhar fixo para Bruno, Jaílson desafiou o jogador: "ameaçou ou não ameaçou. Fala agora". Bruno respondeu: "Nem te conheço, parceiro". Na segunda-feira, primeiro dia do julgamento, o advogado do detento entrou com uma petição pedindo proteção ao detento.

Após pausa para o almoço nesta terça-feira, o julgamento foi retomado com inclusão do criminalista Tiago Lenoir na defesa de Bruno Fernandes. Ele alegou ter entrado para "reforçar" a defesa do ex-goleiro do Flamengo. Lenoir foi substabelecido pelo advogado Francisco Simim, que também permanece na defesa do jogador.

Em seu twitter nesta segunda-feira, Lenoir sugeriu que Bruno e Macarrão deveriam confessar o crime".

- O Bruno e o Macarrão deveriam confessar o crime de homicídio e negar a ocultação de cadáver e sequestro. Daí pega seis e volta a jogar futebol - postou o advogado no microblog.

Na manhã desta terça-feira, o advogado Rui Pimenta foi destituído da defesa do goleiro Bruno Fernandes. Após conversar reservadamente com seus defensores, Bruno pediu para a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o júri, um tempo para arrumar outro advogado. Ele alegou estar inseguro e pediu desculpas.

— O senhor ficaria chateado se parasse de advogar para mim? — disse Bruno a Pimenta.

O advogado respondeu que não: — O Bruno agradeceu o trabalho feito, mas disse que queria mudar de estratégia. Fui pego de surpresa. Vou torcer para que ele seja absolvido. Ele acrescentou que Bruno chegou a pedir que ele entrasse com um pedido de Habeas corpus, o que já havia sido combinado com o réu.

A magistrada, por sua vez, foi incisiva e avisou que o julgamento iria continuar, pois o jogador ainda contava com o advogado Francisco Simim. No entanto, Bruno recusou a defesa de Simim, porque, segundo ele, isso prejudicaria sua ex-mulher Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que também é representada por ele. Mas a juíza Marixa Rodrigues negou o pedido de Bruno para também destituir Simim.

Para conter a manobra do goleiro, a juíza, então, acabou decidindo desmembrar o processo, atendendo ao pedido da Promotoria. Com isso, Dayanne foi dispensada e será julgada juntamente com o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em data a definir. As testemunhas da ré também foram liberadas pela magistrada.

Após o tumulto, a juíza Marixa começou a ouvir as testemunhas de acusação. A partir do interrogatório de João Batista Alves Guimarães, ex-caseiro do sítio do goleiro Bruno em Esmeraldas, o promotor Henry Wagner Vasconcelos desistiu da acareação entre ele e Cleiton da Silva Gonçalves, apontado nas investigações como o ex-motorista do goleiro.

Segundo o promotor, há vários pontos contraditórios no depoimento de Cleiton. Na segunda-feira, o ex-motorista falou em juízo que foi pressionado durante o depoimento à polícia, em 29 de junho de 2010. Ele afirmou também ter ficado algemado de três horas da manhã até às três horas da tarde. João Batista, por sua vez, desmentiu Cleiton. O caseiro falou que ele foi muito bem tratado pela delegada e que não ficou algemado em momento algum. O depoimento do ex-motorista foi lido pela juíza.

A delegada de Homicídios de Contagem, Ana Maria Santos, foi a segunda a ser ouvida. Ela começou a prestar esclarecimentos sobre as investigações por volta de 11h30m. Ana Maria afirmou que, na ocasião do crime, chegou à delegacia especializada a notícia de um homicídio.

— Chegou a notícia de um homicídio, se queria evitar um outro homicídio, de um menor — disse a delegada, referindo-se a Bruninho, filho do goleiro com Eliza, que estava desaparecido. Segundo a delegada, no sítio de Bruno, em um primeiro momento, não havia informações sobre a presença de uma criança no local.

— Depois, o caseiro do sítio disse que uma criança estava lá e que era filha de uma mulher que estava no sítio com o goleiro — continuou Ana Maria. A delegada disse ainda que a equipe de investigações, ao longo da busca por Bruninho, foi informada que a criança havia sido entregue para outra pessoa. 

A delegada contou que decidiu, então, conduzir todos os envolvidos até a delegacia, diante da contradição sobre a presença da criança no sítio.

Ana Maria declarou ainda que Elenilson Vitor da Silva, outro caseiro do sítio do jogador, e Emerson Marques de Souza, o Coxinha, se esforçaram para negar a existência de Bruninho. Segundo a delegada, foi uma pessoa identificada como José Roberto, o caseiro do sítio, quem confirmou a presença da criança no imóvel do jogador.

Em outro momento, Coxinha confirmou a existência da criança e se dispôs a apontar seu paradeiro. Inicialmente, Bruninho, segundo o depoimento da delegada, foi levado para a casa de Júlia, que seria namorada ou mulher de Cleiton da Silva Gonçalves, ex-motorista do goleiro. Depois a criança foi levada para residência de uma mulher identificada como Geisla, antes de ser encontrada pela polícia. Geisla seria vizinha de Júlia.

Ana foi arrolada pelo Ministério Público (MP) para falar no lugar do primo do ex-goleiro Bruno, menor na época do crime. O menor, hoje com 19 anos, foi incluído na lista de protegidos da Justiça desde setembro. Por esse motivo, ele foi impedido de participar do julgamento pelo Tribunal de Justiça. 

Confirmando as informações do inquérito, a delegada lembrou que o menor disse, na época, que o homem que matou Eliza tinha um problema no dente e era grisalho. Esse homem pediu para Macarrão amarrar as mãos de Eliza, que a chutou. Depois de amarrada, o homem deu uma gravata e durante o tempo em que era apertada, ela foi perdendo fôlego até cair no chão e morrer.

Ainda fazem parte do rol de testemunhas de acusação a delegada Alessandra Wilke, que participou das investigações, uma testemunha da oitiva de Cleiton à polícia e uma assistente técnico-jurídico do sistema socioeducativo de Minas Gerais, que acompanhou um depoimento do primo do goleiro, menor à época do desaparecimento de Eliza. Somente depois da conclusão destes depoimentos, serão ouvidas as testemunhas de defesa.

Bruno ameaçou testemunha na véspera do júri, diz promotor

Do lado de fora do fórum, o promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse, pela manhã, que o detento Jaílson Alves de Oliveira — uma das testemunhas de acusação do desaparecimento e morte de Eliza Samudio arroladas pelo MP — teria dito a funcionários do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que foi ameaçado pelo goleiro Bruno Fernandes às vésperas do início do júri popular. O preso denunciou, em 2011, um esquema que teria sido montado por Bruno e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para matar a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o júri. Com 30 minutos de atraso, a juíza deu início, às 9h30m, ao segundo dia de julgamento de Bruno e de mais três acusados, até aquele momento.

As declarações de Jaílson Oliveira, segundo o promotor, foram dados nesta segunda-feira. De acordo com Wagner, Jaílson disse que Bruno comentou que ele estava “falando demais”, e que “peixe morre pela boca”. O detento chegou a pedir à Justiça proteção no traslado do presídio para o fórum.

A magistrada começou a sessão desta terça-feira lendo um resumo do que aconteceu no primeiro dia de júri, quando a defesa de Bola deixou o caso. Ela decidiu aplicar multa aos advogados Ércio Quaresma, Fernando Costa Oliveira Magalhães e Zanone de Oliveira Júnior, por terem abandonado o plenário do fórum “sem haver razão juridicamente relevante”.

— Esse tipo de conduta causa grande prejuízo ao Estado e à sociedade que implica em gasto de dinheiro público — afirmou ela. — Atitudes como esta atentam contra a realização da Justiça e também à classe dos advogados e contra a própria classe de advogados — finalizou. Cada advogado deverá pagar R$ 18.660, o correspondente a 30 salários mínimos, no prazo de 20 dias. O abandono do plenário será comunicado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade que deve avaliar a conduta dos defensores.

No banco dos réus, estavam sentados, além do goleiro Bruno Fernandes, que não está algemado, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e a ex-mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que acabou sendo dispensada, e a ex-namorada do goleiro, Fernanda Castro, que chora muito durante a sessão desta terça-feira. A todo momento, ela coloca o braço na cadeira da frente, e com ele, esconde o rosto reclinado.

De uniforme vermelho, Bruno e Macarrão chegaram ao Fórum de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, por volta de 8h40m. Eles deixaram o Presídio Nelson Hungria, na mesma cidade, por volta de 8h. Sob forte esquema de segurança, Bruno e Macarrão seguiram em um comboio formado por quatro veículos do Grupo de Operações Especiais da Polícia de Minas Gerais para o local onde está sendo realizado o julgamento de envolvidos no desparecimento e morte de Eliza Samudio, em 2010. O percurso durou cerca de 20 minutos.
Em frente ao fórum, as manifestações ficaram por conta de integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), que fizeram protesto pela morte de trabalhadores rurais no Vale do Jequitinhonha. Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que responde ao processo em liberdade, foi a primeira a chegar no local. Ela estava acompanhada do então advogado do goleiro, Rui Pimenta. 

Ingrid Calheiros, a atual noiva de Bruno, que não tem envolvimento no caso e apenas assiste ao julgamento do goleiro, chegou logo depois ao fórum. O detento Jaílson Alves de Oliveira, arrolado pelo Ministério Público como uma das testemunhas de acusação, também está no Fórum de Contagem. Ele denunciou o suposto esquema de Bruno, Macarrão e Bola para matar a juíza Marixa Fabiane Lopes, que preside o júri.

A Escola Municipal Babita Camargo, que fica ao lado do Fórum de Contagem, amanheceu, nesta terça-feira, pichada com frases em defesa do atleta. “Bruno, acreditamos na sua inocência”, “Se não a (sic) provas não a (sic) condenação” e “Liberte o Bruno” são algumas das frases que podem ser lidas no muro da escola. Nesta segunda, o local foi pichado com frases contra o goleiro. “Bruno, me diga com quem tu anda que te direi quem tu és”, dizia uma delas.

Primeiro dia tem depoimento considerado esclarecedor

O primeiro dia do julgamento foi marcado por um depoimento considerado esclarecedor pela acusação. Primeira testemunha arrolada pelo Ministério Público a falar em juízo, Cleiton da Silva Gonçalves, motorista do goleiro do Flamengo na época do crime, confirmou a ordem de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, de lavar com óleo diesel a Land Rover do jogador.

— Isto foi importantíssimo para a acusação. Aquele veículo já havia passado por uma lavagem na água, e as manchas de sangue não saíram. Por qual motivo uma pessoa pode querer lavar seu carro com óleo diesel? — indagou o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, em entrevista, ao fim da sessão desta segunda-feira.

Segundo o membro do MP, a lavagem com o óleo só não ocorreu porque o veículo foi apreendido pela Polícia Militar (PM) numa blitz. Durante a abordagem, o carro ficou retido por falta de documentos obrigatórios. A Land Rover, segundo as investigações, foi usada para trazer Eliza do Rio até o sítio de Bruno em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No veículo, foram encontrados vestígios de sangue da ex-amante do goleiro do Flamengo. Na terça-feira, deve ocorrer uma acareação entre Cleiton e João Batista, que testemunhou o depoimento do ex-motorista à Polícia Civil.

Depois de aproximadamente dez horas, a juíza Marixa Fabiane Rodrigues encerrou, por volta das 19h40m, o primeiro dia do júri que vai julgar os réus acusados de matar a modelo Eliza Samúdio. O encerramento se deu logo após o término do depoimento de Cleiton, primeira das testemunhas a ser ouvida. 

Ele começou a depor por volta das 17h e, a pedido do Ministério Público, ficará retido até o fim das oitivas das demais testemunhas. O ex-motorista será encaminhado para um hotel.

Na primeira parte do julgamento, a defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, conseguiu desmembrar o processo. Os advogados do ex-policial reclamaram do tempo de 20 minutos destinado para apresentar seus argumentos. Com isso, a juíza Marixa Fabiane Lopes deferiu o pedido para o réu ser julgado em outra oportunidade, provalmente no início de 2013, junto com Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, e Elenilson Vítor da Silva, ex-caseiro do sítio do goleiro. Para o promotor, foi uma manobra para Bola não ser julgado agora.

Após a escolha dos jurados (seis mulheres e um homem), Cleiton Gonçalves ouviu da juíza Marixa Fabiane a leitura do seu depoimento que consta no processo. Indagado pela magistrada, ele confirmou o que havia dito durante as investigações, mas depois voltou atrás ao ser interrogado pelo promotor de Justiça. Em 2010, ele disse ter aconselhado Bruno a libertar Eliza e a criança do sítio.

— Não me lembro há dois anos atrás. Ameaçaram me prender por homicídio. Fiquei algemado de 3h da manhã até 15h. Cheguei a ficar sem sentir o braço — alegou.

Sobre a lavação da Land Rover, Gonçalves afirmou que a ordem partiu de Macarrão, tendo em vista que Bruno estava no Rio de Janeiro.

— Não era motorista do Bruno. Só estava dirigindo o carro naquele dia porque o primo do Bruno era menor. Nem sei como se lava um carro — afirmou a testemunha.

Por fim, ele falou que o goleiro é “uma boa pessoa”, “não presenciou ele fazer mal a ninguém” e que não tem medo dos acusados.

Ainda durante indagação do MP, o ex-motorista alegou que os óculos da marca Ray-Ban encontrados em sua casa não pertenciam à Eliza:

— A mãe da minha namorada comprou os óculos para ela. Óculos são fáceis de comprar.

Questionado pelo promotor se havia visto Fernanda acompanhando Bruno em comemoração do Time 100%, de Ribeirão das Neves, Cleiton disse:

— O Bruno já teve várias loiras e várias gostosas.

Neste instante, Bruno abaixou a cabeça e começou a sorrir.

O ex-motorista, no entanto, disse não ter conhecido Eliza Samúdio. Ainda indagado pelo promotor, ele disse ter ouvido de Sérgio, primo de Bruno, a versão de que Eliza "já era”, mas não tinha condições de dizer que a modelo havia sido realmente assassinada.

Mais cedo, o advogado Leonardo Diniz, que representa Luiz Henrique Romão, o Macarrão, informou que, após conversar com seu cliente, decidiu voltar atrás na decisão de abandonar o julgamento dos cinco envolvidos no assassinato de Eliza Samudio, em 2010. A defesa de Macarrão chegou a anunciar, antes do intervalo do júri, que abandonaria o plenário juntamente com a equipe de advogados de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.

— Primeiro realmente nós resolvemos sair. Mas, depois, vimos que o direito de decidir é dele. Ele merece uma defesa — afirmou Diniz.

Macarrão já não estava mais presente no plenário do Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Ele foi retirado durante a tarde, após se sentir mal. O amigo de Bruno pediu para sair do local e foi encaminhado de volta para o presídio de Contagem. De acordo com o advogado dele, Macarrão não se sentiu bem porque ficou muito tempo sentado e teve uma indisposição. Ainda de acordo com Diniz, ele voltará ao plenário nesta terça-feira. O réu alegou estar se sentindo mal minutos após a entrada do goleiro Bruno no plenário.

A segunda parte do primeiro dia de julgamento começou com o pronunciamento do promotor Henry Castro. Em seguida, foram escolhidos os sete jurados. São eles: Ana Lídia Costa Gouveia, Tania Márcia Caetano Moreira, Ivone Bispo Dias, Elizangela Rosilene Costa, Roberto Severo, Lilian Queiroga e Ana Lúcia de Oliveira. No discurso, o promotor afirmou que as defesas pediram para incluir no processo fotos vulgares e pornográficas com o objetivo de aviltar a memória da vítima.

Advogados de defesa de Bola e Macarrão abandonam plenário

O júri recomeçou depois de um intervalo de duas horas para o almoço sem a presença de Bola. A juíza Marixa Fabiane Rodrigues informou que ele não aceitou ser representado pelo defensor público. Com isso, o processo foi desmembrado, e ele terá dez dias para nomear os novos advogados, já que Ércio Quaresma e Zanone Manuel de Oliveira, que o defendiam, deixaram o caso. O julgamento de Bola, dessa forma, será realizado em outra data, a ser determinada.

Com a saída da defesa de Bola, a tendência é que o julgamento termine na próxima sexta-feira. A previsão é do jurista Luiz Flávio Gomes. Ércio Quaresma, advogado de Bola, avisou que iria ouvir cada uma das cinco testemunhas de defesa por cinco horas.

Além do goleiro Bruno Fernandes, estiveram no fórum neste primeiro dia sua ex-mulher Dayanne Rodrigues e sua ex-namorada Fernanda Castro. Bruno vestia uniforme vermelho da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi). Dayanne Rodrigues estava de paletó branco, e Fernanda Castro usava um preto. Nenhum dos réus estava algemado. Bruno, Dayanne e Fernanda estavam virados para a juíza. Bruno olhou várias vezes para o lado onde estava a plateia. Ele e sua noiva, Ingrid Calheiros, estavam usando aliança na mão esquerda. A jovem estava acompanhando o júri na parte reservada aos parentes dos réus. Dayanne estava ao lado de Bruno, com as mãos cruzadas e mexendo bastante os dedos. Fernanda, de óculos e cabelo preso com uma trança, estava um pouco atrás dos dois.

Os advogados de defesa de Bola abandonaram o plenário pouco antes de 13h. A confusão teve início com a decisão da juíza de que cada advogado de defesa teria direito a 20 minutos para suas manifestações.

— Antes de sermos alijados da tribuna, gostaríamos de deixar claro aos jurados que é impossível a realização de um julgamento justo — disse Ércio Quaresma, um dos advogados de Bola, momentos antes de deixar o local. — Tenham todos um bom dia, um bom trabalho.

Com o abandono das equipes de defesa, Bola foi anunciado como indefeso pela juíza que preside o júri. A magistrada designou cinco defensores públicos que tiveram acesso ao processo da morte da modelo para ficarem de prontidão caso os advogados de todo os cinco réus decidam abandonar o plenário.

Mais cedo, o advogado Ércio Quaresma adiantou que Bola, acusado de ser o executor de Eliza, não aceitaria ser defendido pela Defensoria Pública. No início do julgamento, o advogado causou tumulto. Primeiro exigiu que tivesse acesso às mídias anexadas ao processo. E ainda determinou que eles fossem vistas em um dos seis computadores trazidos por ele ao plenário. A juíza Marixa Fabiane Rodrigues questionou, dizendo não ter certeza se ele copiaria ou não as peças do processo.

Segundo a juíza, as imagens de mídias foram colocadas à disposição desde o começo do processo aos advogados de defesa e de acusação. A juíza completou afirmando que apenas os vídeos das oitivas das testemunhas não tiveram suas cópias autorizadas para manter a integridade das testemunhas.

O bate-boca continuou com o advogado afirmando que estava baseado na lei para ter direito ao acesso às mídias. A juíza afirmou que ele teve todo o tempo do mundo para questionar o fato. Ele rebateu afirmando que ela não poderia ter o direito de dizer em qual tempo ele poderia ou não ter acesso às mídias. 

Ela então disse que o tempo dele estava encerrado e cassou a palavra dele.

Defesa do goleiro Bruno diz que Eliza é procurada em São Paulo

Apesar da desistência dos defensores de Bola, o advogado do goleiro, Rui Pimenta, disse que não vai abandonar seu cliente:

— O Bruno está esperançoso. O Bruno está cansado de cadeia, doido pra sair e comer uma picanha mal passada. Para isso, ele precisa de um alvará de soltura. Por isso vamos continuar no júri.

Pimenta questionou o tempo com a juíza, alegando que o processo é longo e vai causar constrangimento se ela cassar a palavra após o prazo previsto. O advogado também está requerendo novamente o depoimento do padrasto e do primo de Bruno, menor de idade na época do crime.

— Foi através do depoimento dele, o menor, que se instaurou esse processo. É imprescindível que ele venha. Não abrimos mão disso — justificou Pimenta.

Para o advogado, o julgamento não vai durar mais que quatro dias, pois, segundo ele, uma testemunha viu Eliza em um hotel de São Paulo. Ele afirmou que tem uma pessoa procurando por ela na cidade.

O julgamento do goleiro Bruno de Souza e outros quatro acusados da morte da modelo Eliza Samudio teve início por volta das 10h desta segunda-feira no Fórum de Contagem, Região Metropolitana de Minas Gerais. O início dos depoimentos demorou devido ao atraso de testemunhas. O corpo de jurados decidirá o destino do goleiro e dos réus Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão; Marcos Aparecido dos Santos, o Bola; Dayanne Rodrigues, com quem Bruno tem duas filhas; e Fernanda Castro, ex-namorada dele, acusados de sequestro, cárcere privado, homicídio e ocultação de cadáver. Todos negam participação. Inicialmente, o julgamento estava previsto para durar dez dias.

O GLOBO