quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

ESTADÃO # Yoani, a mais recente batalha da guerra fria


Francisco Ferraz *
A reação de setores da esquerda à visita da jornalista cubana Yoani Sánchez ao Brasil revelou alguns aspectos da política brasileira atual que exigem uma análise objetiva e desapaixonada. A julgar pelas reações hostis a Yoani, impõe-se uma pergunta inevitável: ela significa alguma ameaça ao Brasil? Que atos terá praticado contra a Humanidade para ser percebida como inimiga no País, mesmo que nunca antes tivesse aqui pisado? Qual o imenso e assustador poder que essa jornalista tem para assustar e ameaçar os governantes cubanos, o governo brasileiro, seu partido e sua base parlamentar?


Yoani é uma vítima da guerra fria. Ela conseguiu colocar sua insignificante pessoa na rota dos conflitos entre os grandes. Sua presença, seu exemplo, seu pensamento constituem uma ameaça real ao regime cubano porque são vistos como sinais de fraqueza por seus inimigos - internos e externos.

Mas, e o Muro? O Muro não caiu em 1989? A guerra fria não terminou com a débâcle da União Soviética e o fim do comunismo? Não.

É necessário rever conceitos e algumas "verdades" estabelecidas. Não podemos confundir o pertencimento geográfico a um mesmo mundo com um pertencimento decorrente de uma história comum. Na realidade, há um abismo entre as sociedades do Hemisfério Norte - suas histórias, seus traumas, suas instituições, suas culturas, sua organização social, seus problemas e desafios - e as sociedades do Hemisfério Sul.

Vivemos num mesmo mundo apenas pelo imperativo geográfico, pela instantaneidade das comunicações e por processos sociais e econômicos de que participamos principalmente como espectadores e consumidores. Quando se trata do uso de produtos materiais que, sem dificuldade, incorporamos à nossa vida, a diferença entre quem os inventou e produz e quem os consome é de menor importância.

Há, entretanto, uma grande diferença na importação de produtos culturais, que resultam da experiência histórica de sociedades diferentes. Os grandes episódios da História ocidental, como as Revoluções Francesa e Russa, o nazismo e o comunismo, a 1.ª e a 2.ª Guerras Mundiais, a guerra fria e ameaça atômica, a débâcle do comunismo, nós os vivemos vicariamente, como leitores curiosos ou espectadores distantes, que podem escolher o que, quanto, quando e como desejam incorporá-los à sua vida.

Não temos, nem o Brasil nem a América Latina, nenhum significado existencial do que seja uma guerra. No Hemisfério Norte as pessoas não somente sabem, como guardam lembranças familiares amargas de suas consequências.

Não temos o menor significado existencial do que é uma revolução, tampouco o que é um regime totalitário como o nazismo e o stalinismo. Temos um conhecimento livresco, ou romântico, sobre o comunismo. Nada que equivalha ao conhecimento de russos e europeus que o viveram.

Para nós, terror é um gênero cinematográfico. Não temos nenhuma ideia do que é o terror como uma categoria da práxis política ou do que foi o holocausto como tragédia e pavor.

Essa a razão por que teorias, ideologias, conceitos, instituições, valores, interpretações do passado, embora usando-se os mesmos nomes, sofrem uma violenta refração de significado quando se deslocam do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul.

Nós os importamos desidratados. Passamos a usá-los com a leveza e até inconsequência de quem, não tendo vivido sua realidade, também não adquiriu a prudência, a lucidez, o senso crítico que só aquele "saber de experiências feito", de que fala Camões, ensina.

Fascista é um termo que evoca lembranças marcadas a fogo para um europeu. Para nós não passa de um adjetivo.

Por essas razões os muros que caíram de forma tão estrepitosa na Europa, teimam em não cair aqui... Como não têm significados existenciais para nós, podem continuar em pé, mesmo quando a realidade que os levantou alhures já deixou de existir.

Assim a queda do Muro de Berlim não tem a menor importância para a política brasileira nem potencial politicamente explorável entre nós, como não têm importância para a política europeia o futuro de Cuba, a doença de Hugo Chávez ou as decisões da Unasul.

O apoio do Brasil ao Irã, apesar da perseguição a gays, mulheres e cristãos, a proteção estendida a Cesare Battisti, o silêncio em relação aos prisioneiros políticos em Cuba e o tratamento de inimiga dado a Yoani são chocantemente contraditórios com a tradição política do PT e da esquerda brasileira, e com a sua política de direitos humanos.

A oposição acusa de "incoerência" o PT e a esquerda por essas atitudes políticas. Aliás, essa é a principal arma em que repousa a esperança da oposição para abalar o governo do PT e seu projeto político. Essa acusação, entretanto, não produz nenhum efeito político importante. Não constrange os acusados da incoerência nem é compreendida pelo eleitor médio.

Na verdade, para o PT e para a esquerda não há incoerência. O que a oposição chama de incoerência é a necessária subordinação à lógica férrea da guerra fria. Assim a ação política dos historicamente deslocados sobre uma população com baixa informação e avaliação crítica acaba por conferir realidade àquele muro virtual.

Por isso Cuba precisa ser protegida. Cuba é o ícone que sobrou, o símbolo que resta. O ícone que a URSS deixou de ser.

O muro emblemático da esquerda na América Latina não é o de Berlim. Esse é o muro do Hemisfério Norte. O muro emblemático, cuja queda significaria o fim do comunismo e do socialismo para a América Latina, é Cuba.

É por isso que Yoani é perigosa para Cuba, para o bolivarianismo de Chávez, para o PT e seu governo. Na guerra fria do Hemisfério Sul ela é uma peça tão importante quanto eram os literatos e bailarinos russos que fugiam para o Ocidente nas décadas de 50 e 60.


* Francisco Ferraz é professor de Ciência Política da UFRGS, pós-graduado pela Universidade de Princeton, e diretor-presidente do site Política para Políticos: www.politicaparapoliticos.com.br.

ESTADÃO

Bento 16 se despede do Vaticano e promete obediência a sucessor


Em sua despedida como papa, Bento 16 deixou nesta quinta-feira o Vaticano de helicóptero rumo a seu retiro na residência papal de Castel Gandolfo, perto de Roma.
Antes de partir, o "papa emérito", como passa a ser chamado, prometeu, perante os cardeais católicos, "obediência e reverência" a seu sucessor.
Autoridades do Vaticano informam que ele não poderá intervir publicamente no papado de seu sucessor, ainda que possa oferecer conselhos.
Bento 16 renunciou no último dia 11 ao cargo de sumo pontífice, e a eleição para o novo papa será realizada em março.
A data do conclave ainda não foi confirmada, mas o porta-voz do Vaticano, Tarciso Bertone, afirmou nesta quinta-feira que os cardeais devem se reunir a partir de segunda-feira para definir o processo de sucessão.
O futuro papa terá como tarefas principais a reforma da burocracia do Vaticano, muitas vezes hesitante na reação a crises que surgiram no papado de Bento 16, disse o correspondente da BBC no Vaticano David Willey.
Entre essas crises estão escândalos de abusos sexuais por clérigos e denúncias de corrupção, que vieram à tona pelo vazamento de documentos do Vaticano.

Despedida

Ainda nesta quinta-feira, antes de partir para Castel Gandolfo, Bento 16 recebeu seus cardeais para uma cerimônia de despedida.
"Entre vocês está o futuro papa, a quem prometo minha obediência e reverência incondicional", disse Bento 16. "A Igreja é um ser vivo, (mas) também se mantém sempre a mesma."
Nesta mesma noite, às 20h locais (16h, hora de Brasília), Bento 16 deixará oficialmente de ser papa, em momento que será marcado simbolicamente pela início de uma marcha da Guarda Suíça dos portões de Castel Gandolfo rumo ao Vaticano.
Em seu retiro, Bento 16 (que manterá esse nome) passará a usar uma batina branca simples e trocará seus famosos sapatos vermelhos por marrons.
Seu anel papal será destruído, como manda a tradição.
Na quarta-feira, cerca de 150 mil pessoas lotaram a praça São Pedro para ouvir um discurso de despedida de Bento 16, que renuncia após quase oito anos no papado.
Ele agradeceu os fiéis por respeitarem sua decisão de abandonar o cargo e disse que esta foi tomada pelo bem da Igreja Católica.
"Houve momentos de júbilo e luz, mas também momentos difíceis", afirmou à multidão, sugerindo a existência de brigas internas dentro da igreja.
"Houve momentos, como já houve na história da Igreja, em que os mares estiveram agitados e o vento soprou contra nós e parecia que Deus estava adormecido".

Desafios e críticas

Um dos cardeais presentes nos atos de despedida de Bento 16 disse ao correspondente da BBC James Robbins, em Roma, que o clima entre o papa emérito e os cardeais é de "gratidão e amor".
Mas outra fonte no Vaticano diz que a Igreja Católica está "flagelada" com os escândalos de abusos sexuais e que o novo papa terá de prosseguir o combate à pedofilia entre os sacerdotes.
Ao mesmo tempo, a renúncia de Bento 16 foi abertamente criticada pelo principal representante da Igreja Católica na Austrália, o cardeal George Pell, que questionou a liderança papal.
Pell disse que, enquanto Bento 16 foi um "professor brilhante", "governar não foi seu ponto forte".
BBC BRASIL

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Acidente na BA-052 mata três pessoas de uma mesma família


Três pessoas de uma mesma família morreram em um acidente na  BA-052 (Estrada do Feijão), por volta das 14h  desta terça-feira (26), próximo a cidade de Serra Preta.

Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o acidente envolveu um caminhão-tanque, de placa JPW-6120, licença de Xique-Xique, e um veículo Fiat Palio, de cor prata, placa JRY-9571 (licença de Ipirá), mas ainda não há informações do que teria provocado a colisão.

As vítimas foram identificadas como Ana Ludimila Lima Galvão, 32 anos, fisioterapeuta, a mãe dela, Núbia Lima Galvão, e Ariel Lima, de 14 anos. Eles ocupavam o mesmo veículo e moravam em Ipirá.

ACORDA CIDADE

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Oscar 2013: ‘As Aventuras de Pi’ leva quatro estatuetas, contra três de ‘Argo’ e ‘Os Miseráveis’

E a Academia reservou uma surpresa na atribuição do Oscar de melhor filme. Quem fez o anúncio, diretamente da Casa Branca, foi a primeira-dama Michelle Obama. E o Oscar de melhor filme foi para… Argo, de Ben Affleck. Como ele não havia sido indicado para melhor diretor, a estatueta da categoria foi para o Ang Lee de As Aventuras de Pi. A Academia pulverizou seus prêmios para os melhores de 2012. O campeão de troféus, Pi, ganhou quatro das 11 estatuetas para as quais foi indicado. Houve um grande derrotado, e foi Steven Spielberg.


Havia a expectativa de que com Seth McFarlane como âncora, tudo poderia ocorrer na 85.ª cerimônia de entrega do Oscar. Ele começou politicamente incorreto, como se esperava – com uma canção sobre os seios das atrizes –, e somente mais de hora e meia de festa depois voltou a dar o ar da graça. Foi quando Mark Wahlberg e o boneco de Ted apresentaram os prêmios de som. Ted, comUma Família da Pesada, esculpiu a fama de McFarlane como a personalidade mais inteligente da TV norte-americana – um exagero. Ted perguntou a Wahlberg se era judeu, ele respondeu que era católico. O boneco resolveu lhe dar outra chance, advertindo que, naquela cidade – Hollywood –, seria melhor se fosse judeu.
Se a cerimônia foi decepcionante, a premiação, propriamente dita, se encarregou de desmontar o favoritismo inicial de Lincoln, de Steven Spielberg, com suas 12 indicações. Depois de duas horas de festa, Lincoln havia conseguido um mísero Oscar de desenho de produção. A desmontagem final começou com o Oscar de roteiro adaptado para Argo. Num ano em os filmes confrontaram os EUA com sua história passada e presente, o projeto mais ambicioso de Spielberg – ele próprio disse que Lincoln era o filme de sua vida – não teve contrapartida na Academia.
Sua grande chance de redenção seria o Oscar de direção, que foi para Ang Lee, o segundo do diretor de Taiwan, após o de O Segredo de Brokeback Mountain. Sobrou o Oscar de ator, para Daniel Day-Lewis, realmente imbatível, como o presidente que forjou a ‘América’ ao impor o fim da escravidão, mesmo ao preço de lançar o país na Guerra Civil.
Day-Lewis fez história como o primeiro ator a receber três vezes o prêmio – antes, ele teve Oscars porMeu Pé Esquerdo, de Jim Sheridan, e Sangue Negro, de Paul Thomas Anderson. Ambientado na mesma época, Django Livre ganhou o terceiro Oscar de roteiro para Quentin Tarantino, após os que ele havia recebido por Pulp Fiction/Tempo de Violência e Bastardos Inglórios. Jennifer Lawrence confirmou seu favoritismo como melhor atriz, por O Lado Bom da Vida.
Pi ganhou quatro prêmios, Os Miseráveis e Argo, três cada, e o Django Livre de Tarantino, dois. Ele confirmou suas duas vitórias no Globo de Ouro – além do prêmio de roteiro, o de melhor coadjuvante, um papel que escreveu para Christoph Waltz e valeu ao ator austríaco seu segundo Oscar (após o deBastardos Inglórios, outro Tarantino). Foi um Oscar anticlimático. A aposta na política de alguma forma terminou esvaziada. Argo, por mais interessante que seja, e é, tem na sua narrativa um lado hollywoodiano tradicional. E o prêmio de direção consagrou a velha fantasia que dá a tônica do cinemão.
Confira como foi a cerimônia de entrega do Oscar 2013:
MELHOR FILME – Argo

MELHOR ATOR – Daniel Day-Lewis (Lincoln)
MELHOR ATOR COADJUVANTE – Christoph Waltz (Django Livre)
MELHOR ATRIZ – Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE – Anne Hathaway (Os Miseráveis)
MELHOR DIRETOR – Ang Lee (As Aventuras de Pi)
MELHOR ANIMAÇÃO – Valente
MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO – Paperman
MELHOR CURTA-METRAGEM DE FICÇÃO – Curfew
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL – Django Livre (Quentin Tarantino)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - Argo (Chris Terrio)
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL – As Aventuras de Pi (Mychael Danna)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL – Skyfall (Adele Adkins e Paul Epworth)
MELHOR MAQUIAGEM E CABELO – Os Miseráveis (Lisa Westcott e Julie Dartnell)
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO – Lincoln
MELHOR FOTOGRAFIA – As Aventuras de Pi (Claudio Miranda)
MELHOR EFEITO VISUAL – As Aventuras de Pi
MELHOR FIGURINO – Anna Karenina (Jacqueline Durran)
MELHOR DOCUMENTÁRIO (LONGA-METRAGEM) – Procurando Sugar Man
MELHOR DOCUMENTÁRIO (CURTA-METRAGEM) – Inocente
MELHOR EDIÇÃO – Argo (William Goldenberg)
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA – Amor (Áustria)
MELHOR EDIÇÃO DE SOM – 007 – Operação Skyfall e A Hora Mais Escura
MELHOR MIXAGEM DE SOM – Os Miseráveis

E o Oscar de MELHOR FILME vai para: ARGO.
ESTADÃO

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Nem blogueira sabe por que regime permitiu sua saída


Yoani Sánchez fez relatos reveladores. Mas nada pode ser mais revelador do que sua simples saída de Cuba. Há décadas, a ditadura cubana tem tido um comportamento espasmódico.
Ciclos de aberturas políticas e econômicas acabam em novos fechamentos, de forma tão abrupta e aparentemente ilógica como começaram. Sopros de renovação dissipam-se e desaparecem juntamente com as lideranças jovens que os trouxeram e acabaram expurgadas.
Yoani pediu dezenas de vezes permissão para deixar Cuba. Enquanto seus colegas dissidentes desistiam pela segunda ou terceira vez, ela perseverou, registrando em um dossiê cada um de seus pedidos. Estudou as leis, recorreu ao Ministério Público, esgotou todos os recursos.
Sua persistência é certamente parte da explicação de seu êxito. No entanto, não explica por que o governo, finalmente, autorizou sua saída, poucos meses depois de a ter negado no calor da ida da presidente Dilma Rousseff a Havana, no ano passado, ao custo de um constrangimento.
Nem Yoani tem a explicação. "É difícil entender a cabeça de um repressor quando nunca se foi um", disse. Desde que criou o seu blog Generación Y, em 2007, Yoani tem aprendido - às vezes amargamente, como nas duas em que foi detida - a lidar com os humores do regime cubano.
Ela deduz que o custo de impedir sua saída tornou-se maior do que o de deixar que ela apresente seu testemunho na sua "volta ao mundo em 80 dias" iniciada no Brasil. Essa, contudo, é apenas uma explicação posterior ao fato. Não a real interpretação da leitura que o regime faz da realidade.
Entretanto, o périplo de Yoani é um fato histórico em si mesmo. Nunca um cubano com a sua capacidade de articulação intelectual, seu magnetismo de moça recatada e simples, seu autocontrole das emoções - forjado na necessidade de sobrevivência sob o totalitarismo - e, acima de tudo, sua destreza no uso da internet pôde levar o seu testemunho ao mundo.
Mais do que as consequências diretas, é importante apreender o precedente histórico que isso abre. Dizem que não há incêndio sem faísca. Yoani é uma faísca. Na sua intuição - certamente contaminada pelo seu desejo -, o fim da ditadura está próximo.
Seu maior receio não é o de que ela demore a acabar, mas que Cuba se converta em uma Rússia, onde o controle estatal da economia deu lugar a oligopólios controlados pelas mesmas pessoas de antes e onde a falta de alternância de poder permanece intacta. "Daria na mesma", afirmou.
ESTADÃO

Brasileiros batem recorde em gastos com viagens ao exterior em janeiro

BRASÍLIA - Com o mês de férias, os gastos dos brasileiros com viagens internacionais bateu recorde em janeiro e atingiu US$ 2,293 bilhões. É o maior resultado para o mês de janeiro em toda a séria histórica do Banco Central.


As receitas de estrangeiros no País atingiram US$ 695 milhões. Com isso, os gastos líquidos (resultado dos gastos lá fora menos os gastos dos estrangeiros aqui) tiveram déficit de US$ 1,598 bilhão.
As despesas com viagens internacionais integram a conta de serviços do balanço de pagamentos do Brasil com o exterior, que registrou uma déficit de US$ 3,680 bilhões em janeiro. O resultado foi pior do que o registrado em janeiro de 2012, quando o déficit da conta de serviços chegou a US$ 3,368 bilhões.
Depois de viagens internacionais, o item que mais pesou na conta de serviços foi os gastos com aluguel de equipamentos, que atingiu US$ 1,565 bilhão. As despesas com transportes atingiram US$ 838 milhões em janeiro, o terceiro item que mais contribuiu para o déficit da conta de serviços.
ESTADÃO

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

ESTADÃO # Liberdade à cubana


Os militantes que na segunda-feira hostilizaram a dissidente cubana Yoani Sánchez nos aeroportos do Recife e de Salvador e na mesma noite impediram a exibição, em Feira de Santana, de um documentário produzido no Brasil de que ela é protagonista decerto nunca leram uma linha da líder revolucionária alemã Rosa Luxemburgo (1871-1919). Eles são exímios, de toda forma, em pôr de ponta-cabeça a máxima que a apartou dos maiores líderes revolucionários de seu tempo, como Lenin e Trotsky. Enquanto estes, fiéis a Marx, consideravam a ditadura do proletariado imprescindível à construção do que seria o edênico sistema comunista, já então, com admirável senso premonitório, ela cunhou a máxima graças à qual se poupou de entrar para a história pela via da ignomínia e da apologia da violência em escala até então sem precedentes. "A liberdade", escreveu, "é quase sempre, exclusivamente, a liberdade de quem discorda de nós".
Os grupelhos autoritários que tentaram intimidar a filóloga e jornalista Yoani, de 37 anos - a única voz contra a ditadura castrista que se exprime pela internet, no seu blog Generación Y, criado em 2007 -, desfrutariam em Cuba da "liberdade" de concordar com a senil ordem política local. Só há pouco, numa tentativa de adiar o seu desmanche, o castrismo passou a permitir viagens ao exterior sem que os interessados tenham de obter o infame visto de saída da ilha. Graças a isso, Yoani pôde tirar o passaporte que lhe vinha sendo negado sistematicamente. Ela só esteve fora de Cuba de 2002 a 2004, quando morou na Europa. Sendo o que são os seus fanatizados detratores - filiados a organizações patéticas como a União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B e admiradora do regime norte-coreano; do Partido Comunista Revolucionário, que almeja "dirigir a classe operária"; e do Partido Consulta Popular, pró-MST, que ministra um curso de "realidade brasileira" -, seria nulo o seu risco de punição no feudo dos irmãos Castro.
Isso porque não há hipótese de que o contato com a realidade cubana viesse a abalar a sua petrificada mentalidade. Antes, seriam capazes de competir com os serviços de segurança do regime no zelo persecutório aos que ousam exercer "a liberdade de quem discorda". Esse lumpesinato político nem precisa ser mobilizado pela Embaixada de Cuba em Brasília para querer sabotar a passagem de Yoani pelo País. A blogueira e colunista do Estado, que só não foi agredida fisicamente na chegada porque estava sob proteção, não se surpreendeu. "Com insultos, estou acostumada", comentou. "Tenho a pele curtida contra xingamentos. Isso é o cotidiano na minha vida". (Depois de amanhã, ela participará de um evento aberto ao público, "Conversa com Yoani", na sede deste jornal. No mesmo dia será exibido o documentário barrado em Feira de Santana, Conexão Cuba-Honduras, do cineasta baiano Dado Galvão). Pior são os petistas que não só comungam com o castrismo e a chamada Revolução Bolivariana de Hugo Chávez, mas comparam dissidentes a delinquentes, ou "bandidos".
Foi o inesquecível termo empregado pelo então presidente Lula, numa visita a Havana em março de 2010, quando o jornalista cubano Guillermo Fariñas completava 15 dos seus 135 dias em greve de fome pela libertação dos presos políticos da ilha. No Brasil, os manifestantes que chamam Yoani de "traidora" e de "agente da CIA" fazem barulho. O PT faz mais: o bastante para se assegurar de que o governo brasileiro se abstenha de criticar, que dirá condenar, Cuba nos fóruns internacionais sobre violações de direitos humanos. Dirigentes do partido, como o mensaleiro José Dirceu, pagam de bom grado a sua infindável dívida com Fidel por tê-los acolhido - e treinado para o desvario da guerrilha - no tempo da ditadura militar. Já Yoani, no que dependeu dela, começou bem a sua visita. O seu comedimento e manifesto fair-play chamaram desde logo a atenção. Por exemplo, recusando-se a comparar Cuba ao Brasil, mencionou os estrangeiros que, tendo passado duas semanas em um hotel de Havana, "explicam para mim como é o meu país". Mas não deixou de lembrar a frase de um amigo: "Os brasileiros são como os cubanos, mas são livres".
ESTADÃO

Prévia do PIB indica crescimento de 1,64% em 2012


A atividade econômica registrou em dezembro a terceira alta mensal seguida, mas perdeu força em relação ao nível apurado em novembro.

O IBC-BR - indicador do Banco Central que serve como prévia para o crescimento do PIB - avançou 0,26% em dezembro na comparação com novembro, na série livre de efeitos sazonais.

Analistas consultados pela Agência Reuters esperavam uma alta de 0,4% na comparação mensal, mesmo nível registrado em novembro.

No ano, o crescimento deve ficar em 1,64%, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira. Com ajuste sazonal, (ou seja, que desconsidera efeitos de determinado período do ano), a alta é de 1,35%.

O resultado do indicador sugere um cenário para o ano levemente melhor do que o esperado pelo mercado, que prevê um avanço próximo a 1%. Trata-se, contudo, de um desempenho bem inferior aos anos anteriores e melhor apenas do que 2009, quando a economia vivia os reflexos da crise econômica mundial.

Retração da indústria, alto endividamento das famílias e problemas na balança comercial estão entre os fatores apontados pelo baixo crescimento no ano passado.

Em 2012, o setor produtivo viveu seu pior ano desde a crise de 2009, com queda de 2,7%. O desempenho se deve em boa parte à concorrência dos importados no mercado interno e a maior dificuldades para exportar à Argentina e a mercados em crise.

Pelo lado do consumo, os dados do varejo divulgados ontem pelo IBGE frustraram as expectativas dos economistas para o final de ano. Com uma retração de 0,5% em dezembro, o comércio fechou 2012 com avanço de 8,4% puxado sobretudo pelo baixo desemprego e o avanço da renda.

Os dados de comércio exterior reforçam o cenário de desaceleração. Diante de uma queda de 5,3% nas exportações, o Brasil teve em 2012 o pior superávit na balança comercial desde 2002.

RECUPERAÇÃO

A perspectiva para este ano é de recuperação da economia, com projeção de retomada de investimentos, da produção industrial e bons resultados nas áreas de agronegócio e serviços.

Embora as expectativas ainda estejam em ajuste devido a incertezas quanto à intensidade da recuperação, as projeções sugerem crescimento levemente acima de 3%.

INDICADOR

O índice do BC é um indicador de abrangência nacional que busca refletir mensalmente, de modo sintético, a atividade econômica em determinado período.

O indicador acompanha a atividade econômica através de variáveis cujos comportamentos estão correlacionados à produção realizada nos três setores da economia brasileira (agropecuária, indústria e serviços) e dos impostos.

Já o Produto Interno Bruto (PIB), calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não mede simplesmente a produção da economia, mas sim o valor adicionado pelos setores.

O IBGE divulga em 1º de março os dados do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2012 e no ano. A expectativa do mercado, segundo pesquisa Focus do BC, é de que o PIB tenha crescido apenas 0,95% em 2012, mas que tenha uma expansão de 3,08% neste ano.

FOLHA DE S. PAULO

Chegada de Yoani Sánchez ao Congresso tem tumulto e bate-boca

BRASÍLIA - A chegada da blogueira dissidente cubana e colunista do Estado, Yoani Sánchez, ao Congresso Nacional, em Brasília, no começo da tarde desta quarta-feira, 20, foi marcada por tumulto. Recebida por uma multidão de jornalistas, parlamentares e assessores, a blogueira foi levada ao plenário da Câmara dos Deputados.

Alguns parlamentares a aplaudiram e outros protestaram contra a interrupção da votação de uma medida provisória que estava ocorrendo no momento. Hove bate-boca entre os parlamentares. Ela chegou a subir no palanque, mas não falou aos presentes. Logo em seguida, a comitiva da blogueira deixou o plenário e seguiu para a sala dos trabalhos da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.
Do lado de fora, manifestantes de movimentos sociais protestavam contra a presença da cubana. Chegando na sala da comissão, Yoani foi aplaudida de pé por cerca de metade dos presentes - entre eles estava o senador Eduardo Suplicy, que integrou a mesa da comissão.
Um trecho do documentário Conexão Cuba-Honduras foi exibido para cerca de 200 pessoas e o diretor, Dado Galvão - sempre de pé, sem se sentar na mesa da comissão - explicou que o filme foi realizado com "RS 600 no bolso e uma câmera emprestada".
Em seguida, Yoani voltou a falar da "falta de liberdade em Cuba", contou ao público a história de seu blog, criado em 2007, e criticou a "satanização pública" que diz sofrer das autoridades da ilha.
Durante o discurso, a blogueira voltou a elogiar o direito de manifestação no Brasil. "Levo do Brasil a recordação da pluralidade". A cubana encerrou sua fala dizendo que gostaria que os cubanos tivessem os mesmos direitos que os brasileiros.
Desembarque
Mais cedo, na chegada ao aeroporto da capital Brasília, Yoani foi recebida pelo deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), integrante da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara. Leite foi o autor do convite feito a Yoani quando ainda estava na Bahia para comparecer à comissão, falar sobre sua viagem e comentar a reforma migratória cubana.
"Estou muito feliz, é uma grande oportunidade. É como se minha viagem começasse de novo agora", afirmou a blogueira ao chegar à cidade. O desembarque de Yoani em Brasília foi tranquilo, diferentemente do que aconteceu no Recife e em Salvador, onde houve protestos a favor do regime cubano organizados por militantes de pequenos grupos de esquerda. Com escolta policial, a cubana seguiu do aeroporto diretamente para o Congresso.
Chegando em frente ao Congresso, Yoani se admirou com a arquitetura dos edifícios. Ao sair da van, a blogueira foi questionada se estava com medo dos centenas de manifestantes na frente do Congresso. "Isso não me assusta. São meus colegas", respondeu a cubana.
ESTADÃO

domingo, 17 de fevereiro de 2013

62% apoiam cotas para alunos negros, pobres e da escola pública, diz Ibope


Quase dois em cada três brasileiros são a favor de cotas em universidades públicas tanto para negros quanto para pobres como para alunos da escola pública. Pesquisa nacional do Ibope feita a pedido do Estado mostra que 62% da população apoia a implementação dos três tipos de cotas - mecanismos que facilitam o acesso desses segmentos sociais às vagas do ensino superior.

Há variações significativas, porém. O grau de apoio muda de região para região, entre classes sociais, de acordo com a cor da pele do entrevistado e segundo o seu grau de escolaridade.

Outra constatação importante da pesquisa é que há um apoio significativamente maior às cotas que levam em conta a renda (77%) e/ou a origem escolar (77%) dos pretendentes às vagas que às cotas baseadas só na cor autodeclarada do aluno (64%).

Em contraposição aos 62% que apoiam todos os tipos de cotas, 16% dos brasileiros são contra qualquer uma delas, segundo o Ibope. Os restantes não souberam responder (5%) ou são a favor de um ou dois tipos de cotas, mas contra o terceiro: 12%, por exemplo, defendem cotas para alunos pobres e para alunos da rede pública, mas são contrários às cotas para alunos negros.

A oposição às cotas para pobres, negros e alunos da rede pública tende a ser maior entre brancos, entre brasileiros das classes de consumo A e B, entre pessoas que cursaram faculdade e entre os moradores das capitais e das Regiões Norte e Centro-Oeste.

Nível de estudo. Já o apoio à política de cotas nas universidades públicas é proporcionalmente mais alto entre quem estudou da 5.ª à 8.ª série, entre os emergentes da classe C, entre nordestinos e moradores de cidades do interior do País.

Essa diferença de perfil entre os contrários e os a favor sugere que aqueles que estão em busca de ascensão social e econômica tendem a ter mais simpatia por políticas que aumentem suas chances de chegar à faculdade, enquanto aqueles que já chegaram lá - a maioria sem ter se beneficiado desses mecanismos - têm maior probabilidade de serem contrários a esse favorecimento.

Em nenhum estrato social, porém, a oposição às cotas nas universidades públicas é maior que o apoio a elas. Segundo o Ibope, num único segmento há empate. É justamente entre os brasileiros que já se formaram na faculdade - e, mesmo assim, só no que se refere à política de cotas para negros: 49% dos diplomados são contra e 49% são a favor. O resto não respondeu.

Como acontece com todos os estratos sociais, os brasileiros com nível superior são francamente a favor das cotas para alunos de baixa renda (78%) e para alunos originários da rede pública de ensino (75%). Por que, então, só 49% defendem as cotas por cor?

Uma hipótese é que esse terço que apoia as duas primeiras, mas não a terceira, avalie que as cotas por renda e por tipo de escola de origem do aluno já sejam suficientes para cobrir as necessidades dos alunos negros, por se sobreporem.

Das três cotas, a cor é a única que não se baseia em critérios verificáveis, mas na autodeclaração de quem pleiteia a cota.

Embora a resistência às cotas por cor seja maior entre quem cursou faculdade, ela aparece também entre outros segmentos sociais.

Mesmo entre negros, que se beneficiariam diretamente delas, as cotas por cor recebem apoio menor que as cotas por renda e escola de origem: 26% dos negros são contra as cotas para negros, mas só 16% deles são contrários às cotas para pobres.

Grande maioria. Apesar das diferenças, a maioria absoluta é favorável às cotas. Mesmo os 64% de apoio às cotas para negros são raros de encontrar. Por comparação, menos brasileiros são a favor do voto obrigatório (45%) ou defendem a reeleição dos políticos (58%), por exemplo (Ibope, 2006).

A pesquisa Ibope foi feita entre os dias 17 e 21 de janeiro. Foram realizadas 2.002 entrevistas em todas as regiões do Brasil. A margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais.

ESTADÃO

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

American Airlines e US Airways criam a maior aérea do mundo

NOVA YORK - A American Airlines e a US Airways anunciaram a fusão das empresas nesta quinta-feira, numa operação que criará a maior companhia aérea do mundo e que terá um valor de mercado de  US$ 11 bilhões. A fusão conclui uma onda de consolidações que ajudou as companhias aéreas norte-americanas a terem bases financeiras mais sólidas.


O acordo era amplamente esperado pelo mercado e passou mais de um ano em gestação. A AMR, controladora da American, encaminhou um pedido de concordata em novembro de 2011 e a US Airways começou a buscar a fusão no início de 2012.
A nova empresa, que vai operar sob a marca da American Airlines, será 2% maior em tráfego de passageiros pagantes que a atual líder mundial, a United Continental.
A companhia combinada terá sede no Texas e será comandada pelo presidente-executivo da US Airways, Doug Parker, antigo defensor da consolidação da indústria.
Os acionistas da US Airways terão 28% de participação na nova empresa. O restante ficará com acionistas da AMR e credores de suas subsidiárias, sindicatos trabalhistas da American e atuais funcionários da AMR.
A transação em ações está sujeita a aprovação de autoridades regulatórias dos Estados Unidos e do tribunal de falências do país e deve gerar mais de US$ 1 bilhão em sinergias anuais líquidas em 2015. No anúncio, as empresas também informaram que planejam assumir a entrega de mais de 600 novas aeronaves.
No final de janeiro, o presidente da divisão de aviação comercial da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, afirmou que a fabricante vê a companhia norte-americana demandando mais jatos regionais.
ESTADÃO

Brasileiros da Ambev e Warren Buffett compram a Heinz em negócio de US$ 28 bilhões


ÃO PAULO - O megainvestidor Warren Buffett informou nesta quinta-feira numa entrevista à rede de televisão CNBC que chegou a um acordo para comprar a gigante de alimentos HJ Heinz, por cerca de US$ 23 bilhões, acrescentando a marca de ketchup Heinz à sua rede de marcas renomadas.

Buffett disse que, para realizar o negócio a Berkshire, empresa de investimentos de Buffett, associou-se à 3G, comandada pelos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, que ficarão encarregados da administração da empresa comprada. A 3G tem uma participação majoritária em uma empresa cuja atividade é complementar à da Heinz: o Burger King. As ações da Heinz sobem 12% na Bolsa de Nova York a US$ 72,51.

De acordo com informações da Heinz, a Berkshire e 3G vão pagar US$ 72,50 por ação, cerca de 20% acima do preço de fechamento da Heinz na quarta-feira. Incluindo a dívida da Heinz, a operação é avaliada em US $ 28 bilhões. A Heinz avaliou que a operação é a maior já realizada na indústria de alimentos. No Brasil, a Heinz é dona da marca Quero Alimentos, depois de pagar cerca de R$ 1 bilhão por 80% da companhia há cerca de 2 anos.

"Este é o meu tipo de negócio e meu tipo de parceiro", Buffett disse à CNBC nesta quinta-feira.

"Heinz é o nosso tipo de empresa com marcas fantásticas".

Buffett disse à CNBC que ele tinha um arquivo de informações sobre a Heinz desde 1980. Além do famoso catchup, a Heinz possui a marca de molhos Ore-Ida e Lea & Perrins Worcestershire, cujas ações subiram 17% nos últimos 12 meses. Mas uma pessoa a par das negociações disse que a compra só foi possível graças à 3G.

Segundo essa fonte, Jorge Paulo Lemann levou a idéia de comprar a Heinz para a Berkshire havia dois meses. Buffett topou e os dois lados se aproximaram do executivo-chefe da Heinz, William R. Johnson.

"Estamos ansiosos para uma parceria com a Berkshire Hathaway e a 3G Capital, investidores muito respeitados. Será um novo e excitante capítulo na história da Heinz", disse Johnson em uma declaração.

A Berkshire e 3G entrarão cada uma com cerca de US $ 4 bilhões em dinheiro para o negócio. A Berkshire também pagará US$ 8 bilhões pelas ações preferenciais. O restante do custo será coberto pelo financiamento da dívida levantada pelo JPMorgan Chase e Wells Fargo.

Buffett disse à CNBC que a 3G será a administradora das operações da Heinz, dizendo: "Heinz será o bebê 3G".

A sede da empresa de alimentos permanecerá em Pittsburgh, casa da Heinz há mais de 120 anos.

As duas empresas têm histórico de investimentos no setor de consumo. A Berkshire detém uma fatia de quase 9% na The Coca-Cola Company, além de uma participação de mais de 2% na Procter & Gamble e de 1,4% no Walmart. A 3G controla a cervejaria Anheuser-Busch Inbev junto com a Interbrew International — o grupo controla a brasileira Ambev. Em 2010, o fundo comprou o controle da rede de fast food Burger King e fechou o capital da empresa.

A Heinz foi assessorada pelo Centerview Partners, Bank of America Merrill Lynch e pelo escritório de advocacia Davis Polk & Wardwell. Um comitê de transação de diretoria da empresa foi assessorado por Moelis & Company e, Wachtell Lipton, Rosen & Katz.

A Heinz foi assessorada pelo Centerview Partners, Bank of America Merrill Lynch e pelo escritório de advocacia Davis Polk & Wardwell. Um comitê de transação de diretoria da empresa foi assessorado por Moelis & Company e, Wachtell Lipton, Rosen & Katz.

Pelo lado da Berkshire e do 3G os principais assessores foram a Lazard, com JPMorgan e Wells Fargo. Kirkland & Ellis prestou assessoria jurídica para a 3G, enquanto a Berkshire teve assessoria do escritório de advocacia Munger, Tolles & Olson.

O GLOBO

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

África e América Latina têm nomes fortes


Imediatamente após o anúncio da renúncia de Bento XVI, começaram a circular nomes de cardeais que poderão ocupar o cargo máximo da Igreja - com destaque para a hipótese de o próximo pontífice poder vir de um país em desenvolvimento, como o Brasil, ou da África. Seja quem for, o sucessor de Joseph Ratzinger terá pela frente questões que já são um desafio para o episcopado, como os escândalos de abusos sexuais envolvendo religiosos, a homossexualidade, o aborto e o papel da mulher na Igreja.
A renúncia de Bento XVI abre finalmente um debate sobre o futuro da Igreja, algo que muitos acreditam que não ocorreu diante da decisão apressada para escolher um substituto para João Paulo II, morto em 2005. Quase oito anos depois, há quem acredite que a instituição aproveitará os dias do atual pontificado, que se encerrará em 28 de fevereiro, para fazer com que a escolha do sucessor de Ratzinger tenha relação mais direta com os caminhos que a Igreja decidir adotar para seu futuro. "Desta vez, a real transição para o século 21 talvez finalmente ocorra na Santa Sé", declarou ao Estado um importante religioso latino-americano que pediu anonimato.
Um dos nomes citados é do africano Peter Turkson, de Gana. Um de seus cabos eleitorais já fez questão de defender ontem mesmo seu nome. "Por que não um africano? Já tivemos um alemão e um polonês. Então, o próximo pode ser, sim, africano", declarou o arcebispo Gabriel Charles Palmer-Buckle.
Bento XVI nomeou o ganense para um dos cargos mais importantes do Vaticano, e ele passou a ser enviado a diversos países como mediador de conflitos. Em 2010, chegou a acompanhar o papa em viagens, o que aumentou as especulações sobre seu nome. Mas ele não é o único cotado. O cardeal sul-africano Wilfrid Napier, de Durban, é outro candidato, ainda que oficialmente ninguém se apresente.
Nas casas de apostas de Londres, a corrida já começou. Em pelo menos duas delas, Turkson é o favorito, seguido pelo arcebispo de Milão, Angelo Scola. Outro nome é o de Oscar Rodríguez Maradiaga, de Honduras. Amante de jazz, amigo de Bono Vox e frequentemente acompanhado de seguranças em seu país de origem, o cardeal centro-americano tem a simpatia das alas do Vaticano que defendem uma agenda social mais explícita. "Um papa do sul sem dúvida ajudaria a resolver muitas das ameaças que o planeta enfrenta", disse há dois meses.
O canadense Marc Oullet e o nigeriano Francis Arinze também aparecem com chances.
Na casa Ladbrokes, d. Claudio Hummes está na décima posição. Mas, no Vaticano, são outros os brasileiros que aparecem com mais força, pois d. Claudio já tem 78 anos. Um dos nomes mais citados é o de d. João Braz de Aviz, de 65 anos. D. Odilo Scherer também é considerado "papável" e ontem fugiu da imprensa em Roma.
As especulações sobre a possibilidade de o novo papa vir da América Latina não são à toa. A região tem hoje metade dos católicos do mundo e os cardeais são vistos como alguns dos maiores defensores da Igreja. "Conheço muitos bispos e cardeais latino-americanos que poderiam assumir essa responsabilidade", disse Gerhard Muller, chefe da Congregação para a Doutrina da Fé.
Mesmo rumo. Para Hans Kung, teólogo suíço e considerado um dos principais adversários de Bento XVI, dificilmente a Igreja vai sofrer uma revolução. "Ele ordenou muitos cardeais conservadores", apontou Kung. Segundo ele, isso determinaria a próxima votação. Ele disse esperar que Bento XVI não influencie na escolha.
Outros ainda apontam que a forma como Bento XVI anunciou sua saída estaria relacionada a um cálculo claro de dar tempo aos cardeais e à cúpula da Igreja de debater de fato seu destino.
"Cardeais terão agora a opção e o tempo de fazer o que não fizeram em 2005, que é debater o futuro da Igreja", disse Raymond Perrier, diretor do Instituto Jesuíta da África do Sul.
ESTADÃO

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Papa Bento XVI deixa o pontificado dia 28 de fevereiro


VATICANO - O Papa Bento VXI vai renunciar a seu pontificado no próximo dia 28 de fevereiro, anunciou nesta segunda-feira, 11, o Vaticano.
O anúnico foi feito pelo próprio papa em um pronunciamento em latim. Bento XVI disse que deixa o cargo devido à idade avançada - 85 anos - e por não ter mais força para cumprir os deveres.
"Por esta razão, e bem consciente da gravidade deste ato, eu declaro que renuncio", explicou Bento XVI, de acordo com uma declaração do Vaticano.
Esta é a primeira vez que um papa renuncia em quase 600 anos.
REUTERS/AP/ESTADÃO

domingo, 10 de fevereiro de 2013

No ano pré-eleitoral, 12 Estados elevam as despesas previstas com propaganda


Pelo menos metade dos Estados pretende aumentar os gastos com publicidade em 2013. De acordo com levantamento feito com 23 dos 26 governos estaduais, além do Distrito Federal, 12 têm planos de incrementar a verba com propaganda institucional e de utilidade pública neste ano. Em média, o gasto dessas administrações com divulgação das gestões deve crescer 37,35%.
Nas propostas orçamentárias enviadas para as Assembleias Legislativas em dezembro do ano passado, os 24 governadores preveem destinar R$ 1,4 bilhão (cerca de R$ 750 milhões nos 12 Estados onde haverá aumento real) para propaganda - são R$ 7,6 por habitante. Em 2011, o primeiro ano dos atuais mandatos, os valores, atualizados pela inflação, eram de R$ 1,18 bilhão - nos casos em que não houve reeleição, o orçamento daquele ano foi elaborado pelos antecessores e reflete prioridades da gestão anterior.
O levantamento abrange os gastos da administração direta. Estados como São Paulo e Minas têm ainda empresas com orçamento publicitário próprio e que seguem as diretrizes do governo para fazer seus investimentos. Os valores, porém, não entram nos orçamentos estaduais.
Os anos pré-eleitorais são importantes parâmetros para analisar os gastos com publicidade. Em 2014, haverá eleição para escolher governadores e Presidente da República, e a legislação impõe restrições sobre o crescimento desse tipo de despesa: não podem ultrapassar a média dos três anos anteriores. Os anos pré-eleitorais costumam jogar a média para cima.
Dos 12 Estados onde há previsão de aumento dos gastos com propaganda neste ano, sete têm governadores que são potenciais candidatos à reeleição: os tucanos Geraldo Alckmin (SP), Marconi Perillo (GO) e Simão Jatene (PA) e os petistas Tarso Genro (RS) e Tião Viana (AC), além de Camilo Capiberibe (AP), do PSB, e Raimundo Colombo (SC), do PSD.
A Constituição diz que a publicidade dos atos do poder público é um dos princípios da administração, mas veda o uso da propaganda como promoção pessoal. A legislação eleitoral também impõe restrições à publicidade institucional no ano de eleição, entre as quais autorizar a propaganda nos três meses anteriores à disputa. Pernambuco, por exemplo, tem legislação própria que fixa em 1% das receitas correntes líquidas do Estado o limite de gastos de publicidade.
As agências que ganham os contratos para executar a propaganda do poder público são, em muitos casos, ligadas a marqueteiros que criaram as campanhas dos governadores. É o caso, por exemplo, da Prole, Lua Branca e Revolution Comunicação, que são ligadas aos marqueteiros que fizeram as campanhas dos governadores do Rio, São Paulo e Amapá, respectivamente.
Volume
São Paulo, com R$ 226 milhões, Distrito Federal, com R$ 138 milhões, e Bahia, com R$ 117 milhões, são os Estados com a maior previsão de gastos com publicidade em 2013. A previsão de despesas do governo paulista é de R$ 5 por habitante, um dos menores orçamentos per capita do País.
No Distrito Federal, se executado o orçamento proposto pelo próprio governo, o gasto por habitante vai alcançar R$ 54, o maior do Brasil. No ano passado, o governo distrital de Agnelo Queiroz (PT) orçou, em valores atualizados, despesas ainda maiores com propaganda: R$ 155 milhões. Na Bahia, de Jaques Wagner (PT), os gastos com publicidade governamental chegam a R$ 8 por habitante. O governo do Estado diminuiu a previsão de gastos neste ano. Em 2012, foram R$ 131 milhões, em valores atualizados.
Crescimento. Entre 2012 e 2013, os Estados que apresentam maior crescimento do orçamento com publicidade foram Amazonas (96%), de Osmar Aziz (PSD), Goiás (88%) e Amapá (67%). Se ampliada a comparação para 2011, primeiro ano de gestão dos governadores atuais, lideram o ranking de maiores crescimentos com propaganda Amapá (206%), Rio Grande do Sul (193%) e Maranhão (166%).
Na contramão da previsão de mais gastos com publicidade, estão Estados que orçaram despesas menores neste ano - isso não quer dizer que não haverá suplementações orçamentárias no decorrer de 2013. Tocantins, por exemplo, prevê cortar 46% do orçamento com propaganda neste ano. Os R$ 32 milhões orçados em 2012 passaram para R$ 17,2 milhões em 2013. No Rio, também houve queda de 37% na previsão dos gastos: de R$ 127 milhões em 2012 para R$ 80 milhões neste ano. O governador Sérgio Cabral (PMDB) não é candidato à reeleição. 
ESTADÃO