quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Snowden tem um novo emprego na Rússia

MOSCOU – O ex-prestador de serviço da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) Edward Snowden terá um novo emprego na Rússia, onde está asilado. Ele foi contratado por um site russo para começar a trabalhar em novembro, disse nesta quinta-feira, 31, o advogado dele, Anatoly Kucherena, citado pela agência de notícias estatal russa RIA.
Snowden recebeu asilo no país após divulgar documentos secretos mostrando o monitoramento dos EUA de comunicações telefônicas e digitais de milhões de pessoas no mundo todo. O nome do site onde o americano irá trabalhar não foi divulgado “por razões de segurança”.
A localização de Snowden dentro da Rússia não foi revelada e desde julho ele apareceu apenas em algumas fotos e em registros em vídeo de uma reunião que teve neste mês com ex-funcionários de segurança nacional dos EUA que apoiam sua causa. Washington desejava que Snowden fosse repatriado para ser julgado por traição. O asilo, concedido no começo de agosto, poderá ser renovado anualmente.
Segundo Kucherena, Snowden leva uma vida relativamente normal, diante das circunstâncias. Nesta quinta-feira, o site de um tabloide russo publicou uma foto dizendo ser de Snowden durante um passeio de barco em Moscou. Antes, o mesmo site havia publicado uma foto de um homem que parecia ser Snowden, empurrando um carrinho de supermercado em um estacionamento.
REUTERS/ESTADÃO

domingo, 27 de outubro de 2013

Em silêncio, Brasil exonerou agente suspeito de passar dados para a CIA

Enquanto a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos vigiava alvos do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, o Brasil investigava e exonerava um agente de seu serviço de espionagem, suspeito de passar segredos para a Agência Central de Inteligência (CIA). A ação mostra uma estratégia de vigilância diferente, mas em linha com a revelada pelo ex-agente Edward Snowden, que causa escândalo em vários países.
Sob o manto de um posto diplomático na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, o espião da CIA buscou dados sigilosos sobre a atuação nacional na Tríplice Fronteira e tentou rastrear informantes do governo brasileiro na região onde o País faz divisa com a Argentina e o Paraguai.
A "plotagem" - expressão que na terminologia da arapongagem significa ser descoberto - do espião americano só ocorreu porque durante a operação ele cooptou o analista 008997 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), um alto funcionário do órgão que chefiara a estratégica subunidade da agência em Foz do Iguaçu, antes de assumir, em 28 de julho de 2011, a superintendência em Manaus.
O caso foi abafado na Abin, sem abertura de um processo administrativo contra o servidor, para evitar o desgaste. Do lado americano, que mantinha, naquela ocasião, o Brasil sob radar, conforme documentos de junho de 2012 divulgados por Snowden, a solução foi abreviar a missão do espião e mandá-lo para outro posto.
Contraespionagem. Foi a simples movimentação funcional do analista da Abin que alertou Brasília e desencadeou uma operação de contraespionagem autorizada pelo diretor-geral Wilson Trezza.
De Manaus, pelo sistema interno da Abin, 008997 passou a acessar remotamente documentos protegidos por sigilo do escritório de Foz de Iguaçu, "que não tinha necessidade de conhecer" e aos quais não poderia ter mais acesso, segundo relato de diversas fontes da área de inteligência consultadas pelo Estado nos últimos dois meses.
As provas documentais extraoficiais do comportamento inadequado do agente brasileiro, uma vez que a Abin não instrui inquéritos, foram obtidas na primeira semana de agosto de 2012, quando 008997 se encontrou para jantar com o americano, em Curitiba, no restaurante Barolo Trattoria.
No jantar, os dois falaram sobre as regiões de fronteira do Brasil, entre outros temas, e foram captados por agentes "novatos", deslocados de outras regionais, que se acomodaram ao lado da dupla de espiões.
O agente brasileiro garantiu ao colega americano que não precisava se preocupar com aquele encontro e outros que viriam porque ele não era vigiado pela Abin. Eles foram filmados na ocasião.
Apesar da segurança demonstrada na conversa, ambos usaram técnicas de contrainteligência tanto na chegada quanto na saída da cantina, dando voltas no quarteirão, fazendo manobras diversionistas.
Durante o jantar, segundo informações obtidas pelo Estado, os dois marcaram o encontro seguinte para Foz do Iguaçu, dali a um mês, na primeira semana de setembro. Em Curitiba, ficou combinado que, no encontro em Foz, o brasileiro apresentaria outra pessoa que poderia "ajudar" o americano a obter mais informações. A cidade, Curitiba, escolhida por 008997 para o encontro, foi considerada "perfeita" porque o filho do brasileiro mora ali e ele teria explicação plausível para a viagem entre Manaus e Curitiba.
Só que o novo encontro marcado para início de setembro em Foz do Iguaçu não ocorreu. O brasileiro foi para o local na data e hora combinada, mas o diplomata americano não apareceu. Mais uma vez, agentes da Abin desconhecidos do alvo, acompanharam toda a espera pelo contato americano.
Operação abafa. O desencontro ocorreu porque houve uma súbita e inesperada remoção do americano. O Itamaraty confirmou ao Estado que o diplomata deixou o Brasil em 12 de agosto de 2012.
Na avaliação de servidores da Abin entrevistados pelo Estado, os americanos, de alguma forma, ficaram sabendo que seu agente tinha sido descoberto e este não poderia mais ficar no país, para evitar problemas diplomáticos. Depois do ocorrido, a Abin teria mantido contato com o governo dos Estados Unidos para pedir explicações. O diplomata americano teria dito que foi procurado pelo analista brasileiro.
Para dar um desfecho menos traumático, apesar de posições em favor da punição, o agente 008997 foi exonerado e aconselhado a se aposentar, e assim o fez em 17 de dezembro de 2012.
Acabou assim, embaixo do tapete, um caso de espionagem americano dentro do território brasileiro que não obteve publicidade.
ESTADÃO

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Substituir Aécio não é impossível, afirma Serra

Salvador - O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) admitiu nesta quinta-feira, 23, em Salvador, que "gostaria" de ser presidente da República. Ao ser questionado sobre a definição do candidato tucano em 2014, ele observou que "o improvável não é impossível".
Na capital baiana, Serra também comentou a pesquisa Ibope divulgada nesta quinta, na qual aparece com mais intenções de votos que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável presidenciável tucano, nos cenários apresentados. Segundo ele, seu grau de conhecimento no País - Serra disputou as eleições presidenciais de 2002 e 2010, nas quais foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, respectivamente - é um capital político do PSDB.
"Meu grau de conhecimento junto à população é o mais alto depois do Lula e da Dilma no País, minhas opiniões são ouvidas, levadas em conta", afirmou. "Tudo o que eu possa fazer só fortalece o PSDB, nossa posição do ponto de vista da presença junto à população e, futuramente, do ponto de vista do debate eleitoral".
Para o tucano paulista, a pesquisa Ibope "segue" outros levantamentos. "Quando estão meu nome e o da Marina, estamos no mesmo nível. Quando entram os outros candidatos (Aécio e Campos), que nunca disputaram, estão abaixo, o que é normal. Ainda tem muita coisa para acontecer", ponderou.
Na segunda visita a Salvador neste semestre - ele esteve na cidade em 6 de agosto -, Serra voltou a cumprir uma agenda típica de candidato. Concedeu uma entrevista de 45 minutos à rádio Tudo FM. Em seguida, almoçou com colegas de partido e apoiadores, reuniu-se com o prefeito ACM Neto (DEM) e, no início da noite, proferiu uma palestra sobre desenvolvimento econômico para integrantes da Associação Baiana de Supermercados (Abase).
"Se você me pergunta: ‘você gostaria de ser presidente da República?’, eu diria: gostaria. Eu me acho preparado para isso, eu saberia como desempenhar", afirmou o ex-governador paulista. "Mas isso não é uma escolha pessoal, é uma escolha da população, das circunstâncias. As circunstâncias estão dadas e teremos novas. Vamos aguardar, continuar trabalhando, discutindo, debatendo. Que é o que eu tenho feito".
Serra, que nos bastidores cogitou deixar o PSDB e migrar para o PPS para disputar a Presidência, ressaltou que seu partido ainda não decidiu qual será o candidato. "No PSDB, vamos tomar essa decisão a partir de março e qualquer especulação maior daqui até lá não leva a lugar nenhum", disse. "Ninguém se inscreveu como pré-candidato. O improvável acontece. O improvável não é impossível".
ESTADÃO

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Traficante adota Menino Maluquinho como símbolo e faz estátua dourada do personagem com fuzil


O traficante Celso Pinheiro Pimenta deve o apelido Playboy ao gosto pela ostentação. A exibição de carros importados, motos caras e ouro não fica, porém, restrita aos limites dos morros da Pedreira, do Chaves e da Lagartixa, em Costa Barros, onde comanda a venda de drogas. Playboy, um dos criminosos mais procurados do Rio, usa as redes sociais para difundir sua predileção pela cor dourada. Em num perfil no Facebook, divulga seu símbolo — na verdade, a apropriação e deturpação de um personagem infantil de sucesso: uma estátua do Menino Maluquinho, criação do cartunista Ziraldo, com uma coroa de rei na cabeça e um fuzil de bandido nas costas
.

Segundo a polícia, nos morros onde Playboy comanda o tráfico de drogas há desenhos do Menino Maluquinho pelos muros. O traficante gosta tanto do personagem que mandou confeccionar uma estátua dourada dele. O fuzil e a coroa são cravejados de brilhantes. Na legenda da foto no Facebook, o traficante escreveu, tropeçando na ortografia: “Nem tudo o que relux é ouro”, referindo-se aos adereços do bonequinho.

Em outra postagem mais recente, o traficante mostra um jipe Range Rover importado, avaliado em mais de R$ 200 mil, e motos — uma delas, da marca BMW, está avaliada em cerca de R$ 80 mil. Numa foto, Playboy aparece ao lado do também traficante Jorge Vieira Araújo, o Bebezão. Na maioria das publicações, o criminoso anuncia a realização de bailes funk na Pedreira e menciona que está de “plantão” no Morro do Chaves.

Num dos acessos à comunidade que leva o nome do personagem mexicano, a pintura de um Chaves portando um fuzil AK-47 recepciona moradores com um “Bem-vindo”. Na legenda da imagem no Facebook, o traficante diz: “Chaves tá pesadão de AK”.

Embora carregue em sua ficha registros de homicídio qualificado, tráfico de drogas e roubo, Playboy posa como religioso. Em diversos posts, o traficante pede paz e proteção a Deus. Publica imagens de santos, Jesus Cristo e ainda cita salmos. Numa das publicações, o bandido diz: “Se você não tiver fé no Senhor me desculpe, você não é ninguém”.

Bandido levou 'cano' do Bonde das Maravilhas

Playboy é apontado como um bandido violento e cruel. Ele já está no comando do tráfico na Pedreira há quatro anos. Na noite do último dia 12, o traficante contratou as funkeiras do Bonde das Maravilhas para se apresentarem no baile da Pedreira. Como as meninas não apareceram, o traficante jogou para o público o valor que pagaria de cachê: R$ 5 mil. Depois, ainda fez um discurso dizendo que era o mínimo que poderia fazer pelos presentes.

O bandido já fez parte da quadrilha de Pedro Dom, e coloca a mão na massa quando necessário: o criminoso gosta de participar de grandes assaltos. Sua origem, inclusive, é nos roubos.

EXTRA

terça-feira, 15 de outubro de 2013

É inaceitável a atual dimensão do crime organizado, diz ministro da Justiça

BRASÍLIA - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, considerou como "inaceitável" a atuação e a dimensão do PCC (Primeiro Comando da Capital), com ameaças de atentado contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ataques durante a Copa do Mundo. "É inaceitável que o crime organizado tome essa dimensão, que infelizmente toma, não só no Brasil, mas em vários países do mundo", afirmou Cardozo ao deixar o Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira, 15.
Investigações feitas pelo Ministério Público e pela Polícia Militar e revelados pelo jornal O Estado de S. Paulo resultaram na denúncia de 175 suspeitos de pertencerem à organização criminosa. As apurações mostraram que o PCC já atua em 22 Estados, estende suas atividades para outros países. Indicam também planos de novos ataques e o envolvimento de policiais.
Cardozo afirmou que os órgãos de inteligência estão fechando o cerco ao PCC, mas não indicou novas ações do governo federal no combate à organização criminosa. "Todas as organizações criminosas, claro, têm que ser enfrentadas. Nossos órgãos de inteligência atuam, colhem informações e, evidentemente, nos dão indicações de ações", disse o ministro. "Estamos cada vez mais fechando o cerco naquilo que nós podemos fazer em relação a essas organizações criminosas", acrescentou.
Em novembro do ano passado, o Governo Federal e o governo de São Paulo fecharam um acordo para combater os ataques promovidos pelo PCC contra ônibus e policiais no Estado. Este acordo envolveu a criação de uma agência de inteligência e remoção de líderes do PCC para presídios federais.
"Nós formamos uma agência de inteligência, aprofundamos a troca de informações entre os serviços de inteligência de São Paulo, seja da Polícia de São Paulo, seja do Ministério Público de São Paulo, com a Polícia Federal", disse. "Isso tem dado bons resultados. Inegavelmente, tanto a minha avaliação quanto a avaliação do governo de São Paulo nós temos aprofundado mais esta atuação. Agora, é evidente que nós precisamos cada vez fazer mais", concluiu o ministro. 
ESTADÃO

domingo, 13 de outubro de 2013

‘Irã nuclear’ faz Turquia se abrir a armas atômicas

O governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan pretende capacitar a Turquia para adquirir armas nucleares, caso isso se torne necessário, admitiu um funcionário do primeiro escalão, envolvido diretamente nessa área, a uma fonte ouvida pelo ‘Estado’. A discreta mobilização da Turquia é o primeiro sinal de uma possível corrida nuclear na região, como consequência do programa iraniano.
A empresa China Precision Machinery Import and Export Corp. (CPMIEC), acusada pelos EUA de vender tecnologia nuclear de uso militar para Coreia do Norte, Irã e Síria, recebeu a maior pontuação em uma licitação promovida pela Turquia, para fornecer ao país um sistema de mísseis, orçado em US$ 4 bilhões. O sistema é tecnicamente incompatível com o adotado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança de defesa ocidental liderada pelos EUA e países europeus, da qual a Turquia é membro.
A transação causou nervosismo no governo americano, como duplo indicador de possíveis pretensões nucleares da Turquia e de um distanciamento de Ancara da aliança de 28 membros. "Transmitimos nossas graves preocupações sobre a negociação contratual do governo turco com uma empresa sob sanção dos EUA para um sistema de defesa de mísseis que não será compatível com os sistemas ou capacidades de defesa coletiva da Otan", declarou, no dia 30, a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.
Paralelamente, a Turquia contratou a instalação de duas usinas nucleares, no valor total de US$ 30 bilhões. A primeira será construída pela empresa russa Rosatom - a mesma que fez o reator de Bushehr, no Irã, inaugurado em 2011 -, ao custo de cerca de US$ 8 bilhões, em Mersin Akkuyu, no sul da Turquia. A segunda está a cargo de um consórcio das japonesas Mitsubishi Heavy Industries e Itochu Corporation, com a francesa GDF Suez, e será instalada na cidade de Sinop, na costa do Mar Negro, em investimento estimado em US$ 22 bilhões.
O governo calcula que, quando estiverem operando, em 2023, essas usinas fornecerão 10% da eletricidade consumida na Turquia, um país que não produz petróleo nem gás natural, mas que está rodeado de fornecedores dessas fontes de energia. Erdogan tem evitado um debate sobre o tema no país. De acordo com o cientista político Sahin Alpay, da Universidade Bahcesehir, de Istambul, dois terços dos turcos são contra a energia nuclear por razões de segurança.
Oficialmente, o governo turco afirma que seu programa se destina apenas a suprir a necessidade crescente de energia do país, cuja economia cresceu em média 9% ao ano, em 2010 e 2011, até sofrer uma desaceleração em 2012, quando o índice foi de 2,2%, em razão da crise europeia. A renda média per capita anual quase quadruplicou, de US$ 3 mil para US$ 11mil, desde que Erdogan assumiu em 2002, o que explica, em parte, suas sucessivas reeleições, em 2007 e 2011.
Rivalidade. Desde que o então presidente Mahmoud Ahmadinejad anunciou, com grande alarde, o início do enriquecimento de urânio, em fevereiro de 2006, analistas têm previsto que os principais adversários do Irã na região, a Turquia e a Arábia Saudita, tenderiam a tomar o mesmo rumo.
Embora sejam rivais históricos, a Turquia e o Irã têm boas relações. Em 2010, Erdogan e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentaram mediar uma solução para o impasse criado pelo programa iraniano. A proposta, aceita pelo regime de Teerã, previa que o Irã entregasse à Turquia 1.200 kg de urânio enriquecido a 3,5% (do total de 2.300 kg que o país possuía). A Turquia lhe devolveria, um ano depois, 120 kg enriquecidos a 20%.
Depois de firmar acordo, o Irã anunciou que continuaria enriquecendo urânio até 20%. A proposta foi desprezada pelos EUA e seus aliados europeus. No dia seguinte, a então secretária de Estado Hillary Clinton anunciou ter obtido apoio da China (já tinha o da Rússia) para levar adiante votação de novas sanções contra o Irã no Conselho de Segurança.
O Irã fornece petróleo à Turquia, que lhe presta favores para driblar sanções comerciais e financeiras, observa Sahin Alpay, que na quinta-feira deu uma palestra no Instituto Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo. "A relação é de parceria e, ao mesmo tempo, de competição", definiu. "Um se sente vulnerável perante o outro."
Na guerra civil síria, ambos ficaram de lados opostos. O Irã apoia Bashar Assad, que pertence à minoria alauita, seita próxima à xiita, dominante no Irã. A Turquia apoia a oposição, cuja Coalizão Nacional tem sede em Istambul. Na Turquia, 15% da população pertence à seita alevi, cujo nome, assim como o dos alauitas, deriva de Ali, genro do profeta Maomé, seguido por eles e pelos xiitas. Os alevis, como os alauitas, não obedecem os cinco pilares do Islã. No Irã, 16% da população é da etnia azeri, que ocupa algumas das regiões mais ricas em petróleo do país, e pertence à família túrquica, que tem a mesma origem dos turcos.
E há Israel, a única potência nuclear do Oriente Médio. Depois de gozarem de décadas de boas relações, fincadas sobre as diferenças de ambos diante dos árabes, Israel e Turquia romperam em 2010, depois do ataque israelense a uma força-tarefa naval turca que tentava furar o bloqueio à Faixa de Gaza para levar ajuda aos palestinos.
Em março, pressionado pelo presidente Barack Obama, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, pediu desculpas pelo episódio e os dois países estão discutindo uma indenização pelo ataque, que deixou nove mortos.
Ao assumir, em 2002, Erdogan adotou uma política externa apelidada de "problema zero", de estender as mãos aos vizinhos e evitar tensões. Em grande medida, ele tem sido bem-sucedido. Mas, como mostra a guerra civil na Síria, com a qual a Turquia tinha conseguido superar disputas históricas, essa não é uma região com vocação para "problema zero".
ESTADÃO

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

"Ficarei satisfeito se meu filho continuar na Rússia", diz pai de Edward Snowden

Lon Snowden, pai do ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, Edward Snowden, que revelou uma trama de espionagem de seu país, afirmou nesta quinta-feira que a Rússia é "um dos poucos lugares" onde seu filho pode "se sentir seguro".

Lon, que chegou hoje a Moscou para visitar seu filho refugiado, fez a declaração em um pronunciamento ao vivo para a televisão do país.

"Ficarei completamente satisfeito se meu filho continuar sua vida na Rússia", disse.

Acompanhado do advogado de Edward, Anatoli Kucherena, Lon manifestou sua preocupação com a segurança do filho.

"Eu entendo que há muito interesse, mas pediria que levassem em conta que se trata da segurança de Edward. Entendo que todos queiram saber aonde irão se reunir pai e filho, mas nós temos, antes de tudo, que pensar em sua segurança", disse.

E continuou: "A única coisa em que deveríamos pensar é na questão da segurança. Quando estávamos a caminho (da televisão), éramos seguidos por cinco carros. O que temos que fazer nessa situação?".

Lon Snowden agradeceu ao fundador do Wikileaks, Julian Assange, por tudo o que fez por seu filho desde que teve que fugir de Hong Kong, após revelar a espionagem em massa das comunicações pelos serviços secretos dos EUA, mas disse não saber qual é a relação que Edward tem agora com essa organização.

Kucherena afirmou que preparou "um programa de atividades" para o pai de Snowden, "já que é a primeira vez que vem a Moscou".

"Edward Snowden está bem, estuda russo, e com bastante progresso", disse o advogado.
Acrescentou que ontem lhe deu o livro "Doutor Zhivago", de Boris Pasternak, e várias obras de (Alexander) Solzhenitzin, o dissidente soviético que revelou ao mundo os horrores dos gulags (os campos de concentração) stalinistas.

Lon Snowden aterrissou esta manhã no aeroporto de Sheremetievo, o mesmo em que seu filho permaneceu por cinco semanas sem poder viajar nem sair dali por falta de documentos, antes de receber asilo da Rússia.

"Não tenho certeza se meu filho vai poder voltar algum dia aos Estados Unidos", disse à imprensa após sua chegada.

"Não quero falar de aspectos jurídicos. Isso é assunto para o advogado Kucherena. O que quero é que meu filho esteja seguro e em liberdade", acrescentou.

Edward Snowden chegou a Moscou no dia 23 de junho, em um voo procedente de Hong Kong, após ter revelado a trama de espionagem, mas não pôde seguir viagem para a América Latina, após as ofertas de asilo de países como Bolívia e Venezuela, porque os Estados Unidos cancelaram todos os seus documentos.

Mais de um mês depois, obteve asilo por um ano na Rússia, o que gerou uma grave crise diplomática entre Washington e Moscou e levou, inclusive, ao cancelamento por parte do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de uma reunião com seu colega russo, Vladimir Putin.

EFE/FOLHA DE S. PAULO


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Brasil deve anunciar grande descoberta de petróleo em Sergipe



RIO - Autoridades brasileiras pretendem anunciar a descoberta de uma gigantesca reserva de petróleo no mar, situada perto do Estado de Sergipe, nas próximas semanas, no que poderia ser a maior do país fora da grande região do "pré-sal", informou o governo estadual.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, vai "anunciar oficialmente a descoberta" durante uma visita à capital do Estado, Aracaju, disse à Reuters um porta-voz do governador em exercício, Jackson Barreto, nesta quinta-feira.
Uma campanha exploratória na costa de Sergipe mostra que uma área controlada pela Petrobrás e um parceiro indiano possivelmente possui mais de 1 bilhão de barris de petróleo, disseram à Reuters fontes do governo e da indústria, em reportagem publicada no dia 26 de setembro.
Esse volume é mais do que suficiente para suprir todas as necessidades de petróleo dos Estados Unidos, o maior consumidor de petróleo do mundo, por quase dois meses.
"Lobão aceitou o convite do governador para viajar para Aracaju no dia 23 de outubro" disse o governo de Sergipe em um comunicado. "Naquele dia, de acordo com o governador, a maior descoberta de petróleo em 2013 será anunciada oficialmente".
O Ministério de Minas e Energia do Brasil confirmou que Lobão está com viagem programada para ir para Aracaju em 23 de outubro. A pasta se recusou a informar a razão para a sua viagem.
A Petrobrás se recusou a confirmar o tamanho da descoberta. Mas a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, chamou de "uma bela descoberta" em uma entrevista coletiva em 27 de setembro.
Ela disse que a empresa planeja produzir pelo menos 100 mil barris por dia a partir de campos offshore de águas profundas em Sergipe, a partir de 2018.
A Petrobrás, operadora do SEAL-11, é dona de 60% do bloco, e a indiana IBV detém o restante.
Fontes da indústria e do governo disseram anteriormente à Reuters que o bloco SEAL-11 e as áreas adjacentes podem conter mais de 3 bilhões de barris de petróleo in situ, um termo que inclui recursos irrecuperáveis, bem como o petróleo que pode ser economicamente produzido.
Essa quantidade pode ser suficiente para permitir a produção de cerca de 1 bilhão de barris, de acordo com fontes da indústria brasileira, com base em taxas de recuperação da indústria local.
Barreto está substituindo o governador em Sergipe, Marcelo Deda, que está em licença médica.
ESTADÃO