domingo, 31 de maio de 2015

NA CRISE DA FIFA, HÁ TAMBÉM OS INTERESSES OCULTOS DOS EUA

Daniel Lisboa
John Shulman, que estudou direito em Harvard, fala sobre o escândalo na Fifa Do UOL

“Eu estou chocado, você não está?”, diz John Shulman ao atender a reportagem do UOL. Ele tem uma opinião diferente sobre o envolvimento dos Estados Unidos no escândalo da FIFA. 

Professor convidado da Fundação Dom Cabral, especialista em mediação de negociações, cofundador do Centro para a Negociação e a Justiça dos EUA, e formado em direito pela Universidade de Harvard, ele acredita que a intervenção “não teve cunho legal, mas geopolítico”.

“Com essa ação, os EUA enviam dois recados. Para o mundo, o de que o nosso sistema legal pode te pegar se você estiver fazendo algo errado. Internamente, mostramos que tomamos a iniciativa de resolver a corrupção dos outros”, diz o professor.

E John entende tanto de geopolítica quanto de futebol.

 Seu currículo de mediador inclui diversos trabalhos ao redor do mundo, incluindo no Oriente Médio, na Índia e em Ruanda. 

Sobre o “soccer”, uma curiosidade: o hoje professor já jogou profissionalmente na Índia, onde, segundo ele, foi o primeiro jogador ocidental por aquelas bandas.

PRIMEIRA PÁGINA

“Os Estados Unidos nunca deram a menor bola para o futebol. De repente, pela primeira vez na história, o The New York Times vem com a primeira página inteira falando do assunto. Aí eu me pergunto: por quê?”, questiona John. 

Para o professor, há vários pontos obscuros no envolvimento americano. “A logística de uma operação internacional deste porte simplesmente não vale a pena. Até porque não há um número de vítimas nos EUA que justifiquem tamanha mobilização”, argumenta ele. “Há empresas nos EUA muito mais corruptas do que a FIFA, pode ter certeza”, crava o especialista.

“Para mim, trata-se claramente do seguinte: são os EUA mobilizando seu aparato legal interno em prol de questões geopolíticas.

 No caso, para colocar pressão na Rússia (sede da Copa de 2018), com quem o país tem tido problemas recentemente, e no Qatar (sede da Copa de 2022), onde também existem questões geopolíticas”.

FORA DO ALCANCE

John cita ainda a chance para os EUA desestruturarem uma organização que, corrupta ou não, tem tentáculos de poder que fogem ao seu alcance. 

 “A ONU está presente em vários países, mas os EUA têm poder sobre ela. Isso não acontece com a FIFA, o que causa uma ruptura da hegemonia americana”.

Quer dizer, se você está feliz que alguém finalmente tomou a iniciativa de enquadrar a FIFA, comemore com moderação. “É claro que a FIFA é corrupta. Todo mundo sabe disso. Mas os EUA não estão fazendo isso pelo bem do futebol”, completa John.

Tribuna da Internet

sábado, 30 de maio de 2015

RECEITA NÃO CONSEGUIU IDENTIFICAR 1.129 NOMES EM CONTAS DO HSBC

Deu na Agência Brasil
 
A Receita Federal identificou a existência de 5.581 contas, ativas e inativas, de brasileiros no Banco HSBC da Suíça.

 Desse total, 1.702 apresentavam saldo ao final de 2006, somando aproximadamente US$ 5,4 bilhões.

Com base na lista de titulares das contas, a Receita Federal está cruzando as informações do CPF com suas bases de dados para a identificação de contribuintes com indícios de evasão fiscal entre 2011 e 2014.

 O Fisco pediu ainda ao Banco Central e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informações sobre um primeiro conjunto de registros para buscar indícios de crimes contra o sistema financeiro e de lavagem de dinheiro.

Dentre os CPF já identificados pela Receita, há 736 contribuintes falecidos. Entre os vivos, 264 são estrangeiros, 263 com CPF suspenso, 97 com o documento cancelado, 15 pendentes de regularização e 1 com CPF nulo.

 O órgão arrecadador descobriu ainda 1.942 contribuintes com mais de 70 anos. O Fisco não conseguiu identificar 1.129 nomes.

A investigação ocorre com base em arquivos eletrônicos enviados pela administração tributária francesa. Com sede em Paris, a Direction Générale des Finances Publiques repassou ao Brasil 8.732 arquivos eletrônicos, cada um supostamente com o perfil de um cliente brasileiro do banco suíço. 

Até agora, 7.359 perfis foram verificados.

 Como há casos de uma mesma pessoa com múltiplos perfis de cliente, o número efetivo de titulares é menor.

Com base nas informações colhidas até agora, a Receita pretende identificar eventuais herdeiros dos 736 contribuintes falecidos, analisar vínculos entre contribuintes identificados para encontrar grupos de correntistas relacionados ou ligações entre pessoas físicas e jurídicas.

 Os casos mais graves identificados pelo Fisco, Banco Central e Coaf terão a investigação aprofundada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.

Tribuna da Internet

TAXAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS SERIA UM GRAVE ERRO

Percival Puggina

Escrevo este artigo em defesa de meus interesses próprios. Não, não me entenda mal. Não tenho fortuna grande, nem média, nem pequena.

 Minha fortuna é minha família, são meus amigos, meus leitores, minha fé e meus valores imateriais. 

Mas considero que defendo interesses próprios, como cidadão brasileiro, quando reprovo a taxação das grandes fortunas, como qualquer aumento de impostos, porque essa é uma ideia de jerico. 

Dela sequer se pode dizer que vem embalada nos ideais do igualitarismo. 

Não no nosso caso. 

Não na concepção mau caráter que lhe deu origem.

O ideal do igualitarismo, é bom esclarecer, já produziu desastres em proporções suficientes para que se saiba o que acontece quando deixa de ser ideal e vira prática. 

No caso brasileiro, porém, a taxação das grandes fortunas não representaria isso.

 Tampouco significaria um pouco mais do mesmo, ou seja, ampliação da política atual, que confunde donativo com renda e que, por isso, não consegue gerar progresso social.

O governo brasileiro não resolve o problema da Educação dos segmentos de baixa renda, não lhes proporciona adequado saneamento básico nem atenção à saúde e não cria condições para que esses recursos humanos se habilitem às atividades produtivas.

 Todos se tornam, cada vez mais, dependentes do Estado, o que é a segunda pior situação possível.

SALVAR O ESTADO

A taxação das grandes fortunas, no Brasil, seria um caso inédito. Foi pensada agora, num momento de crise fiscal pela qual não precisaríamos estar passando não houvesse, a ganância pelo poder, gerado imperdoável prodigalidade do governo no uso do dinheiro que abusivamente nos toma.

 Em linguagem simples, sem pedaladas retóricas, a taxação dos mais ricos viria para salvar o Estado da escassez de recursos a que ele mesmo se conduziu.

 Algo assim só pode parecer razoável a dois tipos de pessoas: os amigos leais do Estado perdulário e os fanáticos do igualitarismo.

Há um erro imenso em atribuir a pobreza dos pobres à riqueza dos ricos, ou vice-versa. Essa é uma ideia desorientadora, que prejudica aqueles a quem pretende ajudar. Os pobres não são pobres por causa dos ricos.

 Eles são pobres por causa do Estado, são pobres porque não há concentração maior de renda do que a promovida pelo Estado quando fica com quase 40% de tudo que se produz no país!

 E, apesar dessa monstruosa expropriação, não só rouba e se deixa roubar, mas se omite em relação às políticas e ações que poderiam promover desenvolvimento social nas populações de baixa renda.

 O Estado não deveria “cuidar das pessoas”, mas deveria, isto sim, proporcionar condições para as pessoas cuidarem bem de si mesmas.

Precisamos das grandes fortunas. 

Elas viram poupança, investimento, postos de trabalho, consumo (inclusive sofisticado, claro) e tributos. 

Pegar esse dinheiro e entregá-lo à gestão do Estado é uma operação absolutamente contraprodutiva: tira-o de quem o faz produzir para entregá-lo a quem só sabe gastar.

Tribuna da Internet

sexta-feira, 29 de maio de 2015

FIESP AVISA QUE O PIB CAIRÁ AINDA MAIS NO SEGUNDO TRIMESTRE

Bruno Bocchini Agência Brasil
 
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) informou, por meio de nota, não ter sido surpreendida com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, divulgado hoje (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 A entidade estimou que a economia do país deverá recuar ainda mais no segundo trimestre, com o PIB devendo fechar o ano com uma redução de 2% e a indústria com 5%.

“Os dados do IBGE confirmam o que nós já sabíamos.

 O primeiro trimestre foi ruim, mas o mais grave é que a situação não para de piorar. Os indicadores do segundo trimestre, tanto do IBGE quanto da Fiesp, mostram um agravamento da retração”, disse, em nota, o presidente da Fiesp e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Paulo Skaf.

FORTE RETRAÇÃO

Os dados das Contas Nacionais Trimestrais, divulgados esta manhã pelo IBGE, mostram que no primeiro trimestre deste ano o PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país, registrou uma redução de 0,2% na comparação com o trimestre anterior (outubro, novembro e dezembro de 2014), quando a economia cresceu 0,3%. Nos três primeiros meses deste ano, o PIB ficou em R$ 1,4 trilhão.

Os dados mostram ainda que, quando comparado com o primeiro trimestre de 2014, o PIB do primeiro trimestre deste ano caiu 1,6%, a maior redução desde o segundo trimestre de 2009 (-2,3%).

 Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto acumula queda de 0,9% em 12 meses.

“Nesse cenário de forte retração, o governo ainda defende o aumento da arrecadação sobre a indústria, ampliando em 150% a alíquota de contribuição previdenciária sobre o faturamento.

 A necessidade do ajuste fiscal é inquestionável, mas o governo tem que fazê-lo a partir do corte dos seus gastos, e não do aumento dos impostos para a sociedade”, destaca ainda a nota da Fiesp.

Tribuna da Internet

POR UMA OPERAÇÃO LAVA-JATO NA CBF

Bernardo Mello Franco
Folha
 
Depois do 7 a 1 para a Alemanha, o Brasil levou uma nova goleada dos Estados Unidos e da Suíça. Os dois países, que nunca ganharam a Copa do Mundo, merecem uma medalha pela prisão de José Maria Marin.

 Talvez a encontrem no bolso do cartola, que já foi flagrado surrupiando premiações de jogadores.

A devassa na Fifa precisa ser o pontapé inicial de uma investigação séria dos desmandos no futebol brasileiro.

 É hora de deflagrar uma Lava Jato da bola, começando pelos negócios suspeitos da CBF e pelas obras bilionárias do Mundial de 2014.

A apuração não pode se restringir à triste figura de Marin, um viúvo da ditadura militar que ressurgiu das cinzas como boleiro.

 Ele é indissociável do antecessor, Ricardo Teixeira, e do sucessor, Marco Polo Del Nero.
Quando o novo escândalo estourou, a CBF soltou uma nota tentando se desvincular de Marin.

 Não convenceu nem Dona Lúcia, a velhinha que acreditava no Felipão. 

Além de batizar a sede da entidade, o cartola preso é seu atual primeiro vice-presidente e substituto imediato de Del Nero.

 O segundo é Fernando Sarney, filho de quem o sobrenome indica.

MAIS UMA CPI

Por muitos anos, o discurso de que a CBF é privada foi usado para barrar a investigação de seus dribles na lei.

 A tese omite que a confederação se mantém intocável graças à proximidade com os políticos.

 Hoje sua diretoria abriga dois deputados, Marcelo Aro (PHS-MG) e Vicente Cândido (PT-SP), que tentam derrubar as medidas saneadoras da MP do Futebol.

O senador Romário (PSB-RJ) quer criar uma CPI sobre o novo escândalo. 

 A ideia é oportuna, mas não deve substituir outras ações na esfera judicial. 

Como mostrou o FBI em Zurique, as coisas só vão mudar se a Polícia Federal e o Ministério Público também entrarem no jogo.

###

PS –
A manobra para ressuscitar as doações privadas lembrou quem realmente manda na Câmara: as empresas que financiam as campanhas.

Tribuna da Internet

QUASE 100 ANOS DEPOIS, NOSSA POLÍTICA NÃO MUDOU NADA

Acílio Lara Resende
Revolta da Vacina O Tempo
 
No momento em que o país passa por inúmeros e gravíssimos problemas, veio-me às mãos, por gentil obséquio do meu amigo Ronaldo Macedo, o livro do escritor mineiro Jorge Azevedo “Eles Deixaram Saudade”. 

Detive-me num soneto, nele transcrito, do poeta, jornalista e romancista cearense (publicou um só romance) Antônio Sales (1868-1940), amigo de Machado de Assis; ajudou-o a fundar a Academia Brasileira de Letras, mas, por não ser bom orador, se negou a fazer parte dela.
O soneto se refere ao governo de Arthur Bernardes (de 15.11.1922 a 15.11.1926) ou Washington Luís (de 15.11.1926 a 15.11.1930):

“Este país vai todo em polvorosa.  
A anarquia por toda parte impera.  
A lei sucumbe, inerente e dolorosa.

A tirania, estúpida, prospera.

Da traição medra a planta venenosa,

a semente dos ódios prolifera,

a dilapidação campeia e goza

das vacas gordas a ditosa era…

As eleições são conto do vigário,

couro e cabelo tira-nos o erário,

geme a lavoura, os bancos não têm fundos…

Mas, para consolar-nos desse inferno,

brevemente, a mensagem do governo

dirá que estamos no melhor dos 

mundos.

O que flagrou o poeta há 90 anos é quase nada diante do que vivemos hoje – o completo abastardamento da política brasileira.

 Uma calamidade!

Tribuna da Internet

TV GLOBO DIZ QUE NÃO SABIA DE NADA E A MÍDIA NÃO ESTÁ ENVOLVIDA

Nelson de Sá
Folha
 
A Rede Globo, através de seus telejornais, vem registrando alguns pontos em que a investigação do escândalo da Fifa poderá se refletir na própria emissora.

Anota, como no “Jornal da Globo” desta quarta (29), que “não pesam acusações ou suspeitas sobre as empresas de mídia de todo o mundo que compraram desses intermediários os direitos de transmissão”, caso da Globo.

 Ou, já em versão enxuta no “Bom Dia Brasil” e “Hoje” de quinta, “sobre essas empresas de mídia não pesam acusações ou suspeitas”.

Em breve editorial lido por William Bonner no “Jornal Nacional” de quarta, citou-se a si mesma: “A TV Globo, que compra os direitos de muitas dessas competições, só tem a desejar que as investigações cheguem a bom termo e que o ambiente de negócios do futebol seja honesto”.

E Bonner completou: “Isso só vai trazer benefícios ao público, que é apaixonado por esse esporte, e às emissoras do mundo todo que, como a Globo, fazem esforço enorme para satisfazer essa paixão”.

UMA DAS AFILIADAS

A emissora também citou a si mesma, de passagem, ao tratar de José Hawilla, pivô do escândalo na América Latina, no “JG” e no “BDB”: “Hawilla também é acionista da TV TEM, uma das afiliadas da TV Globo”.

A relação com Hawilla é mais extensa do que pode parecer, não só pela aquisição dos direitos de transmissão e pela TV TEM, mas em outros negócios.

No caso da TV TEM, trata-se da maior rede de afiliadas da Globo no interior paulista, em extensão, cobrindo metade do Estado, com base em cidades como São José do Rio Preto e Sorocaba e canais adquiridos junto à própria Globo, 12 anos atrás.

COMO A BAND…

Tem um faturamento anual de cerca de US$ 300 milhões, segundo estimativas de mercado, aproximando-se de redes nacionais como a Band.

Como Hawilla declarou em entrevistas à época da criação da rede, a Globo foi sua sócia da TV TEM, com 10% do negócio, ao menos nos primeiros anos.

Entre outros negócios, o vínculo da Globo com Hawilla se estende à própria programação nacional da rede.

A produtora TV 7, que é parte da Traffic do empresário, realiza entre outros programas o “Auto Esporte” e o “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”. 

Ambas as atrações são transmitidas aos domingos pela Rede Globo.

Tribuna da Internet

TEMOS UM GOVERNO QUE NÃO APRENDE COM OS PRÓPRIOS ERROS

Wagner Pires
 
Causada pelo excesso de despesa pública capitaneada pelos repasses ao BNDES, na tentativa frustrada de ativar a economia (política errônea em que a presidente Dilma Rousseff ainda teima, insistindo com o repasse de mais R$ 30 bilhões ao banco), a recessão econômica fez o mercado de trabalho entrar em um círculo vicioso e pernicioso.

 As demissões ou o fechamento massivo de postos de trabalho pelas empresas, que correm para cortar custos ou que, sucumbindo ao arrocho econômico, fecham suas portas, fazem com que haja uma super-oferta de mão de obra.

Esta oferta excessiva desencadeia a quebra da capacidade dos trabalhadores que permanecem em seus postos de pleitear reajustes. 

Na verdade, dá aos empregadores a capacidade de comprimir os salários, através da opção pela substituição do cargo por outro trabalhador com menor remuneração.

Vê-se assim que a recessão desencadeia um processo de compressão salarial. 

Isso corrobora ainda mais com a redução da massa salarial disponível na economia e já combalida com milhares de demissões desencadeadas pela recessão.

BNDES TEM MAIS 30 BILHÕES

O fato de Dilma continuar com as transferências de recursos do Tesouro para o BNDES, via crescimento do endividamento público, não melhora a economia, pelo contrário.

 Traria resultado se a taxa de juros básica administrada pelo Banco Central estivesse dando vantagem aos investimentos na economia real e não em títulos do governo, em títulos de renda fixa.

Desta maneira, o “modus operandi” deste governo, que se pautou pelo excesso de liquidez dado pelo festival de despesas públicas, vai ganhando sobrevida através desses repasses ao BNDES, o que nos permite afirmar que tal ação vai dificultar ainda mais a vida do Banco Central no controle inflacionário.

Ou seja, o Banco Central será obrigado a continuar com o movimento de alta da taxa Selic e retardará a reversão do processo recessivo em que nos encontramos. 

Recessão a que o próprio governo de Dilma nos empurrou, é preciso deixar claro.

Podemos, então, afirmar que é um governo que não aprende com os próprios erros, pois os governantes não refletem sobre os fatos econômicos, por mais claros e evidentes que eles sejam.

Tribuna da Internet

DILMA ESTÁ FAZENDO UM HARAQUIRI FISCAL

João Gualberto Jr.
O Tempo
 
A canetadas, Dilma pode estar cavando a cova do próprio partido. E o pior: para sepultar, inclusive, o legado pelo qual o PT reivindica ser responsável.

 Desde que chegou lá, em 2003, Lula deixou claro qual parcela da população deveria ser o alvo prioritário das políticas de Estado: os mais pobres.

Por meio do estímulo de políticas desenvolvimentistas, o desemprego caiu, a miséria quase se extinguiu, ampliou-se o consumo por uma classe média inflada, e o acesso à educação demonstrou-se a caminho da universalidade.

 Foi esse estado de premente transformação que garantiu três reeleições do PT, apesar dos vários escândalos no caminho e do empenho diuturno de nossa fatia aristocrata (de fato ou pseudo) e exclusivista em tentar, em vão, obscurecer a face real da mudança social em curso.

Pois o ciclo petista no Planalto atinge um estágio especial imediatamente após a reeleição de Dilma. 

O desemprego cresce, bate em nossas portas, e os índices de inflação resistem, vão superar o teto da meta apesar das elevações da taxa Selic mês a mês – o que confirma a tese de que há formas mais eficazes de se praticar política monetária contracionista em cenários de estagnação ou recessão.

SEM CONSUMO

Fato é que a baliza mestra do lulismo, a inclusão pelo consumo, trincou-se. O povo anda com dinheiro curto, com crédito mais caro na praça, e quem tem emprego percebe que é o momento de lutar para mantê-lo. O governo petista está perdendo, portanto, o público cativo que provou e aprovou seu “modus”. Perdendo essa massa, que armas restarão para Lula, Dilma e o PT contra uma crise de sete cabeças?

Qual o próximo capítulo?

 A retração nas políticas sociais. 

Dilma e os ministros garantem que não, que o ajuste fiscal é implementado justamente para garantir o orçamento das ações de transferência de renda. Mas alguém ainda acredita no que ela diz?

A presidente cantou o valor de R$ 70 bilhões para contingenciamento nos ministérios, sendo esse outro nome para arrocho. 

O Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, é exemplo de iniciativa que não sairá ilesa do facão. Trata-se de um programa com força para fazer girar um segmento poderoso e multiplicador da economia, que gera uma cadeia de empregos formais, especialmente para trabalhadores menos capacitados. 

A próxima sequela recairá sobre o Bolsa Família? Quem garante que não?

SOBRAM BANANAS

Dilma, Levy, Barbosa, Mercadante e cia. perpetuam a velha sina dos países em desenvolvimento, ou subdesenvolvidos: quando seu povo mais precisa do Estado é quando o Estado mais se nega a atendê-lo.

 Duro é saber que, ainda hoje, há muito mérito próprio retratado nos desmandos que acorrentam nosso país a seu fado histórico.

Dependente desde sempre de vender suas bananas ao mundo, o Brasil entra em recessão quando sobram bananas, ou porque a safra foi inesperadamente boa, ou porque se enjoou delas no hemisfério Norte. 

O resultado é que as políticas sociais, financiadas pela venda de nossas bananas, não se expandem ou retraem em contrafluxo ao andamento desse comércio internacional, como deveriam.

Tribuna da Internet

DIZER QUE TEM ÓDIO DE POLÍTICA NÃO ADIANTA NADA

Luiz Tito
O Tempo
 
Descia no elevador de um prédio comercial no centro de Belo Horizonte. Na mesma viagem, estavam jovens que aparentavam ter entre 20 e 25 anos, falantes e risonhas. 

O ascensorista só olhava e ouvia, cuidando para que o trajeto consumisse o tempo suficiente para que ele se inteirasse do assunto das moças. Um monitor de TV no elevador expunha slides de propaganda e ainda trazia o ocorrido no dia. 

Eis que aparece a presidente Dilma falando sobre os cortes que sua tesoura operará no orçamento.
De uma das jovens, em alto e bom som, partiu sua avaliação do momento da economia brasileira, com impressionante delicadeza: “essa vaca ainda vai tomar meu emprego; por isso que eu detesto política”.

Essa é a dimensão que o cidadão comum tem do momento brasileiro. 

Importam o emprego, o vale-transporte, a mensalidade da escola, o aluguel ou a prestação da Caixa, a compra do supermercado, o consórcio da moto ou do carro, a escova progressiva, a balada no fim de semana. É justo.

PRIMEIRA PARADA

O cidadão é a primeira parada do arrocho. É ele que está na linha de tiro, que vai pagar pela irresponsabilidade do gestor público que corrompe, que inverte as opções, que troca a nomeação de parentes-assessores por cargos necessários para que a educação, a saúde, a segurança aconteçam como uma prestação obrigatória do Estado. 

É ele que pagará a conta se o seu prefeito preferir custear, com milhões de reais, uma escola de samba do Rio. Tudo para que leve o nome do município no próximo Carnaval. 

Enquanto isso, na mesma cidade, faltam medicamentos nos postos de saúde, falta merenda nas escolas e as contas da prefeitura seguem atrasadas, definhando servidores e fornecedores. Isso não é apenas uma suposição. É fato e foi cogitado numa cidade da Grande Belo Horizonte. O assunto, mesmo polêmico, não está sepultado. Pode acontecer. O cidadão paga também a farra das câmaras municipais, com vereadores sentados em gabinetes inchados de apadrinhados, inservíveis quase todos.

ORGIA CUSTEADA

Os legislativos pontualmente decotam do orçamento de todos os municípios até 5% de suas receitas líquidas para custear essa orgia. As assembleias estaduais, a Câmara dos Deputados e o Senado têm o mesmo tratamento: chova ou faça sol, receberão sempre sua grana, terão abastecidos seus carros, pagas todas as verbas parlamentares, de gasolina à moradia, passando pela contratação de assessores que lá nunca vão.
Esse mesmo cidadão – que tem ódio de política – paga com sua omissão, permitindo que tudo isso ocorra e nunca mude. 

A política, gostemos ou não, é o único espaço onde pode o cidadão discutir o seu trabalho, pode brigar pela construção de políticas públicas, pode exigir a contraprestação do poder público aos impostos que se arrecadam. Não participar, escolher mal, ter ódio de política é o caminho natural para se chegar a lugar nenhum. É preciso mudar o destino dessa viagem.

Tribuna da Internet

quinta-feira, 28 de maio de 2015

ESQUEMA DA CBF TINHA PROPINAS PAGAS POR HAWILLA E KLEBER

Fabiano Maisonnave, Bernardo Itri, Marcel Rizzo e Rafael Reis

Folha
 
As investigações do Departamento de Justiça dos EUA sobre a corrupção no futebol indicam que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, dividiu propinas recebidas pela exploração comercial da Copa do Brasil (torneio disputado desde 1989 e disputado pelos principais clubes do país) com Ricardo Teixeira (também ex) e Marco Polo Del Nero (atual presidente da CBF).

Em reunião no ano passado com o presidente da Traffic, J. Hawilla, Marin, então presidente da CBF, sugeriu que a propina que vinha sendo compartilhada com o antecessor, Ricardo Teixeira, deveria ser paga apenas a ele e a Del Nero, segundo a investigação norte-americana.

A conversa teria ocorrido em abril do ano passado, durante viagem de Marin a Miami (EUA). O assunto era o pagamento de propinas para ele e para o “coconspirador 12″ (menção a um integrante do esquema), referente à Copa do Brasil, cujos direitos comerciais eram cedidos à Traffic. Esse esquema existiria desde 1990.

TEIXEIRA DE FORA

“Em determinado momento, quando o coconspirador 2 [Hawilla] perguntou se era realmente necessário continuar pagando propinas para seu antecessor na presidência da CBF, Marin disse: ‘Está na hora de vir na nossa direção. Verdade ou não?’.

O coconspirador 2 concordou dizendo: “Claro, claro, claro. Esse dinheiro tinha de ser dado a você [ou vocês]’. Marin concordou: “É isso”.

Antes desta reunião, porém, a investigação dos EUA aponta que Hawilla concordou em dividir a propina entre Marin e os coconspiradores 11 e 12.

Segundo a Justiça americana, neste processo, tanto o coconspirador 11 quanto o 12 são descritos como altos executivos da CBF, da Conmebol e da Fifa. Só Teixeira e Del Nero se encaixam no perfil.

“COCONSPIRADOR”

O termo “coconspirador” é usado nos textos do Departamento de Estado para pessoas não acusadas formalmente ou para preservar a origem de informações.

Procurada pela Folha, a CBF informou que tinha conhecimento do teor da acusação, mas que não se pronunciaria sobre o assunto.

No início do esquema, em 1990, a propina era paga a Teixeira, que aparece na acusação como “coconspirador 11″. A partir de 2012, Marin e Del Nero assumem respectivamente a presidência e a vice-presidência da CBF e passam a exigir parte da propina, sempre de acordo com a investigação dos EUA.

A peça acusatória afirma que, desde 2012, o valor da propina seria de R$ 2 milhões por ano até 2022, dividida entre os três cartolas. O custo do suborno seria arcado em partes iguais pela Traffic e a Klefer, do ex-presidente do Flamengo Kleber Leite, empresa que passou a compartilhar os direitos da Copa do Brasil.

TRANSFERÊNCIAS

O Departamento de Justiça não informou o valor pago entre 1990 e 2012, mas identificou duas transferências bancárias feitas a partir dos Estados Unidos em 2013.

A primeira, de US$ 500 mil, foi feita pela Klefer (identificada como companhia de marketing esportivo B) para a conta em Londres de um fabricante de iates de luxo.

A segunda transferência (US$ 450 mil), feita alguns dias depois, saiu de conta da Traffic em Miami para conta da Klefer em Nova York. 

Na tarde desta quarta (27), a PF realizou operação na sede da Klefer, no Rio. Procurada por telefone, funcionária da Klefer disse que empresa não comentaria o episódio.

Tribuna da Internet

GOVERNO BRASILEIRO, FIFA E CBF TRABALHANDO JUNTOS, QUERIAM O QUÊ?

Percival Puggina
 
“As penas para os acusados podem chegar a até 20 anos de cadeia, mas depende de cada um dos acusados. Vamos ver cada investigação caso a caso para ver a possível pena para cada indivíduo”, afirmou Loretta Lynch, secretária de Justiça dos EUA. 

O ato, de anúncio das investigações, que contou com a presença do promotor federal de Nova Iorque, Kelly Currie ocupou o noticiário nacional e internacional na quarta-feira e continua hoje.

Duvido que algum brasileiro medianamente informado tivesse algum dia sequer, por cinco minutos que fosse, imaginado que a Copa de 2014 foi um negócio correto, transparente e que as informações divulgadas sobre o evento fossem verdadeiras. Exceção? Talvez o placar de cada jogo. E nada mais.

Se um evento dessa magnitude, reconhecidamente um dos piores negócios feitos com o nosso dinheiro, teve comando da FIFA, influência da CBF e do governo do Brasil, poderíamos esperar algo diferente? Nem em sonhos.

As prisões realizadas e as declarações formais das autoridades norte-americanas, que já enviaram comunicados formas aos autoridades brasileiras, devem estar tirando o sono de muita gente.

Tribuna da Internet

quarta-feira, 27 de maio de 2015

FIFA: J. HAWILLA, RÉU CONFESSO, VAI DEVOLVER US$ 150 MILHÕES

Da BBC Brasil

Além do ex-presidente da CBF José Maria Marin, de 83 anos, outros dois brasileiros são citados pela Justiça norte-americana no escândalo de corrupção entre a Fifa e empresas de marketing e transmissão esportiva.

O mais conhecido deles é o réu confesso José Hawilla, de 71 anos, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, que tem os direitos de transmissão, patrocínio e promoção de campeonatos de futebol e jogadores, além de empresas de comunicação no Brasil.

O departamento de Justiça revelou que J. Hawilla, como prefere ser chamado, teria confessado culpa, em dezembro do ano passado, por acusações de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça – ele é o único brasileiro entre os réus confessos declarados culpados pela Justiça dos EUA.

O caso envolvendo Hawilla, uma das figuras mais proeminentes do futebol nacional, só veio a público na manhã desta quarta-feira, com a divulgação da nota do departamento de Justiça, onde aparece com destaque.

JÁ PAGOU US$ 25 MILHÕES

Segundo a nota do governo dos EUA, o executivo teria concordado com o confisco de US$ 151 milhões de seu patrimônio – US$ 25 milhões deste total já teriam sido pagos no momento da confissão. O mandatário da Traffic já foi classificado diversas vezes pela imprensa nacional como “dono do futebol brasileiro”.

De acordo com reportagens publicadas pela imprensa brasileira nos últimos 10 anos, estima-se que o faturamento anual da empresa de J. Hawilla, que começou a carreira profissional como vendedor de cachorros-quentes, gire em torno de US$ 500 milhões.

O Departamento de Justiça americano indiciou 14 pessoas por fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha: nove dirigentes da Fifa e cinco executivos de empresas ligadas ao futebol.

O grupo é acusado de armar um esquema de corrupção com propinas de pelo menos US$ 150 milhões de dólares (mais de R$ 470 milhões), que existe há pelo menos 24 anos.

CORRUPÇÃO DESENFREADA

“O indiciamento sugere que a corrupção é desenfreada, sistêmica e tem raízes profundas tanto no exterior como aqui nos Estados Unidos”, disse a procuradora-geral Loretta Lynch. “Essa corrupção começou há pelo menos duas gerações de executivos do futebol que, supostamente, abusaram de suas posições de confiança para obter milhões de dólares em subornos e propina”.

A nota divulgada pela Justiça americana afirma ainda que investiga suposto pagamento e recebimento de suborno e propina em um acordo de patrocínio “da CBF com uma grande fabricantes de roupas esportivas dos EUA”, na seleção do país anfitrião da Copa do Mundo de 2010 e nas eleições presidenciais da FIFA em 2011.
“Que fique claro: este não é o último capítulo na nossa investigação”, disse o procurador americano Kelly T. Currie, durante o anúncio dos envolvidos no esquema de corrupção.

A empresa de J. Hawilla é a atual responsável pelos direitos de torneios como a Copa Libertadores, passes de jogadores como o argentino Conca e o brasileiro Hernanes, dona de times como o Estoril Praia, de Portugal, e pelas vendas de camarotes do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, em São Paulo.

A Traffic teve exclusividade na comercialização de direitos internacionais de TV da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014. O empresário brasileiro também foi o responsável pelo contrato celebrado em 1996 entre a Nike e a seleção brasileira – alvo de uma CPI, encerrada em junho de 2001 sem desdobramentos práticos.
Em 2008, J. Hawilla foi eleito o 56º homem mais influente do futebol mundial pela revista britânica World Soccer.

MARIN E MARGULIES

José Maria Marin, presidente da CBF até o mês passado, é outro brasileiro entre os detidos pela polícia americana. Aos 83 anos, tem fama de ter subido na carreira por ser “o homem certo no lugar certo”.

O terceiro brasileiro investigado pelo FBI é José Margulies, de 75 anos, proprietário das empresas Valente Corp. e Somerton Ltd., ambas ligadas a transmissões esportivas.

Segundo o departamento de Justiça, Margulies supostamente atuou como intermediário para facilitar pagamentos ilegais entre executivos de marketing esportivo e autoridades do futebol.
Margulies aparece na lista dos acusados pela Justiça americana – que inclui outras nove pessoas, mas não traz mais informações sobre os desdobramentos práticos das acusações.

Tribuna da Internet