sábado, 27 de fevereiro de 2016

O Brasil está parado, é preciso dar um basta a esta situação

João Amaury Belem


De fato, há atualmente uma movimentação política em que de um lado estão aqueles que almejam o impeachment da presidente da República e do outro aqueles que não querem o que haja este desfecho. E com isso o país está parado desde o ano passado, ou seja, o ano de 2015 terminou sem nem ter começado.

É preciso que se diga: aqueles que são a favor do impeachment certamente não estão contra a Democracia no Brasil, a não ser contra induvidosamente os corruptos, os ladrões e os deslavados aproveitadores de toda espécie que infestam esta nação.

Como seria tudo mais fácil se cada cidadão brasileiro cumprisse as nossas leis e defendesse com todo o rigor a Constituição Federal, pois a norma que consta no seu artigo 37 impõe que “a administração Pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.

Lamentavelmente, nos últimos 14 anos todo o problema dessa nação está centrado em que a coisa pública passou a ser privada. Os escândalos estão sendo noticiados todos os dias nas mídias, a nação brasileira está atolada em um verdadeiro mar de lama.

ESPÍRITO DE JUSTIÇA

Pergunta-se onde está o espírito de justiça? A Política deveria ser a luta pelo Poder visando a criação de melhores condições possíveis para o país, enfim para o povo, ou seja, a busca do bem comum.

Só um lembrete aos navegantes. Roma caiu, porque a sua sociedade apodreceu. Maria Antonieta foi guilhotinada, porque a sociedade francesa também apodreceu. Nicolau II e a família foram fuzilados por causa dos Rasputins. Mas Stalin morreu na cama, por mandar matar todos os seus amigos e inimigos, e o regime da União Soviética ruiu porque a sociedade russa faliu. Será que vamos assistir ao mesmo no Brasil? Será que essa corja de sindicalistas desonestos e vulgares criminosos irá destruir a nação brasileira?

A propósito, brasileiros e brasileiras, sejamos dignos do inolvidável RUI BARBOSA, que asseverou: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Certamente uma corja de sindicalistas desonestos não é maior do que o povo brasileiro. Vamos reagir e salvar a nação! No próximo dia 13, todos às ruas das terras de Vera Cruz.

Tribuna da Internet

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ao aceitar a corrupção, o PT causou a desconstrução da esquerda

Cristovam Buarque


Os constantes noticiários sobre a Lava-Jato têm levado militantes dos partidos do governo a dizerem que está em marcha uma campanha de desconstrução do PT e da imagem do ex-presidente Lula, cujo objetivo seria a desconstrução da esquerda. É até possível que as oposições estejam usando as notícias com esta intenção; mas a desconstrução foi feita pela própria esquerda, contando com a colaboração do Lula, do PT e demais partidos de apoio ao governo.

A desconstrução da esquerda ocorreu por causa da aceitação da corrupção, sob o argumento de que todos a praticam; pela perda do vigor transformador e o consequente acomodamento; a falta de imaginação para formular nossas alternativas para avanço social; a incapacidade para perceber e entender a vertiginosa transformação tecnológica e política no mundo e o desprezo por compromissos programáticos e ideológicos.

A esquerda não foi capaz de entender o pleno significado da queda do Muro de Berlim, do fim do socialismo pela distribuição da produção e o consumo industrial depredador; a consolidação do poder sindical da aristocratização do proletariado em contraposição aos interesses das grandes massas; não entendeu a dimensão da crise que vai além da luta de classes e contesta a própria base da civilização industrial; não tem proposta para a ampliação do bem-estar, combinado com o equilíbrio ecológico; não percebe a força da globalização implantando o livre comércio, quebrando as fronteiras nacionais; nem a realidade da economia atual, onde o principal fator de produção é o conhecimento, não o capital financeiro, nem os recursos naturais.

VORACIDADE PELO PODER

A esquerda desconstruiu-se ao adotar a voracidade pelo poder e seus cargos e privilégios, envenenando os músculos de sua militância por estupidez e imoralidade. Faz parte também deste esforço da autodestruição, a anulação, pela cooptação, dos movimentos sociais como UNE, CUT, MST.

Somado à irresponsabilidade fiscal que provoca a maldade da inflação; o aparelhamento e a má utilização do Estado; a degradação de estatais símbolos da nação, como a Petrobras e os Correios; o desmantelamento do funcionamento do Estado e a desnacionalização do parque produtivo por causa da desvalorização cambial.

No lugar de criar novas utopias, formular novas propostas, a esquerda preferiu cair nos braços do sistema tradicional, reduzindo seus programas a meras transferências de renda já implantadas por governos anteriores; colocou o poder como meta suficiente, não como etapa necessária; aceitou qualquer aliança, desconstruindo a própria imagem.

A FOTO DE LULA

A foto de Lula no jardim de um palacete para eleger seu candidato poderá ser um dia mostrada como marco da desconstrução da esquerda no Brasil, tanto quanto as fotos de jovens derrubando as pedras do Muro de Berlim significou a desconstrução do socialismo real na Europa.

A esquerda se auto desconstruiu sobretudo ao não perceber seus erros e jogar a culpa da desconstrução nos adversários.

(artigo enviado pelo comentarista Mário Assis Causanilhas)

Tribuna da Internet

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A maldição do marqueteiro e o caixa 2 do PT

Bernardo Mello Franco
Folha


As lágrimas rolaram no carpete da Câmara. Na tarde de 11 de agosto de 2005, deputados da esquerda do PT choraram copiosamente no plenário. Eles estavam abalados com revelações de Duda Mendonça, marqueteiro da campanha que levou Lula à Presidência. Naquele dia, o publicitário admitiu à CPI dos Correios ter recebido R$ 11,9 milhões do partido no exterior. “Esse dinheiro era claramente de Caixa 2”, afirmou. O relato chocou petistas que ainda empunhavam a bandeira da ética na política.

“Nós nos sentimos apunhalados”, disse o deputado Chico Alencar. “Entramos em parafuso”, reforçou Ivan Valente. Desiludidos com o mensalão, os dois deixaram o PT. Onze anos depois, a maldição do marqueteiro volta a assombrar o partido.

A ordem de prisão de João Santana é mais um duro golpe no petismo. O publicitário foi responsável pelas últimas três campanhas presidenciais da sigla. Em 2014, ajudou a reeleger Dilma Rousseff com um bombardeio impiedoso aos adversários Marina Silva e Aécio Neves. Até ontem, continuava entre os únicos conselheiros ouvidos pela presidente.

NUMA OFFSHORE…

A Lava Jato rastreou depósitos de US$ 7,5 milhões (cerca de R$ 30 milhões) numa offshore atribuída ao marqueteiro. O dinheiro foi repassado pela Odebrecht e por um lobista acusado de desvios no petrolão.

Em nota, João Santana disse que as acusações são “infundadas” e que o país vive um “clima de perseguição”. O juiz Sergio Moro viu “fundada suspeita” de que os pagamentos eram para “remunerar, com produto de acertos de propina em contratos da Petrobrás, serviços prestados ao Partido dos Trabalhadores”.

Ainda não está claro se o caso atingirá a campanha de Dilma, mas já é possível apontar ao menos uma diferença entre os escândalos com marqueteiros do PT. Há 11 anos, muitos políticos do partido tinham motivos sinceros para se chocar. Agora, ninguém pode mais derramar lágrimas de surpresa.

Tribuna da Internet

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Daqui a pouco tem programa defendendo Lula na Tv

Ranier Bragon


Folha


O programa partidário de 10 minutos que o PT leva ao ar nesta terça-feira (23) na televisão (das 20h30 às 20h40) faz uma defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que as investigações e suspeitas contra ele não passam de preconceito de quem não aceita a sua origem pobre.

A presidente Dilma Rousseff não atendeu ao convite para gravar para o programa e sua imagem aparece apenas uma vez, quando é mencionado o trabalho do partido pela inserção da mulher na política.

A defesa de Lula concentra cerca de um terço dos 10 minutos, tempo em que não é mencionada a suspeita de que o ex-presidente foi beneficiado por empreiteiras por meio de reformas em um tríplex no Guarujá e em um sítio em Atibaia, ambos em São Paulo.

“Os que tentam manchar sua história, Lula, são os mesmos de ontem, os preconceituosos que nunca aceitaram suas ideias e suas origens”, narra um locutor, sobre imagens de fotos e recortes de jornal que mostram a trajetória do ex-presidente.

“Mas não vão conseguir”, prossegue o locutor. “As ofensas, as acusações, a privacidade invadida, tudo isso passa, Lula, a luta é antiga. E nós vamos vencer novamente, porque você permanece sendo a voz de um país pobre que se fez forte, que se fez novo, isso é o que importa, isso é o que fica. No coração do nosso povo você tem respeito, amor e morada definitiva”.

LULA APARECE

Lula tem uma fala de cerca de 1 minuto em que não aborda diretamente as suspeitas que pesam contra ele. O ex-presidente faz um discurso de superação da crise e de crítica àqueles que apontam o péssimo cenário econômico.

“As pessoas que falam em crise, crise, crise repetem isso todo o dia e ficam minando a confiança do nosso país”, diz o ex-presidente, segundo quem os ataques ao PT partem daqueles que se incomodam ao dividir a poltrona do avião com o povo.

“É verdade que erramos, mas acertamos muito mais e podemos melhorar muito mais ainda”, acrescenta o petista.

Envolvido no centro das apurações de corrupção na Petrobras, o PT não aborda o assunto diretamente, procurando se defender sem fazer menção ao que motiva a defesa.

“Por que tanto ódio e intolerância contra um partido nesse momento em que o país precisa tanto de união? Erros se corrigem, dificuldades passam”, dizem os atores que participam do programa.

CRÍTICAS À OPOSIÇÃO

Além de uma montagem que busca motivar as pessoas a se engajar na superação da crise econômica, o partido centra críticas na oposição, que estaria tentando ganhar o poder “no tapetão”.

“Já tentaram anular o resultado das eleições, pediram para recontar os votos”, dizem os atores em determinado trecho do programa. “Queriam ganhar no tapetão, mas não deu certo, quiseram então instalar uma comissão de impeachment na marra, tiveram que mudar o plano, agora atacam e caluniam o presidente Lula”.

Além do pedido de impeachment contra presidente Dilma Rousseff no Congresso, o Tribunal Superior Eleitoral analisa processo que pede a cassação do mandato da petista.

O programa foi feito pelo marqueteiro Edson Barbosa. O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que não houve participação de João Santana, cujo decreto de prisão em decorrência das investigações da Operação Lava Jato foi tornado público nesta segunda-feira.

###


NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Rui Falcão alegou que Dilma recusou o convite para gravar o programa por “possível problema de agenda”. A verdade é que ela já está escolada em panelaços e agora tenta desesperadamente descolar do PT e de Lula, porém jamais conseguirá, porque sozinha ela simplesmente não existe(C.N.)

Tribuna da Internet

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Setor financeiro está destruindo este país há décadas

Luís Hipólito Borges


Não se deve perder tempo discutindo aqui questões políticas. Quem é governista ou quem é oposição. O que discuto é a questão do terror econômico em que vivemos. O Jornal Nacional divulgou semana passada que mais de 100 mil lojas foram fechadas no Brasil em 2015.

Dívida nem se discute mais, pois não temos dinheiro sequer para pagar os juros, pois o déficit primário foi de 120 bilhões o ano passado e nem todos os aumentos de impostos e até novos impostos cobrem esse rombo. O Brasil já passou por diversas crises e conseguiu se recuperar anos depois. Isso faz parte do passado.

Os governos da União e dos Estados estão falidos, levando junto os municípios. Só que o setor público não corta gastos, somente aumenta impostos. Sem haver um ajuste, uma forte reforma econômica, todos os anos teremos mais dívidas, mais juros e mais carga tributária. Por outro lado, haverá menos investimentos e mais desemprego e violência. Os milhões que hoje estão frequentando um curso superior, onde encontrarão empregos em um cenário de PIB negativo ou crescimento medíocre?

PREVISÕES SINISTRAS

Com tudo isso que falei, estamos em fevereiro e todas as previsões são de piora da economia. Qual a perspectiva para um jovem no Brasil nos próximos anos? Será que vão emigrar para outros países que ofereçam melhores condições de vida?

O que falo aqui é o que está acontecendo, basta ver os números que são divulgados pelo próprio governo e seus institutos de estatísticas e pesquisas. Se alguém tiver alguma esperança ou expectativa de melhora sobre o futuro deste país, por favor deixe seu comentário, pois não vejo espaço mais para otimismo em qualquer setor da economia.

O único setor que realmente pode ser otimista no Brasil é o financeiro, que está destruindo este país com os maiores juros do mundo há décadas.

Entenda com Dilma conseguiu levar o Brasil ao caos

Moacir Pimentel


A economista Dilma Rousseff diz que não se apercebeu antes do tamanho da crise. Controversa a afirmação. Engraçado que a crise, nos seus primórdios, tenha sido só para inglês ver. Pois a Bíblia Sagrada dos economistas e investidores bem que tentou avisar à moça. Em 8 de dezembro de 2012, a revista The Economist sugeriu que Dilma Rousseff formasse uma nova equipe econômica, esquecesse a demanda, deixasse de se intrometer e demitisse o Mantega – “The Forecaster!”, profeta cujas previsões demasiadamente otimistas já haviam perdido qualquer credibilidade.

Na reportagem intitulada de “Números Errados”, publicada em 19 de janeiro de 2013, a mesma revista indica à presidenta maneiras mais saudáveis de crescer além da contabilidade criativa. E em 28 de setembro de 2013 , com direito a uma capa inesquecível a revista perguntou: “O Brasil Botou Tudo a Perder?”

DEMAGOGIA ELÉTRICA

Eu lembro que a MP 579, aquela do setor elétrico, populista da gema, me deixou de cabelos em pé quando foi anunciada com pompa e circunstância, em horário nobre em 2012. Aquilo só podia dar errado. Como impor controles de preços sobre a eletricidade, sem causar enormes perdas nas empresas de energia públicas? Lembra do Roberto Campos?

“O mercado é apenas o lugar em que as pessoas transacionam livremente entre si. Só isso. Mas não é pouco, porque no seu espaço a interação competitiva entre os agentes econômicos equivale a um plebiscito ininterrupto, que não só permite fazer uma apuração, a todos os momentos revista, das preferências dos indivíduos, como lhes dá uma medição quantitativa, tornando possível, por conseguinte, o cálculo racional”, ensinava.

Em seguida , devido ao congelamento do preço da gasolina, a Petrossauro lucrou R$ 23 bilhões e teve R$ 22 bilhões de prejuízo no Setor de Abastecimento só em 2012. Como é que pode? Estima-se que o rombo total foi de R$ 80 bilhões. Daí foi ladeira abaixo.

VIERAM OS PIBINHOS…

Vieram os protestos juninos, a retomada da inflação, os pibinhos de 2013/2014 ,o Mensalão que, embora não soubéssemos, era sim uma piada petista de salão, Pasadena, o relatório falho do Cerveró, a Lava Jato, o Petrolão, o estelionato eleitoral e… tempestade perfeita.

Lutando para manter seu emprego, Dilma tem feito uns mea culpas disfarçados em travessia, apontando dedo para a China ou outros vilões externos, mas esta crise é autoinfligida, foi Made in Brazil e sob medida. Os problemas têm suas origens em uma série de mudanças políticas que Dilma fez, na esperança de impedir o Brasil de arrefecer muito após o boom. Desastradamente, apostou todas as fichas, achando que podia evitar uma forte desaceleração, através da mobilização dos bancos controlados pelo governo e das empresas de energia.

BAIXOU OS JUROS NA MARRA

Dilma pressionou o BC para reduzir as taxas de juros – resolveu baixar os juros na marra, no meio de uma entrevista na África – e alimentou uma farra de crédito, sobrecarregando os consumidores ludibriados, que agora estão lutando para pagar os empréstimos. Ela cortou impostos para determinadas indústrias domésticas e, indo mais longe, expandiu a influência do BNDES, cuja carteira de empréstimos já ofuscou a do Banco Mundial, só que usando fundos do Tesouro Nacional para aumentar financiamentos – subsidiados pelo contribuinte – para grandes corporações (os campeões nacionais), a taxas significativamente menores do que aquelas privilegiadas empresas poderiam obter junto aos seus bancos.


Dilma também começou a pedalar recursos dos grandes bancos públicos para cobrir déficits orçamentários enquanto ela e o PT faziam o diabo para ganhar as eleições. Deu no que deu.

Essa canalha deliberadamente destruiu as finanças públicas para manter os empregos e a rapinagem. Recuso-me a acreditar, como fingem muitos, que os erros desta senhora tenham sido de natureza ideológica. A tragédia foi mais do que anunciada. De qualquer jeito, os governos não são julgados pelas intenções de quem governa , mas pelos seus resultados. Catastróficos, no caso.

Tribuna da Internet

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Brasil precisa virar a página, antes que sobrevenha o caos

Vittorio Medioli
O Tempo


Completando a análise que publiquei na semana passada sobre perspectivas socioeconômicas de curto prazo, acrescento: medidas demagogas são uma coisa, outra, mais grave, são medidas destruidoras, como as que foram tomadas nos últimos anos, mergulhando o país no abismo da mais séria recessão de todos os tempos. As consequências estão prestes a explodir, o pior está por vir, e a onda de desemprego em decorrência da queda das atividades produtivas que atingem a arrecadação e os orçamentos de Estados e municípios poderá ser sentida já no mês de março. Desserviços e desemprego colocarão o governo a dura prova.

A presidente deixou passar os meses de recesso do Congresso para tomar medidas. Sobreviveu pela inércia gerada pelas férias, mas, já nas próximas semanas, a conta lhe será apresentada com juros e correções.

No horizonte, os sinais perturbadores de aprofundamento dos indicadores da quebra em larga escala de empresas e de demissões em massa. O fôlego para aguardar uma retomada se esgotou, as empresas estão caindo na realidade e se desfazendo de qualquer coisa que aumente o aprofundamento.

CRISE EM CASCATA

Essa situação, para muitos, foi cavada lá atrás, na década passada, mas em 2015 a inanição serviu para agravar o que já era difícil. Perdeu-se totalmente a capacidade restante de resistência de muitas empresas. Setores inteiros foram levados a cortar pela metade sua produção (como a construção civil, a siderurgia, a área automotiva) e em cascata os serviços e o comércio amplo que dependem dos mesmos.

Deixaram de tomar medidas inadiáveis e corretas ou foram na contramão da lógica, apertando o que precisa de fôlego e oxigênio.

Já com uma recessão acentuada, o governo insistiu em jogar a carga no prato errado da balança. Aquele do Brasil que trabalha e produz, sem aliviar suas despesas supérfluas. Exigindo botar a conta em quem as contas não consegue mais pagar, ao mesmo tempo em que pagou R$ 501 bilhões de serviços da dívida (R$ 180 bilhões a mais do valor pago em 2014).

POTENCIAL DESPERDIÇADO

Embora potencialmente o Brasil tenha condições que o privilegiam e o favorecem, o país consegue desperdiçá-las por via de uma elite que acredita apenas em ganhos fartos e fáceis. Falta em número e grau quem empreenda com seriedade, e sobra quem quer tirar proveito, explorar, escalar o sucesso sem outro mérito que não seja a esperteza.

A cultura imperial portuguesa de explorar até o osso, sem dó e misericórdia, é o legado que acorrenta o sistema brasileiro. Condena a enfrentarmos falências que ciclicamente arregaçam e devastam o Brasil sério.

O fim justifica o meio, os políticos nacionais perdem em credibilidade de qualquer ente institucional. As proposições que passam pelo legislativo são de péssima qualidade. Como bem lembrado num artigo de Modesto Carvalhosa, é necessário reproduzir o que explicam os analistas italianos Barbieri e Giavazzi: “A corrupção mais grave, a que mais causa dano à sociedade, não é aquela que decorre da violação das leis, mas sim a que se encontra na corrupção das próprias leis. Trata-se das leis que são corrompidas, escritas e aprovadas a favor dos corruptos contra o interesse do Estado. Isso desarma a Justiça…”.

DESCRÉDITO INTERNACIONAL

Dessa forma, com os poderes desautorizados, a falta de referências sólidas para a sociedade e de sinais de reação à gravidade se transformam em meios perversos de descrédito internacional. Levam legiões de jovens a olhar para fora, a pensar que aqui não vale a pena arriscar uma existência.

O Brasil não será uma nova Síria arrasada, mas os movimentos migratórios já alarmam. O descontentamento que tirou Cristina Kirchner do poder, e vem se repetindo na Venezuela, já se sente aqui.

A palavra impeachment se faz cada vez mais presente nas mesas que comentam a situação brasileira. A incapacidade e a falta de formulações que permitam animar alguém a acreditar no Brasil aumentam a cada dia o desânimo, a descrença.

O país caminha a largos passos para o caos, desgovernado, sem projetos, sem capacidade de gerar soluções ou de entendê-las; o poder legislativo só se interessa com o que pode ficar de vantagem para ele. Acostumado a mensalões, dá sinais de perdição definitiva. A economia nacional está se transformando em escombros, como um Muro de Berlim, destruída pela indigência moral.

SEM PREPARO ALGUM

Lamentava o imperador Marco Aurélio “a audácia de pessoas que, sem preparo algum, sem educação e sem ciência, estranhas às letras, pretendem decidir questões diante das quais, só depois de séculos, a filosofia deliberou”.

A qualidade ínfima dos ocupantes do poder calha ao Brasil atual, sentado sobre um barril de pólvora. Para pilotar o Boeing, temos uma aeromoça; na torre de controle, o desentupidor de canos. É claro que o tráfego no espaço aéreo da política brasileira não inspira confiança. Deverá, como aconselhou o profeta, “passar a vida resignado no meio de homens mentirosos e injustos, eis o programa dos sábios”, ou deixar de serem sábios e exigirem mudanças.

A Praça dos Três Poderes tem tudo para virar um campo de guerra. O protesto, assim como os desempregados, deverá encher as ruas em 2016, exigindo mudanças radicais como as que ocorreram em 1985 nas Diretas Já.

O Brasil precisa virar a página, encontrar uma nova, não tem mais o que emendar na atual.

Tribuna da Internet