quarta-feira, 30 de março de 2011

Bovespa ganha 0,86% no fechamento;dólar bate R$ 1,62

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) recuperou terreno pelo segundo dia, mas ainda sem mostrar um volume considerável de negócios. Analistas apontaram uma pesquisa privada sobre a criação de empregos nos EUA, com números próximos das expectativas, como um dos fatores positivos que ajudaram a reduzir a aversão ao risco dos investidores.

A ausência de mudanças mais "dramáticas" tanto Líbia --onde parece cada vez mais provável a queda de Gaddafi-- quanto no Japão --com a situação de Fukushima "sob controle"-- tem fornecido um cenário mais ordinário, que permitiu à Bolsa brasileira voltar ao "normal', isto é, sem mostrar uma tendência firme para os negócios.

O índice Ibovespa, o principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, valorizou 0,86% no fechamento, aos 67.997 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,74 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,58%.

O destaque negativo do dia ficou por conta dos papéis da Vale, que responderam por quase um quinto dos negócios de hoje. Enquanto a ação preferencial caiu 0,59%, a ordinária desvalorizou-se 1,28%.

Reportagem da Folha publicada hoje reforçou os rumores correntes nas mesas operações: a indicação de Tito Botelho Martins, presidente da Inco, subsidiária da Vale no Canadá, para a substituição de Roger Agnelli na presidência da mineradora. O Bradesco, que teria indicado Martins, não confirmou a informação.

Expedito Araújo, da mesa de operações da Alpes Corretora, nota que o mercado mostra incertezas em relação ao futuro da empresa. É preciso saber se Martins, caso a indicação se confirme, será realmente um melhor interlocutor com o Planalto. Além disso, ainda restam dúvidas sobre o real "risco político" da mineradora.

"Isso sempre pesou sobre a Petrobras, mas essa empresa, pelo menos tem o 'monopólio' do seu mercado. Agora, a Vale tem várias concorrentes, dependendo da área em que você escolher", comenta.

O dólar comercial foi negociado por R$ 1,629, em queda de 1,51%. Trata-se da menor taxa desde o final de agosto de 2008. O Banco Central concentrou sua atuação no mercado no período da tarde, quando emendou um leilão para compra de dólar à vista, um leilão de 'swap' cambial e mais um leilão no segmento à vista, entre 14h36 (hora de Brasília) e 15h56.

EUA E INFLAÇÃO

Entre as principais notícias do dia, a consultoria americana ADP reportou a criação de 201 mil empregos em março no setor privado, abaixo das projeções do mercado (em torno de 205 mil). Essa pesquisa é bastante influente, porque antecede os números oficiais sobre emprego (o relatório 'payroll') previstos para sexta-feira, sem dúvida, o evento mais importante da agenda econômica nos EUA nesta semana.

A FGV apontou uma inflação de 0,62% em março, ante 1% em fevereiro, pela leitura do IGP-M, o índice de preços consagrado para o reajuste de aluguéis. Economistas previam uma taxa ainda maior, em torno de 0,77%. No acumulado dos últimos 12 meses, foi registrada variação de 10,95%, enquanto no ano, a alta é de 2,43%.

Em seu relatório trimestral de inflação, o BC projetou uma inflação entre 4,4% e 5,6% para 2011, considerando três cenários com variações na taxa de juros e de câmbio. A estimativa para 2012 é de uma inflação em 4,6% --a estimativa anterior era de 4,8%. Folha Online