quinta-feira, 31 de março de 2011

Número de empresas espanholas buscando Brasil é 50 vezes maior

Com a economia ainda em situação difícil em razão da crise de 2008, a Espanha tem exportado mais empresas para o Brasil.

O grande salto veio em 2010, quando o número de companhias espanholas interessadas em se instalar no mercado brasileiro foi 50 vezes maior que no ano anterior.

Cerca de 2.000 empresas consultaram a Cámara Espanõla de Comercio en Brasil com objetivo de fazer negócios no país. Em 2009, foram 40 --que é a média histórica, de acordo com a instituição.

Todos os ramos de atividade interessam, com destaque para infraestrutura, turismo --considerando a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016-- e tecnologia, diz Nuria Pont, diretora-executiva da Cámara. A seguir, trechos da entrevista exclusiva à Folha:

TERCEIRA ONDA

O Brasil vive a terceira onda de investimentos espanhóis na economia. No final da década de 1990, com as privatizações, grandes empresas entraram no mercado local, como Telefônica, em telefonia, e Repsol, em energia.

A segunda ocorreu entre 2006 e 2007, com a entrada de prestadoras de serviço para as grandes empresas da primeira onda.

Agora, a terceira onda traz companhias de menor porte, pequenas e médias, interessadas em prestar serviços em diversas áreas, desde tecnologia --como no desenvolvimento de softwares-- até infraestrutura e turismo.

Considerando as grandes obras esperadas para a Copa, por exemplo, que envolvem os estádios nas cidades que vão sediar os jogos, há muita oportunidade para que as empresas espanholas realizem serviços terceirizados pelas grandes construtoras que pegam os contratos.

NA MODA

Hoje, o Brasil está na moda entre os espanhóis. Muitos empresários que estão se instalando no país agora até me perguntam se chegam atrasados.

O ex-presidente Lula foi um ótimo "garoto-propaganda" do país na Espanha.

Como o mercado espanhol ainda está ruim, as empresas precisam sair em busca de novos nichos. E o Brasil é a primeira opção entre os Brics (grupo de emergentes que inclui também Rússia, China e Índia), até pela maior proximidade cultural.

As companhias se instalam aqui de três formas: abrindo escritório de representação, fazendo parcerias ou mesmo comprando empresas.


Mas os empresários da Espanha se surpreendem ao chegar, imaginando que tudo aqui é mais barato, quando é justamente o contrário.

Os custos trabalhistas e a carga tributária assustam. Sem contar o custo de vida nas grandes cidades, como São Paulo, bastante elevado. Manter o padrão de vida aqui pode custar algumas vezes mais que em Madri.

LEGISLAÇÃO

Outra questão importante é referente à regulamentação brasileira, que muda constantemente.

Todos esses aspectos nos levaram a organizar uma publicação em forma de arquivo --e que, portanto, pode ser atualizada sempre-- chamada "Cómo hacer negocios en Brasil" (como fazer negócios no Brasil), que está sendo lançada. Folha Online