sexta-feira, 29 de abril de 2011

Apreensões de cocaína crescem 587% no Rio Grande do Norte

O avanço do tráfico de drogas no Rio Grande do Norte é evidenciado pelos dados de apreensão de entorpecentes da Polícia Federal (PF). Comparando-se os quatro primeiros meses de 2011 com todo o ano passado, verifica-se um aumento de 587% em relação à cocaína e 23% no que diz respeito ao crack. Segundo o agente federal Stênio de Almeida, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), um dos fatores para isso se deve à identificação do usuário potiguar com o crack. Para piorar a situação, a PF já tem suspeitas de consumo de uma nova droga, o "oxi", na Zona Norte de Natal. Ela é duas vezes mais potente e devastadora que o crack, mas custa o mesmo preço.


De acordo com os números da DRE, entre 2005 e 2011 já foram apreendidos 482,4kg de crack e 338kg de cocaína. Ainda nesse período, foram 138kg de pasta base da droga. Somente em 2011, já foram recolhidos pela PF 161kg de crack e 55kg de cocaína. Em 2010, foram 130kg do primeiro tipo de entorpecente e 8kg do segundo. Já em 2005, os números eram 49,9kg e 12kg, respectivamente.

Stênio de Almeida diz que o usuário de drogas do RN se identifica mais com o crack pelo suposto preço menor da droga em relação à cocaína e seu efeito imediato e mais intenso. "Mas, na verdade, o crack sai mais caro. O grama de cocaína custa R$ 50. Ela demora dez minutos para fazer efeito no cérebro da pessoa e dura 40 minutos esse efeito. A pedra de crack custa somente R$ 5, demora apenas quatro segundos para fazer efeito, mas dura somente dez minutos. Então, o viciado, para manter o efeito, chega a gastar R$ 100 por dia".

O agente federal diz que grande parte dessas drogas chega ao Estado vinda da região Norte do país. "O tráfico é feito via terrestre, transportado pelas nossas rodovias, ou aérea, através dos voos domésticos". A origem desses entorpecentes são os países vizinhos produtores de cocaína, como Bolívia, Peru e Colômbia. "A droga também vem da Venezuela, que, apesar de não produzir, faz fronteira com o país". A porta de entrada, segundo ele,são os estados fronteiriços do Acre, Rondônia e Mato Grosso. Daqui, a droga parte para a Europa e África, além de abastecer o mercado interno.

De acordo com Stênio de Almeida, a grande dificuldade na repreensão ao narcotráfico está no contingente da PF. "Por exemplo, somente com a Bolívia são 382 quilômetros de fronteira. Imagina ter que colocar um policial por quilômetro para coibir a entrada. Isso é impossível atualmente". DIÁRIO DE NATAL