segunda-feira, 30 de maio de 2011

EUA sancionam empresa de Israel por fazer negócios com Irã

A revelação de que uma empresa israelense fez negócios com o Irã gerou um escândalo em Israel, país que mais pressiona por medidas contra a República Islâmica e seu programa nuclear.

Na semana passada, os EUA anunciaram sanções ao conglomerado israelense Irmãos Ofer pela venda de um navio petroleiro a uma empresa iraniana em 2010.
A transação, de US$ 8,6 milhões (R$ 13,8 milhões) teria sido feita pela Tanker Pacific, subsidiária do grupo Ofer em Cingapura.

O resultado, segundo o Departamento de Estado americano, foi a venda do petroleiro à
empresa iraniana IRISL (Islamic Republic of Iran Shipping Lines), que está na lista negra dos EUA por atividades de suporte à proliferação nuclear.


O anúncio colocou sob pressão o multibilionário conglomerado israelense de transporte, mas também criou um grande constrangimento para o governo. 

Relações comerciais com um país inimigo, como o Irã, é considerado crime em Israel.

A primeira reação do grupo Ofer foi negar que manteve relações comerciais com o Irã. Mas investigações da imprensa israelense mostraram que seus navios atracaram diversas vezes em portos iranianos na última década.

A comissão econômica do Parlamento convocou uma sessão de emergência para esta segunda-feira depois que o conglomerado afirmou ter recebido luz verde do governo para atracar no Irã. O governo nega.

"Israel tem uma política muito clara em relação ao Irã. Ninguém pode ter nenhum contato com o país", reiterou no domingo (29) o premiê Binyamin Netanyahu.

REPERCUSSÃO

Na imprensa local, o caso está sendo visto como a confirmação de antigas suspeitas de
relações comerciais de empresas israelenses com o Irã, por meio de triangulações com outros países.


Yossi Melman, especialista em espionagem do jornal "Haaretz", chamou de "hipócrita" a atitude do governo israelense. "Israel prega ao mundo inteiro sobre a necessidade de sanções contra o Irã, mas não faz nada contra elas", escreveu Melman.

Em mais um lance da guerra de informação, fontes ligadas ao grupo Ofer deram a entender que os navios atracados no Irã fizeram parte de uma operação de espionagem.

"Os israelenses tem o direito de saber se os irmãos Ofer são heróis ou vilões", disse o deputado Arieh Eldad, que pediu uma investigação do Procurador Geral sobre o escândalo.

O Irã negou a notícia. "Navios israelenses não ousam atracar em portos iranianos", disse o vice-diretor da organização iraniana de portos, Mohsen Sadeqifar. Pela lei iraniana, também é proibido negociar com empresas israelenses.

FOLHA