sábado, 30 de julho de 2011

Tragédia pessoal: "O crack levou status e todo o dinheiro"

Depois de varar a madrugada, doses de conhaque faziam Rodrigo* se reanimar para mais uma jornada de trabalho. Responsável pela cozinha de uma pizzaria bem conceituada em Brasília, o maranhense de 35 anos aos poucos conseguia driblar a sina de pobreza a que parecia condenado. “Conquistei respeito, status e dinheiro".

"Já tinha comprado minha casa em Taguatinga. Até que a droga me levou tudo”, diz. Da bebida à maconha e à cocaína, foi um passo. Pediu demissão, cheirou a moradia conquistada com trabalho árduo e foi morar na rua, onde conheceu o crack.“É uma lua de mel perfeita nos primeiros seis meses de uso. Depois vêm a paranoia, a perturbação”, diz Rodrigo. Ele conta que, na rua, não tinha opção, a não ser o crack. Para comprar a pedra, pedia esmola ou catava latinhas. “No fim do dia, você tem R$ 80, R$ 100”, relata. Ontem, o homem de pele morena e cabelos cacheados se internou em uma instituição na quarta tentativa de abandonar o vício. É um desafio difícil.Em média, de acordo com dados internacionais, cerca de 40% dos dependentes químicos se recuperam depois de um programa completo de reabilitação. “No caso do crack, o problema se agrava devido ao alto poder de desorganização da vida do usuário”, diz Carlos Salgado, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas.


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