terça-feira, 30 de agosto de 2011

Chinês quer comprar parte da Islândia


GENEBRA - Um magnata chinês causa polêmica na Europa ao negociar a compra de parte da ilha da Islândia, um dos países mais afetados pela crise de 2008 e que na prática faliu diante do colapso de seus bancos. O empresário chinês Huang Nubo teria oferecido US$ 8,8 milhões para adquirir 300 quilômetros quadrados na região de Grimsstadir. Seu objetivo seria o de construir um resort ecológico e um hotel de luxo. Mas o anúncio abriu o temor de que a China esteja querendo estabelecer um pé em uma ilha considerada como estratégica na rota entre os Estados Unidos e Europa.
O governo local está dividido. A chancelaria do país quebrado diz que a proposta de Huang seria a de promover o turismo em dois parques naturais e apontou que o chinês está disposto a colaborar em preservar a região. Ele não estaria nem mesmo interessado nas fontes de água doce que sua futura propriedade teria. Na Islândia, cidadãos de fora da UE não podem comprar terras, salvo com uma autorização específica. O governo local, porém, estaria disposto a conceder essa licença.
Mas nem todos estão contentes com o investimento chinês na região. A principal preocupação é a relação entre Huang e o governo de Pequim. O magnata já foi ministro do Departamento de Propaganda da China.
"Enfrentamos o fato de que um magnata estrangeiro quer comprar 300 quilômetros quadrados do território. Isso precisa ser debatido e não podemos apenas engolir como realidade", escreveu em seu site o ministro do Interior, Ogmundur Jonasson. "A China é conhecida por sua estratégia de longo prazo enquanto compra o mundo", disse.
Para ele, o país precisava aprender de sua crise financeira, quando a total abertura do mercado tornou o país vulnerável à quebra dos bancos estrangeiros."Não será necessário parar e pensar se devemos colocar a Islândia à venda outra vez?" questionou. A ministra de Indústria, Katrin Juliusdottir, tem outra avaliação e aponta que "não há porque ficar histérico se um chinês quer comprar terras para investir em turismo". "Não há nada a temer", completou.
ESTADÃO