terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cirurgias bariátricas são suspensas por falta de repasse de verba na Bahia


Mais de 600 pessoas têm obesidade mórbida e aguardam na fila por uma cirurgia de redução de estômago, em Itabuna, no sul da Bahia, de acordo com a ONG Casa do Obeso. As operações deveriam ser feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas, segundo a Santa Casa, foram suspensas por conta do atraso no repasse da verba pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). Cada cirurgia custa em média R$ 5 mil.
O hospital informou que as cirurgias bariátricas foram suspensas porque as 28 já realizadas pelo SUS em Itabuna ainda não foram pagas pela Sesab. A dona de casa Isabel Cristina de Souza guarda fotos da sua chegada ao Hospital Calixto Midlej Filho, no dia 17 de agosto, para fazer a cirurgia de redução de estômago. Ela chegou a ficar internada por quatro dias e fez todos os exames, mas a cirurgia não foi realizada. Isabel teve que voltar para casa.
A dona de casa pesa 260 kg e, segundo os médicos, a situação dela é grave. "Eu não adoeço, não sofro e não choro só. Eu tenho uma filha de 14 anos, outra de 10 e um menino de 5 anos. Os meus filhos, se vocês chegarem para perguntar o que eles querem eles vão dizer: 'opera minha mãe, eu quero ver minha mãe melhor'. Isso dói muito", diz a dona de casa.
A ONG Casa do Obeso reúne cerca de duas mil pessoas com a doença na cidade. Seiscentas estão na fila de espera para fazer a cirurgia de redução de estômago. O presidente da ONG, Tony Emerson de Oliveira, esteve em Salvador para tentar resolver o impasse. "No final das contas nada foi resolvido. Nessa situação é que não pode ficar, só o obeso sabe o que é o sofrimento", explica Tony Emerson.
De acordo com a ONG Casa do Obeso, as 28 cirurgias não pagas foram realizadas nos meses de junho, julho e agosto de 2011. Mas a Secretaria da Saúde do Estado diz que a Santa Casa de Misericórdia de Itabuna não teria informado sobre esse atraso nos pagamentos.
O médico cirurgião Fábio Messias esclarece que a prefeitura de Itabuna é responsável pelo pré e pós-operatório, mas também não estaria cunprindo o acordo. "Sem o repasse do Estado e também da prefeitura, que ficou com a responsabilidade do pré e pós-operatório, a gente infelizmente não está podendo demostrar que pode resolver isso [os problemas das cirurgias bariátricas] aqui no interior da Bahia", completa.
A Sesab informou que não há atraso no pagamento das cirurgias feitas até agora e que o repasse da verba estão previstos para ser feitos entre os dias dez e quinze de setembro. Segundo informações da prefeitura de Itabuna, em até quinze dias o acompanhamento pré e pós-operatório deve ser regularizado. O órgão disse ainda que só aguarda o processo final de licitação.
G1