quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sinais de acomodação no segmento imobiliário


Entre os primeiros semestres de 2010 e 2011, as vendas de imóveis novos na capital caíram 31,3%, e 28% na região metropolitana de São Paulo, enquanto os preços do metro quadrado de área útil aumentavam 8,6%, segundo pesquisa do Sindicato da Habitação (Secovi). Por ora, há apenas sinais de que a classe média começa a reagir à alta real de preços, mas, mais importante, a oferta de imóveis continua insatisfatória nos bairros mais procurados, como evidenciam os altos valores pedidos por imóveis usados.
Embora a velocidade das vendas entre janeiro e junho tenha caído de 21,6% ao mês, em 2010, para 13,2%, em 2011, ela continua muito alta, indicando que 80% dos imóveis oferecidos na capital são comercializados em até seis meses.
No caso dos imóveis menores, de um dormitório, com área útil de até 45 m2, o prazo médio de vendas na capital foi de apenas dois meses, em junho, ante quatro meses dos imóveis de dois dormitórios e seis meses, de três dormitórios. Dada a falta de terrenos, bairros que durante décadas registraram baixíssima oferta, como o centro, agora atraem construtores e consumidores.
Apesar do recuo das vendas, o ritmo de atividade é considerado satisfatório pelo economista-chefe do Secovi, Celso Petrucci, prevendo que 32 mil unidades sejam comercializadas na capital neste ano.
Mas o mercado de imóveis só manterá o ritmo se a economia não desacelerar muito, pois as precondições para a atividade são a preservação do nível de emprego e de renda, além da oferta satisfatória de crédito.
Hoje, essas condições estão presentes, porém o Brasil não está livre das incertezas globais, que afetarão os setores mais dependentes do exterior, como a indústria brasileira. Outra evidência de que o ritmo da atividade continua forte é o custo da mão de obra, que cresce acima da inflação.
O maior obstáculo ao mercado de imóveis - o aumento de preços - é contornável, num primeiro momento, com a dilatação dos prazos. É possível financiar por até 30 anos, pagando prestação menor. Hoje, em média, o prazo de financiamento com recursos das cadernetas de poupança é pouco superior a dez anos e muitos mutuários ainda quitam antecipadamente a dívida.
Outro obstáculo é o atraso na entrega de inúmeros imóveis, o que ocorre, inclusive, em projetos de grandes construtoras. Na hipótese de uma queda mais forte das vendas, as empresas que desrespeitam prazos de entrega acabarão punidas pelo mercado. 
ESTADÃO