sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ferrugem volta às telas em "O Palhaço", de Selton Mello


"Ô rapaz, você tomou sol de peneira, é?". "Tomou banho, não enxugou e por isso enferrujou?". Ferrinho, Zinabre, Tétano e Óxido. São as piadas e os apelidos que Luiz Alves Pereira Neto, 45, ouve há décadas nas ruas.

Mas longe de se irritar, ele as encara como parte de seu trabalho e consequência de seu sucesso. Afinal, desde os oito anos de idade ele se tornou conhecido como Ferrugem, já em seu primeiro programa na TV Tupi, o "Gente Inocente", lá nos idos de 1974.

Mas ele estourou mesmo com a propaganda do calçado "Ortopé, Ortopé, tão bonitinho", em 1977, na qual dançava e cantava numa casa no formato de bota, ladeado por passarinhos e borboletas.


"Conheci o Brasil e o Brasil me conheceu por causa do comercial", conta ele, agora de volta às luzes no filme "O Palhaço", de Selton Mello. Por uma década, ele cruzou o continente para visitar as lojas que mais vendiam botinhas e dar autógrafos para a criançada, de Manaus a Bagé, da Bahia ao Paraguai.

Foi nessa época que parou de crescer, com 1,40 m, por baixa produção de hormônio. "Até os 12 anos não se percebeu", conta ele, que fez tratamento (gratuito) nos Estados Unidos e assim atingiu "uns 1,65 m e 60 kg".

Caçula de nove irmãos e solteiro, há cinco anos voltou para sua terra natal, Barretos, para cuidar de sua mãe. Lá, faz projetos com a Prefeitura e dá aulas de teatro e música (é baterista, "para pesadelo da minha família") para crianças carentes.

Mas não largou a profissão de ator. Está no ar no interior (e nos intervalos do "Globo Rural") fazendo propaganda para um fungicida, que combate uma doença que ataca a soja, conhecida como... ferrugem asiática (por deixar as folhas com aspecto acobreado e por ter sido primeiramente relatada no Japão).

Mas não é o bastante para Ferrugem. Animado, planeja voltar ao batente no cinema.

"O que mais quero é trabalhar, atuar", diz ele, que aliás não é novato nas produções cinematográficas: sua carreira inclui participações em "O Milagre" (1979), com Roberto Leal, e "Costinha e o King Mong" (1977).

FOLHA