sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Minério de ferro ficará 15% mais barato, diz diretor da Vale


O diretor-executivo de Marketing, Vendas e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, refuta a ideia de que o desvio de cargas da Europa para a China tenha provocado uma superoferta no mercado daquele país e derrubado os preços do minério de ferro. O executivo crê, porém, numa redução de 10% a 15% nas cotações do produto neste trimestre.

Nesta semana, Sam Walsh, executivo-chefe da divisão de minério de ferro da anglo-australiana Rio Tinto, disse que a queda nos preços do mercado à vista de minério de ferro na China - que chegou a 30% em seis semanas - foi provocada por essa estratégia da Vale.

Martins afirmou que o volume de cargas que migraram da Europa para a China é muito pequeno e não teria força para reduzir as cotações do minério, que estão em queda por conta da grande oferta do produto (que sazonalmente cresce no terceiro trimestre), inclusive por parte das mineradoras australianas.

Segundo o executivo da Vale, os navios desviados não passam de "dois ou três por mês". "São 500 mil, 600 mil toneladas por mês. Não é nada expressivo se comparado com a demanda da China de 1 bilhão de toneladas [de minério de ferro]".

Martins disse ainda que o mercado europeu está "fraco, mas nada parecido com a situação de 2008" - quando o estouro da crise global fez despencar o consumo de minério de ferro e obrigou a Vale a fechar minas.

Alguns siderúrgicas do continente, como a Arcelor Mittal, já anunciaram o desligamento de altos-fornos para evitar estoques e superoferta de aço. 

Para o executivo, o consumo na China - principal cliente da Vale - se mantém firme.

Martins diz, porém, que a perspectiva de queda dos preços do minério de 10% a 15% neste terceiro trimestre no mercado à vista só terá impacto no primeiro trimestre de 2012, já que a mineradora corrige seus contratos com base nas cotações do trimestre anterior.

Martins afirmou que clientes da China tem buscado renegociar a mudança desse sistema de correção trimestral de preços para um que adote a correção diária, com base no mercado à vista.

O executivo defende o sistema trimestral, que permite maior "previsibilidade" e menor volatilidade. Mas admite aceitar o pleito de alguns clientes. Esse movimento, diz, é restrito à China.

CORTE DE PRODUÇÃO

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, descartou a possibilidade da mineradora cortar a produção de minério de ferro para se ajustar à menor demanda provocada pela crise.

"Não pretendemos implementar [o corte]. A Vale é a que produz com o menor custo. Não faz sentido cortar se existem outras empresas com custo maior. Quem tem de fechar [minas] é quem produz com preço alto".

FOLHA