domingo, 20 de novembro de 2011

A desaceleração chega ao mercado de mão de obra

Em outubro, o emprego formal cresceu quase 40% menos do que em setembro deste ano e do que em outubro de 2010, e o número de vagas abertas com carteira assinada, de 126,1 mil, ficou abaixo da média das previsões das consultorias econômicas (159 mil, segundo a Agência Estado). São menos desfavoráveis os indicadores de longo prazo, como os relativos aos últimos 12 meses, mas como é recente a mudança de tendência, para pior, haverá pela frente uma fase extensa de dados insatisfatórios sobre o trabalho formal, inclusive por efeito estatístico.
Entre janeiro e outubro, o número de vagas formais preenchidas atingiu 2,24 milhões: houve crescimento de 6,24%, em relação ao estoque de empregos de dezembro de 2010, mas um recuo em relação ao mesmo período do ano passado.
A indústria de transformação gerou, em outubro, apenas 5,2 mil empregos, ante 46,9 mil em outubro de 2010; houve expressivo fechamento de postos de trabalho na indústria química, de produtos farmacêuticos e veterinários, na indústria de calçados e até na produção de alimentos e bebidas.
A oferta de emprego foi menor, inclusive, na construção civil, um dos segmentos mais dinâmicos da economia, que gerou 341 mil postos, entre janeiro e outubro de 2010, e, no mesmo período deste ano, 309 mil.
A agropecuária cortou 29,9 mil vagas em outubro, acima das 24,6 mil cortadas em outubro de 2010. Mas, comparando os primeiros dez meses de cada ano, 2011 ainda apresenta um saldo positivo de quase 75 mil postos formais em relação a 2010, evidência do vigor da agropecuária, compensando o aperto da indústria.
Arrefeceu, no entanto, o dinamismo do emprego no comércio varejista, que criou quase 70 mil vagas, em outubro de 2010, e 50,4 mil postos, no mês passado. Os serviços responderam por 77,2 mil vagas em outubro, liderando as contratações, porém no mesmo mês de 2010 o setor havia contratado 86,2 mil pessoas.
Quando se nota que foi aberto 1,97 milhão de vagas nos últimos 12 meses, não há como ignorar que o mercado de trabalho ainda demonstra vitalidade. Nos 12 meses anteriores, o número foi ainda maior, de 2,23 milhões, mas era um período de euforia econômica, em que o governo despejava recursos na economia.
A perda de ritmo das contratações poderá conferir maior equilíbrio no mercado de trabalho, em que ainda há carência de mão de obra qualificada. Porém o emprego depende, em última forma, do ritmo da economia - e de as empresas continuarem a investir, acreditando no futuro.
ESTADÃO