domingo, 20 de novembro de 2011

Espanha está à beira da 2ª divisão, diz economista

Alfredo Arahuetes, professor de economia internacional da Universidade Pontifícia Comillas, de Madri, usa uma metáfora futebolística para explicar o desencanto do espanhol com o governo, que deve sofrer uma grande derrota nas urnas hoje.

"O atual premiê (José Luis Rodríguez Zapatero) não soube administrar as expectativas nem explicar a crise de 2008. Ele dizia que a economia da Espanha iria superar as da Itália, da França e da Alemanha em quatro, cinco anos. Dizia que estaríamos na 'Champions League', seríamos a maior economia da Europa. Agora, estamos à beira da segunda divisão. No bloco dos condenados", afirma.

Zapatero foi eleito em 2004 e em 2008. Após entregar o cargo, no próximo mês, deve ir para o ostracismo, uma vez que não é mais popular nem dentro de seu partido.

Para Arahuetes, as pessoas viveram numa ilusão de que tudo estava bem até que se descobriu que havia uma dívida privada enorme.

"Para resolver o problema, o Estado entrou com dinheiro público. No final, continuamos com uma enorme dívida privada e há uma crescente dívida pública".

A dívida espanhola (cerca de 67% do PIB) está muito abaixo da italiana (120%), por exemplo, mas a questão é sua aceleração.

"Em três anos, ela dobrou. Passou de 32% do PIB para os atuais quase 67%. O problema na Espanha é o deficit, que alimenta a dívida. O gasto público é brutal. Foram feitas obras faraônicas, há excesso de funcionários públicos, uma burocracia enorme neste país".

DIVISÃO EUROPEIA

Arahuetes é mais um dos que acreditam que haverá uma divisão na zona do euro, com alguns países se juntando à Alemanha num grupo politica e economicamente mais unido e um outro grupo que será deixado de lado.

Para isso, diz, países do primeiro grupo terão de fazer o que quer a Alemanha: ceder mais autonomia fiscal.

"Tenho certeza de que esse novo governo do PP (Partido Popular) vai querer pertencer a esse primeiro time. Para isso, fará um ajuste fiscal brutal no país".

Só espera que eles tenham algo mais na manga. "Não adianta só cortar e não crescer. É preciso ter uma política para recuperar a competitividade, ou não sairemos desse crise nunca".

FOLHA