quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Começa reunião-chave da UE em Bruxelas; Suécia rejeita mudanças


Pouco após o início da reunião-chave que deve buscar por soluções para a crise na zona do euro, incluindo possíveis alterações nos tratados que constituem a União Europeia (UE), o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, disse que seu país rejeitará tais mudanças. "Não daremos apoio a uma reforma dos tratados", advertiu o líder.


As declarações do mandatário sueco representam um grande obstáculo às negociações, já que todas as mudanças em tratados do bloco só podem ser aprovadas com a unanimidade dos 27 países-membros, e posteriormente devem ser ratificadas pelos Parlamentos de todas as nações integrantes.

Sob a liderança do presidente da França, Nicolas Sarkozy, e da chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, a reunião é vista como um dos esforços mais desesperados e cruciais para tentar salvar o euro. Para o francês, a cúpula de dois dias é a "última chance" não só para salvar a moeda única mas também para resguardar o futuro do bloco.

Mais cedo, em tom alarmista, o mandatário disse que "o risco de desintegração da Europa nunca foi tão alto", acrescentando que o bloco está "enfrentando uma situação extraordinariamente perigosa".

Além dos suecos, outro obstáculo importante a ser enfrentado por "Merkozy", como está sendo chamada a dupla franco-germânica, é o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que vem exigindo benefícios em troca de sua aprovação às alterações fiscais que devem ser propostas ao bloco, que pretendem punir governos que não controlarem suas contas públicas.

Segundo o diário "The Guardian", Cameron insistiu que o Reino Unido precisa de um "negócio justo" e advertiu que não hesitará em vetar as propostas da França e da Alemanha a não ser que receba algo em troca.

ÚLTIMA CHANCE PARA "MERKOZY"

Os líderes da França e da Alemanha reforçaram nesta quinta-feira a importância da cúpula logo ao chegarem à sede do Conselho Europeu, em Bruxelas.

Merkel, insistiu que esta reunião é chave para restituir a "credibilidade" do euro mediante um endurecimento da disciplina fiscal. Mais cedo, numa reunião na França, Sarkozy já havia alertado que os europeus não terão uma "segunda chance" e que as decisões estão se tornando mais "custosas" quanto mais o tempo passa.

Os mercados têm exigido da UE, em particular dos 17 países da zona do euro, uma resposta sólida para a crise que está levando a Europa à recessão e com ela o resto do mundo.

PROPOSTAS

Na discussão também estão as propostas de Sarkozy e Merkel, que propõem a reforma dos tratados para reforçar a disciplina fiscal com a imposição de sanções automáticas.

Também será debatida a proposta do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que propõe que se dê ao Mecanismo de Estabilidade Financeira Europeu (Mede), que substituirá o fundo de resgate europeu - provavelmente no próximo ano-- os mesmos poderes que o de um banco, o que lhe permitiria pedir dinheiro ao Banco Central Europeu (BCE) e relançar o debate da emissão de eurobônus para mutualizar a dívida dos Estados.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, por sua vez, descartou nesta quinta-feira uma intervenção massiva do organismo na crise, o que provocou fortes quedas nos mercados de ações.

Na Bolsa de Frankfurt, o índice DAX terminou em queda de 2%, a 5.874,44 pontos. O Footsie-100 da Bolsa de Londres perdeu 1,14%, a 5.483,77 pontos. O CAC 40 de Paris perdeu 2,53%, a 3.095,49 unidades. O IBEX 35 da Bolsa de Madri perdeu 2,12%, para terminar aos 8.461,2 pontos. Em Milão, o FTSE Mib perdeu 4,29%, fechando aos 14.979 pontos.

BCE DÁ GARANTIAS

Mais cedo, o Banco Central Europeu (BCE) indicou que vai garantir que os bancos europeus tenham acesso a recursos para manter suas atividades por meio da oferta de empréstimos com prazo de 36 meses e um ano de carência. Anteriormente, o prazo máximo para operações desse tipo era de 12 meses.

Essa medida pode ser vista como uma extensão do plano anunciado no final de novembro, quando o Federal Reserve, o BCE e outros dos principais bancos centrais do mundo revelaram um plano para garantir a liquidez do sistema financeiro global, barateando o custo de empréstimos em dólares.

Em paralelo, a autoridade monetária também reduziu as exigências de capital dos bancos europeus (o "reserve ratio", a parcela dos depósitos que deve ser mantida em dinheiro) de 2% para 1%, o que libera recursos para as atividades dessas instituições financeiras. Além disso, vai ampliar o escopo de ativos financeiros que os bancos podem usar como garantias em suas operações com o BCE.

Devido à crise europeia, muitos bancos do Velho Continente já enfrentam problemas de saques e fuga de depósitos, bem como dificuldades para levantar dinheiro no mercado financeiro. Sem dinheiro para operar, os bancos podem paralisar suas operações de crédito para a "economia real", num fenômeno conhecido como "credit crunch", e que já foi visto na crise de 2008.

Mais cedo, o BCE já havia comunicado a redução da taxa básica de juros para a zona do euro - de 1,25% para 1% ao ano - o que tende a reduzir o custo de empréstimos a consumidores e empresas.

FOLHA