terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Casal diz que filho negro foi expulso de restaurante em São Paulo


Um garoto negro de seis anos, filho adotivo de um casal de espanhóis, foi expulso de um restaurante na zona sul de São Paulo após ser visto no local sem a presença de seus pais.

O caso aconteceu no almoço do dia 30, antevéspera de Réveillon. A criança, que é etíope, teria sido colocada para fora por um dos funcionários do restaurante italiano Nonno Paolo, no bairro do Paraíso, segundo a polícia.

De acordo com o depoimento da mãe do rapaz, Cristina Costales, 42, técnica de administração em Barcelona, seu filho foi encontrado na calçada da rua, chorando. À ela a criança teria dito que um funcionário o botou para fora, quando o casal foi se servir.

Após o incidente, eles voltaram ao local para pedir explicações; um homem que se apresentou como gerente teria confirmado que tirou a criança do local, alegando que a confundiu com um morador de rua, segundo a polícia.

Eles passavam férias no Brasil e estavam hospedados na casa de uma tia que mora em São Paulo. Segundo a polícia, eles voltaram ontem (2) para a Europa.

"O que me parece é que a expulsão foi em decorrência das características da criança, configurando em tese o delito de preconceito de raça, pois impediram o acesso da criança ao local por causa da sua cor", disse o delegado Márcio de Castro.

No mesmo dia o casal foi até o 36º DP (Vila Mariana), onde a mãe foi ouvida. O delegado disse que irá abrir um inquérito de constrangimento ilegal e crime racial.

O advogado que representa o restaurante, José Eduardo Fernandes, disse que não houve nenhum tipo de preconceito racial na atitude. 

"Simplesmente o garoto não fala português e ao ser questionado onde estavam seus responsáveis, ele, que estava em uma área de risco próximo à comida, caminhou espontaneamente para a rua", disse ele.

FOLHA