Um garoto negro de seis anos, filho adotivo de um casal de espanhóis, foi expulso de um restaurante na zona sul de São Paulo após ser visto no local sem a presença de seus pais.
O caso aconteceu no almoço do dia 30, antevéspera de Réveillon. A criança, que é etíope, teria sido colocada para fora por um dos funcionários do restaurante italiano Nonno Paolo, no bairro do Paraíso, segundo a polícia.
De acordo com o depoimento da mãe do rapaz, Cristina Costales, 42, técnica de administração em Barcelona, seu filho foi encontrado na calçada da rua, chorando. À ela a criança teria dito que um funcionário o botou para fora, quando o casal foi se servir.
Após o incidente, eles voltaram ao local para pedir explicações; um homem que se apresentou como gerente teria confirmado que tirou a criança do local, alegando que a confundiu com um morador de rua, segundo a polícia.
Eles passavam férias no Brasil e estavam hospedados na casa de uma tia que mora em São Paulo. Segundo a polícia, eles voltaram ontem (2) para a Europa.
"O que me parece é que a expulsão foi em decorrência das características da criança, configurando em tese o delito de preconceito de raça, pois impediram o acesso da criança ao local por causa da sua cor", disse o delegado Márcio de Castro.
No mesmo dia o casal foi até o 36º DP (Vila Mariana), onde a mãe foi ouvida. O delegado disse que irá abrir um inquérito de constrangimento ilegal e crime racial.
O advogado que representa o restaurante, José Eduardo Fernandes, disse que não houve nenhum tipo de preconceito racial na atitude.
"Simplesmente o garoto não fala português e ao ser questionado onde estavam seus responsáveis, ele, que estava em uma área de risco próximo à comida, caminhou espontaneamente para a rua", disse ele.
FOLHA