quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Fitch avalia rebaixar a 'nota' da Espanha no final do mês


Um dia após anunciar um severo programa para corte de gastos, o governo espanhol admitiu que o deficit público (despesas maiores que receitas) deve superar os piores prognósticos para este ano.

Embora o governo anterior (do socialista José Luis Rodríguez Zapatero) tivesse por meta um deficit da ordem de 6% do PIB em 2011, o novo ministro da Economia Luis de Guindos reconheceu ontem que a cifra mais realista deve ser de 8%.

No ano passado, os países da zona do euro concordaram em fixar uma "regra de ouro" para sanear as contas públicas, estabelecendo uma tolerância máxima de 3% do PIB para o tamanho do deficit.

Eleito em novembro, o premier Mariano Rajoy prometeu reduzir o descompasso entre receitas e despesas para 4,4% neste ano, de modo a cumprir a meta europeia em 2013.

Os mercados financeiros, notadamente os investidores de títulos públicos, monitoram com atenção a trajetória dos déficits de um país.

Se uma nação mostra incapacidade em domar esse indicador, é "punida" na hora de captar recursos na praça financeira. E será forçada a pagar juros cada vez mais altos na hora de vender seus títulos para encontrar compradores.

Eventualmente, essas taxas podem atingir um custo proibitivo, aumentando a possibilidade desse país se afundar na vala do "default" (suspensão de pagamentos).

CORTES

Na sexta-feira passada, o gabinete do premiê Rajoy anunciou um plano para cortar € 8,9 bilhões (cerca de US$ 11,5 bilhões) no orçamento de 2012, bem como novos aumentos de impostos, para elevar a arrecadação federal.

O ministro Guindos reconheceu que o rigor fiscal não será suficiente para tirar o país da crise, e prometeu novas medidas para março, quando o novo governo terá que aprovar sua proposta orçamentária no Parlamento.

"Se somente apertamos o torniquete, em termos de ajuste econômico, em termos de recorte de gastos, na melhor das hipóteses estamos nos metendo numa embrulhada", disse o ministro espanhol, antecipando uma "agenda muito agressiva" de reformas para os próximos meses.

Além de possuir uma das maiores taxas de desemprego entre os países ricos (22%), a Espanha deve ter, na melhor das hipóteses, um crescimento bastante modesto (0,25%) no que vem, conforme as projeções mais aceitas, o que torna ainda mais difícil a tarefa de Rajoy.

Ontem, um novo indicador mostrou quão duro deve ser a missão do novo premiê. As vendas de carros novos encolheram 17,7% em 2011, alcançando o seu patamar mais baixo desde 1993.

EUROPA

Grécia, Itália e Espanha foram os maiores "culpados" pelo quinto mês consecutivo de queda na produção industrial na zona do euro registrada em dezembro.

A pesquisa mensal é elaborada a partir de consultas a 3 mil empresas manufatureiras distribuídas entre as oito economias mais representativas do bloco. Pela metodologia desse levantamento, qualquer resultado abaixo de 50 pontos significa que o nível de atividade do setor em questão está em contração.

A leitura de dezembro (46,9) mostrou uma recuperação muito modesta em relação ao desastre de novembro (46,4), o mais baixo em 29 meses.
Mais uma vez, a fraca demanda, tanto doméstica quanto externa, deprimiu o resultado geral da pesquisa.

"A sondagem também sugere uma forte probabilidade de mais quedas no primeiro trimestre do novo ano, com produtores reduzindo contratações, estoques e compras", apontou Chris Williamson, economista-chefe do instituto Markit, responsável pelo levantamento.

Os piores resultados foram vistos entre as empresas gregas (leitura de 42 pontos), espanholas (43,7) e italianas (44,3), enquanto as companhias situadas na Alemanha (48,4), França (48,9) e Áustria (49) tiveram os melhores resultados.

EFE/FOLHA