sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

França confirma rebaixamento de 'nota' pela agência S&P


O ministro francês da Economia, François Baroin, confirmou nesta sexta-feira que houve o rebaixamento da "nota" de risco pela agência Standard & Poor´s, de "AAA" (a nota máxima) para "AA+" (a segunda melhor).

Baroin declarou que o país recebeu a comunicação da agência "igual aos outros países europeus", sem precisar quais. O ministro, que esteve reunido com o presidente francês Nicolas Sarkozy, contestou que o governo prepara um novo plano de austeridade fiscal ante a notícia.

A agência France Presse, citando uma fonte governamental anônima, acrescentou que, além da França, a Aústria também deve ter sua nota "AAA" rebaixada, possivelmente também para "AA+".

A imprensa internacional havia antecipado o rebaixamento da segunda maior economia da zona do euro logo pela manhã, provocando quedas nas Bolsas de Valores, principalmente as europeias - a praça financeira de Paris fechou em baixa de 0,11%, enquanto Londres e Frankfurt cederam 0,46% e 0,58%.

Notícias de bastidores apontam, por enquanto, que as demais economias "AAA", como Alemanha e Holanda, devem ser poupadas do rebaixamento, porém não outras nações como Itália e Espanha, com grande peso econômico no bloco da moeda europeia comum. Por enquanto, ainda não há confirmação oficial pela agência S&P.

Uma troca da "nota" francesa pode ter um efeito dominó para a zona do euro e afetar seu mecanismo de resgate, o FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira), que tem a melhor nota creditícia, sustentado pelos seis países do bloco do euro com a melhor avaliação de risco.

Em dezembro do ano passado, essa mesma agência havia posto os "ratings" de 15 dos 17 países da zona do euro em perspectiva negativa (maiores chances de revisão para pior).

ENTENDA

O "rating" é uma opinião sobre a capacidade de um país ou uma empresa saldar seus compromissos financeiros. A avaliação é feita por empresas especializadas, as agências de classificação de risco, que emitem notas, expressas na forma de letras e sinais aritméticos, que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um "default", isto é, de suspensão de pagamentos.

Para publicar uma nota de risco de crédito, os especialistas dessas agências avaliam além da situação financeira de um país, as condições do mercado mundial e a opinião de especialistas da iniciativa privada, fontes oficiais e acadêmicas.

O "rating" é sempre aplicado a títulos de dívida de algum emissor. Se uma empresa quer captar recursos no mercado e oferece papéis que rendem juros a investidores, a agência prepara o "rating" desses títulos para que os potenciais compradores avaliem os riscos.

As agências, portanto, classificam debêntures, "medium-term notes", títulos de dívida conversível, mas não ações.

GRAU DE INVESTIMENTO

A nota de países é preparada a partir da iniciativa do emissor ou da empresa de "rating". As empresas de classificação de risco alegam que, mesmo sob encomenda, o "rating" é uma avaliação independente, porque também há preocupação com a credibilidade da própria agência.

O chamado "rating" global de um país, por exemplo, é sempre a avaliação que uma determinada agência tem sobre o risco dessa nação não pagar os títulos, de longo prazo, que lançou no mercado internacional.

Esses países também são encaixados em categorias. Se a agência considera um país como "bom pagador", ele é classificado na categoria "grau de investimento". Se é visto apenas como um pagador de risco razoável, fica na categoria "grau especulativo", que também inclui nações que declararam moratória de suas dívidas.

As agências monitoram constantemente os países ou empresas. Dessa forma, quando lançam um "rating", também avisam quais as chances dessa nota ser revisada no curto prazo.

Se o panorama é positivo significa que a nota tem maiores chances de ser melhorada. Se é negativo, as maiores chances são de que haja um "downgrade" (seja revisada para baixo, uma nota pior). Se é estável, há poucas chances de que seja mudada nos dois anos seguintes.

LETRAS E SINAIS

As três agências de classificação de risco de maior visibilidade são a Standard & Poor's, a Moody's e a Fitch Ratings.

As agências usam praticamente o mesmo sistema de letras e sinais. Assim, a melhor classificação que um país pode obter é Aaa (Moody's) ou AAA (Standard & Poor's) que, conceitualmente, significam "capacidade extremamente forte de atender compromissos financeiros".

Na ponta oposta, um título classificado como "C", para a S&P ou a Moody's, tem altíssimo risco de não ser pago.

"A taxa média de 'default' [moratória] entre 1970-2000 para títulos [classificados como] Aaa sobre um período de 10 anos foi de apenas 0,67", afirma a Moody's.

EFE/FOLHA