quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O balanço cambial deverá piorar em 2012


O ano de 2012 começou com a captação de importantes recursos externos a taxas de juros muito atraentes, especialmente em se tratando de emissão soberana. Mas não é um padrão para o ano, pois o quadro cambial deverá se deteriorar, obrigando à tomada de mais empréstimos externos para compensar um déficit maior nas transações correntes do balanço de pagamentos.
Na última edição das contas externas (novembro 2011), o Banco Central apresentou sua projeção para o ano: déficit de US$ 65 bilhões nas transações correntes, com um superávit de US$ 23 bilhões na balança comercial, déficit de US$ 14,5 bilhões nos serviços e uma conta de capital e financeira de US$ 70 bilhões, inferior a 2011 em razão de um recuo dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) para US$ 50 bilhões.
É uma projeção que se pode considerar como razoável, mas que indica que, pela primeira vez, o ingresso de IEDs será menor que o déficit nas transações correntes. Parece difícil que o resultado da balança comercial seja maior. O governo admite um aumento das exportações de quase US$ 10 bilhões, o que não será fácil, levando em conta a conjuntura internacional e um recuo do crescimento da China. Em 2011 o bom resultado das exportações teve origem na alta de preço das commodities, que, neste ano, deverá recuar, a não ser nos produtos agropecuários. Os serviços deverão continuar a crescer, com maiores importações e maior déficit das viagens internacionais. Os juros deverão aumentar, com uma dívida externa maior, e tudo indica que a remessa de juros e dividendos crescerá para atender a necessidades das matrizes das empresas estrangeiras.
Dúvidas recaem sobre o movimento financeiro. Tudo indica que o ingresso de IEDs ainda será elevado, embora menor do que no ano passado, em face da crise na Europa. A reação da Bolsa de Valores poderá trazer maiores compras por estrangeiros, mas seria um risco contar com essas operações, que flutuam amplamente.
O Banco Central está prevendo uma forte queda do saldo líquido dos empréstimos externos, que deveria cair de US$ 44,7 bilhões para US$ 6,2 bilhões por causa dos desembolsos que deverão ser a metade dos de 2011, enquanto as amortizações ficarão ligeiramente acima das do ano passado. O dinamismo da economia brasileira e uma provável elevação dos investimentos deverão ampliar as necessidades de crédito externo, especialmente com um maior déficit em conta corrente.
ESTADÃO