quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Petróleo poderá subir até 30% com embargo ao Irã, estima FMI


Os preços globais do petróleo poderão subir entre 20% e 30% com o embargo europeu às exportações do Irã, estima o Fundo Monetário Internacional (FMI), em comunicado divulgado nesta quarta-feira.

Em nota destinada aos representantes do G20, o FMI disse que as sanções financeiras poderiam implicar em declínio do fornecimento em cerca de 1,5 milhão de barris por dia pelo Irã, o quinto maior produtor de petróleo do mundo.

Os volumes perdidos podem ser comparados às perdas ocorridas quando a Líbia interrompeu o fornecimento no ano passado, durante os conflitos entre opositores e aliados do regime do ex-ditador Muammar Gaddafi. 

Desse modo, o preço do petróleo poderia chegar a US$ 100 o barril.

A situação pode se complicar caso o Irã confirme a ameaça de interromper o tráfego de navios no estreito de Hormuz, por onde passa 20% do petróleo comercializado no mundo.

OBAMA

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu na terça que os americanos vão manter a pressão sobre o polêmico programa nuclear da República Islâmica, sendo que "nenhuma opção (está) fora da mesa", mas disse que a porta continua aberta às negociações para uma resolução pacífica.

Em seu discurso do Estado da União, Obama disse que o governo iraniano ficou isolado e enfrenta sanções "paralisantes" que, segundo ele, continuarão enquanto Teerã mantiver dando as costas para a comunidade internacional.

"A América está determinada a impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear, e eu não vou tirar nenhuma opção da mesa para atingir esse objetivo. Mas uma resolução pacífica para este problema ainda é possível, e muito melhor, e se o Irã mudar o curso e cumprir suas obrigações, poderá retornar à comunidade das nações", disse ele.

Ao assumir o cargo em 2009, Obama rompeu com a política de seu predecessor republicano George W. Bush e ofereceu uma nova oportunidade ao Irã, dizendo que queria um novo começo com o país que Bush havia marcado como parte do "eixo do mal".

Mas a oferta para negociar não deu frutos e as tensões continuaram a crescer sobre o programa nuclear iraniano, que Teerã diz ser para fins energéticos, mas nações ocidentais temem que seja para construir uma arma nuclear.

REAÇÕES

Mais cedo, o ministro do Interior do Irã, Mostafa Mohammad Najjar, afirmou que o embargo decretado pela UE (União Europeia) ao petróleo de seu país pune mais as economias ocidentais do que a iraniana.

"Com essas iniciativas, o que fazem é criar dificuldades adicionais para a economia do Ocidente", disse o ministro iraniano, citado pela agência russa de notícias Interfax, depois de se reunir com o chefe do Serviço Federal de Controle de Narcóticos da Rússia, Victor Ivanov.

Najjar, que realiza uma visita oficial à capital russa, lembrou que as sanções aumentam o preço do petróleo e são "inoportunas e prejudiciais para os interesses dos Estados Unidos e dos países ocidentais".

"Nós não lhes damos importância. Há 30 anos que nos impõem sanções.

 Não é algo novo", destacou o ministro iraniano. "As sanções ao Irã anteriores nos ajudaram a inventar o que necessitávamos e não tínhamos".

EMBARGO

Na segunda (23), a União Europeia anunciou o embargo às exportações de petróleo do Irã, para pressionar o governo de Mahmoud Ahmadinejad a suspender seu programa nuclear.

Segundo a emissora britânica de TV BBC, o bloco é atualmente o destino final de 20% das exportações do petróleo do país.

Na reunião, os governos europeus também fecharam acordo sobre o congelamento de bens do Banco Central iraniano e a proibição de todo o comércio com ouro e outros metais preciosos com a instituição e outros órgãos públicos do país, disseram autoridades do bloco.

REUTERS/FOLHA