quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Somália: grupo que matou Bin Laden comanda regaste de reféns


MOGADÍSCIO - Em uma operação inédita, tropas americanas entraram na base de piratas de Harardhere, na Somália para resgatar uma americana e um dinamarquês, funcionários da ONG Demining Group, capturados há três meses no país. A missão foi liderada pelo Grupo Naval de Desenvolvimento de Guerra Especial, chamado o Seal Team 6, o mesmo que em maio passado matou Osama bin Laden no Paquistão. Os soldados envolvidos na operação nesta madrugada, no entanto, não foram os mesmos a irem a Abbottabad.

O resgate aconteceu durante a madrugada desta quarta-feira e contou com pelo menos seis helicópteros militares. Segundo fontes, nove piratas somalis foram mortos e outros cinco capturados. As tropas dos EUA estariam agora no Djibouti, país que abriga a única base americana no continente. A ação teria sido planejada depois que autoridades descobriram que a ativista americana estava com um problema de saúde no cativeiro somali.

- Foi um caso especial. Um dos reféns tem uma doença muito séria, e essa foi a razão para entrar e agir - explicou o ministro do Exterior dinamarquês, Villy Sovndal, ao canal 2 News.

A americana Jessica Buchanan, de 32 anos, e o dinamarquês Poul Hagen Thisted, de 60, foram capturados em outubro do ano passado, quando iam para o Aeroporto de Galkayo, na Somália. Na época, trabalhavam em um programa de limpeza de minas e outros explosivos. A imprensa informa que os dois estão saudáveis e passam bem depois do resgate.

Nesta manhã, o presidente americano, Barack Obama, comentou o resgate e agradeceu aos Navy Seals que participaram da operação. “Não poderia estar mais orgulhoso das nossas tropas”, disse o democrata.

 Obama ainda afirmou que o resgate foi um recado para o mundo saber como os EUA agem contra aqueles que maltratam seu povo. Mas na terça-feira, antes de seu discurso do Estado da União, o presidente foi visto parabenizando o Secretário de Defesa, Leon Panetta, pelo “bom trabalho”. Naquela altura, os reféns já estariam a salvo, mas a operação não estava acabada.

Operação por terra é inédita

Depois de matar os sequestradores, as tropas americanas encontraram Jessica e Thisted desarmados em um acampamento ao ar livre. Segundo a agência AP, que cita piratas que teriam falado com testemunhas do cerco, guardas somalis passaram a noite de terça-feira mascando a folha qat e estavam dormindo na hora que os soldados americanos se aproximaram do cativeiro.

É a primeira vez que tropas americanas entram em território somali para resgatar reféns. Alguns aviões não tripulados, no entanto, já realizaram ataques no país africano, e há relatos de que soldados dos EUA tenham ajudado em outras operações como a desta madrugada. Até então, resgates americanos contra piratas tinham sido feitos apenas pelo mar, com o apoio de homens franceses.

Autoridades americanas descartaram a possibilidade de os sequestradores estarem envolvidos com o grupo radical islâmico al-Shabaab. A área onde os reféns foram encontrados seria conhecida pela atividade dos piratas e não estaria sob controle de islâmicos.

As ações dos piratas somalis se tornaram mais frequentes nos últimos anos. Os criminosos costumam tomar de assalto embarcações no Oceano Índico em troca de um gordo resgate. Nos últimos meses, o sequestro de ocidentais por grupos armados aumentou no país. Eles vendem os reféns para piratas, que negociam, por sua vez, o resgate, explicam fontes somalis.

O GLOBO