sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Câncer complicado por pneumonia causou morte de Eliana Tranchesi


A empresária Eliana Tranchesi, 56, consultora da butique de luxo Daslu, morreu às 0h20 desta sexta-feira devido a "um câncer pulmonar complicado por pneumonia", de acordo com nota do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde ela estava internada.

O corpo foi velado no local e, ao meio-dia, encaminhado para o cemitério do Morumbi, na zona sul da capital paulista, onde o enterro acontece às 15h. Antes, às 14h, haverá uma missa.

Eliana não resistiu ao câncer contra o qual lutava desde 2006. Em setembro daquele ano, quando revelou que havia retirado um tumor do pulmão e que iniciaria sessões de quimioterapia e radioterapia, ela afirmou que "a crise da Daslu e mais o câncer me fizeram sentir como se eu fosse uma criança deixando abruptamente a Disney. Até então, eu imaginava a vida como uma grande brincadeira [...]. A Daslu é a Disney, onde tudo é lindo, as vendedoras são lindas, o cabelo é lindo, a roupa é linda, é tudo bonito. É tudo agradável. Então, de repente, você sai desse mundo da Disney e cai lá dentro do [hospital Albert] Einstein já com um monte de pacientes com câncer".

As duas lojas da Daslu não abriram nesta sexta-feira. As unidades, uma localizada em São Paulo, no shopping Cidade Jardim, e a outra no Rio, no Fashion Mall, voltarão a funcionar no sábado.


Eliana herdou a Daslu da mãe, Lucia Piva. A loja nasceu quando Tranchesi tinha apenas um ano de idade, na sala da casa de sua mãe. O nome vem da junção dos nomes das primeiras sócias da loja, Lucia Piva e Lourdes Aranha, ambas apelidadas de Lu.

A Daslu virou uma grife e, a partir dos anos 90, começou a trabalhar com importados, quando as importações foram liberadas pelo então presidente Fernando Collor de Mello. Ela foi para a Europa e voltou com a mala abarrotada de marcas famosas que caíram no gosto dos endinheirados brasileiros. A partir daí, a Daslu virou referência para quem tinha dinheiro para gastar e queria ver e ser visto.

O negócio começou a passar por dificuldades financeiras em 2005, quando foi alvo da operação Narciso, feita por Receita Federal, Ministério Público e Polícia Federal.

Eliana Tranchesi foi presa e condenada a 94 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, fraude em importações e falsificação de documentos. A empresária foi liberada com um Habeas corpus.

Desde julho de 2010, a Daslu estava em recuperação judicial, o mecanismo que substituiu a antiga concordata e que permite a suspensão do pagamento das dívidas enquanto é negociada uma saída para a crise.

Em fevereiro do ano passado, a grife foi comprada pelo Fundo Laep, investidor do mercado de capitais que se tornou especialista em comprar empresas à beira da falência. Eliana foi mantida como consultora da marca.

FOLHA