segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Com quase 90% de 'sim', sírios aprovam reforma constitucional


A nova Constituição síria foi aprovada pela população com 89,4% dois votos para a alternativa "sim", informou nesta segunda-feira o ministro do Interior, Mohamad Nidal al Shaar.

O referendo constitucional, que mobilizou 8,37 milhões de eleitores neste domingo, foi marcado por vários episódios de violência. Grupos de oposição estimam que pelo menos 59 pessoas morreram, entre soldados e civis.

Mesmo durante a votação, morteiros caíam sobre o bairro rebelde de Baba Amr e outras regiões de Homs, devastadas por mais de três semanas de bombardeios, no dia seguinte a uma jornada de violência que deixou cerca de cem mortos, segundo o OSDH (Observatório Sírio para os Direitos Humanos).

A proposta de mudança constitucional foi duramente criticada pela comunidade internacional e pela oposição síria, que convocou um boicote contra o referendo.

Na nova carta fundamental, o governante mantém poderes significativos. Escolhe o primeiro-ministro, independentemente da maioria parlamentar, e em alguns casos pode rejeitar leis.

O artigo 88 prevê que o presidente só pode optar por dois setênios, mas o artigo 155 precisa que estes dispositivos só serão aplicados após as próximas presidenciais de 2014. Com isso, Bashar al Assad poderia se manter como ditador por mais 16 anos.

ATAQUES

Nesta segunda-feira, a artilharia síria bombardeou náreas rebeldes de Homs, antes do aguardado anúncio pelo governo de que uma nova Constituição foi aprovada no referendo de domingo, que foi qualificado como farsa pela oposição.

Mais foguetes e projéteis caíram em bairros sunitas de Homs, epicentro dos 11 meses de rebelião contra o regime de Assad. "Um intenso bombardeio começou em Khalidiya, Ashira, Bayada, Baba Amro e na cidade velha ao amanhecer", disse o ativista de oposição Mohammed al Homsi, falando à Reuters por telefone.

"O Exército está atirando a partir das principais vias para dentro dos becos e ruas transversais. Relatos iniciais indicam que pelo menos duas pessoas morreram na área do 'souk' [mercado]".

No domingo, pelo menos 59 civis e soldados foram mortos durante a realização do referendo sobre uma Constituição que oferece algumas reformas, mas que permitiria a permanência de Assad no poder até 2028.
Quatro jornalistas ocidentais estão retidos em Baba Amro, dois dos quais feridos. A repórter norte-americana Marie Colvin e o fotógrafo francês Remi Ochlik foram mortos lá em 22 de fevereiro.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse esperar a rápida retirada dos jornalistas. "Está muito tenso, mas parece que as coisas começaram a avançar", disse ele à rádio RTL.

FOLHA