quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Mais de 430 milhões de pessoas sofreram cibercrimes em 2011


Pelo menos 431 milhões de pessoas no mundo todo foram diretamente afetadas em 2011 por algum tipo de ataque cibernético com "componente criminoso direto", afirmou nesta terça-feira (31) o diretor do Unitar (Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa), Carlos Lopes.
O diretor do Unitar defendeu a necessidade de buscar "uma solução global" para o crime eletrônico e estabelecer um marco comum de segurança.

Lopes participou de um painel de alto nível sobre o Programa de Cibersegurança e Crime Eletrônico, que hoje reuniu em Genebra diplomatas e representantes de agências das Nações Unidas e empresas de segurança na rede.

O secretário-geral da UIT (União Internacional de Telecomunicações), Hamadoun Touré, que também participou do debate, concordou em propor "um acordo comum" do qual participem tanto representantes do setor privado como todos os países, "já que, se um ficar de fora, o hacker pode trabalhar a partir dali".

Em 2011, empresas e instituições de todo o mundo gastaram US$ 338 bilhões para combater este tipo de ataques, dois terços dos quais foram delitos de fraude econômica ou spam.

O secretário do departamento de Novos Desafios e Ameaças do Ministério de Relações Exteriores russo, Ernest Chernukhin, apontou que o crime eletrônico teve em 2011 um rendimento financeiro estimado em US$ 12,5 bilhões.

Lopes afirmou que durante os últimos anos os ataques cibernéticos têm experimentado "um crescimento exponencial", especialmente no caso de ações contra centros de inteligência, que antes eram menos vulneráveis por contar com sistemas de segurança mais sofisticados que os demais.

"Os países emergentes desenvolveram muita tecnologia, e a Rússia também está empregando agora tudo o que desenvolveu na época soviética", acrescentou, lembrando que no ano passado grande parte dos ataques cibernéticos procedeu de países emergentes como Índia, China e Brasil.

Além disso, indicou que os países emergentes "estão se especializando em diferentes tipos de crime eletrônico". Enquanto no Brasil estão "mais especializados" em ataques a instituições publicas, na Nigéria os hackers focam pessoas e, na China, espionagem industrial.

O representante do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), John Sandage, assegurou que uma das prioridades é ajudar os países emergentes em matéria de segurança cibernética para evitar futuros ataques.

Ele explicou que o número de servidores seguros aumentou notavelmente nos últimos anos nos países industrializados, mas não tanto assim nos emergentes, onde, opinou, "é necessária ajuda para enfrentar o crime eletrônico".

"A conectividade sem fio na África cresce 1.000% a cada ano; com isto, aparecem riscos muito diferentes, e ainda não existem sistemas de segurança apropriados", lamentou Lopes.

Entre os países "menos preparados" para enfrentar os ataques cibernéticos estão, segundo um estudo elaborado pela empresa de informática McAfee, Brasil, México, Índia e Romênia.

EFE/FOLHA