quinta-feira, 22 de março de 2012

Grupo vinculado à Al Qaeda reivindica ataques em Toulouse

Um grupo vinculado à rede Al Qaeda reivindicou a matança na cidade francesa de Toulouse, em um comunicado divulgado nesta quinta-feira na internet, no qual convocou a França a revisar sua política hostil em relação aos muçulmanos. 


O texto, assinado pela organização "Jund al Khilafah" (os soldados do Califado), que no passado reivindicou ataques no Afeganistão e no Cazaquistão, publicou a mensagem no site Shamikh, que divulga geralmente comunicados da Al Qaeda.

Segundo o comunicado, a matança de Toulouse foi praticada por "Yusef o francês", classificado como "um dos cavaleiros do Islã".

"Essa operação bendita sacudiu os pilares dos sionistas cruzados no mundo inteiro (...) e nós a reivindicamos", afirma o grupo no texto.

O grupo exigiu que o governo francês "revise sua política em relação aos muçulmanos no mundo" e "abandone suas tendências hostis ao Islã (...)", ao considerar que esta política só vai gerar "desgraça e destruição".

MORTE

Merah morreu hoje com uma bala na cabeça durante operação policial que pôs fim a um cerco de 30 horas, segundo autoridades francesas.

Em uma entrevista a jornalistas, o promotor de Paris, François Molins, afirmou que os agentes da Raid (unidade de elite da polícia) fizeram "todos os esforços" para capturar Merah vivo, mas que atuaram "em legítima defesa" quando o suspeito dos crimes saltou pela janela do apartamento, atirando contra os policiais.

Merah era acusado de matar três crianças e um professor em uma escola judaica na última segunda-feira (19). Em outros dois ataques na semana passada, ele teria atirado contra três soldados em Montauban, próximo a Toulouse, que também morreram.

Nascido em 10 de outubro de 1988 em Toulouse, ele é francês de origem argelina e possui antecedentes criminais. O suposto atirador esteve no Paquistão e no Afeganistão e se declarava jihadista da Al Qaeda.

No entanto, não existem informações concretas sobre sua participação em um campo de treinamento.

A investigação deve determinar se ele atuou sozinho ou com a ajuda de uma célula, e se ele pertencia à Al Qaeda, como reivindicava.



CERCO

Durante o certo, Merah prometeu por várias vezes se render, o que nunca aconteceu, enquanto a polícia fez tentativas de invadir o apartamento. Hoje pela manhã - por volta das 11h no horário local (7h de Brasília)--, policiais conseguir entrar no apartamento, quando foram ouvidos diversos disparos do lado de fora do prédio.

A operação culminou então com a morte de Merah, que havia declarado, segundo afirmação feita ontem pelo ministro do Interior do país, Claude Guéant, desejar morrer "de armas na mão".


COMBATE AO TERROR

Ontem, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que Merah já planejava perpetrar um novo ataque. Hoje, ele disse que toda pessoa que visitar sites que façam apologia ao terrorismo ou viajar a outro país para seguir "treinamento ideológico" será punida judicialmente.

"Tudo foi feito para que o autor (dos assassinatos) fosse levado à justiça.

Mas não poderíamos colocar mais vidas em jogos, já tivemos muitos mortos", disse Sarkozy.

Ele exortou ainda os franceses a permanecerem unidos e para que os muçulmanos não sejam alvos de revanchismo.

"Nossos compatriotas muçulmanos não têm nenhuma ligação com o terrorismo", afirmou Sarkozy.

Sarkozy disse ainda que se reunirá com o primeiro-ministro, François Fillon, e ministros da área para evitar que as prisões francesas continuem a ser "centros de doutrinação de terrorismo".

FOLHA