domingo, 4 de março de 2012

Serão sustentáveis os bons números do INSS?


Os números do INSS, em janeiro, foram dos melhores dos últimos anos. Mas apenas quando vierem os de fevereiro, com o impacto total do novo salário mínimo nas contas do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), será possível um prognóstico melhor para este ano. Até agora, o importante é que a desaceleração do ritmo da atividade econômica, em 2011, ainda não trouxe consequências danosas para as contas do INSS.
A arrecadação foi a maior da série histórica para janeiro, atingindo R$ 19,6 bilhões, crescimento real de 8,4% em relação ao mesmo mês de 2011. As despesas cresceram menos (6,3%), de R$ 21,2 bilhões para R$ 22,6 bilhões. Assim, o déficit de R$ 3 bilhões foi o menor, para o mês de janeiro, desde 2003.
As empresas continuaram contratando empregados com carteira assinada e corrigindo a renda dos trabalhadores. E a interpretação que se consolida para esse fato é de que as empresas, contando com uma retomada da economia, evitam demitir, para não ter de recontratar, mais adiante, num ambiente de maior demanda de mão de obra, como sugeriu o economista e ex-diretor do Banco Central Ilan Goldfajn, em artigo no Estado.
Também o comportamento da chamada "previdência urbana" foi o melhor da história, para janeiro, com superávit de R$ 1,8 bilhão, no mês, e de R$ 21,6 bilhões, nos últimos 12 meses, até janeiro. Já a "previdência rural" arrecadou apenas R$ 387 milhões, 2% menos do que em janeiro de 2011, enquanto a despesa com benefícios rurais aumentava 10,1%, atingindo R$ 5,2 bilhões.
A Previdência Social atende um número crescente de pessoas: pagou mais de 29 milhões de benefícios, em janeiro, dos quais 25,1 milhões de caráter previdenciário e acidentário, no valor médio de R$ 835,84.
O secretário de Políticas de Previdência Social, Leonardo Rolim, enfatizou que o déficit do RGPS, em 12 meses, foi cadente nos últimos meses. Mantida a tendência, poderá ser até inferior aos R$ 39,1 bilhões previstos para este ano, disse ele. Ainda que supere os R$ 35,5 bilhões de 2011, o valor estimado para este ano contrasta com o aumento de 14,1% do salário mínimo, de R$ 545 para R$ 622. O que se temia era um impacto muito mais forte não apenas no INSS, mas na demanda, agravando as pressões de preços.
O otimismo ganhou espaço na área federal, a ponto de o desequilíbrio das contas da Previdência já ser visto como "administrável" até 2030. Mas é claro que isso depende da continuidade do crescimento econômico, daqui até lá.
ESTADÃO