terça-feira, 8 de maio de 2012

Acidente de carro mata inspetor da agência nuclear da ONU no Irã


Um inspetor sul-coreano da agência nuclear da ONU (AIEA) em missão no Irã morreu nesta terça-feira num acidente de carro no interior do país, segundo anunciaram autoridades iranianas.

Outro inspetor, esloveno, ficou ferido quando o carro em que viajavam capotou numa área situada 250 km a sudoeste de Teerã, de acordo com a agência de notícias estatal Irna.

Não há indícios de sabotagem, mas é provável que o incidente seja investigado, apesar de o Irã ser um dos recordistas mundiais em mortes per capita na estrada.

O acidente ocorreu perto da central de Arak, na Província de Markazi. A usina, que deve ser oficialmente inaugurada no próximo ano, abriga um reator de água pesada que, segundo o governo iraniano, produzirá isótopos usados para fins industriais e de luta contra o câncer. Não está claro se os inspetores estavam a caminho da usina ou se já a haviam visitado.

O governo iraniano enviou condolências à família do sul-coreano e a seus colegas de AIEA.

Peritos internacionais fazem visitas regulares ao Irã, mas somente as inspeções do alto escalão da AIEA, mais raras, costumam ser destacadas. As duas últimas aconteceram no início do ano e resultaram num impasse entre a ONU e as autoridades iranianas, que vetaram acesso dos inspetores a uma base militar nos arredores de Teerã onde suspeita-se que tenham ocorrido testes com arsenal nuclear.

A morte do perito sul-coreano surge às vésperas de mais uma rodada de conversas técnicas entre o Irã e a AIEA, marcada para o próximo domingo em Viena, sede da agência.


Paralelamente às discussões técnicas, o governo iraniano e as grandes potências vêm retomando negociações políticas paralisadas há um ano e meio. Representantes de Teerã e do grupo conhecido como P5+1 (que reúne China, Rússia, EUA, Reino Unido, França e Alemanha) têm reunião marcada para o dia 23 de maio em Bagdá, um mês após uma primeira reunião ocorrida em Istambul.


O embate acerca do programa nuclear da República Islâmica começou há dez anos quando dissidentes iranianos denunciaram a suposta existência de atividades atômicas não declaradas à AIEA que visam a fabricação da bomba atômica.

As potências ocidentais endossaram a acusação e a ONU desde então intensificou o monitoramento do programa nuclear de Teerã.

O Irã nega querer a bomba e argumenta em seu favor que, na condição de signatário do Tratado de Não Proliferação, tem direito de enriquecer urânio para fins medicinais e energéticos.

Israel, embora seja a única potência nuclear do Oriente Médio, diz encarar o programa nuclear iraniano como ameaça existencial e ameaça bombardear as centrais atômicas do país persa.

FOLHA