quinta-feira, 17 de maio de 2012

Atores egípcios sentiram medo ao filmar "After The Battle"


Quando um astro de ação filme um novo projeto repleto de explosões e tiros, ele adora se gabar de como fez tal cena perigosa ou de como não usou dublê para saltar de um penhasco. No fundo, ele sabe que nunca correu perigo. Não é o caso dos atores de "After The Battle", filme egípcio que teve sua première nesta quarta-feira (16), em Cannes.

"Eu sentia que aquele poderia ser meu último filme, mas mesmo assim queria reafirmar nossas presença como artistas e fazer nosso trabalho", conta Bassem Samra, que faz o papel de um cavaleiro que atacou os revolucionários em campanha contra o governo do então ditador Hosni Mubarak, em fevereiro do ano passado.

"Eu me sinto em perigo em todos os filmes que faço", afirma a atriz Menna Shalabi, que chegou a ser chamada de "vadia" pelas pessoas na Praça Tahrir, um dos locais mais simbólicos da manifestação popular e onde o drama do longa tem início.

O filme segue uma linha neorealista que fica difícil separar ficção da realidade. Ele foi sendo escrito ao longo de oito meses, sendo ditado pelos acontecimentos verdadeiros do Egito, culminando nos levantes de outubro do ano passado, quando 25 pessoas morreram em confrontos entre cristãos, muçulmanos e a polícia do Cairo.

O diretor Yousry Nasrallah, ao escolher contar a história de um grupo de cavaleiros "manipulados por Mubarak", precisou rodar em locais de grande concentração com um nome falso para não virar alvo dos manifestantes. "Usávamos um título que parecia um filme romântico", revela o cineasta.

Perseguidos pelos radicais do islã que, segundo Nasrallah, estão "repetindo o que Mubarak fazia com eles no passado", os atores tiveram uma semana de descanso em Cannes, apesar do longa ter sido recebido com muita frieza. "A nossa indicação é uma resposta maravihosa às pessoas que querem acabar com a arte no Egito".

FOLHA