sexta-feira, 11 de maio de 2012

Caixa acelera crédito e precisa de aporte urgente do governo


A Caixa Econômica Federal surpreendeu ontem com um aumento nos empréstimos em ritmo mais de três vezes acima da média do mercado e uma das menores taxas de inadimplência.

Para manter esse ritmo como quer a presidente Dilma Rousseff, o banco precisará de um aporte urgente de dinheiro do Tesouro Nacional.


A acelerada na concessão de crédito acabou comprometendo mais rapidamente do que o esperado pelo governo a capacidade da Caixa de fazer novas operações.

Pelas regras do Banco Central, as instituições precisam reservar uma parte do seu capital próprio para os empréstimos realizados. No Brasil, para cada R$ 100 emprestados, o banco precisa ter, pelo menos, R$ 11 de patrimônio - o índice de Basileia, cujo mínimo é 11%.

Os bancos privados dificilmente trabalham com esse índice abaixo de 13%.
No caso da Caixa, essa relação já chegou a 12,8%. A saída é aumentar a contribuição dos acionistas - a União.

A Caixa hoje poderia conceder mais R$ 45 bilhões em empréstimos, segundo cálculos do analista Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings. O banco estatal, porém, pretende fazer mais R$ 80 bilhões até o final do ano.

Na Caixa, o crédito aumentou 41,1% em 12 meses, enquanto no mercado foi 18%. No trimestre, a expansão foi de 7,7% (2% no mercado).

A inadimplência está estável em 2% devido à maior fatia de crédito imobiliário, que têm calotes de 1,8%. O mercado têm inadimplência de 6,8% para o consumidor e 2,3% para empresas.

O resultado foi um lucro de R$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre - 46,1% mais do que no mesmo período de 2011.

EMPRÉSTIMOS

Para Santacreu, a Caixa precisará de R$ 10 bilhões para manter o atual ritmo de empréstimos em 2012.

"Se a velocidade continuar nesse ritmo, vamos ter de resolver com nosso controlador. Você acha que nosso acionista está triste tendo um crescimento de lucro de 46% no ano? Acha que ele teria algum problema para colocar dinheiro aqui?", afirma Raphael Resende, vice-presidente da Caixa.

Segundo Resende, a Caixa tem vários caminhos para manter o atual ritmo de empréstimos. Além do Tesouro, o banco estuda emissão de dívida e a venda de empréstimos para o mercado de capitais - a securitização.

FOLHA