quinta-feira, 28 de junho de 2012

Brasileiros compartilhavam pornografia infantil com 34 países

RIO e SÃO PAULO - A Polícia Federal (PF) desencadeou nesta quinta-feira a Operação DirtyNet com o objetivo de desarticular uma quadrilha que compartilhava material de pornografia infantil na internet. Ao todo, 32 pessoas foram presas através de mandados ou em flagrante, entre elas o radialista Rodrigo Vieira Emerenciano, vulgo Mução. Segundo a PF, os crimes praticados envolviam crianças, inclusive com menção a estupro cometido contra os próprios filhos, sequestros, assassinatos e atos de canibalismo. Segundo as investigações, a rede brasileira tinha conexão com pessoas de mais 34 países.

A investigação foi realizada pela Polícia Federal em Porto Alegre. A ação teve apoio do Ministério Público Federal (MPF) e da Interpol, a polícia internacional. Segundo a PF, as prisões no Brasil ocorreram em São Paulo (9), Rio de Janeiro (5), Rio Grande do Sul (5), Minas Gerais (5), Paraná (3), Maranhão (2), Ceará (1), Espírito Santo (1) e Bahia (1).

Foram cumpridos, ainda, 50 mandados de busca e apreensão, que resultaram no recolhimento, entre outros acessórios para armazenamento de arquivos digitais, de HDs, computadores, mídias, pendrives, câmeras fotográficas e filmadoras. Em um dos imóveis, em Porto Alegre, os agentes federais apreenderam uma coleção de 5,7 mil fotos e diversos vídeos.

De acordo com a Polícia Federal, também foram realizadas, nesta quinta-feira, ações de combate à divulgação de pornografia infantil no Reino Unido e na Bósnia e Herzegovina.

A operação DirtyNet é um desdobramento de uma ação anterior da Polícia Federal, batizada ‘Caverna do Dragão’. A partir dessa primeira operação, agentes descobriram e monitoravam há pelo menos seis meses uma rede de aproximadamente 160 usuários de conteúdos pornográficos envolvendo crianças e adolescentes; 97 usuários no exterior e 63 deles no Brasil. A rede, de acordo com a Polícia Federal, era “privada, criptografada, onde só é possível entrar com convite e aprovação dos outros membros”.

Todo o material apreendido na operção desta quinta-feira será periciado para comprovar o indício de produção de imagens, ou seja, de abuso e estupro de crianças e adolescentes.

Os alvos brasileiros compartilhavam material de pornografia infantil com usuários da internet na Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bósnia, Canadá, Chile, Colômbia, Croácia, Emirados Árabes Unidos, Equador, Estados Unidos, Filipinas, Finlândia, França, Grécia, Indonésia, Iran, Holanda, Macedônia, México, Noruega, Peru, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Rússia, Sérvia, Suécia, Tailândia e Venezuela.

A Polícia Federal já comunicou, através da Interpol, os países envolvidos para que seja dado prosseguimento às investigações a fim de identificar todos os envolvidos.

As ordens judiciais no Brasil foram cumpridas nas cidades de Porto Alegre, Esteio e Santa Maria (RS), Belo Horizonte, Montes Claros, Uberaba, Uberlândia, Varginha e Divinópolis (MG), Curitiba, Foz do Iguaçu, Maringá e Guaíra (PR); Fortaleza (CE); Natal (RN); Rio de Janeiro, Niterói e Nova Iguaçu (RJ); São Paulo, Santos, São José dos Campos e Piracicaba (SP); Recife (PE); Salvador (BA); São Luís do Maranhão (MA); Vitória (ES) e Brasília (DF).

O GLOBO