sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pão de Açúcar muda de mãos, e crise entre sócios continua


O Casino assume hoje o comando do Pão de Açúcar, mas isso não encerra a disputa entre Abilio Diniz e Jean-Charles Naouri, presidente da rede francesa. Também não aplaca as incertezas sobre o futuro da companhia.

A transferência estava prevista desde 2005, quando Abilio vendeu o controle por US$ 881 milhões.

Pela manhã, ocorre a mudança na composição da Wilkes, que controla o Pão de Açúcar e indica o novo conselho de administração. Na prática, o conselho decide os rumos da empresa.

Esse conselho agora terá oito representantes do Casino e três de Abilio. Antes, eram cinco para cada um dos lados. Além disso, haverá quatro independentes.

O empresário brasileiro segue como presidente do conselho, mas com menos poderes. Será o maior acionista minoritário, com 21% das ações.

O Casino disse que manterá os executivos atuais. A verdade, porém, é que já estuda mudanças contando, inclusive, com a troca dos diretores colocados por Abilio.

A Folha apurou com pessoas próximas ao Casino na Europa que nos planos está a conversão das ações preferenciais (sem voto) do Pão de Açúcar em ordinárias (com voto).

Assim, a companhia migraria para o Novo Mercado, segmento da Bolsa que exige maior transparência.

A proposta tem tudo para ganhar a confiança dos investidores e deverá ser apresentada ao conselho dentro de alguns meses.


A conversão das ações abriria caminho para a fusão das operações brasileiras com as da Colômbia, do Uruguai e da Argentina, formando uma subsidiária latino-americana.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Casino nega que a mudança faça parte dos planos neste momento.

SAÍDA DE ABÍLIO

Pelo acordo, Abilio fica por, pelo menos, mais dois anos na companhia. Esse é o prazo previsto para que ele possa vender suas ações.

O problema é que a relação entre os dois empresários está insustentável desde que Abilio tentou comprar o Carrefour no Brasil, em 2011.

Naouri se disse traído porque não teria sido informado das negociações que, caso avançassem, retiraria o comando das mãos do Casino, em 2012.

A Folha apurou que, após a troca de comando, ambos pretendem buscar uma forma de viabilizar a saída de Abilio - que também segue um rito previsto em contrato.

Os dois lados chegaram a cogitar a possibilidade de Abilio sair levando o Extra, mas o Casino não topou. A Viavarejo (Ponto Frio e Casas Bahia) também foi uma ideia, mas enfrentou resistências da família Klein, fundadora da Casas Bahia, que ainda procura bancos para financiar a compra da empresa.

FOLHA