terça-feira, 10 de julho de 2012

Corpo de dom Eugenio Sales é velado na Catedral Metropolitana



RIO - O corpo do Cardeal Dom Eugenio Sales, morto na noite desta segunda-feira, é velado na Catederal Metropolitana do Rio de Janeiro. Ao entrar no santuário, dom Eugenio foi homenageado com cânticos religiosos. O corpo chegou à catedral por volta de meio-dia, depois de seguir em cortejo do Cemitério de Inhaúma, onde foi embalsamado, até o Centro do Rio. Ao passar pelo tapete vermelho, o corpo do arcebispo emérito do Rio de Janeiro foi recebido com aplausos acompanhados do Hino Nacional, tocado pela banda da Polícia Militar. Uma pomba branca foi solta e pousou sobre o caixão. O governador Sérgio Cabral chegou ao local junto com o cortejo. Antes de chegar à catedral, o carro do Corpo de Bombeiros que transportava o caixão parou por cerca de dez minutos em frente à Igreja da Candelária para uma oração.



Desde cedo, muitos fiéis aguardavam o início do velório. O movimento na catedral teve início às 9h, com pessoas rezando o terço e fazendo orações. O Arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, celebra a primeira missa de corpo presente. Serão realizadas missas de duas em duas horas. Em nota, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamentou a morte de Dom Eugenio. Dom Orani voltou a enfatizar dois aspectos que marcaram muito o trabalho social do arcebispo emérito: o apoio às comunidades carentes e aos refugiados políticos.

- Ele defendeu os direitos humanos. A cada época, ele viveu o seu tempo, buscou soluções para a ditadura e para as questões sociais. Foi um dos brasileiros com mais influência no governo central da igreja.

Ao chegar à catedral para o velório, o prefeito Eduardo Paes disse que hoje é um dia de tristeza e luto, mas também de homenagem a um grande homem:
- O nome de dom Eugenio se confunde com a história do Rio. Ele marcou a cidade e o Brasil com uma série de iniciativas na igreja católica e defendeu a liberdade e os direitos individuais.

A dona de casa Maria do Socorro Chagas, de 69 anos, conhecia o cardeal há 32 anos. Ela conta que Dom Eugenio influenciou a sua vida. Seu filho João Jeferson Chagas, de 29 anos, tornou-se padre e foi acompanhado pelo cardeal desde o início do sacerdócio.

- Ele é um marco na nossa vida, ordenou mais de duzentos sacerdotes, entre eles o meu filho, que hoje está na Paróquia São José Operário, na Ilha do Governador. Dom Eugenio era um homem de muita fé e brilho na Igreja Católica. A última vez que o vi foi exatamente aqui na catedral, em 2010, no aniversário de 90 anos dele. Foi a última missa que ele celebrou aqui.

Aos 21 anos, o auxiliar de produção Vinícius de Paula também admira o religioso. Assim como Maria do Socorro, Vinícius sempre foi católico e frequenta a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Centro.

- Ele foi um verdadeiro apóstolo de Pedro, muito fiel à igreja. Foi um grande professor na escola da fé.

Muito emocionada, a advogada aposentada Leonor Lopes Melo, de 63 anos, fala da lembrança mais marcante que tem do cardeal:

- Em uma campanha da fraternidade, há 15 anos, ele lavou os pés de presidiários durante a missa de Lava-pés. Ele era um homem muito justo e humano. Os jovens devem aprender o senso de justiça que ele tinha e também levar o Evangelho para as pessoas que precisam.

O pároco da Catedral Metropolitana, padre Aroldo Ribeiro, enfatizou o caráter missionário do cardeal:

- Ele abriu várias frentes de trabalho que até hoje são referência, como a campanha da fraternidade. Era um líder que não media esforços para destacar a igreja e também não abria mão do papel social.

Em nota, a presidente Dilma Rousseff também lamentou a morte do cardeal. 

Ela ressaltou que o arcebispo emérito do Rio de Janeiro “deixa seu nome inscrito na História da Igreja Católica pelo relevante papel que desempenhou em toda sua vida. Em sua trajetória, a preocupação social sempre esteve associada ao trabalho eclesiástico, como bem sintetizam as Campanhas da Fraternidade, uma de suas iniciativas, que marcam a ação da igreja em todo o Brasil. Neste momento de pesar, levo minha solidariedade ao povo do Rio de Janeiro e a todos os admiradores, familiares e amigos de D. Eugenio”.

O GLOBO