quarta-feira, 11 de julho de 2012

Premiê espanhol anuncia choque de austeridade de € 65 bilhões


O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, anunciou nesta quarta-feira novas medidas de ajuste destinadas a reativar a economia do país, que incluem uma reforma da administração e um aumento dos impostos. No total, essas medidas representam um choque de austeridade na economia equivalente a 6,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em menos de três anos.

A Espanha, que detém a maior taxa de desemprego na zona do euro (25,3%), amargou dois anos de recessão entre 2009 e 2010, teve uma recuperação modesta em 2011 (alta de 0,7% do PIB) e deve enfrentar nova recessão neste ano e no próximo - a OCDE prevê uma contração de 1,6% para 2012 e de 0,8% para 2013.

O novo pacote de medidas de ajuste exigido por Bruxelas representa, incluindo novos cortes e arrecadação, € 65 bilhões (US$ 81,25 bilhões) até o fim de 2014, segundo anunciou Rajoy, durante sessão no Parlamento, em Madri.

Depois de ter aprovado um orçamento austero para 2012, a Espanha deve intensificar os esforços e terá que aplicar "medidas adicionais", destacou Rajoy aos deputados, depois que o governo obteve de Bruxelas uma suavização da meta de redução do déficit.

A principal medida será o aumento do imposto IVA, que passará de 18% a 21%. A medida era rejeitada pelo governo, mas foi exigida pela Comissão Europeia e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).

O IVA reduzido para alguns produtos subirá de 8% a 10%, informou o chefe de Governo, mas o imposto permanecerá em 4% para produtos de primeira necessidade, que incluem alimentos básicos.

Rajoy também anunciou uma reforma da administração que deve permitir uma economia de € 3,5 bilhões. A reforma prevê a redução do número de empresas públicas e uma diminuição de 30% do número de vereadores.

SEM ABONO DE NATAL

Entre as outras medidas anunciadas, os funcionários públicos não receberão pagamento extra no Natal neste ano.

Após frisar que os salários dos empregados públicos são uma das maiores verbas do orçamento, Rajoy disse que além das medidas já adotadas, como a não- reposição de pessoal, outras medidas serão realizadas.

Entre elas, o número de dias livres dos funcionários será reduzido. Em relação à suspensão do pagamento do Natal, o primeiro-ministro explicou que é necessário adotar esta medida "excepcionalmente e dadas às circunstâncias da economia".

"Desde que começou a crise em 2007, o número de empregados públicos aumentou em 289.000 pessoas, enquanto no setor privado se destruíram 2,9 milhões de empregos", afirmou.

DESEMPREGO

Rajoy se referiu também a um dos mais graves problemas da economia espanhola, o desemprego, quando disse que "5,7 milhões de pessoas saem todas as manhãs de suas casas para procurar trabalho e não encontram".

O premiê acrescentou que "na situação atual da Espanha, crescer e criar empregos não é possível. Atravessamos a segunda recessão mais grave de nossa história, com um decréscimo da atividade econômica próximo a 2%".

Nesse sentido, anunciou que os novos desempregados verão reduzido o valor de seu auxílio a partir do sexto mês, embora será mantido o período máximo de 24 meses de duração desta ajuda.

Também será eliminada a dedução fiscal por compra de casa a partir de 2013, e disse que se procederá neste mesmo ano a um novo ajuste de € 600 milhões nas verbas dos departamentos ministeriais.

EFE/FRANCE PRESSE/FOLHA DE S. PAULO