quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Nina Hagen pede misericórdia para banda feminina russa Pussy Riot


Ex-diva do punk alemão apelou ao governo russo para que perdoe integrantes da banda punk Pussy Riot, acusadas de blasfêmia devido a ação em catedral moscovita. Nina Hagen espera que as três sejam libertadas logo.
Deutsche Welle: Na última segunda-feira (30/07) começou em Moscou a audiência principal no julgamento contra três integrantes da banda punk Pussy Riot. Elas estão sob ameaça de até sete anos de prisã pela "oração-punk" realizada numa catedral em fevereiro, uma polêmica ação contra o atual presidente Vladimir Putin. O que pensa do caso?
Nina Hagen: Eu gostaria de apelar ao governo russo e também aos meus irmãos e irmãs ortodoxos para que demonstrem misericórdia. Elas são pessoas muito jovens e selvagens, que se entusiasmaram demais e provocaram muita gente, por tê-lo feito na igreja. Certamente nunca mais farão uma besteira dessas. Tenho certeza que elas aprenderam muito com isso, e espero que a Rússia nos mostre seu grande coração. Eu apelo e oro por isso.
A organização de direitos humanos Anistia Internacional fala de "presas políticas". Esse é também seu ponto de vista?
Nada é tão ruim quanto parece. Claro que fico feliz que a Anistia Internacional garanta que nenhum direito humano seja violado. Mesmo assim, faço meu apelo ao coração cristão da Rússia. Os russos devem mostrar misericórdia e de amor ao próximo. Eles devem mostrar a essência do cristianismo, ou seja: perdoar! Espero que as meninas sejam libertadas.
Você viu o vídeo filmado na Catedral de Cristo Salvador em Moscou? Por causa dessa ação, a banda Pussy Riot está sendo acusada de blasfêmia...
Sim, vi o vídeo. Eu ri tanto! Achei tão engraçadinho, são jovens tão jovens, elas pensaram: "Agora vamos protestar contra essa coisa toda...". Não sei... Todos nós fomos jovens um dia.
Já teve algum problema com a Igreja por causa de suas ações?
Não, eu nunca fiz nada obsceno ou pornográfico.
Mas você canta na igreja...
Sim, frequentemente. Fizemos turnê pelas igrejas.
Se tivesse a oportunidade de falar com as três moças da banda Pussy Riot, o que lhes diria?
Eu as abraçaria e faria carinho nelas, lhes daria coragem e contaria a elas sobre minha experiência de quase morrer aos 17 anos. Eu era uma criança bem doida em Berlim Oriental, tinha uma ferida profunda em meu coração. Meu amor tinha me traído. Eu era candidata ao suicídio. E aí, minhas tias e irmãos cristãos que me encorajaram. Eu faria o mesmo pela Pussy Riot. Talvez eu levasse minha guitarra junto, e aí poderíamos fazer uma jam session e escrever juntas uma música.
DEUTSCHE WELLE