quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Funcionários dos Correios decidem entrar em greve


Os trabalhadores dos Correios de 17 Estados decidiram acompanhar os colegas de Minas Gerais e do Pará e entrar em greve a partir de amanhã, quarta-feira (18), em assembleias realizadas nesta terça.

Votaram pela greve hoje os trabalhadores de 17 Estados - Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins -, do Distrito Federal, e de quatro regiões do Estado de São Paulo (Bauru, Campinas, São José do Rio Preto e Vale do Paraíba).

Nos próximos dias, novas assembleias acontecerão nos Estados da Bahia, Espirito Santo, Rio Grande do Sul, Acre, Mato Grosso do Sul, Roraima e em quatro regionais (Juiz de Fora, Ribeirão Preto, Santa Maria e Santos).

Cerca de 17 mil já pararam suas atividades em Minas Gerais e no Pará desde a segunda passada (10), segundo o sindicato da categoria, o Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares).

REIVINDICAÇÕES

A categoria pede reajuste de 43,7% - soma das perdas salarias desde o Plano Real e da inflação do período mais aumento real - e aumento linear de R$ 200, ticket alimentação de R$ 35 por dia, a contratação imediata de 30 mil trabalhadores e o fim das terceirizações, além de garantias de melhores condições de trabalho.

As negociações começaram há mais de um mês, e, inicialmente, os Correios ofereceram 3% de reajuste. A proposta foi rejeitada por unanimidade nas assembleias realizadas pela categoria em todo o país, e, na semana passada, a empresa voltou a fazer nova proposta, desta vez de 5,2% de ajuste  -equivalente à inflação dos últimos 12 meses.

Os Correios afirmam que o reajuste de 5,2% elevaria o salário-base inicial para R$ 991,77. "Se somado o adicional de atividade que os carteiros recebem, o vencimento subiria para R$ 1.289,30. Este cargo é de nível médio", informaram, em nota.

A segunda proposta também rejeitada nas assembleias já realizadas.
BRIGA NA JUSTIÇA

Os Correios ajuizaram na quinta (13) dissídio coletivo de greve no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para encerrar a greve em Minas e no Pará, o mesmo recurso utilizado para suspender a greve de 28 dias do ano passado. 

Em 2011, o TST decidiu pelo reajuste de cerca de 6% mais R$ 80 linear.

Nesse ano, no entanto, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) negou o pedido da estatal, na sexta (14). Correios e sindicato realizarão a primeira audiência de conciliação na quarta-feira às 10h30.

Na ação deste ano, a empresa disse que se esgotaram as possibilidades das partes chegarem a um consenso e pediu que fosse declarada a ilegalidade das greves em Minas Gerais e no Pará por não ter sido informada da paralisação com 72 horas de antecedência, conforme exige a Lei de Greve.

Para a companhia, o movimento grevista é abusivo porque os Correios prestam serviços essenciais à sociedade, e sua eventual interrupção, ainda que parcial, causa sérios problemas à população.

Os Correios pediram a suspensão da paralisação até o julgamento final do dissídio ou que o sindicato seja obrigado a manter pelo menos 80% do contingente em cada uma das unidades operacionais da empresa.

FALTA DE INFORMAÇÃO

A vice-presidente do TST, Cristina Peduzzi, disse em sua decisão faltar informações para julgar o pedido. "Considero prematuro apreciar o pedido liminar, uma vez que não foi demonstrado pelo suscitante o estado geral da greve".

Para Peduzzi, não existem nos autos informações sobre a situação da greve -como taxa de adesão e prejuízos graves e concretos às atividades da empresa. "A simples notícia genérica de deflagração parcial e limitada de greve não autoriza, ao menos no momento, a apreciação da liminar".

Mas a ministra alertou na decisão que o pedido pode voltar a ser apreciado a qualquer momento, facultou às partes a apresentação de documentos que esclareçam a situação atual da paralisação e manteve a audiência de conciliação e instrução de amanhã.

FOLHA DE S. PAULO