quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O FMI condena a expansão excessiva do crédito

No relatório apresentado na reunião do FMI em Tóquio, relativo à Estabilidade Financeira Global, os autores estão dando uma atenção particular ao Brasil. De um lado, mostram os inconvenientes de uma expansão excessiva do crédito, por outro, assinalam que, embora hoje numa situação confortável, nosso país poderá ter de enfrentar uma situação delicada se se interromper, de repente, o fluxo de créditos no mercado internacional.
Há tempos estamos apontando, aqui, que a política seguida pelo governo do PT de ampliação rápida dos empréstimos bancários com o objetivo de favorecer o consumo apresenta diversos inconvenientes. Não se trata de denunciar a política que visa a reduzir as taxas de juros, pois, de fato, em comparação com a Selic, as instituições financeiras mantiveram juros elevadíssimos que impediam o desenvolvimento da produção e ao mesmo tempo não conseguiam conter a demanda doméstica.
O problema é que a expansão muito rápida do crédito favorece as pressões inflacionárias. O volume e a oferta de crédito tem de ser proporcional aos rendimentos da população, caso contrário abre as portas, no prazo médio, para sérios problemas. O exemplo extremo foi certamente o do boom imobiliário nos EUA, mas temos de reconhecer que já está ocorrendo no Brasil com a alta contínua do preço dos imóveis. Um excesso de liquidez favorece o endividamento das famílias e das empresas, que desemboca com prazo variável em violenta queda da demanda doméstica e em falência das empresas. As autoridades monetárias têm diversos instrumentos para a contenção do crédito, sendo o recolhimento do compulsório o mais eficiente. O grave erro dos governos petistas foi o uso do crédito como instrumento privilegiado para elevação da demanda, enquanto as taxas de juros altas não permitiram que a produção industrial acompanhasse a curva da demanda.
O relatório do FMI dá uma informação da qual pouco se fala: o endividamento do Brasil coloca o País num ranking nada confortável quanto ao risco de insolvabilidade, muito perto dos países da zona do euro que hoje estão enfrentando dificuldades de grande amplitude para reduzir sua dívida externa.
O documento do FMI reconhece que com suas reservas internacionais o Brasil está apto a enfrentar uma situação de prazo curto. A preocupação dos autores do relatório diz respeito a uma situação em que o País não tenha mais possibilidade de encontrar recursos externos, a não ser a um custo muito elevado. Trata-se de uma advertência para se levar em conta.
ESTADÃO