Percival Puggina
Na última terça-feira, dia 24, a CNBB cobrou do STF uma deliberação
sobre a proposta, há um ano em mãos do ministro Gilmar Mendes, que acaba
com o financiamento privado das campanhas eleitorais. Essa permanente
dedicação da CNBB às pautas políticas sempre me impressiona. No caso,
mais uma vez, a tese que a Conferência abraça é a tese do PT.
O partido reinante, há bom tempo, vem reafirmando seu desejo de que o
financiamento das campanhas seja proporcionado pelo Orçamento da União.
Orçamento “da União”, você sabe, é aquele documento que autoriza o
governo a usar nosso dinheiro. Embora a maioria dos brasileiros acredite
que os recursos do erário são “do governo”, o fato é que o governo não
tem recursos próprios. Todo esse dinheiro procede do povo brasileiro,
por ele é gerado, a ele pertence e para ele deve retornar em bons
serviços e investimentos. Você concorda com incluir entre suas
obrigações o financiamento das campanhas eleitorais?
O PT parece já haver convencido muita gente de que sim, de que essa
conta tem que ser paga por nós. Entre os fieis adeptos da tese se inclui
a CNBB, parceira nas boas e más horas petistas. No entanto, é bom
sabermos que essa moeda tem dois lados e dois beneficiários. A decisão
de acabar com o financiamento privado cria a obrigação de fazê-lo com
recursos tomados do nosso bolso e define que o PT e o PMDB serão os
principais beneficiados. Por serem a dupla hegemônica da política
nacional, ambos abocanharão a parcela maior desses recursos.
HIPOCRISIA E CAIXA 2
Depois de tudo que se ficou sabendo através da operação Lava Jato e
do petrolão, depois de conhecida a lavagem de dinheiro público em
empresas privadas para financiamento dos partidos da base do governo,
essa dedicação à tese do financiamento público é de uma hipocrisia
estarrecedora. Ademais, não há como impedir com segurança absoluta o
financiamento privado através de caixa 2.
Por fim, o financiamento público obrigatório comete contra os
cidadãos uma violência que, no meu caso, se configura assim: o dinheiro
dos impostos que eu pago será usado, contra a minha vontade, para
financiar campanhas eleitorais de todos os partidos. Certo? Então, meu
suado dinheirinho apropriado pelo Estado estará financiando as campanhas
do PT, do PSOL, do PSTU, do PCdoB, do PCB, do PCO e assemelhados. Me
digam se isso não é um completo disparate.
Tribuna da Internet