quinta-feira, 18 de junho de 2015

APERTEM OS CINTOS, O ÍNDICE DE DESEMPREGO SUMIU

Vicente Nunes

Correio Braziliense

O governo terá tempos difíceis pela frente. O desemprego está mostrando a sua face cruel mais rapidamente que o esperado. Os números de maio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que estão de posse do Planalto são assustadores.
A perspectiva era de que os dados fossem divulgados no início desta semana. Mas a opção foi por segurá-los num momento de grande embate entre o governo e as centrais sindicais, por causa do fator previdenciário. Comprovar o grande fechamento de postos formais de trabalho só alimentaria o discurso contra a atual política econômica.
As previsões mais otimistas do mercado financeiro, feitas pelo Banco Icatu, apontam o fechamento líquido (contratações menos demissões) de 30 mil postos no mês passado. As mais pessimistas, do Banco Fator, indicam que 124 mil vagas desapareceram.
Técnicos do governo reconhecem que o emprego sumiu. O mercado de trabalho foi o último a sentir o baque da crise e, infelizmente, será o último a se recuperar quando a economia se fortalecer. As empresas seguraram o quanto puderam para cortar pessoal, porque demitir no Brasil custa caro. Chegaram ao limite, ao fim da linha.
Entre integrantes da equipe econômica, a visão é de que o custo unitário da mão de obra no Brasil continua alto, o que pressiona a planilha de gastos do setor produtivo. Além disso, o mundo está crescendo pouco, o real não se desvalorizou o suficiente para dar competitividade às exportações e o país convive com um aperto gigantesco.
Os analistas mais pessimistas acreditam que o desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país, que está em 6,4%, pode chegar a 10% no fim do ano. Já a Pnad Contínua, que reflete o mercado de trabalho em todo o país, tende a disparar para 12% ou 14%, ante os 8% atuais.
Com o desemprego nesses níveis, ruiu o último pilar do discurso do governo, de que todas as medidas tomadas nos últimos quatro anos foram para proteger o mercado de trabalho. Na verdade, os truques fiscais, os malabarismos com as contas públicas, só contrataram o pior. A conta, todos nós sabemos quem está pagando.
Tribuna da Internet