Carlos Newton
De repente, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva está de volta à
política, numa perfomance avassaladora.
No desespero para evitar o
aprofundamento das investigações da operação Lava Jato, Lula mostra que
está disposto a tudo e não respeita ninguém, vai atropelando quem
estiver pela frente.
Enquanto a presidente Dilma Rousseff corta um dobrado nos Estados
Unidos, tentando convencer o governo e os investidores a darem uma
chance ao Brasil, Lula assume o governo paralelo em Brasília, convoca o
marqueteiro João Santana, que está trabalhando na campanha presidencial
da Argentina, e determina a ele que o próximo programa do PT na
televisão se transforme numa reação do partido à Lava Jato.
Depois, se reuniu com a direção petista e com as bancadas no
Congresso, para determinar como será o comportamento do PT daqui para
frente.
É como se o governo e o partido subitamente passassem a ser varridos
por um tsunami político, sob alegação de que não se pode mais suportar o
massacre das investigações sobre corrupção.
O DITADOR SOLITÁRIO
Lula tem temperamento ditatorial, não ouve ninguém, seu apreço à
democracia é uma peça de ficção. Desde a criação do PT, jamais permitiu
que surgisse uma liderança que pudesse lhe fazer sombra, o partido é
dele e estamos conversados.
Na reunião de ontem, exigiu que deputados e senadores sejam
contundentes na defesa do governo e do partido, subindo à tribuna ou
dando entrevistas contra as “arbitrariedades” do juiz Sérgio Moro, que
tem mantido na cadeia empresários e representantes do PT, como o
ex-tesoureiro João Vaccari Neto, para forçá-los à delação premiada, na
versão lulática.
Antes da reunião, já tinha mandado o PT convocar três ministros de
Dilma – José Eduardo Cardozo, da Justiça, Miguel Rossetto, da
Secretaria-Geral da Presidência, e Rubens Barbosa, do Planejamento.
SONHAR NÃO É PROIBIDO
Lula pretende que o partido obrigue Cardozo a interferir na Polícia
Federal, para que as investigações poupem o PT e levantem a corrupção
dos partidos de oposição, especialmente o PSDB.
Quer exigir de Rossetto
uma grande pressão dos movimentos sociais a favor do governo e do PT.
E
pretende que Barbosa amacie o ajuste fiscal, para atende as centrais
sindicais, como se fosse obra fácil.
Na sua ignorância sesquipedal, Lula desconhece que Cardozo não manda
na Polícia Federal e também não sabe que desde o início as investigações
não são feitas apenas pela PF, mas pela força-tarefa, que inclui a
Procuradoria da República, regional Paraná.
Além disso, até agora não
entendeu que é a força-tarefa que pede as prisões, o juiz Sérgio Moro
apenas despacha favoravelmente.
Lula também não percebe que Rossetto e Barbosa sonham em atender os
movimentos sociais e as centrais sindicais, mas não têm encontrado
receptividade, em função da crise política, econômica e moral do
governo.
De que adianta pedir o que eles já tentam fazer e não
conseguem?
NINGUÉM ENFRENTA LULA
O pior é que, no PT e no governo, ninguém tem coragem de enfrentar
Lula.
Nem mesmo a presidente Dilma Rousseff, que logo atendeu a
conclamação dele e comprou uma briga com a Justiça, ao afirmar ontem que
não respeita delator.
Tentar desmoralizar a Justiça não é papel de
chefe de governo, especialmente numa crise tão delicada.
Dilma se
precipitou.
Por fim, não se sabe as reais consequências desta tresloucada
estratégia made in Instituto Lula, mas pode-se dizer, sem medo de errar,
que o primeiro resultado será destruir o frágil relacionamento que
ainda existia entre o PT o governo.
Tribuna da Internet