Marina Dias
Folha
No momento de maior distanciamento entre o Palácio do Planalto e o PT
desde as eleições de 2010, a presidente Dilma Rousseff cancelou sua
participação na abertura do 5º congresso do partido, nesta quinta-feira,
em Salvador, e irritou dirigentes petistas.
O esforço do comando da sigla e do ex-presidente Lula para tentar
acalmar os ânimos de setores da legenda, que preparam críticas diretas à
política econômica e à atuação da presidente, foi considerado “em vão”
com a mudança de roteiro.
Dilma viajou para a Bélgica na manhã de terça-feira e a previsão era a
de que voltasse ao Brasil para a abertura do congresso petista ao lado
de Lula.
O retorno, no entanto, foi marcado para a madrugada de sexta,
inviabilizando a programação.
Até a noite de segunda-feira, a cúpula do PT ainda contava com a
presidente na abertura do congresso e sua presença no evento já havia
sido confirmada nos materiais que foram divulgados pelo partido.
NOVO ATO
Dirigentes petistas consideram agora fazer um novo ato para que Dilma
possa discursar, caso resolva ir na sexta ou no sábado.
O último dia
desse tipo de evento, porém, é bastante esvaziado, visto que as decisões
são tomadas no primeiro e segundo dia.
O PT esperava que, ao ir à abertura do congresso, Dilma
“testemunhasse” e “chancelasse” bandeiras que podem reaproximar o
partido e o governo de suas bases históricas.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deve ser alvo durante o
congresso.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) levará ao evento
críticas ao ministro e ao governo Dilma, a quem acusa de ter promovido
uma “guinada na política econômica, com ataques a direitos dos
trabalhadores”.
AUMENTA A INSATISFAÇÃO
Petistas pedem à presidente acenos à esquerda em contrapartida ao
ajuste fiscal, como benefícios aos trabalhadores, retomada do
crescimento econômico, fim do fator previdenciário, imposto sobre
fortunas, entre outros temas caros ao governo.
Lula e a cúpula do PT atuaram para que as críticas fossem mais
amenas, mas a ausência de Dilma no ato de abertura só acentuou a
insatisfação com o governo entre os quadros do partido.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Conforme temos salientado aqui, Dilma Rousseff inventou um mundo à parte, onde sonha que não precisa do PT, como se isso pudesse existir. Para os petistas, faltar à abertura do Congresso é uma ofensa ao partido. Na verdade, ninguém apóia Dilma no PT. Só a aturam em nome de Lula e do partido. Ela é uma estranha no ninho e não toma a menor iniciativa para se aproximar dos petistas, que a elegeram. Sozinha, ela não se elege nem síndica de prédio. (C.N.)
Tribuna da Internet