Carlos Newton
Quem assistiu hoje à TV Senado teve uma surpresa.
O senador Fernando
Collor (PTB-AL) subiu à tribuna e fez um discurso duríssimo contra o
procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Acusou-o de acobertar os
crimes cometidos pelo irmão dele, Rogério Janot Monteiro de Barros, que
sonegou dos cofres públicos da Bélgica 149 milhões de francos em
impostos não recolhidos, era procurado em todo o mundo pela Interpol e,
por isso, não podia sair do Brasil.
“O senhor sabia, Sr. Janot, que seu irmão constava da Ordem de
Captura, conhecida na Interpol como Difusão Vermelha, por meio da
Circular nº 4834/96, de 29/04/96, requerida pela Juíza de Instrução
Calewaert, de Bruxelas, inclusive com pedido de extradição ao Brasil
caso ele fosse encontrado? Sr. Janot, o senhor chegou a orientar seu
irmão nas atividades de ludibriar a lei e escafeder-se das malhas da
justiça, seja ela nacional ou internacional? Por que ele, Sr. Janot,
nunca foi procurado ou encontrado aqui no Brasil, mesmo com endereço
certo e conhecido, para ao menos o Brasil negar o pedido de
extradição?”, indagou Collor.
OUTRAS ACUSAÇÕES
O parlamentar também acusou o procurador-geral de usar uma casa em
Angra dos Reis, no Condomínio Praia do Engenho, Km 110, da Rodovia
Rio-Santos, para homiziar um contumaz e confesso estelionatário, sócio
do irmão dele.
Além de denunciar Janot por alugar o imóvel sem recibo,
para sonegar Imposto de Renda, Collor disse que o irmão Rogério Janot
fez fortuna por um período no Brasil vendendo equipamentos de
informática com “notas frias” para uma grande empreiteira mineira
(Mendes Júnior) que está envolvida na Operação Lava-Jato, com dirigentes
já presos.
Depois de acusar o procurador-geral até de dar uma “carteirada” para
baixar uma conta hospitalar do irmão Rogério, Collor disse também que
Janot há anos presta serviços ilegais para o escritório do
ex-procurador-geral Aristides Junqueira.
“É verdade que, mesmo impedido de advogar, o senhor – claro, sem nada
assinar – obtém lucros auxiliando a banca do Dr. Aristides Junqueira?
Sr. Janot, isto é moralmente aceitável? É legítimo? É ético, Sr. Janot?
Não constitui crime um procurador-geral da República advogar
paralelamente?”, perguntou Collor, indagando também se Janot teria
coragem de ser acareado publicamente com algumas testemunhas desses
fatos.
Tribuna da Internet