Claudia Collucci
Folha
Quatro garotas entre 15 e 17 anos saem para um passeio nos arredores
da pequena cidade de Castelo do Piauí, a 190 km de Teresina.
No caminho,
são abordadas por um homem armado. São brutalmente estupradas e
mutiladas por esse homem e mais quatro menores.
Uma delas tem os seios cortados por uma faca e a outra sofre
perfurações nas coxas.
Em seguida, são amarradas pelos punhos e pelos
pés e arremessadas de um morro com altura de oito metros.
Uma das meninas, de 17 anos, morreu no último domingo (7). Teve
esmagamento da face, lesões pelo pescoço e traumatismo no tórax. As
outras seguem internadas no Hospital de Urgências de Teresina.
RÉUS CONFESSOS
Os quatro menores que participaram da barbárie, todos com passagens
anteriores pela polícia, foram apreendidos e confessaram o crime.
Adão
José de Souza, 40, apontado como o mentor, também está preso.
Revoltados, moradores de Castelo do Piauí queimaram pneus em frente à
delegacia.
O caso tem reforçado o movimento pela redução da maioridade
penal.
Os quatro adolescentes foram transferidos para a capital do
Estado sob ameaça de linchamento.
O maior de idade está na Penitenciária
de Altos em ala de isolamento.
Quem são esses menores?
Semianalfabetos, usuários de drogas,
miseráveis, com famílias desestruturadas e com histórias de loucuras,
abusos e abandono.
NINGUÉM COMENTA
O caso, que aconteceu em 27 de maio, deveria ter viralizado nas redes
sociais, mas, exceto no Piauí, está passando quase que despercebido no
resto do país.
Pergunto-me o porquê desse silêncio?
Será que a vida de quatro
garotas pobres do interior do Piauí vale menos do que qualquer coisa que
aconteça na Avenida Paulista, em São Paulo, ou na Lagoa, no Rio, para
chocar as pessoas e chamar a atenção da mídia, das redes sociais, do
mundo?
Há uma semana, um grupo de mulheres prestou uma homenagem às meninas
de Castelo do Piauí.
Espalhou flores em volta do maior pronto-socorro do
Estado, onde estão internadas três das quatro garotas violentadas.
Também foi criada a campanha Flores Para Elas. Atenção, cuidado e muito
amor.
É disso que essas meninas precisam neste momento.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O silêncio da grande imprensa é constrangedor. O comentarista Jose Augusto Aranha, sempre atuante, já havia nos alertado a respeito. Por quê o silêncio? Todo assunto importante merece destaque. Ontem, as acusações de Collor a Janot também foram ocultadas pela imprensa. Isso não é jornalismo. (C.N.)
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