Deu no Correio Braziliense
Pela primeira vez desde a eclosão da crise na Fifa, um alto
funcionário da entidade admite que os Mundiais na Rússia e no Catar
podem estar ameaçados.
Domenico Scala, auditor da Fifa, indicou que a
revisão das sedes de 2018 e 2022 pode ocorrer se ficar provado que houve
suborno e compra de votos no processo de escolha das sedes.
Rússia e Catar eram as piores candidaturas, de acordo com os informes
técnicos da Fifa. Mas quando a escolha ocorreu em dezembro de 2010,
elas foram as vencedoras.
Imediatamente depois de anunciado, uma série
de escândalos começaram a surgir.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou com exclusividade que
Ministério Público suíço suspeita inclusive de Ricardo Teixeira, que
teria usado um jogo da seleção brasileira para justificar o pagamento de
propinas.
Dias depois da partida que ocorreu no Catar, o então
presidente da CBF votou pelo Catar para a Copa de 2018.
“Se evidências surgirem que a concessão dos Mundiais apenas ocorreu
por conta de propinas e compra de votos, então a escolha pode ser
cancelada”, disse Scala, em um e-mail à Agência Estado. Ele deixa claro,
porém, que “essas evidências” ainda não foram apresentadas.
Tanto o MP
suíço quanto o FBI investigam o caso, interrogando os eleitores que
participaram na época do voto e coletando material em dezenas de locais
diferentes pelo mundo.
COMISSÃO DE ÉTICA
Scala ainda aponta que a decisão final não seria dele, mas do Comitê
de Ética da Fifa.
Há um ano, a entidade deu o caso por encerrado,
insistindo que não existiam evidências suficientes para chegar a tal
medida.
Naquele momento, o investigador independente da Fifa, Michael
Garcia, pediu demissão.
Alegou que a Fifa havia abafado parte de suas
descobertas num trabalho que custou US$ 4 milhões.
Tanto o Catar quanto a Rússia vêm atacando sugestões de que poderiam
perder os Mundiais.
Para os organizadores árabes, as críticas contra o
país e as sugestões de compra de votos são “demonstrações de racismo”.
EUA e Austrália estavam entre os concorrentes para 2022.
Já o Kremlin passou a acusar o FBI de ter manipulado as prisões na
Fifa para tentar derrubar a Copa em Moscou, por conta da crise entre
Vladimir Putin e o Ocidente.
Tribuna da Internet