Wagner Pires
O Banco Central está tentando controlar a inflação no grupo de preços
livres, o que está se revelando difícil, já que tal grupo sofre hoje a
inércia inflacionária da demanda de outrora junto com o aumento dos
custos, incluindo o aumento dos preços dos itens importados, ocasionado
pelo efeito da desvalorização cambial.
A inflação nos preços livres, até
maio, já está acumulada em 6,72%.
Acima, portanto do teto da meta que é
de 6,5%.
Já os itens com preços monitorados (ou administrados) pelo governo
continuam sofrendo reajustes de recomposição e equilíbrio de preços para
compensar todo o período do primeiro mandato de Dilma em que estiveram
represados.
A inflação nos preços de itens monitorados, até maio, está
acumulada em 14,11%, também acima da banda superior de controle
inflacionário do Banco Central, isto é, 6,5%.
PREVISÃO ERRADA
Antes das eleições (portanto, antes que o governo viesse a liberar o
reajuste dos preços dos itens de despesas das famílias monitorados pelo
governo), achava-se que o impacto inflacionário com a liberação dos
preços administrados seria de no máximo 2%.
O economista Delfim Netto,
inclusive deu uma declaração no final do ano passado dizendo que a
inflação represada nos preços administrados seria de máximo 1,5%.
Vemos,
entretanto, que este impacto já atingiu 3,35% até agora.
Em verdade a inflação só será conduzida ao centro da meta de controle
do BC (4,5%) depois que a recessão terminar por eliminar todo o excesso
de massa salarial que ainda dita o ritmo da demanda e, ainda, o próprio
efeito inflacionário ajudar a corroer esse excesso de massa salarial no
decorrer do tempo.
Esse excesso é a resultante do confronto entre o montante demandado e
o montante ofertado de produtos e serviços na economia interna do país.
NO FINAL DE 2016
A previsão estatística dada por cálculos econométricos e expostos no
relatório trimestral de inflação do Banco Central é a de que a inflação
não colimará com o centro da meta antes do fim de 2016; de tal forma que
é preciso ter paciência para esperar a ação recessiva e aceitar o fato
inexorável de que, ainda que a taxa Selic seja aumentada ainda mais, a
margem de ação dos juros sobre a demanda (consumo) será cada vez mais
restrita, com ganhos marginais de redução de consumo cada vez menores.
É, portanto, um remédio com efeito cada vez mais reduzido daqui por
diante.
É preciso lembrar, e o Banco Central está ciente disso, que quanto
maior a elevação dos juros, menor será o desejo do setor privado em
efetivar investimentos na economia real – aquela que produz e que gera
emprego.
Em consequência, maior será o tempo para retomada da economia,
tão logo se controle a inflação e se abra a oportunidade para retomar o
crescimento econômico com nova rodada de expansão monetária.
A atenção do Banco Central, então, na condução da política monetária é
para estes dois aspectos: controle inflacionário no menor espaço de
tempo possível e retomada do crescimento econômico.
Justamente por isso,
o BC tem de dosar a alta da Selic, e o próprio mercado fixou sua
previsão em um teto para a taxa básica de juros da nossa economia de 14%
ao ano. Já estamos praticamente lá, com 13,75%.
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